Ana
Alexandra Gonçalves*
Por
razões que se prendem com o pudor que me resta, tenho-me abstido de escrever
sobre os candidatos republicanos.
Sabemos que os EUA são capazes do melhor e do
pior, mas o que o Partido Republicano apresenta é simplesmente mau demais para
ser verdade. E se já pensávamos que Sarah Palin era uma caricatura de parte dos
americanos, o que dizer de Donald Trump?
A
verdade é que Trump deu já um salto de gigante para nomeação do partido já
naquela que é designada a super terça-feira, dia em que treze Estados dos
Estados Unidos votaram nas primárias, escolhendo o inefável milionário.
Ora,
qual é o problema deste candidato? Tudo. As medidas avançadas são, na sua
maioria, arrepiantes e reveladoras de uma intenção de se recuar décadas ou
séculos - Trump é a antítese do avanço civilizacional. O muro a separar EUA do
México será a medida mais emblemática, mas Trump é também conhecido por
defender que os familiares dos terroristas deviam ser também eles eliminados.
Paralelamente, Trump é mentiroso. O que diz simplesmente não se pode escrever,
mas infelizmente para ele escreve-se e, com o advento da internet, torna-se
difícil não tropeçar nas mentiras do candidato republicano mais bem posicionado
para a nomeação.
Por
que razão tantos americanos o apoiam, quando um já seria demais? O desencanto
com os candidatos tradicionais e com a política no sentido genérico não contam
toda a história. Problemas com o sistema de educação americano? A ideia criada
por Trump e por parte da comunicação social de que este é um homem bem sucedido
e se o foi na sua vida profissional, também o será à frente dos destinos do
país? A tendência que muitos de nós têm de encontrar no populismo um refúgio
para os problemas reais? A propensão que muitos de nós possuem para transferir
para a criatura mais intratável características que consideramos
verdadeiramente importantes, e, abrigados pelo colectivo esquecermos que temos
a finitude como horizonte?
Todas
as explicações, mesmo as mais filosóficas e psicanalíticas, parecem
manifestamente escassas para explicar um retrocesso sem precedentes. E tudo se
passa nos Estados Unidos da América. Ou será que tudo começa nos Estados Unidos
da América?
A
esperança reside naqueles que no partido republicano se preparam para apoiar e
votar em Hilllary Clinton. Qualquer coisa que não seja Donald Trump.
*Ana
Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão
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