Mário Motta, Lisboa
O
fim-de-semana já nem sabe a fim-de-semana. O prazer de parar e descansar, de
estar com a família e amigos, de passear com os filhos e os netos. de dormir
até mais tarde... já não é o que era. Portugal está um país triste e cinzentão.
Cinzentão como Cavaco e como os tempos em que Salazar era quem mais ordenava.
Por certo saudoso desses tempos Cavaco surge nesta segunda-feira com mais um
passo da sua dança de empata democracia, procurando pretextos por todos os
cantos a que a sua mente mórbida, doentia e saudosista consegue chegar
para impossibilitar o cumprimento da Constituição da República Portuguesa.
Desde o conhecimento dos resultados eleitorais, em 4 de outubro, Cavaco tem-se
munido de toda a espécie de velhacos pretextos para não cumprir a Constituição
e não empossar o governo que representa a maioria das vontades expressas
eleitoralmente. Maioria que no parlamento será a única que garantirá o apoio já
expresso e comprovado ao governo que Cavaco teima em excluir.
Com acuidade tem sido demonstrado que Cavaco, presidente só de alguns, personaliza a vergonha da República,
pretendendo excluir milhões de portugueses que maioritariamente votaram e
entregaram aos seus representantes eleitos os destinos da governabilidade rumo
à mudança, rumo à negação da ação que Cavaco e os seus no governo usaram
abusiva e injustamente para venderem Portugal, para miserabilizarem os
portugueses em proveito de uns quantos que descaradamente eles próprios demonstraram
representar. Após a saída de Cavaco, Belém precisa de uma desinfestação
rigorosa devido ao bolor salazarento que ali decerto predomina por via do seu
nefasto ocupante.
As
exigências de Cavaco na manhã de hoje ao secretário-geral do PS, António Costa,
são mais do mesmo. São a demonstração de quanto Cavaco tem emperrado a
democracia e confrontado a Constituição. Se dúvidas existissem na mente de
alguns portugueses sobre o caráter de Cavaco e a sua propensão à direita
radical elas devem ter-se dissipado quando constatado que Cavaco exige a António
Costa, para supostamente o indigitar, o que não exigiu a Passos Coelho. Afinal
as alegadas dúvidas de Cavaco só existem por desculpa esfarrapada, pois que
esses esclarecimentos já foram publicamente prestados pelo PS e são desde há
algum tempo do conhecimento dos portugueses. As manhas de Cavaco voltam-se
contra ele e fazem daquele triste personagem o tal Génio da Banalidade referido
por Saramago, assim como a vergonha da República. República que urge reabilitar depois de
ele a ter arrastado pela lama da direita ressabiada que o moldou e o impregnou.
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