domingo, 30 de outubro de 2016

ELEIÇÕES NOS EUA: MITOS, HIPOCRISIA




Aproxima-se a eleição para Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) acompanhada por todos, pois é escolha do governante da mais rica e militarmente armada nação do mundo.

Pedro Augusto Pinho*

Apenas dois candidatos merecem a cobertura da mídia, das quase seiscentas pessoas que disputam aquele posto. Claro que os candidatos dos partidos Republicano e Democrático são de longe os mais importantes concorrentes, mas se esquecem de apresentar as ideias distintas dos três partidos socialistas, do Green Party, do Libertarian Party, Constitution Party, Reform Party, Independent Party e das centenas de candidatos que não figuram nas listas de todos os estados norteamericanos.

Os EUA de hoje são um país muito diferente daquele que travou a Guerra da Secessão, que se lançou à conquista de colônias na Ásia, que participou de duas Guerras Mundiais e que invadiu países, por toda parte, no século XX. No entanto certos mitos, de poderosa influência no psicossocial americano e internacional, continuam a ser utilizados politicamente.

O mais recorrente mito, que o candidato republicano Donald Trump procura representar, é do pequeno fazendeiro, o homem que com seu trabalho construiu uma nação e que historiadores e analistas chamam da América Jeffersoniana.

Milhares de filmes, romances, revistas, jogos foram elaborados e divulgados com base neste mito Jeffersoniano. No entanto, a ampla e variada bibliografia da história dos EUA mostra que, desde 1865 e em ritmo crescente, aquele país vai se urbanizando e se transformando numa Nação de industriais e banqueiros, cujo interesse destes últimos se confunde hoje com os do próprio País. É o domínio da banca, o sistema financeiro internacional de todos conhecido.

Mas há outros mitos, como do isolamento político internacional. O historiador francês Pierre Mélandri escreve que a política das "Portas Abertas", a oposição a encontros e acordos internacionais, o Trade Agreements Act e a criação do Export-Import Bank, estes últimos em 1934, e várias outras manifestações demonstram que a ação internacional dos EUA se dava por rotas não convencionais, mas era intensa e colonizadora. Mostra, inclusive, os acordos bilaterais feitos com o Japão, Alemanha, Renânia e outros países da América (sem esquecer a intervencionista Emenda Platt 1901-1934) que moldavam o modo americano de lidar com o exterior.

O que os EUA souberam e ainda dominam com extraordinária competência é a comunicação social. Bastaria Hollywood para demonstrar, mas esta é a parte mais visível da enorme influência do País na formação da "opinião pública". Alimentos, vestuário, hábitos de consumo, produtos, música, expressões, enfim um colossal acervo cultural fez e faz parte da ação internacional dos EUA, além da formação intelectual e dependência econômica.

E tudo isso ajuda a compreender a importância destas eleições, que, de resto, não surpreenderão ninguém. A senhora Clinton será Presidente e o Congresso, por ampla maioria, estará dominado pela coligação conservadora de democratas e republicanos do Sul e do Nordeste. Esta estrutura de Poder é indispensável para que a crise de 2017/2018 encontre gestores favoráveis na continuidade de concentração de renda, nas medidas financeiras que reduzam ainda mais os atores da cena econômica e política, dentro e fora dos EUA.

Um ponto desta ação já foi anunciado por Hillary Clinton: a guerra contra a Federação Russa.

Questionará meu inteligente leitor: mas a Rússia não é mais um país comunista. Certamente, mas é, neste contexto histórico, a mais consistente e bem articulada resposta ao sistema financeiro internacional que será o vitorioso na eleição americana.

Veja, por exemplo, a ação militar russa inibindo que a Síria se transforme em outra Líbia ou Iraque. Repito, pois não sou desta área, o que leio nos blogs especializados em questões militares, que os EUA precisariam investir, apenas no arsenal nuclear, US$ 1 trilhão no curto período de dois mandatos presidenciais. Ainda seria necessário, para a própria engrenagem econômica, aumentar significativamente os gastos na NRO (National Reconnaissance Office) e na NSA (National Security Agency) a fim de não ser pego de surpresa pela ação dos BRICS, por exemplo. Lembre que Putin recusou encontro com Temer, obviamente não confiável e pouco expressivo.

No bélico campo, verificamos que o emprego de mercenários (ucranianos, salafistas, wahabitas e outros) não teve o sucesso esperado pela Casa Branca.

Mas as despesas com o Estado Islâmico, diretas e via Península Arábica, continuam significativas, ainda que rendam lucros para Halliburton e outras empresas norteamericanas.

Assim, acossado por mitos e declarações e comunicados hipócritas, que acompanhamos a eleição nos EUA. A surpresa estará na quantidade de abstenções, que servirá para a avaliação do possível apoio popular a medidas mais drásticas, como o envolvimento bélico direto e o prosseguimento e a intensificação da recessão.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado – em Pravda.ru

“ESTAMOS A SER CONDICIONADOS PARA ODIAR OS RUSSOS”, afirma consultor português



Branco Martins alertava o seguinte: "agora todos os ataques na Síria são culpa dos russos. De repente mostram-se crianças estropiadas e ensanguentadas no telejornal, apenas para dizer que foram vítimas dos bombardeamentos russos", enfatizando que "estamos a ser condicionados para odiar os russos".

João Branco Martins é consultor em antecipação política e económica, presidente da Associação para o Posicionamento Estratégico e Financeiro (APEFI), autor de três obras sobre economia - sendo que a mais recente ("A Economia lá de Casa, A melhor estratégia para fazer crescer o seu dinheiro e deixar a crise para trás", Texto Editores, 2014) foi já alvo de duas edições - ex-radialista do Rádio Clube de Sintra e presença ocasional nas televisões portuguesas, pronunciou-se nas redes sociais acerca do tratamento que a comunicação social e a comunidade internacional estão a dar à Rússia.

Flávio Gonçalves

Em dois textos publicados na sua página oficial no Facebook no passado dia 28 de Outubro, Branco Martins alertava o seguinte: "agora todos os ataques na Síria são culpa dos russos. De repente mostram-se crianças estropiadas e ensanguentadas no telejornal, apenas para dizer que foram vítimas dos bombardeamentos russos", enfatizando que "estamos a ser condicionados para odiar os russos".

Referindo-se ao desenlace da mais recente votação no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmava: "a Rússia é posta fora do Conselho (...) Quem mantém o seu lugar e liderança? A Arábia Saudita", nação conhecida pelas contínuas violações dos Direitos Humanos, país que ainda possui a pena de morte e que, em 2015, executou 153 pessoas e, até Julho deste ano, já tinha executado 100 cidadãos - de acordo com os dados da Amnistia Internacional.

Encerrando o seu desabafo acerca da máquina de propaganda actualmente encetada contra a Federação Russa, João Branco Martins alertava, preocupado, que "dentro de uns anos todos nós, eu incluído, estaremos a odiar os russos. Estaremos dispostos a arriscar a nossa vida e a dos nossos filhos contra a Rússia. E digo eu incluído porque ninguém estará imune à lavagem cerebral que nos vão fazer."


KILLARY E AS ELEIÇÕES ESTADO-UNIDENSES



Os EUA estão divididos.   De um lado estão os que querem preservar o Império mesmo à custa do seu país – são os neocons.  Do outro lado estão os querem salvar os EUA ainda que seja à custa da perda da sua hegemonia imperial.

A representante dos primeiros é a sanguinária e corrupta Hillary Clinton, responsáveis por incontáveis mortes de civis no Iraque, na Líbia, na Somália, no Iémen e na antiga Jugoslávia (em 1999 apoiou o seu marido na guerra de agressão da NATO).   Ela é a mulher que, tal como uma ave carniceira, deu uma gargalhada ao saber do assassinato de Kadafi ("Viemos, vimos e matámos", berrou ela).   A sua eventual vitória significará uma alta probabilidade de guerra nuclear. 

O outro candidato, Trump, é o que aceita o retorno a um mundo multipolar a fim de salvar da derrocada o seu próprio país – uma derrocada económica, financeira, monetária, política e moral.   Apesar da sua vulgaridade, grosseria e algumas ideias tolas ele é certamente o candidato que dá mais garantias à paz mundial e à maioria do povo estado-unidense.   Se estas eleições não forem mais roubadas do que de costume Trump poderá vencer. 

Ter ou não um planeta coberto de cinzas radioactivas depende dos resultados de 8 de Novembro.


SCHAUBLE OUTRA VEZ



Ana Alexandra GonçalvesTriunfo da Razão

Em bom rigor, estava na altura do ministro das Finanças alemão falar sobre as finanças de Portugal. Até esta simples frase causa estranheza e incómodo.

Assim, Shaüble, uma das figuras máximas da destruição europeia, afirma que Portugal ia no bom caminho até à entrada em funções do Executivo de António Costa.

Com efeito, Passos Coelho e a sua ministra das Finanças já não tinham língua, tal como Schaüble já não tinha rabo de tão gastos. A capitulação, julgava o ministro das Finanças alemão, havia sido completa.
De repente, trocam-lhe as voltas: um governo socialista em Portugal apoiado pelos partidos de esquerda qu,e não virando as costas às regras europeias, tem conseguido contorná-las, devolvendo – pasme-se! - rendimentos aos que haviam sido delapidados. Contrariamente ao falhanço grego que tanto agradou a Schaüble, Portugal apresentou uma solução exequível que não cai nos desejos do ministro alemão.

É evidente que viver de superavits – à custa quer das regras europeias, quer dos Estados-membros – o terá habituado mal. É claro que o pagamento à banca alemã (uma verdadeira e perigosa farsa como se tem visto) de dívidas por parte dos Estados-membros era essencial para a estratégia alemã. De resto, sabe-se que a situação periclitante do Deutsche Bank não é de agora.

E é precisamente sobre o maior banco alemão que deveriam recair as atenções e preocupações do ministro Schaüble. Assim, como todos nos deveríamos preocupar com o referendo italiano que se aproxima e que pode por em causa quer a continuação de Matteo Renzi, quer a própria permanência italiano na UE, ou até dedicarmos a nossa atenção à questão dos refugiados.

Não. A grande preocupação de Schaüble não é o Deutsche Bank, não é a situação política italiana, não é a questão dos refugiados, nem tão-pouco se prende com as derrotas que o seu partido tem sofrido em eleições regionais e com a ascensão de partidos que fazem lembrar outros tempos. As verdadeiras inquietações de Schaüble estão relacionadas com Portugal e com António Costa.

O SUICÍDIO DO PSD



Isabel Moreira – Jornal de Notícias, opinião

Mais uma vez, o PSD mostrou que não sobra nada do que dá nome ao partido – social democracia.

Vem sendo evidente para todas e para todos que o PSD não tem discurso. Podia ter, mas não tem. Escolheu a trincheira de uma nova direita, desconhecida da nossa memória democrática, uma direita que apelida de “bolchevistas” ou produtos “das esquerdas radicais” medidas consensuais à social democracia mediana, como manuais escolares gratuitos para alunos do 1º ciclo básico.
Desta vez, o PSD foi mais longe no suicídio, na destruição do legado de um partido que fez parte da construção da democracia portuguesa.

No debate de quinta-feira, marcado pelo PSD, sobre as consequências das cativações orçamentais nos serviços públicos, a deputada oradora foi Maria Luís Albuquerque. Não vou perder tempo sobre o rosto do governo que cortou, demitiu, degradou, desmotivou e desorganizou em matérias de serviços públicos (tendo mesmo um plano para cortar mais, caso tivesse continuado a governar) teve o desplante de dizer acerca deste orçamento de estado. Foi tudo obsceno. Foi particularmente obsceno por ter sido dito pela deputada com o CV conhecido.

Desplante é uma coisa, destruir o legado de um partido político é outra. Ora, Maria Luís Albuquerque, na sua intervenção, disparou sobre os sindicatos, descobriu que representam interesses obscuros, talvez lóbis, assim, de repente, todo um discurso em nome do PSD que trata o sindicalismo como um obstáculo maldoso, quem sabe endinheirado.

Imagino que na Arrow Global Maria Luís Albuquerque não tenha de perder muito tempo a pensar em direitos dos trabalhadores. Mas no Parlamento fala em nome do PSD e arrasa uma das bases da social-democracia: a defesa do sindicalismo.

O PSD, assim, atira para um lixo cósmico o legado ao qual pertencia, à Europa social que retirou consequências de um conflito histórico entre capital e trabalho. As lutas sociais não foram ignoradas pelos democratas e a necessidade de regular os conflitos foi o berço do triunfo do movimento operário e sindical. Sem este movimento, como o PSD usava saber, pura e simplesmente não haveria Estado social.

A longa história da violação grosseira da dignidade das trabalhadoras e dos trabalhadores na era do capitalismo selvagem, quebrada com o sindicalismo, com a representação dos direitos dos trabalhadores, foi, para os defensores das correntes socialistas e sociais-democratas, uma vitória dos trabalhadores e da sociedade. Não há social-democrata que se preze que admita que uma sociedade é decente se a parte mais fraca da relação laboral – o trabalhador – não tem direito a estar sindicalizado ou que a sociedade é decente se as leis laborais são impostas sem concertação social.

Estamos a viver, ainda, momentos de enormes dificuldades no mundo do trabalho e, concretamente, nos serviços públicos. Há quem, precisamente nesses momentos, recorde a história, e se recuse rasgar o papel dos sindicatos, o mesmo é dizer o contrato social, a certeza de que a precarização laboral e a exploração, para além de indignas, não têm nenhuma relação positiva com o crescimento económico. É o que faz o PS.

Já o PSD, logo pela voz de Maria Luís Albuquerque, aproveita o momento para reduzir o sindicalismo a grupos de interesses, pondo a nu esta nova direita, a que vimos governar durante quatro anos e que assim continuaria se pudesse, avessa a compromisso coletivos alargados, uma direita antissindical, o mesmo é dizer uma direita que matou a social democracia, a que diria necessariamente isto: não há estado social sem sindicalismo; o desemprego e a precariedade reclamam o reforço do movimento sindical.

É este o suicídio do PSD.

Portugal entre os países da UE com mais filhos a viver em casa dos pais



As dificuldades em conseguir emprego e os salários baixos colocam Portugal perto do topo numa lista que não orgulha os primeiros classificados.

Mesmo entre os países mais pobres da União Europeia, há poucos onde tantos filhos ainda vivam na casa dos pais. 

De acordo com dados do Eurostat, Portugal está no top 10 das nações onde mais jovens e até adultos ainda não saíram do lar dos progenitores, à frente de países como Espanha, Lituânia, Letónia, Estónia ou Chipre. 

A vida é mais difícil para os rapazes, que em todos os países da União Europeia estão em maioria sobre as raparigas neste ranking. 

Descubra na galeria do Economia ao Minuto que lugar ocupa Portugal e quem está acima de nós segundo os dados do Eurostat.

Bruno Mourão – Notícias ao Minuto

CGD: Jerónimo acusa PSD de querer complicar processo de recapitalização



O secretário-geral do PCP afastou a possibilidade de um entendimento com PSD e CDS-PP sobre o futuro da Caixa Geral de Depósitos e acusou os sociais-democratas de quererem complicar o processo de recapitalização do banco público.

"O PSD não quer nem transparência nem redução da verba que está destinada ao presidente da conselho de administração da CGD. É falso. Quer, no essencial, a mesma coisa [que o PS], com este ou aquele retoque, visando a desestabilização do processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos", disse o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, durante uma visita ao bairro da Bela Vista, em Setúbal.

O líder comunista lembrou que o PCP tomou a iniciativa de apresentar uma proposta concreta em relação à questão dos gestores da CGD, designadamente definindo um plafonamento de vencimentos correspondente ao salário do primeiro-ministro, e que contabilizava subsídios e outros privilégios para o pagamento de impostos, mas que essa proposta foi chumbada pelo PS, PSD e CDS-PP.

"O PSD vem propor, no essencial, a reposição da lei anterior, em que poderíamos dizer que os 400 mil euros que estão previstos para o presidente do conselho de administração seriam substituídos pelos 400 mil euros que o PSD e o CDS querem atribuir a esse presidente do conselho de administração. Ou seja, no essencial, quer a desestabilização deste processo da Caixa Geral de Depósitos. Sabemos que alguns setores muito amplos do PSD querem a privatização da CGD e querem `encasinar´ todo o processo", disse.

"O PSD quer fazer de conta. Nós não acompanhamos o PSD nesta matéria que é de facto uma operação de hipocrisia, que não resolve o problema do montante [dos salários pagos aos administradores da CGD] nem da transparência", acrescentou o líder comunista.

No que respeita aos anexos do Orçamento do Estado entregues pelo Governo ao parlamento, a pedido dos partidos da oposição, e que segundo o PSD e o CDSS/PP revelam receitas inferiores ao que se previa e um deslizamento das despesas, Jerónimo de Sousa defendeu que o problema essencial é a canalização dos recursos do país para o pagamento do serviço da dívida pública, e reafirmou a ideia de um dia acabará por ser necessário avançar para uma renegociação com os credores.

"Se esses documentos eram devidos à Assembleia da República, foi bom que fossem apresentados. É essa a nossa posição. Em relação às questões da receita e da despesa, mesmo havendo um outro deslizamento, ninguém pega nesta realidade: o grande peso da despesa passa pelo pagamento dos juros da dívida, que são centenas de milhões de euros por mês, que têm de ser entregues para o pagamento do serviço da dívida, não da dívida", disse.

"Nós precisamos de equilíbrio nas contas públicas, mas [também] precisamos de investimento, precisamos de capacidade de responder aos problemas estruturais que existem na sociedade portuguesa e, infelizmente, todo o esforço que o país faz vai sempre por esse cano roto, de um serviço da dívida em que só este ano vamos ter de pagar 8.500 milhões de euros. Esse é um problema central, disse Jerónimo de Sousa, reiterando a necessidade de uma renegociação da dívida pública.

Confrontado com o segundo caso de uma falsa licenciatura no Ministério da Educação no espaço de uma semana, Jerónimo de Sousa disse que se tratou de uma "situação pouco recomendável", mas que já "foi clarificada, foi resposta a legalidade, mesmo no plano ético".

"Em relação ao ministro da Educação, a responsabilidade é do primeiro-ministro. Creio que também já o clarificou. E aqui notar um pouco esta posição de dois pesos e duas medidas do CDS-PP, que durante o seu governo teve situações idênticas como nós nos lembramos, e não pediu demissão nenhuma", disse.

Lusa, em Notícias ao Minuto

PORTUGAL NO JOGO EUROPEU



Manuel Carvalho da Silva* – Jornal de Notícias, opinião

Esta semana, o ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, uma vez mais se pronunciou sobre a política portuguesa e o rumo da nossa democracia, de forma particularmente violenta. Declarações deste tipo feitas por responsáveis políticos europeus são, no mínimo, indecorosas. Mas, tratando-se de um alto responsável do mais poderoso Governo europeu, tais declarações configuram uma clara ingerência política de caráter imperialista sobre um país com quase nove séculos de história, maltratando um povo reconhecidamente trabalhador, respeitador e solidário que, ao longo dos séculos, algumas vezes se levantou, exemplarmente, contra tiranias e ditaduras. Os órgãos de soberania, utilizando fundamentos, formas e vias próprias da ação diplomática, têm de ser ativos no protesto junto do Estado alemão.

Por certo, o senhor Schäuble teve em conta o facto de ter surgido em Espanha uma solução governativa que conta com a participação dos representantes históricos da social-democracia em posição de cócoras. Na sua perspetiva, Portugal ficou mais enfraquecido no rumo que procura seguir e, vai daí, toca a atacar. Mas as duas razões principais para, neste caso, fazer de nós saco de boxe são outras.

Primeira, todos sabemos e o ministro alemão também, que a trajetória económica e financeira seguida pelo atual Governo de Portugal, se bem que com importantes inflexões em comparação com o Governo anterior, continua a obedecer aos constrangimentos do Tratado Orçamental de forma mais acrítica do que o desejável. Dados recentes do INE mostram as monumentais perdas de poupança que a população mais pobre sofreu, ao mesmo tempo que os ricos ganharam com a crise. É essa receita que ele quer continuar a aplicar em Portugal. Em junho, Schäuble, quando questionado sobre a delicada situação do Deutsche Bank, dizia-se mais preocupado com Portugal, para assim desviar as atenções dos problemas da economia alemã. Agora, a motivação é outra, politicamente bem mais pesada para ele. Para Schäuble, alianças à esquerda construídas em torno de um discurso e programa antiausteritário e mais solidário, têm de pura e simplesmente ser destruídas. O perigo de contágio assusta-o. É que hoje, na própria Alemanha, a perspetiva de uma coligação entre o SPD, Verdes e Die Linke (A Esquerda) tem vindo a ser debatida, à imagem do que já aconteceu para o Governo de Berlim.

A segunda motivação do senhor Schäuble diz respeito a outro forte combate político, mas fora de portas. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, anunciou que o défice orçamental italiano para 2017 não será de 1,8% do PIB, inicialmente previsto, mas sim de 2,3%. Renzi não é um "radical" de esquerda, e parte da política orçamental expansionista que defende serve para financiar reformas "estruturais" de cariz marcadamente neoliberal. Contudo, essa orientação está em colisão com as imposições de Bruxelas, patrocinadas pelo Governo alemão. Portugal servirá a Schäuble como ameaça, mais ou menos velada, à orientação italiana, país cujo tamanho e peso não lhe permitem dirigir os insultos que dirige a Portugal. O ministro alemão quer à viva força os portugueses subjugados e peados pelo medo, para com esse exemplo amedrontar alemães, italianos e europeus em geral.

Schäuble joga tudo numa UE dicotómica e neoliberal, submetida aos mercados e seus grandes interesses económicos e financeiros, em particular os da Alemanha. A instabilização da vida dos mais pobres, por forma a que estes não possam organizar-se e encontrarem rumo de desenvolvimento mais autónomo, é uma das armas da sua loucura, que poderá chegar à desestabilização de toda da UE.

É claro que um Governo submetido a um contexto de guerrilha tende a concentrar a sua ação política nos problemas de curto prazo. Mas Portugal não deve ser mero espectador a tentar passar pelos pingos da chuva das políticas europeias e de um Tratado Orçamental cada vez mais obsoleto. O Governo tem a obrigação de se engajar ativamente na definição de políticas estratégicas e no debate sobre a reforma dos tratados europeus, sob pena de perder legitimidade interna e externa.

* Investigador e professor universitário

sábado, 29 de outubro de 2016

O CAPITALISMO É UMA FONTE DE INJUSTIÇA



Pelo bem da Europa, os social-democratas devem reconhecer que o capitalismo é uma fonte de injustiça

O antídoto para o nacionalismo populista sempre foi uma democracia social que reconhecesse a injustiça inerente das hierarquias de classe capitalistas

Douglas Voigt, Social Europe*

Apesar do risco de os nacionalistas populistas aproveitarem ao máximo o turbilhão do Brexit, a centro-esquerda britânica continua se recusando a repensar sua compreensão básica do capitalismo europeu. Desde 23 de junho, esta obstinação se reflete no contraste expresso implacavelmente por figuras da política e dos meios de comunicação como Peter Mendelson e Polly Toynbee, que dividem a Europa em duas: uma delas “aberta” e “apoiada em fatos”, regida pela livre circulação de capital, trabalho, bens e serviços, e a outra "fechada", governada pela reverberação de fantasias populistas. Esta narrativa iguala o nacionalismo xenófobo de Nigel Farage ao socialismo democrático de Jeremy Corbyn. No entanto, enquanto os primeiros já ganharam espaço no Partido Conservador e no poder, a centro-esquerda mergulhou os trabalhistas em uma luta pelo poder enquanto buscam defender a mesma compreensão "plausível" do capitalismo já rejeitada pela população. Isto sugere uma perigosa incapacidade de compreender a natureza da economia política contemporânea – uma fraqueza que remete às origens intelectuais do que tem sido chamado de "social-democracia neoliberal”.

Influenciada por estudiosos como Anthony Giddens e Anton Hemerijck e implementada por Tony Blair e Gerhard Schröder, a social-democracia neoliberal celebrou a chamada "nova economia" da década de 1990, concebida como o parâmetro objetivo de talento, produtividade e escolha do consumidor. O Estado democrático tornou-se subserviente ao capitalismo global nesta formulação, orientada apenas para tornar seus cidadãos investimentos mais atraentes através de flexibilização das leis trabalhistas, sistemas de bem-estar mais rigorosos e estruturas educacionais com foco no trabalho. Após uma extensa pesquisa de campo sobre os efeitos de tais políticas na Alemanha, minhas descobertas sugerem dois elementos importantes aplicáveis %u20B%u20Ba toda a Europa, que lançam luz sobre as razões da ascensão do nacionalismo populista hoje.

Em primeiro lugar, as relações de classe capitalistas claramente sobrevivem na chamada "nova economia", e rejeitar a luta de classes como bobagem marxista é uma atitude ignorante e autodestrutiva. A estrutura de classes tem origem na lei. Por exemplo, a política europeia que se desdobra da Direção-Geral da Concorrência protege os investidores privados da concorrência pública, independentemente da necessidade social de investimentos em uma determinada região. Isso deliberadamente aumenta o poder do capital privado em relação aos cidadãos sem ativos financeiros. Ao mesmo tempo, ao abandonar a política social ao método aberto de coordenação, a União Europeia incentiva efetivamente uma "guerra” entre os países em busca de tais investimentos. Ambos os mecanismos criam uma hierarquia no aparato legal entre grupos de pessoas, aumentando o poder daqueles que possuem bens em detrimento daqueles que vivem com benefícios governamentais ou são assalariados. Consequentemente, um modelo útil para a identificação de classe social não é o nível de renda, mas sua fonte. Embora seja mais complicado na prática, neste modelo analítico quatro classes básicas são distinguíveis: um, agentes financeiros focados em retorno de investimentos, tradicionalmente descritos comorentistas; dois, capital, que se concentra em gerar lucros com vendas; três, trabalhador, que obtém rendimentos de salários; e quatro,dependentes do estado de bem-estar ou da generosidade familiar. Este padrão de diferenciação social é parte integrante do capitalismo desde seu surgimento e perdura até hoje.

Dados recentes sugerem que esta estrutura de classe está se tornando ainda mais enraizada e desigual. Previsivelmente, rendas mais baixas torna mais intensa a luta diária para trabalhadores e dependentes, bem como para pequenas empresas, endividadas e competindo com grandes conglomerados ou fabricantes que  terceirizam sua mão de obra da China – não exatamente um modelo dedemocracia  ou direitos trabalhistas. Paralelamente a esta competição transnacional, as pequenas empresas são obrigadas a pagar sua dívida a "rentistas" globalizados que oferecem pouca flexibilidade e pouco compromisso com a comunidade. Em tal ambiente, o lucro assume primazia intensificada, obrigando as empresas a tratar os trabalhadores assalariados como ferramentas descartáveis, minando as normas sociais e a igualdade de respeito que sustentam a social-democracia capitalista. A promoção pela UE de flexibilidade trabalhista e da competitividade é, consequentemente, experimentada como inflexibilidade e intolerância em relação aos trabalhadores, cujas lutas, como conciliar diariamente trabalho e cuidado com os filhos, são cada vez mais ignoradas pelos empregadores. Estes justificam a postura citando as dívidas e a concorrência – uma lógica que começa de cima, a partir da lei da concorrência europeia. Dessa forma, a política da UE enriquece a classe rentista ao minar as normas sociais básicos que sustentam uma relação empregador-empregado produtiva e mutuamente benéfica – criando em seu lugar um sistema injusto e que agrava a desigualdade.

Uma segunda característica da social-democracia neoliberal é a moralização da participação no mercado de trabalho através de políticas de bem-estar. A participação no mercado de trabalho assalariado se torna um dever moral em si, em vez de um meio para alcançar outros objetivos, como a participação cidadã, o desenvolvimento cultural e a felicidade da família. Um conjunto de normas claramente protestantes em torno do conceito de trabalho passa a embasar praticamente todos os aspectos das políticas sociais – educação, assistência social, subsídios habitacionais, aposentadorias e imigração. O estado comunica, assim, aos seus próprios cidadãos, que o trabalho é a fonte de valor moral individual e a única via para um status social respeitável. Os trabalhadores se veem presos entre um discurso implacável sobre o imperativo moral do trabalho assalariado e empregadores que os tratam cada vez mais como ferramentas descartáveis. Isto é desmoralizante e enfurecedor. O desgosto é particularmente evidente entre indivíduos mais velhos, sem flexibilidade no mercado de trabalho por possuir uma casa, com habilidades que perdem valor com o tempo, e, acima de tudo, criados em uma época em que a lealdade entre empresa e trabalhador, Estado e sociedade, eram conceitos recíprocos e não unilaterais.

No entanto, apesar de serem apontados os problemas de desigualdade, ainda falta ver na Europa alguma tolerância com o que isso realmente significa na prática, com o pagamento do serviço da dívida para os rentistas globais tendo clara prioridade sobre a justiça social. Ao recusar-se a aceitar que o capitalismo pode sim ser inimigo da justiça social, perde-se um precioso tempo de luta contra o verdadeiro adversário. O problema da rejeição pura e simples da globalização e da União Europeia é, naturalmente, a miséria de ser governado por nacionalistas de direita. Sob a fachada da identidade nacional, limitam a liberdade de expressão e de escolha, a igualdade de gênero e a diversidade cultural, substituindo-as por tiranos mesquinhos que aplicam hierarquias raciais e de gênero, bem como modos de comportamento que refletem concepções estreitas de caráter nacional – como já ficou evidente para as minorias e as mulheres na Hungria e na Polônia.

O antídoto para o nacionalismo populista sempre foi uma democracia social que reconhecesse a injustiça inerente das hierarquias de classe capitalistas ao mesmo tempo que fossem reconhecidos seus benefícios para a liberdade pessoal e a produtividade econômica. Na prática, isto significa subordinar o poder de rentistas ao bem público e fortalecer as classes trabalhadoras. Consequentemente, fazem sentido as propostas de manter as leis trabalhistas e fortalecer a capacidade dos sindicatos de negociação coletiva negócio. Também faz sentido a eliminação dos regulamentos da UE que restringem o investimento público e recomenda a privatização dos serviços públicos. Tais políticas aumentam o poder estratégico dos trabalhadores, reduzem a dependência pública dos rentistas, e permitem que entidades públicas e privadas trabalhem em conjunto para produzir bens e serviços de valor social. No entanto, a legislação da UE impossibilita grande parte dessas políticas. O que é pior, os social-democratas neoliberais lutam para mantê-las fundamentalmente contra seus adversários políticos à esquerda – impedindo, na prática, a adoção das únicas medidas que poderiam salvar a UE do nacionalismo populista.

Se algo pode ser aprendido com o Brexit, portanto, é que a concepção benigna de capitalismo surgida na década de 1990 e ainda glorificada pela centro-esquerda (e pela centro-direita), geralmente descrita como neoliberalismo, está morta e estava errada. Em vez disso, a concepção baseada em classes que construiu a social-democracia do pós-guerra está muito viva e presente na vida quotidiana dos cidadãos. Ao simplesmente aceitar isso, os líderes da União Europeia e os políticos de centro-esquerda podem se aliar com a esquerda para salvar tanto a UE como o Reino Unido do populismo nacionalista, reformando ambos em busca de uma ordem econômica que promova a igualdade, com o fortalecimento das classes trabalhadoras e da democracia econômica. 

Tradução de Clarisse Meireles

- Douglas Voigt é professor assistente na Oxford Brookes University, no Reino Unido, e membro do Post-Growth Societies College, da Friedrich-Schiller-University of Jena, na Alemanha.

*Carta Maior - Créditos da foto: reprodução

Bem-vindos à escravocracia



As guerras em curso não são, afinal, mais do que uma nova etapa da deslocalização e da desregulação dos mercados, medidas imprescindíveis para a ditadura global imposta pelo sistema neoliberal. Alguma dúvida?

José Goulão – AbrilAbril, opinião

Há quem se surpreenda e se declare até chocado quando alguém denuncia, escorado em indesmentíveis evidências captadas no mundo actual, que alguns dos mais influentes dirigentes mundiais têm comportamentos escravocratas, no seu afã de corresponder às exigências prementes e irrecusáveis dos grandes tutelares da economia transnacional e do casino financeiro mundial.

A reportagem transmitida esta semana pelo insuspeito programa «Panorama BBC», intitulada «Os Refugiados que fazem as nossas Roupas», poderia vir agitar as consciências de tais dirigentes e respectivos acólitos – se eles as tivessem – porque demonstra como é balofo e inconsequente o discurso sobre a primazia dos direitos humanos e a justiça das «guerras libertadoras» conduzidas pela NATO e suas divisões especiais, chamem-se «Estado Islâmico» ou «Al-Qaida».

Nessa reportagem, o jornalista britânico Darragh MacIntyre mostra crianças fugidas à guerra na Síria, e refugiadas na Turquia, fabricando roupas de algumas multinacionais da moda – Zara, Marks & Spencer, Mango, ASOS – e trabalhando 12 horas por dia, a 1,12 euros por hora. O jornalista teve que fazer a investigação e as filmagens de maneira clandestina, correndo riscos devido ao cariz ditatorial da «democracia» de Erdogan. Só desse modo conseguiu trazer à luz do dia este caso de ineludível escravatura. Ou não?

É um caso apenas, dirão alguns. O que tem isso a ver com os dirigentes mundiais? Perguntarão os mesmos ou outros.

Não sejamos ingénuos. O exemplo de trabalho clandestino, cujos muros o jornalista britânico derrubou, é um átomo de um submundo que todos sabemos existir e que vem ocasionalmente à superfície, como agora.

Assim como as marcas exploradoras não serão as únicas, bem longe disso.

Além disso, esta degeneração tem tudo a ver com os dirigentes internacionais, porque são estes que formatam o mundo de que são donos os grandes nomes da finança e da economia, sejam eles da moda ou de qualquer outro sector que pratica a selvática caça ao lucro. Além disso, não nos desviemos do significado principal deste caso minúsculo e, ao mesmo tempo, de grande envergadura.

A Turquia é um pilar do «mundo livre», um país na verdade associado à União Europeia e permanentemente na soleira da sua porta; é, sobretudo, um dos membros mais estratégicos da NATO e aliado operacional de todos quantos, a partir de Washington, Paris, Londres, Berlim, Telavive e Riade, destroem países do Médio Oriente em cadeia. Criando assim, entre muitas desumanas aberrações, um exército de trabalho escravo que exponencia, à custa de sangue e terror, os lucros da nata empresarial, como agora está definitivamente demonstrado.

Nos dias em que assistimos à vergonha franco-britânica da «selva de Calais», na qual as vítimas de conflitos provocados pelos governos francês e britânico são pudicamente tratadas por «migrantes», e não por aquilo que verdadeiramente são – refugiados de guerra –, ficou também à vista de quem quer ver um exemplo do uso que é dado aos milhares de desesperados em fuga do suplício que «os amigos» levaram aos seus países.

Quando surgirem notícias, aparentemente absurdas, como a do desaparecimento misterioso de 10 mil crianças refugiadas de guerra, já depois de terem sido registadas à entrada da Suécia e de Itália, poderemos adivinhar, sem qualquer risco de erro, um dos destinos possíveis dessas vítimas. Não consta que a nuvem sempre crescente de autoridades policiais e aparentadas, que protege a Europa do terrorismo e da criminalidade inerente aos refugiados – segundo os discursos oficiais –, tenha já detectado o paradeiro desses misteriosos desaparecidos. Provavelmente, e pelo contrário, bons e empreendedores patrões das nossas praças financeiras estarão a par dos seus novos endereços e actividades.

Sabemos que são muitas as vantagens económicas, financeiras e estratégicas das guerras em curso do Afeganistão à Líbia: vantagens para os que continuam a somar milhões graças aos bons ofícios dos governos que as patrocinam e da instituição militar que as executa – a Aliança Atlântica. A todos esses benefícios juntemos a possibilidade de usufruir de trabalho escravo puro e duro, algo de que já a punição austeritária dos povos europeus era (e é) uma aproximação.

As guerras em curso não são, afinal, mais do que uma nova etapa da deslocalização e da desregulação dos mercados, medidas imprescindíveis para a ditadura global imposta pelo sistema neoliberal. Alguma dúvida?

Parlamento Europeu quer definir a democracia e multar quem não a cumprir



Numa altura em que finaliza negociações comerciais com o Canadá em segredo

O Parlamento Europeu aprovou um relatório que pretende condicionar o conceito de democracia e propõe a aplicação de multas financeiras a quem não o cumprir. O PCP foi o único partido português a votar contra.

O relatório propõe alargar o alcance do actual artigo 7.º do Tratado da União Europeia, que prevê a suspensão dos direitos de voto no Conselho para casos de violação de «valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias». A intenção é introduzir multas financeiras aos estados-membros que o Conselho e o Parlamento Europeu decidam estar nessa situação.

É também expressa a intenção de harmonizar os direitos fundamentais, nivelando-os por baixo em relação a países como Portugal, cuja Constituição da República é mais avançada, nomeadamente no plano dos direitos sociais e de trabalho.

O ponto relativo ao artigo 7.º foi aprovado com os votos a favor de todos os partidos portugueses à excepção do PCP. Na votação final, CDS-PP e BE abstiveram-se.


Hoje acertamos relógios. Há um século que o fazemos, sabe porquê?





Esta noite vai poder dormir mais uma hora, mas sabe porquê? E o que tem o vocalista dos Coldplay a ver com isto?

Na passagem de 29 para 30 de outubro os relógios vão atrasar uma hora, dando início ao horário de inverno. Mas este ano a data é especial: há 100 anos que mudamos os ponteiros do relógio.

No outono, a hora muda na madrugada do último domingo de outubro e na primavera os relógios adiantam uma hora na madrugada do último domingo de março.

A ‘culpa’ é do trisavô de Chris Martin, vocalista dos Coldplay. William Willett, membro da Sociedade Astronómica Real do Reino Unido, teve a ideia de mudar a hora no verão e reacertá-la no outono em 1907, com o seu trabalho ‘The Waste of Daylight’ (‘O desperdício de luz do dia’) escreve o Metro.

O britânico passou grande parte da sua vida a tentar convencer a sociedade a adiantar os relógios na primavera, de forma a aproveitar melhor as horas de sol.

O horário ‘DST’, (Daylight Saving Time) chegou a ser debatida cinco vezes na Câmara dos Comuns e sempre chumbada por influência da comunidade científica, que se opunha à ideia.

O sistema acabou por só ser oficialmente implementado em 1916, pouco depois da morte de William Willett.

Este ano foi decisivo porque, em plena Primeira Guerra Mundial, se pensou que a mudança de hora podia contribuir para os esforços de guerra e melhorar a economia devido à poupança de carvão.

A Alemanha foi o primeiro país a aderir, seguida dos Países Baixos, Suécia e só depois o Reino Unido.

A ideia já fora antes aflorada por Benjamin Franklin, em 1784, e pelo astrónomo neozelandês George Hudson, em 1895, mas Willett é considerado o verdadeiro pai do Horário de Verão.

Em Petts Wood, perto de Londres, há inclusive um memorial em sua homenagem – um relógio de sol que nunca muda de hora e onde se lê “Horas non numero nisi sestivas” (“eu apenas digo as horas de verão”).

No entanto, se já está a festejar o facto de poder ficar mais uma hora na cama, saiba que esta alteração dos ponteiros do relógio traz "mais riscos que benefícios", segundo adverte a Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono.

A prática de mudança de hora prende-se essencialmente a preocupações ecológicas e sociais, para fazer coincidir o horário de trabalho com as horas de luz solar, e não reúne consenso a nível mundial. Grande parte do globo opta por não alterar os relógios em função das estações do ano.

Na Europa só a Arménia, Bielorrússia, Geórgia e Rússia não atrasam os relógios uma hora na próxima madrugada nem os adiantam em março.

A União Europeia faz uma reavaliação desta prática de cinco em cinco anos. A próxima reavaliação deverá ser feita no próximo ano, para os cinco seguintes (2017-2021).

Tenho de atrasar a hora no meu telemóvel? Se tem um smartphone a resposta é não. Em regra, as horas nos telemóveis atuais mudam de forma automática, mas pode confirmar se a hora vai mudar no seu.

Se tem um iPhone vá a Definições – Geral - Data e Hora. Se tiver configurado como ‘Definir automaticamente’ a hora mudará sozinha durante a madrugada.

O mesmo no caso dos Android: Definições – Data e Hora. A opção ‘data e hora automáticas’ deve estar ativada.

Carolina Rico, em Notícias ao Minuto

PERNA CURTA



Pedro Ivo Carvalho* – Jornal de Notícias, opinião

Mentir é feio. E isso até as crianças sabem. Mentir no exercício de cargos públicos, além de ser feio, é grave. E isso, suspeito, até as crianças sabem. Mentir no século XXI sobre as habilitações académicas quando se vai para um Governo e se está tão exposto ao escrutínio, é apenas estúpido. Porque o mais certo é sermos apanhados mais depressa do que um coxo quando corre, desenfreado, em terreno escorregadio. No espaço de uma semana, um chefe de gabinete do secretário de Estado da Educação e um adjunto do primeiro-ministro foram forçados a abandonar os cargos por serem detentores de licenciaturas imaginárias. Três, para ser mais exato. O primeiro "enganou-se" em duas, o segundo "enganou-se" numa. Apesar de Sócrates e de Relvas, ainda há quem não tenha aprendido nada sobre escrita criativa nos currículos. Nuno Félix foi o distraído mais recente. E que distração. Não uma, mas duas licenciaturas-fantasma. O primeiro despacho de nomeação era claro: licenciatura em Ciências da Comunicação e licenciatura em Direito. Mas como a careca podia ser descoberta, editaram o documento: a "formação" dos cursos passou para "frequência" dos cursos. Aparentemente, Tiago Brandão Rodrigues sabia de tudo. O ministro da Educação. Da Educação.

*Pedro Ivo Carvalho é jornalista

A FRAUDE DE MAIS UM RAPAZOLA “DÓTOR” QUE AFINAL NEM SE LICENCIOU



Mário Motta, Lisboa

Mais um rapazote dótor que afinal nem se licenciou, agora neste governo de António Costa, como outro, o Relvas, no governo de Passos, Cavaco e Portas. E há mais? Pelo visto e repetido há muitos destes dótores. Não é por acaso que somos levados cada vez mais a não confiar naqueles pseudo detentores de canudos e na leva vão também os que suaram as estopinhas para se licenciarem de facto ou para mais além se doutorarem.

Os gajos dos colarinhos brancos estão com a fama pelas ruas da amargura à conta de tantos vigaristas que nos caem nos braços e nos regaços das donzelas paragonais dos jornais depois de desmascarados. Aliás, essa de os simplesmente licenciados se intitularem doutores e desse modo assim convencionarem e assim os intitularem – mesmo que o sejam com honestidade – e dos parvalhotes dos plebeus os chamarem e considerarem doutores, só vem provar que estamos sob o domínio de uma estratégia delineada por uma elite que até pode não saber quase nada mas que é vigarista e manipuladora mais que suficiente para convencer erradamente que sabe muito, que é competente por via das aptidões adquiridas universitáriamente e que teve uma vida académica esforçada quando afinal tal não corresponde à verdade. É assim que temos por aí esses tais Chicos Espertos ou bando de sacanas para os mais avisados e que já não confiam nesta cambada que se impôs e se acoita em alguns partidos políticos e suas ramificações. Doutor é quem completa o doutoramento, não os simplesmente licenciados. Deixem-se de caganças, que nem correspondem à realidade mas que falsamente convencionaram.

Licenciado era o meu cão enorme, dócil, honesto e amigo do peito. De uma fidelidade a toda a prova. Tinha licença, era licenciado. Isso foi antes, na era salazarista. Mas de alguns destes novos licenciados e/ou pseudo licenciados não se pode dizer que possuam tais qualidades. Uns quantos até caem nos governos e seguem descaradamente rumo político com o recheio da arrogância, da desonestidade, da infidelidade aos que os elegeram. Decerto que existem os que escapam ao escrutínio da comunicação social e usufruem de vidas de sucesso, com mordomias pagas por todos nós e o mais que vier de benefícios. Tudo isso, do melhor, apesar de serem dos pés à cabeça grandes fraudes e gente guardada pela impunidade.

A seguir, mais um caso além Relvas e outros que tal. Trazemos o que consta na TSF, mais completo pode encontrar no Observador, que aliás foi autor da descoberta daquele fraudulento dótor. Mais um, entre tantos, como se estima que assim aconteça.

Para quem acabou de ingerir alimentos aconselha-se a que não se embrenhem demasiado nesta triste “história”… Pode causar vómitos. 

(MM / PG)

Um gabinete por um canudo

O antigo secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses, confessa à TSF que só nos últimos dias no governo soube da mentira de Nuno Félix, um chefe de gabinete "imposto".

"A questão das licenciaturas nunca foi uma questão decisiva para a minha saída", assume o antigo secretário de Estado da Juventude e Desporto.

João Wengorovius Meneses confessa que "só soube (da mentira) dois ou três dias antes de sair que Nuno Félix não tinha uma licenciatura", isto numa altura em que já não falava com o ministro e no momento em que Tiago Brandão Rodrigues já tinha respondido "por mail que não aceitava a exoneração do meu chefe de gabinete".

Uma exoneração que João Wengorovius Meneses tinha solicitado depois de ter perdido a confiança num chefe de gabinete escolhido pelo ministro.

"Recebi o chefe de gabinete em boa fé", mas com o passar dos dias a relação degradou-se e "quando comunico ao ministro a intenção de substituir o chefe de gabinete o ministro impede-me de o fazer".

Em declarações à TSF, o anterior secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses explicou que "a razão principal para querer substituir Nuno Félix na função de chefe de gabinete era a sua impreparação para a função."

"Eu não tinha total confiança politica nele e não sentia total lealdade da parte dele, a toda a prova", sublinha.

João Wengorovius Meneses adianta que "na reta final. Nos últimos dias que antecederam a minha saída tomei conhecimento de aspetos que agravaram os motivos" de desconfiança inicial. "Houve uma terceira dimensão que foi o facto de eu tomar conhecimento que ele não tinha uma licenciatura", como afirmava.

"Tive conhecimento disso (da mentira) por via da minha jurista. Mas, nunca comuniquei formalmente ao ministro o facto de Nuno Félix não ter uma ou duas licenciaturas".

João Wengorovius Meneses diz mesmo que pensou que o assunto estaria encerrado com o fim das suas funções no governo, porque quando sai um governante sai todo o gabinete, mas neste caso, o chefe de gabinete, Nuno Félix, foi reconduzido pelo novo secretário de Estado, João Paulo Rebelo

TSF - entrevista de Rui Silva

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

EUA: UM DESTRUIDOR DE DEMOCRACIAS E PILHADOR DE NAÇÕES



A midiotização pelo mundo afora, leva o povo a acreditar que governos não simpáticos aos EUA, são governos ditatoriais, mesmo que tenham sido eleitos pelo voto dos seus concidadãos, como o caso de Assad na Síria e Maduro na Venezuela.

Valter Xéu*

Na época do George Bush, a mídia e os serviços de inteligências do ocidente propagaram para o mundo de que países como o Irã, Iraque e Coreia do Norte formavam o Eixo do Mal que colocava o mundo em perigo e a propaganda dizia: 'Ou você está conosco, outra contra nós'. 

Todos os países que não são simpáticos ou que contrarie os interesses dos Estados Unidos, a forte propaganda de manipulação trata de disseminar pelo mundo de que aquele governante é um ditador.

E assim é feito com a Síria, onde apesar de Assad ter vencido duas ou três eleições presidenciais, recebeu o carimbo de ditador pelo simples fato de contrariar os interesses dos Estados Unidos e ter sido eleito, a propaganda dissemina pelo mundo de que foi uma eleição fraudulenta e isso o ocidental não aceita como aceitou o resultado da eleição em que Bush venceu Al Gore. 

Os Estados Unidos destruíram o Iraque com a propaganda de que o país possuía armas de destruição em massa o que não era verdadeiro e isso foi atestado pelas próprias forças de ocupação.

Como a mentira já não colava nos quatro cantos do mundo e inventaram de que estavam levando a democracia a um pais governado pelo ditador Saddam Hussein e que até então, tinha sido aliado dos americanos. Hoje os iraquianos vivem em situação muito pior, com conflitos de toda natureza onde os grupos diversos recebem armas do ocidente para guerrearem entre si enquanto as Halliburton da vida segue tranquila roubando o seu petróleo. Halliburton foi administrada pelo ex-vice-presidente americano Dick Cheney: Tutti cosa nostra...

A mesma coisa aconteceu com a Líbia que depois de Israel era o segundo IDH do Oriente Médio segundo a ONU. Mesmo assim, precisaram formar uma coalizão internacional de 46 países para derrubar e assassinar Khadaffi. 

E usando o pretexto de que estavam derrubando um ditador, destruíram o pais, onde grupos rivais armados pelo ocidente se matam e as Halliburton...

Depois do Afeganistão, Iraque e Líbia chegou à vez da Síria onde os norte americanos acreditavam que seria muito mais fácil e ai houve o engano, pois Assad resistiu e de imediato trataram de disseminar pelo mundo de que ali era mais um ditador e como midiotizado é uma praga que existe em todo o planeta, Assad passou a ser demonizado pelo simples fato de ter enfrentado as forças criadas pelos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Arábia Saudita, Qatar, Turquia (que parece esta mudando de lado depois do tal golpe em que acusam os norte americanos) e a cumplicidade de Israel que oferece ajuda médica e vez por outra derruba aviões da força aérea da Síria que ousa bombardear as forças do Estado Islâmico nas imediações das Colinas de Golan.

Com a chegada dos russos as coisas mudaram de um Assad quase derrotado para um presidente mais forte no poder.

Os russos lá estão com a anuência do presidente sírio enquanto as forças ocidentais que não tiveram autorização são meras invasoras. E isso fere a carta da ONU e a soberania Síria, mas a ONU não vale nada para as potências do ocidente, onde na sua maioria participam da força agressora que é a OTAN = Organização Terrorista do Atlântico Norte e que no final dos anos 80 bombardeou Belgrado capital da Iugoslávia em pleno coração da Europa, mas como diz um amigo Croata, "naquela época não existia o Putin".

Na questão de Aleppo, vários grupos terroristas estão no domínio da cidade perpetrando toda desgraça sobre a população, usando armas químicas, mas o culpado é Assad que ousou enfrentá-los.

Na Venezuela, apesar de Chávez e Maduro terem sido eleitos pelo voto da maioria da população, a mídia e o atual governo golpista do Brasil, Argentina e Paraguai trata os governantes venezuelanos como ditadores o que parece até piada.

O de lá eleito pelo voto direto é ditador.

O golpista do Brasil, o que é?

Na Venezuela depois do fracassado golpe com armas em que Chávez foi preso e voltou nos braços do povo, à direita e seus apoiadores internacionais mudaram de tática e usaram a mesma que destronou o governo ucraniano, defenestrado com denuncias de corrupção e hoje uma quadrilha de corruptos estão no poder com a ajuda do "campeão da democracia".

Usaram desse expediente aqui e estão usando o mesmo na Venezuela onde de repente desapareceram dos supermercados os gêneros alimentícios  ​​sabotados pela burguesia empresarial.

O governo criou uma espécie de Cesta do Povo o que se mostrou ineficaz contra o desabastecimento e assim os grandes grupos econômicos com ajuda externa que despejam bilhões de dólares para acumpliciar mídia e uma parte dos parlamentares. Com o judiciário a coisa é bem diferente do que é o daqui.

Maduro que não tem um perfil Dilma Rousseff e nem na sua equipe republicanos covardes, reage às provocações e recebe o carimbo de ditador pela sua ousadia em resistir.

O pior de tudo isso, é que a midiotização geral leva a "boiada" a acreditar que realmente ele é um ditador, enquanto o nosso aqui é um democrata e que aquele pais destruidor de países, é nada mais, nada menos que o verdadeiro campeão da democracia no mundo e a "boiada" acredita.

Ô, raça!

Em tempo

Lula precisa fazer o mesmo que Maduro faz na Venezuela, Rafael Correa no Equador, Evo Morales na Bolívia e o que diz o escritor Moniz Bandeira, que é o envolvimento dos Estados Unidos em toda essa trama em que participa a mídia, o congresso e o judiciário e denunciar isso para o mundo, pois existe um interessado maior no enfraquecimento do país e esse interessado, o mundo sabe quem é.

Isso é o que tem de ser feito.

*Valter Xéu é diretor e editor dos portais Pátria Latina e Irã News. analista politico do Palestina Liberation, Pravda e diversas publicações no Brasil e exterior

Pravda.ru

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