Victor
Carvalho – Jornal de Angola, opinião
Nos
últimos meses, sobretudo depois que o país começou a sentir com mais
efectividade os efeitos provocados pela crise económica internacional, que
resulta de razões por demais debatidas, o poder executivo tem tido a louvável
coragem política de tomar as decisões que julga melhor se adequarem aos
objectivos de a ultrapassar.
Umas
vezes de modo mais afirmativo, outras nem tanto, a verdade é que o Executivo
nunca hesitou na decisão sobre as medidas a adoptar, o que revela todo o seu
empemho positivo num trabalho que não tem tido, internamente, o amplo
reconhecimento que lhe é devido.
Esse reconhecimento ao mérito do trabalho que o Executivo vem fazendo, com as dificuldades que se conhecem, são mais fácil e rapidamente endossados por diferentes organizações internacionais especializadas do que por forças nacionais que, infelizmente, ainda fazem de chincalha política uma forma desajeitada de se tentarem impôr.
Depois do que muito se disse sobre a forma como o Executivo estava a lidar com o grave problema causado por uma epidemia de febre-amarela, muitos eram os que viam na visita a Angola da senhora Margaret Chan, secretária-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma forma de coleccionarem mais uma série de argumentos para denegrirem as potencialidades nacionais.
Nos dias que antecederam a sua chegada a Luanda, várias foram as vozes que anteciparam a lista de críticas que a senhora Chan não deixaria de fazer, todas elas tendo como alvo inevitável o sistema de saúde nacional.
Mas depois que a Secretária-Geral da OMS viu o que se estava a passar no terreno e tomou conhecimento daquilo que o Executivo vem fazendo para ultrapassar a situação, o que ela disse foi que Angola estava no “rumo certo” para combater a febre-amarela e que, por isso mesmo, iria reforçar o apoio que já estava previsto que fosse concedido para fazer frente e esta situação que fez questão de rotular de “grande imprevisibilidade”.
É claro que todos nós estamos cientes dos constrangimentos resultantes das dificuldades económicas que o país atravessa e que resultam das razões que já foram sobejamente divulgadas e analisadas e para as quais já houve também a coragem política de serem tomadas as decisões que se julgam as mais apropriadas para lhes fazer frente.
Mais do que enfiar a cabeça na areia e carpir mágoas perante situações adversas, os angolanos, na sua esmagadora maioria, têm tido mais uma vez o discernimento suficiente para lutarem contra a adversidade, metendo mãos à obra de forma a encontrar alternativas que possam ajudar a resolver os problemas.
O que se lamenta é que algumas forças políticas e sociais nacionais optem por um caminho diferente, refugiando-se num estranho oportunismo comportamental que as coloca sempre prontas para atacar quando, para desgraça nacional, uma ou outra das opções tomadas pelo Executivo não tiver o desejado resultado.
O combate à crise, que nalguns países está a ser aproveitada para um unir de esforços por parte de todas as forças vivas nacionais, é em Angola uma simples arma de arremesso político usada com a irresponsabilidade de quem que se pode gabar de nunca ter errado por nunca ter tido a coragem de tomar decisões que poderiam influenciar a vida do país.
Confundir o comportamento individual de determinado agente ou entidade envolvida numa qualquer acção com as decisões tomadas pelo Executivo, tem sido recorrente e só serve para tentar ganhos políticos sem ter em conta o quanto isso pode prejudicar todo um trabalho planeado e executado com as mais sérias das intenções.
Sendo utópico pedir uma espécie de “tréguas” sociais para que, todos juntos, possamos dar o nosso melhor para vencer a crise, o mínimo que se pode exigir é que os diferentes agentes se comportem com responsabilidade e seriedade, salvaguardando o interesse nacional em detrimento dos seus objectivos de mera ocasião.
A actual crise que ainda se faz sentir em Angola pode ser também, paradoxalmente, uma excelente ocasião para o país se reestruturar, crescer e ficar mais capaz de responder aos exigentes desafios do futuro.
Angola, comprovadamente, está sob a mira de forças internacionais que nunca se adaptaram ao facto de sermos um país que, entre nós, soubemos resolver a situação da guerra para, aproveitando racionalmente os nossos recursos, nos desenvolvermos e afirmarmos no contexto das nações como parceiros credíveis para a resolução dos vários problemas que afectam o mundo.
A “ousadia” de termos conseguido caminhar com as nossas próprias forças rumo ao desenvolvimento económico e social, como novamente se vê, custou-nos inúmeros inimigos externos e, infelizmente, também internos.São esses inimigos que não hesitam em tentar “interpretar” declarações de altos responsáveis angolanos, adaptando essa interpretação àquilo que são as suas conveniências.
São essas forças e esses inimigos de Angola que rejubilaram quando o Governo decidiu solicitar uma ajuda técnica ao Fundo Monetário Internacional (FMI), “confundindo” que se tratava de um pedido de resgate financeiro na sequência do qual desenharam um cenário dantesco onde o mínimo que nos poderia suceder seria a “instalação de uma situação de caos social”.
Mesmo depois de o ministro das Finanças ter posto os devidos pontos nos “is”, essas mesmas forças e esses mesmos inimigos insistiram na mentira por eles congeminada como se dessa forma ela, de tanto repetida, se pudesse transformar numa verdade.
Para quem não tem de tomar decisões, fica fácil criticar e minimizar todos os esforços que são feitos por quem tem a coragem de decidir, por força do soberano voto recebido do povo.E isso, por muito que custe a determinadas forças, faz toda a diferença dentro de um sistema multipartidário onde cada um deveria ter a obrigação de assumir, de modo claro e transparente, todas as suas responsabilidades democráticas que lhes foram dadas pelo povo.
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