Hélder Semedo, Coimbra
Vendo
pela positiva Cavaco está acabado. O que vimos nele são os estertores de um cadáver
político que anda por aí há anos demais a inquinar a democracia. RIP.
Sabemos
que Portugal não tem um Presidente da República mas sim um Cavaco que ocupa
aquele lugar da República desempenhando o cargo à sua imagem e semelhança. Quando
o elegeram, uma minoria de dois milhões, já deviam saber que seria assim que
aconteceria. Por esse motivo e perante o que vem acontecendo na indigitação do
governo apoiado e suportado pela maioria de esquerda na Assembleia da República
está a ser para mim difícil compreender a indignação que lavra na sociedade
portuguesa e em figuras públicas mais, ou menos, mediáticas. Os portugueses
devem olhar para a atitude de Cavaco como seja o canto do cisne. O sombrio
personagem chegou ao fim da linha. E chega praticamente sozinho, isolado da
maioria dos portugueses, sem dignidade. Até mesmo muitos dos que nele votaram para este seu segundo mandato prestes a terminar, desiludiram-se e
excomungaram-no das suas boas vontades em lhe tolerar a negritude com que
invade a democracia e aplica vãs tentativas de a golpear, de a aniquilar.
Cavaco
já é passado. Um triste passado que no presente ainda possui as artes
prejudiciais de espalhar escolhos no caminho das liberdade e direitos
constitucionais que regulam a democracia. Cavaco extrapola as suas competências,
Cavaco ignora com azedume a maioria dos milhões de portugueses de quem ele
devia ser representante. Cavaco tomou por opção o caminho de proteger aqueles
que o beneficiaram e o protegeram a troco da sua proteção politica e
financeira. Fez o caminho com toda a ganância e avareza. Não se cansando de
olhar para o seu umbigo, satisfazendo-se em prazenteiros olhares e consultas
aos seu saldos de contas bancárias e outros mimos que lhe asseguram uma velhice
avara e solitária mas que ele perseguiu com toda a energia e obsessão.
Vendo
pela positiva o que está a acontecer, Cavaco acaba o seu derradeiro cargo em
Belém com uma estrondosa derrota política e pessoal. Nunca mais os portugueses
vão olhar para Cavaco como alguém democrático, honesto, cumpridor da Constituição
da República. Em vez disso verão em Cavaco um empecilho, alguém que só não
encabeça um golpe de Estado por não encontrar os que tenham coragem para o
fazer com toda a força e evidência. Todos esses, uma minoria, se acobardam por detrás do maior sinuoso mas cobarde: Cavaco.
Vendo
pela positiva o que está a acontecer, Cavaco vai ter de se mostrar ainda mais
como o radical de direita que apoiou os radicais de direita Passos e Portas se
não indigitar António Costa para primeiro-ministro. Ou terá então de indigitar
o governo de Costa apoiado pela maioria de esquerda no parlamento - somando mais
temperos à sua cobardia e subversão da democracia e da Constituição por andar a empatar o país. Cavaco terá
de engolir o veneno que andou destilando desde 4 de Outubro, dia em que os eleitores
portugueses se pronunciaram maioritáriamente pela desaprovação ao seu governo com Passos
e Portas, a que chamaram PáF (Portugal prá Frente).
Vendo
pela positiva o que está a acontecer, a Páf virou pufff e esvaziou-se nas
intenções de voto. Portugal rejeitou por maioria as políticas dos últimos
quatro anos e vê-se livre de um bando de mentirosos radicalizados na direita desonesta e desumana.
Vendo
pela positiva o que está a acontecer, Cavaco está acabado. O que vimos nele são
os estertores de um cadáver político que anda por aí há anos demais a inquinar
a democracia.
Vendo
pela positiva o que está a acontecer, Cavaco Silva termina o mandato sem
dignidade. Obra sua.
RIP
- Rest in peace.