As
sucessivas polémicas, leaks e «papéis», envolvendo as principais
instituições financeiras mundiais, grandes grupos financeiros ou seus
representantes, continuam sem respostas políticas ao problema.
O combate
à fraude e evasão fiscal é um imperativo dos tempos que vivemos. As sucessivas
polémicas, leaks e «papéis», envolvendo as principais instituições
financeiras mundiais, grandes grupos financeiros ou seus representantes,
continuam sem respostas políticas ao problema.
A
intenção do Governo português de criar mecanismos de monitorização sobre fluxos
financeiros susceptíveis de indicar fugas ao fisco é uma necessidade. O tempo
de proclamar intenções sem nunca tomar medidas efectivas e duradouras já lá
vai.
O
diploma que o Governo tem em preparação prevê que as instituições bancárias
comuniquem à Autoridade Tributária o saldo das contas bancárias dos residentes
em Portugal. O mecanismo é a transposição de uma directiva europeia que
resultou de um acordo sobre evasão fiscal com os Estados Unidos da América.
O
propósito é que a máquina fiscal possa usar a informação para detectar
informações na alteração da situação patrimonial que indiciem práticas
ilícitas. Os dados de cidadãos estrangeiros seriam enviados para as entidades
dos seus países, num regime de reciprocidade.
A
cooperação internacional nesta área é, também, não só útil mas necessária. E
não se pode ficar pela troca de informações: são urgentes medidas para pôr fim
aos paraísos fiscais, a começar pelo nosso pequeno offshore – a Zona
Franca da Madeira.
Mas,
se a intenção é boa e necessária, a Comissão Nacional de Protecção de Dados
(CNPD) levanta questões pertinentes, no parecer dado ao
anteprojecto remetido pelo Governo.
A
opção de exigir a comunicação dos saldos de todas as contas de residentes em Portugal,
com ou sem o limiar dos 50 mil euros recentemente avançado, acarreta problemas
de constitucionalidade. Para lá de questões formais, a CNPD alerta que tal
medida representa um «restrição desnecessária e excessiva dos direitos
fundamentais à protecção de dados pessoais e à reserva da vida privada».
Vários
casos recentes puseram a nu a necessidade de adoptar medidas para
combater o crime económico. Mas, ouvidas as justas preocupações da CNPD,
importa que o Governo afine agulhas para que isso seja feito sem pôr em causa
direitos e garantias fundamentais, como é a reserva da vida privada.
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