Ano
judicial 2016
Os
profissionais da lei sacudiram ontem as togas e voltaram oficialmente ao
trabalho. Como é de praxe, o primeiro dia é reservado a discursos. É nesta
cerimónia que cada pilar da justiça diz o que lhe vai na alma. E ontem o dia
foi do bastonário da Ordem dos Advogados Moçambique (OAM). No seu terceiro e
último discurso como bastonário, Tomás Timbane disparou para todos os lados.
Criticou o adiamento das reformas da Polícia de Investigação Criminal (PIC),
sobretudo a sua passagem à subordinação do Ministério Público. Timbane fez
questão de sublinhar que sabe perfeitamente que não é “só tirando” a PIC do
Ministério do Interior que os problemas de investigação criminal vão se
resolver. Mas justifica que a sua existência faz mais sentido como polícia judiciária
com recursos humanos capacitados, equipados, valorizados e liderados por um
magistrado. Além do adiamento injustificado, Timbane criticou também o
silêncio da Procuradora-Geral da República sobre a reforma da PIC. O
bastonário da OAM denunciou a inconstitucionalidade do cálculo das custas
judiciais e a recente actualização “injustificada” das taxas dos registos e
notariado pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
Timbane lembrou ao presidente do Tribunal Supremo e à PGR que as competências
entre magistrados e advogados são diferentes, mas todos trabalham com o
objectivo de defender os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. E
depois veio a crítica: “Não se pode – não podemos – aceitar que uns pretendam
sobrepor-se aos outros, quer lhes desrespeitando, quer violando os seus
direitos ou prerrogativas”, disse, lembrando a detenção, por ordem de um juiz,
de um advogado em 2014 na Beira, sem fundamentação plausível.
Emídio
Beúla – O País
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