Algumas centenas de pessoas juntaram-se hoje em Macau
numa vigília para lembrar as vítimas de Tiananmen, incluindo jovens que nunca
tinham ouvido falar do massacre de há 27 anos.
Foi
o caso de um grupo de três jovens do Canadá que se passeavam pela praça do Leal
Senado de Macau e deram de caras com a vigília e os cartazes com fotos de
Tiananmen e do massacre ocorrido na noite de 4 para 5 de junho de 1989 em
Pequim.
Uma
busca rápida no Google explicou aos três amigos a luta dos estudantes chineses
de há 27 anos e optaram por se juntar à vigília, como contaram à Lusa.
Foi
também através da internet que Linda, de 25 anos, nascida em Macau, soube o que
foi Tiananmen, porque na escola nunca lhe falaram disso, segundo disse à Lusa.
A
jovem professora participa na vigília em memória de Tiananmen em Macau há
quatro anos.
"Temos
de lembrar este dia e a luta dos estudantes por liberdade e direitos",
disse, vincando que é importante fazê-lo também junto dos residentes de Macau,
especialmente os mais jovens, que "têm de se empurrados a lutar pelos seus
direitos e a preocuparem-se com a sociedade de Macau".
"Temos
de manter o que temos em Macau, não pode mudar", sublinhou, considerando
que apesar de o território ter um sistema de liberdades diferente e ter muita
autonomia, "é uma região da China" e "o sistema está a
mudar".
Ao
contrário de Linda, Eve e Keith, ambos com 30 anos, ouviram falar de Tiananmen
na escola. Os dois são de Hong Kong, a outra região da China que tem também
administração especial, como Macau.
De
visita a Macau, com um grupo de uma igreja luterana, quiseram juntar-se à
vigília "por ser preciso lembrar" e "que mais pessoas
saibam" o que aconteceu em Pequim em 1989, quando o exército chinês
avançou com tanques para dispersar protestos pacíficos liderados por
estudantes, causando um número de mortos nunca oficialmente assumido. Algumas
estimativas apontam para milhares de mortos.
"Não
sabemos se poderá voltar a acontecer, mas é importante não esquecer",
afirmou Keith.
Macau
e Hong Kong são os dois únicos locais da China onde Tiananmen pode ser
publicamente recordado e nas duas cidades realizam-se anualmente vigílias para
lembrar as vítimas do massacre.
A
vigília de Macau foi organizada pela União para o Desenvolvimento Democrático
de Macau, dos deputados Au Kam Sam e Ng Kuok Cheong. Este último mostrou-se
satisfeito com o número de pessoas presente, apesar e ser inferior ao de anos
anteriores, e por haver muitos jovens.
MP
// PJA - Lusa
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