Outra
situação que salta aos olhos é o tratamento dispensado aos delatores da
Operação Lava Jato. O levantamento das penas dos delatores e o tempo que estes
ficaram presos foi a gota d’água para entender toda a engrenagem
Marco
Palmanhani*, São Paulo – Correio do Brasil, opinião (27.02)
A
cada dia me convenço – e espero – que a história um dia mostrará ao mundo a
farsa chamada Sérgio Moro. Se alguém tinha dúvidas ao que veio a Operação
Lava Jato, os fatos não deixam mais nenhuma sombra de dúvidas.
Apesar
de todas as denúncias contra Aécio Neves, Eduardo Cunha e outros próceres da
oposição, todo movimento da operação vai na direção da criminalização apenas do
Partido dos Trabalhadores e seus dirigentes. As revelações sobre a amante de
Fernando Henrique e a agilidade como agiu Moro em deflagrar a Operação
Acarajé já foi percebida por muitos analistas políticos sérios.
Outra
situação que salta aos olhos é o tratamento dispensado aos delatores da Operação
Lava Jato. O levantamento das penas dos delatores e o tempo que estes ficaram
presos foi a gota d’água para entender toda a engrenagem da operação e a que
ela veio.
No
caso Banestado aconteceu a mesma coisa com Alberto Youssef. Moro o liberou da
prisão. Só que naquele momento os delatados eram ligados ao PSDB e tudo foi
para debaixo do tapete. Agora, Moro precisou mais uma vez dos serviços do
doleiro. Só que desta vez o projeto é mais ambicioso. Tirar o PT do governo.
E
se ainda havia dúvidas sobre as intenções dos juízes, procuradores e policiais
federais, o vazamento das investigações contra Lula e agora a prisão do
responsável pelas campanhas eleitorais de Lula e Dilma, João Santana, não deixa
mais nenhuma.
A
cada dia, o Moro está com maior desenvoltura para colocar às claras suas
motivações políticas. Parece que ele chegou na fase em que não precisa mais
esconder isso de ninguém, e quem acompanha com um mínimo de visão crítica sua
cruzada sabe disso. O acordo com a mídia familiar Globo, Folha, Veja e outros
também já está escancarada.
A
tentativa desesperada de forçar a delação premiada do empresário Marcelo
Odebrecht (diga-se de passagem, parece ser uma pessoa de muita fibra) mostra o
quanto esse juiz é messiânico em sua cruzada contra o PT. Ele joga no tudo ou
nada pela delação do empreiteiro. E tudo isso nas barbas do STF e do Ministro
da Justiça.
O
que para muitos brasileiros é uma luta contra a corrupção, para nós fica cada
dia mais evidenciado o verniz político que encobre toda a operação. Diga-se
mais precisamente da prisão ilegal de João Vaccari e Zé Dirceu.
O
incrível é que esta elite, da qual faz parte este juiz, procuradores e
policiais federais, está conseguindo, junto com seus aliados midiáticos,
mostrar mais uma vez que para eles o que vale é o tudo ou nada. O que vale é
tentar acabar com o PT. Republicanismo, quem acredita é só Dilma e seu ministro
da Justiça. O que poderia ser um resgate da cidadania e o combate à corrupção
virou instrumento de luta política.
Os
delatores daqui alguns meses estarão nas ruas em suas mansões e barcões
gastando o dinheiro que roubaram da Petrobrás. Enquanto isso, dirigentes
partidários e empresários que não compactuarem com a sanha perseguidora de Moro
estarão apodrecendo nas prisões, e ele ainda estará atrás da maior liderança
política que este país já forjou.
Criam-se
factoides, joga-se o jogo de tentativa e erro. Espremesse-se o acusado. Parece
que vejo a cena:
—
Tá vendo o Youseff, tá vendo o Cerveró, Júlio Camargo… daqui a pouco estão
soltos e você aqui querendo bancar o herói.
–
Mas, se eu falar, quero falar de todo mundo.
–
Aí nós não queremos, eu quero o Lula, PT, Dilma. Os outros não me interessam.
–
Mas, eu não tenho nada contra o Lula.
– Invente!
É
o tudo ou nada. Eles vieram sem medo, porque a mídia e eles são uma coisa só. O
Brasil está embriagado com tantas coisas sendo marteladas diuturnamente pelas
famílias midiáticas.
Pouco importa o país, a hora é agora. Ou se não for, eles vão sangrando tudo o que cheira a PT nesta sociedade. O jogo está dado.
Mas,
uma coisa diante de toda esta situação parece que vai se desnudando. Na pressa
de agradar seus aliados, Moro vai metendo os pés pelas mãos, sem se preocupar
com seus movimentos bruscos. Parece se achar acima do bem e do mal. O que
importa são seus aliados na mídia e a corriola que ele montou em Curitiba.
Agora,
de uma coisa eu tenho certeza: eles não conseguiram acabar com o PT. O efeito
parece ser o contrário. O partido a cada dia cresce mais na juventude para o
desespero de Moro e da mídia familiar.
Quanto
mais ousado ele vai ficando, mais vai desnudando seu real interesse nada
republicano.
Mas,
mesmo se tudo isso não acontecer, uma coisa eu tenho certeza. A história será
implacável com essas pessoas, que estão sendo irresponsáveis com todo um país
por causa de um projeto político.
Como
lembramos do Moro que, lá atrás, usou e libertou o doleiro no caso do
Banestado, vamos nos lembrar dele também, quando daqui há alguns anos Youssef,
Cerveró, Júlio Camargo e outros voltarem a aparecer no cenário político, seja
para prestarem um novo serviço à direita, ou então nas colunas sociais
fotografados em seus barcos e mansões, com uma figura de preto ao fundo
sorrindo com a cara de quem prestou um grande serviço à elite deste país.
*Marco
Palmanhani é publicitário.
Publicado
originariamente no blog A Verdade sobre Vaccari
1 comentário:
Somente um tolo ou ingênuo acredita na inocência de Lula e sua quadrilha,mas, no teu caso, deve ser desvio de caráter mesmo.
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