quinta-feira, 3 de março de 2016

EUA. DONALD TRUMP



Ana Alexandra Gonçalves*

Por razões que se prendem com o pudor que me resta, tenho-me abstido de escrever sobre os candidatos republicanos.

Sabemos que os EUA são capazes do melhor e do pior, mas o que o Partido Republicano apresenta é simplesmente mau demais para ser verdade. E se já pensávamos que Sarah Palin era uma caricatura de parte dos americanos, o que dizer de Donald Trump?

A verdade é que Trump deu já um salto de gigante para nomeação do partido já naquela que é designada a super terça-feira, dia em que treze Estados dos Estados Unidos votaram nas primárias, escolhendo o inefável milionário.

Ora, qual é o problema deste candidato? Tudo. As medidas avançadas são, na sua maioria, arrepiantes e reveladoras de uma intenção de se recuar décadas ou séculos - Trump é a antítese do avanço civilizacional. O muro a separar EUA do México será a medida mais emblemática, mas Trump é também conhecido por defender que os familiares dos terroristas deviam ser também eles eliminados. Paralelamente, Trump é mentiroso. O que diz simplesmente não se pode escrever, mas infelizmente para ele escreve-se e, com o advento da internet, torna-se difícil não tropeçar nas mentiras do candidato republicano mais bem posicionado para a nomeação.

Por que razão tantos americanos o apoiam, quando um já seria demais? O desencanto com os candidatos tradicionais e com a política no sentido genérico não contam toda a história. Problemas com o sistema de educação americano? A ideia criada por Trump e por parte da comunicação social de que este é um homem bem sucedido e se o foi na sua vida profissional, também o será à frente dos destinos do país? A tendência que muitos de nós têm de encontrar no populismo um refúgio para os problemas reais? A propensão que muitos de nós possuem para transferir para a criatura mais intratável características que consideramos verdadeiramente importantes, e, abrigados pelo colectivo esquecermos que temos a finitude como horizonte?

Todas as explicações, mesmo as mais filosóficas e psicanalíticas, parecem manifestamente escassas para explicar um retrocesso sem precedentes. E tudo se passa nos Estados Unidos da América. Ou será que tudo começa nos Estados Unidos da América?

A esperança reside naqueles que no partido republicano se preparam para apoiar e votar em Hilllary Clinton. Qualquer coisa que não seja Donald Trump.

*Ana Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão

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