terça-feira, 22 de março de 2016

UNIÃO AFRICANA PROMETE “TOMAR CONTA DA MATÉRIA” NA GUINÉ-BISSAU



Uma missão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana visitou a Guiné-Bissau e deixou um aviso: caso a crise política não seja resolvida internamente, a União Africana poderá assumir as rédeas.

Após a visita à Guiné-Bissau do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no início de março, foi a vez de uma missão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) ir até ao país. A visita durou cinco dias. Foi deixado um aviso: a UA poderá assumir as rédeas da situação, se necessário.

Massaxi Guey, chefe da delegação, deixou claro que não quis interferir nos esforços da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para pôr fim à crise política.

"Esta missão já deveria ter vindo à Guiné-Bissau desde 2014 para evitar a duplicação de esforços. Como sabem, a CEDEAO esteve aqui presente com o [ex-Presidente da Nigéria, Olesegun] Obasanjo, mas subordina-se à União Africana. Portanto, agora é a própria União Africana que vai tomar conta da matéria. E posso garantir-vos que é sério", garantiu o representante da UA.

Mas Guey sublinhou que o impasse político deve, primeiro que tudo, ser resolvido internamente: "É a Guiné-Bissau que tem de resolver os seus problemas", disse Guey.
A missão deverá entregar à União Africana um relatório sobre a crise política na Guiné-Bissau até 29 de março.

"A solução tem de ser dos guineenses"

Em reação, Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), referiu que sempre defendeu uma solução interna para a resolução da crise guineense.

Para o líder do partido no poder, nem a UA, nem a CEDEAO ou mesmo as Nações Unidas vão resolver os problemas da Guiné-Bissau - estas organizações poderiam ajudar na obtenção de consensos. "Mantemos, contudo, a nossa disponibilidade para, através do diálogo, facilitarmos os compromissos possíveis. A solução tem de ser dos guineenses e tem de ser feita por nós próprios e pelas nossas instituições", declarou.

Agnelo Regala, líder da União para a Mudança (UM), avisa que é preciso deixar o partido vencedor das legislativas de 2014 cumprir o mandato: "Quem efetivamente ganhou as eleições deve governar".

Por sua vez, e em nome das organizações da sociedade civil, o padre Keilândio Djaguité defende que a solução passa pelo consenso entre os guineenses na base de um verdadeiro diálogo, que se paute pela verdade, e do "respeito" pelas instituições.

A crise política prevalece no país. As partes em litígio aguardam pela resposta dos tribunais aos recursos apresentados sobre a perda de mandato no Parlamento de 15 deputados que foram expulsos do PAIGC.

Braima Darame (Bissau) – Deutsche Welle

Guiné-Bissau. PAICV DEU VÁRIOS TIROS NO PÉ E DEVE FAZER REFLEXÃO PROFUNDA - analista



O analista político cabo-verdiano João de Deus Carvalho disse hoje que o PAICV perdeu as eleições legislativas em Cabo Verde porque "deu vários tiros no pé", considerando que o partido deve fazer uma profunda reflexão interna.

"O PAICV tem de fazer uma profunda reflexão interna porque desde 2011 que há um grande desnorte no partido", disse à Lusa João de Deus Carvalho, referindo-se à divisão no Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que declarou apoio a Manuel Inocêncio Sousa (que viria a perder para o atual Presidente, Jorge Carlos Fonseca, na segunda volta), com Aristides Lima e David Hopffer Almada a ficarem para trás no Conselho Nacional.

Depois de três maiorias absolutas, sob a liderança do ainda primeiro-ministro, José Maria Neves, o PAICV, liderado por Janira Hopffer Almada, perdeu no domingo as eleições legislativas para o principal rival, o Movimento para a Democracia (MpD), que obteve maioria absoluta.

A líder do partido disse que nas próximas semanas vai convocar o Conselho Nacional para analisar os resultados saídos das eleições, que vai preparar o partido para as próximas eleições autárquicas e fazer uma "oposição construtiva e positiva".

Segundo João de Deus, se o PAICV quiser ser uma boa oposição "tem que unir fileiras". "Neste momento, o PAICV é uma manta de retalhos, são várias sensibilidades que só se unem para lutar contra o MpD. Isto não pode ser assim. O partido deve ser um todo", sustentou.

Reforçando que o PAICV perdeu, em parte, "por culpa própria", o analista político entende que o partido deve ter sensibilidades diferentes e aparecer "como um todo", o que não tem acontecido desde 2011.

"As presidenciais de 2011 ainda deixaram marcas muito profundas no PAICV que o partido não soube ultrapassar. Esta questão teve impacto muito direto nestas legislativas porque a forma como a presidente do PAICV foi eleita, com Felisberto Vieira a dizer que perdeu por causa de fraude, ainda não foi solucionado pelo partido e enquanto não resolver esse problema não terá pernas para competir com outros partidos, nomeadamente com o MpD", analisou.

João de Deus Carvalho tem "a certeza" que os resultados das legislativas vão ter impacto também nas próximas eleições presidenciais, que deverão acontecer no último semestre do ano.

"Se o PAICV já tinha enormes dificuldades para encarar as autárquicas, que o MpD é tradicionalmente o partido maioritário, agora vai ter dificuldades redobradas. Idem, aspas para as presidenciais", disse.

"Sabe-se que em Cabo Verde, tal como em Portugal, um mandato presidencial é praticamente de 10 anos, qualquer Presidente que não faça asneiras grossas consegue ser eleito. Se a situação era difícil, tornou-se agora quase impossível, de modo que muito provavelmente vamos ter um plebiscito presidencial, Jorge Carlos Fonseca vai concorrer sozinho porque eu não acredito que apareçam candidatos credíveis", perspetivou.

O analista político não acredita também que José Maria Neves avance na corrida. "O José Maria Neves nunca seria candidato presidencial porque eu sempre disse que é mais um executivo. Ele não se sente motivado para as funções presidenciais. Aquilo foi mais um tabu que ele quis manter para não prejudicar os resultados das legislativas", reforçou.

"Vai ser muito difícil o partido arranjar candidato. Não vejo alguém a meter nessa aventura. Se aparecer um ou outro candidato é para marcar terreno para 2021, não é para ganhar", referiu, considerando que Jorge Carlos Fonseca fez um "mandato excelente".

"Jorge Carlos Fonseca elevou grandemente a fasquia presidencial. Tirá-lo dali é quase uma impossibilidade. Sondagens indicam que José Maria Neves está com uma desvantagem de praticamente 20% e agora, com os resultados das legislativas, esses valores vão disparar para 25 a 30%", concluiu.

RYPE // VM – Lusa

Angola. OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE



Como estadista de elevada craveira, segundo os seus sipaios, José Eduardo dos Santos vai paulatinamente reforçando aquela que foi a emblemática política colonial imortalizada no poema Monangambé de António Jacinto: fuba podre, peixe podre, panos ruins, cinquenta angolares e porrada se refilares.

Orlando Castro* - Folha 8

E, pelo sim e pelo não, avisa que o regime não permitirá o direito à indignação aos que pensam que podem incendiar as ruas, trazer tumultos, rebeliões ou atentar contra o “querido líder”. Antigamente os angolanos comiam e calavam. Hoje só calam porque comida… nem vê-la.

Por deficiência congénita e ancestral, os angolanos são de uma forma geral um povo sereno e de brandos costumes que, quase sempre, defende a tese de que mais vale um prato de fuba hoje do que um bife em 2017.

Há, contudo, alguns sinais de sentido contrário, mas ainda são ténues e compráveis com um qualquer prato de fuba, farelo ou peixe… mesmo que podre. E é pena. No entanto, a força que se usa no dedo do gatilho costuma ser a última a finar-se…

Mas, quem sabe?, talvez um dia acordemos com a barriga de tal modo vazia a ponto de mostrarmos que estamos fartos de quem em vez de nos servir… nos lixa e nem sequer paga, pelo contrário.

José Eduardo dos Santos acredita que consegue pela repressão violanta criar as condições para que as contestações abrandem ou sejam até anuladas. Esquece-se que a base da pirâmide demográfica é dominada por jovens, o que pressupõe uma especial propensão para haver um aumento da contestação.

É certo que em Angola aumenta o número dos que pensam que a crise (da maioria, de quase sempre os mesmos) só se revolve a tiro. O rastilho mantém-se aceso porque isso corresponde à estratégia do regime. Nada melhor para manter o poder cleptocrático vivo do que ter o cenário de ”guerra” pronto a entrar em combate.

De uma coisa os angolanos não podem, contudo, esquecer-se. Como dizia Platão: “O castigo por não participares na política é acabares por ser governado por quem te é inferior.” E se, mesmo participando, deu no que deu… o melhor é cortar o mal pela raiz.

E, convenhamos, se o valor dos angolanos se medisse pelo nível dos actuais políticos do regime (mas também da oposição), estariam certamente abaixo do último do lugar do “ranking” mundial.

José Eduardo dos Santos sabe que Angola apresenta um elevado risco político com a possibilidade de motins e de comoção civil. Sabe mas não se preocupa. Esse é um risco calculado que visa, repita-se, a manutenção do regime e que – graças a essa estratégia – terá a cobertura da comunidade internacional.

Embora, segundo os analistas internacionais, Angola esteja ainda num patamar de risco baixo, há indícios crescentes de que a sociedade começa a estar farta do monopartidarismo camuflado de democracia.

O legado colonial e a crise do petróleo não chegam, pelo contrário, para justificar ou explicar a política seguida pelo regime e que, em síntese, mostra que poucos (quase todos ligados ao clã presidencial) têm cada vez mais milhões, ao passo que cada vez mais milhões têm pouco nada.

Será esse legado colonial e essa crise petrolífera que justificam que as fortunas de personalidades angolanas ligadas ao regime, guardadas em bancos no exterior do país, sejam superiores às reservas de Angola?

Será esse legado colonial e essa crise petrolífera que justificam que Angola esteja no 6º lugar da corrupção mundial, ranking em que a Somália está no 1º lugar, a Coreia do Norte em 2º, o Afeganistão em 3º, o Sudão em 4º, o Sudão do Sul em 5º, a Líbia em 7º, o Iraque em 8º, a Venezuela em 9º e a Guiné-Bissau em 10º?

Nesta altura, os angolanos já estão cegos, desdentados e de barriga vazia. E se assim é, ninguém pode levar a mal que adoptem a política do olho por olho, dente por dente.

Para já e por enquanto, na primeira linha dos que saem à rua para dizer “basta” estão alguns jovens (“frustrados”, segundo o qualificativo de Eduardo dos Santos). Todavia, na segunda linha estão milhares de desempregados e milhões de pobres e famintos.

Em certas áreas urbanas das grandes cidades, nomeadamente nas periferias de Luanda, as probabilidades de revolta são grandes, e não é só por uma questão de austeridade, dificuldade do mercado de trabalho e do emprego, porque já não é possível justificar tudo com a guerra nem com a ideologia do MPLA.

A isso acresce a existência de largo escalão de jovens (basta var os activistas detidos) altamente qualificados e que, por isso, demonstram ter coluna vertebral e pensar pela própria cabeça, mesmo sabendo que dessa forma estão a cometer um atentado contra a segurança do Estado.

Seja como for, começa mesmo a ser altura de os angolanos porem os seus políticos a pão e água ou, talvez, a farelo.

*Diretor-adjunto do Folha 8

FLEC AFIRMA TER TRAVADO CONFRONTOS COM MILITARES ANGOLANOS EM CABINDA



O braço armado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) anunciou hoje ter travado nas últimas semanas três confrontos militares com as Forças Armadas (FAA) Angolanas e desaconselha a permanência de estrangeiros naquele enclave.

Em comunicado enviado à Lusa, em Luanda, as Forças Armadas Cabindesas (FLEC/FAC) afirmam que "devido a intensos combates" com as FAA, nos dias 29 de fevereiro, 13 e 16 de março, aconselham "vivamente todos expatriados ocidentais que vivem em Cabinda a retirarem provisoriamente do território" e "desaconselha seriamente" as visitas de "todos os turistas e não residentes".

Nenhuma fonte das FAA confirmou a ocorrência destes confrontos militares com a FLEC, desconhecendo-se também a existência de vítimas mortais ou feridos.

"A situação securitária em Cabinda está muito tensa e imprevisível, podendo confrontos acontecer a todo o momento em todo o território. Estamos em estado de guerra e somos vítimas de uma invasão militar massiva de Angola", lê-se no comunicado assinado pelo porta-voz da organização, Jean-Claude Nzita.

O braço armado da FLEC/FAC, que reivindica a independência de Cabinda, anunciou em fevereiro o regresso à luta armada naquele enclave, alertando ainda tratar-se de "um território em estado de guerra" e que a circulação de pessoas passava a ser "seriamente desaconselhada", até que Luanda se disponibilize "séria e concretamente" para o diálogo.

Contudo, pouco dias depois, a representação diplomática da FLEC na Bélgica e na União Europeia (UE) considerou que esta decisão conduz à "deterioração do clima político" em Cabinda e que põe em risco toda a sub-região da África Central.

No comunicado de hoje, a FLEC/FAC afirma que o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, "é o responsável pela instabilidade que reina no enclave assim como do perigoso agravamento da situação que irá deteriorar nos próximos dias" e que o Governo de Angola "continua a recusar um diálogo de paz, honesto e sincero".

"A FLEC/FAC reafirma uma vez mais a profunda vontade e disponibilidade para negociar uma paz durável e definitiva para Cabinda", conclui o comunicado.

A FLEC luta pela independência de Cabinda, província de onde provém a maior parte do petróleo angolano, e considera que o enclave é um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885.

PVJ // JPF

Governo moçambicano diz que proibição de saias curtas nas escolas é para proteger meninas



O ministro da Educação de Moçambique, Jorge Ferrão, defendeu a decisão das escolas moçambicanas de proibirem o uso de saias curtas no uniforme escolar, considerando que visa proteger "a própria menina".

"Existe uma descrição clara e medidas exatas que devem ser usadas para se costurar os uniformes dos ensinos primário e secundário, todas estas medidas para o vestuário visam salvaguardar a própria menina, dando-lhe integridade e fazer com que ela apareça de forma decente", afirmou Ferrão, citado hoje pelo jornal País, principal diário privado em Moçambique.

O ministro moçambicano da Educação criticou as ativistas que lutam pelos direitos das mulheres que repudiaram a interdição da minissaia e que promoveram um protesto que levou à detenção na sexta-feira em Maputo, por algumas horas, de cinco mulheres que se envolveram na manifestação.

"Os adultos que dizem não faça A, B e C têm a vida organizada, têm casa, têm carros, têm conta bancária e estão bem. Aquelas crianças vão ficar sem emprego, sem profissão, porque alguém decidiu defendê-las por causa dos seus direitos. Mas essas pessoas nunca as fizeram cumprir os seus deveres", sublinhou Jorge Ferrao.

O grupo de mulheres, que inclui uma espanhola e uma brasileira, foi detido na sexta-feira na 7.ª Esquadra de Maputo, depois de tentar apresentar uma peça teatral nas imediações da Escola Secundária Francisco Manyanga para repudiar a diretiva aplicada por algumas escolas que veda o uso de minissaias, considerando esse tipo de veste responsável pelo assédio nas instituições do ensino em Moçambique.

A porta-voz do Fórum Mulher, Maira Domingos, disse à Lusa que as cinco mulheres foram libertadas na sexta-feira, sete horas após serem detidas.

As ativistas do Fórum Mulher defendem que o assédio nas escolas moçambicanas é estrutural e a sua resolução exige políticas e estratégias de proteção das raparigas mais elaboradas e a identificação das principais causas, considerando que a proibição do uso de minissaias vem simplesmente responsabilizar as meninas pelo problema.

A proibição do uso de saias curtas entrou em vigor no início do presente ano letivo em algumas escolas da capital moçambicana e, desde a sua adoção, tem dividido opiniões no que respeita à sua eficácia, com as organizações que apoiam as raparigas a defenderem que, mais do que uma proibição, são necessárias novas políticas para combater o assédio nas escolas.

Casos de assédio e violação de raparigas nas escolas moçambicanas continuam a ser comuns nos últimos tempos, principalmente nas zonas mais recônditas, onde o sistema de proteção da menina ainda é deficitário, uma situação continuamente contestada por organizações internacionais que defendem os direitos humanos devido ao alto nível de impunidade.

PMA (EYAC) // EL - Lusa

Moçambique. GOVERNO INICIA CONSTRUÇÃO DE 15 MIL CASAS PARA COMBATENTES



O ministro dos Combatentes, Eusébio Lambo, lançou, ontem, no município de Dondo, em Sofala, a primeira pedra para a construção de 15 mil casas so­ciais destinadas aos combaten­tes. O projecto orça as casas em cerca de 450 mil meticais, que deverão ser pagos em 15 anos.

O evento reuniu centenas de pessoas, no bairro de Nhamaya­bue, localizado no município de Dondo, que acabou se tornando pequeno para acolher a moldura humana composta, maioritaria­mente, por veteranos da Luta de Libertação Nacional e comba­tentes da Defesa da Soberania e da Democracia.

O ministro dos Combatentes referiu, na ocasião, que a cons­trução de habitações condignas para os combatentes é uma ac­ção que se enquadra na imple­mentação do Programa Quin­quenal do Governo 2015-2019.

“As casas a serem construídas são do tipo 3, com um ‘quar­to suite’, com dimensão de 125 metros quadrados. Terão ainda uma vida útil de 50 a 100 anos e estarão preparadas para evitar rachas, infiltração e incêndio”, garantiu Lambo, acrescentan­do que as residências poderão suportar terramotos de magni­tude até 7,0 graus na escala de Richter.

“As mesmas contêm mecanis­mos para geração de energia solar e terão tanques de água unitários com capacidade para 5 000 litros”, acrescentou.

Francisco Raiva – O País

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Macau. GOVERNO CRITICADO POR ESCONDER INFORMAÇÕES



O Governo continua a ser acusado de não ser transparente na partilha de informações com o público, nomeadamente em situações como a da construção de um prédio no Alto de Coloane

Os deputados do hemiciclo aproveitaram o plenário de ontem na Assembleia Legislativa para tecerem críticas ao Executivo, que acusam de tomar decisões às escondidas da população. O projecto do Alto de Coloane foi um dos exemplos mais apontados pelos deputados, com Chan Meng Kam a dizer mesmo que não entende por que razão o interesse público está a ser menos respeitado do que a privacidade da empresa. Também Si Ka Lon se atirou ao Governo.

“Um dos pressupostos da boa governação é a transparência e simetria da informação. Além de saber o que a população pensa, talvez o mais importante seja o Governo deixar os residentes saberem o que os responsáveis fazem, onde estão a gastar o erário público e quais os respectivos resultados. Mesmo em relação às políticas menos bem-sucedidas ou suspensas, a população deve ser informada das causas, se se deve à omissão de alguém ou a dificuldades reais”, começa por defender o número três de Chan Meng Kam. “Alguns incidentes nos últimos meses revelaram a insuficiência do Governo neste âmbito.”

O deputado dá como exemplo o caso Pearl Horizon para dizer que o discurso do Governo passou de “caso merecedor de estudo e tratamento especial”, a “é necessário esperar pelo desfecho do processo judicial” e “nada mudou na decisão de proteger os promitentes-compradores”, sem nunca ter, contudo, tornado públicos os planos e medidas para a resolução do problema. Si Ka Lon refere-se, depois, ao projecto no Alto de Coloane para exemplificar situações em que o Governo passa a bola de organismo para organismo.

Também Chan Meng Kam aproveitou o período de antes da ordem do dia para se debruçar sobre o mesmo assunto, referindo – além dos mesmos projectos – situações como a demolição do Quartel de S. Francisco.

“O Quartel foi classificado como monumento. Em 2014, o Governo divulgou poucas informações sobre as obras da primeira fase de ampliação e a população suspeitava que estivessem a ser feitas em segredo, resultando em conflitos. As obras da segunda fase geraram ainda mais conflitos, tendo um arquitecto português criticado o Governo por ser o primeiro a destruir monumentos.”

Chan Meng Kam diz entender que “para desenvolver a cidade, há sempre demolições e construções de prédios”, mas diz não perceber, por exemplo, “porque é que não pode ser divulgado” o conteúdo do relatório do impacto ambiental do projecto no Alto de Coloane, que vai tapar as montanhas. “Afinal, entre a alegada privacidade, o interesse público e o direito à informação, o que é mais importante?”, indagou.

SEMPRE O MESMO CE

Chan Meng Kam relembra ainda que as LAG “de quase todos os anos” realçam a necessidade de elevar a transparência nas acções governativas e apela ao Governo que isto passe de apenas “promessas verbais”. O mesmo diz Si Ka Lon.

“O próprio Chefe do Executivo, no início do mês, referiu que pretende aumentar a transparência da informação, permitindo maior participação da comunidade, o que demonstra que as autoridades estão conscientes dos seus problemas, só que até agora não houve nenhum avanço.”

A falta de informações não é a única preocupação do número três de Chan Meng Kam no hemiciclo, que faz também menção aos diversos estudos – e “verbas avultadas” neles gastas.

“Os resultados desses estudos devem também ser divulgados. Há serviços com gastos elevados em estudos ao longo dos anos e os respectivos relatórios não foram divulgados.”

Deputados desafiam Chui Sai On

Ng Kuok Cheong pediu ao Chefe do Executivo que entregue ao Conselho do Planeamento Urbanístico o projecto pensado para o Alto de Coloane, que pertence ao empresário Sio Tak Hong. O deputado relembra que Chui Sai On tem essa competência, que “não pode passar ao Secretário para as Obras Públicas”, e diz que só assim se pode perceber qual a opinião dos especialistas sobre esta construção, que deverá tapar algumas das montanhas de Coloane. A deputada Ella Lei questionou o Governo sobre se este considera que “os critérios adoptados na apreciação do projecto e os respectivos procedimentos são legais e razoáveis” e quer saber “porque é que o local em causa passa de zona com planeamento para zona sem limite a nível de altura”. A deputada diz que existem muitas dúvidas e pede para o Governo divulgar mais informações ao público, caracterizando ainda o Executivo como “inerte” face à protecção dos recursos ecológicos.

Joana Freitas – Hoje Macau

Confiança na liberdade de imprensa toca mínimos "preocupantes" em Hong Kong - Jornalistas



Macau, China, 22 mar (Lusa) -- A Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA, na sigla em inglês) revelou hoje dados que mostram uma "preocupante tendência" de declínio da confiança na liberdade de imprensa na região, que atingiu "mínimos" em 2015.

O índice de liberdade de imprensa, que a HKJA publica anualmente, encontra-se ao "mais baixo nível de sempre", um cenário "preocupante" que mostra que "a liberdade de imprensa, um dos pilares do sucesso de Hong Kong, tem vindo a ser erodida na raiz -- e pior -- que a essência dos direitos de que o público goza também se encontra em risco", refere a presidente da HKJA, Sham Yee-lan, em comunicado.

"Tanto o público como os jornalistas acham que a liberdade de imprensa se deteriorou em 2015", refere o comunicado com as conclusões de um inquérito realizado pela HKJA, que fez cerca de 1.500 entrevistas, quase um terço a jornalistas.

O índice de liberdade de imprensa caiu 1,4 pontos, para 47,7, para o público em geral e 0,7 pontos, para 38,2, para os jornalistas, refletindo um declínio pelo terceiro ano consecutivo.

A queda mais significativa na classificação pelo público em geral prende-se com os danos causados à liberdade de imprensa, que são "tão óbvios que até mesmo o grande público está consciente do problema", refere o mesmo comunicado.

O índice da liberdade de imprensa em Hong Kong, elaborado pela primeira vez em 2013, tem dois grupos de entrevistados: o público em geral e os jornalistas. Ambos concordaram que a liberdade de imprensa na antiga colónia britânica se deteriorou.

Mais de metade do público (54%) entende que piorou, enquanto mais de um terço (34%) acredita não ter havido mudanças. Contudo, como salienta a HKJA, as respostas por parte dos jornalistas são "mais preocupantes": 85%considera que piorou e apenas 1% acredita que melhorou.

Ambos também têm a perceção de que autocensura se tem tornado mais comum em Hong Kong -- com os jornalistas a considerarem o problema mais sério.

Os dois grupos também coincidem na ideia de que os meios de comunicação social têm preocupações maiores relativamente a criticar Pequim. E também que as leis existentes são "insuficientes" para permitir aos jornalistas obterem a informação de que precisam, o que resulta em "indesejáveis efeitos na liberdade de imprensa".

Para conter a tendência de erosão, a presidente da HKJA apela o Governo de Hong Kong para avançar com regulamentação sobre a liberdade de informação o mais brevemente possível.

Apesar de o inquérito revelar um declínio na confiança na liberdade de imprensa, tanto o público em geral como os jornalistas acreditam que a eficácia do papel de fiscalizador desempenhado pelos meios de comunicação social da Região Administrativa Especial chinesa não piorou.

Sham Yee-lan concluiu que "mesmo que esse papel de fiscalizador ainda seja eficaz, sem proteção legal suficiente, os jornalistas travam uma difícil batalha", instando o Governo a tomar a iniciativa de garantir a liberdade de imprensa, um dos direitos consagrados pela Lei Básica (miniconstituição) de Hong Kong.

DM // MP



Timor-Leste. Milhares protestam em Díli contra Austrália por causa de fronteiras marítimas



Díli, 22 mar (Lusa) - Milhares de pessoas manifestaram-se hoje junto à embaixada da Austrália em Díli para pedir a delimitação de fronteiras marítimas com Timor-Leste, naquela que foi provavelmente a maior manifestação no país após a independência, segundo um organizador.

Mais de dez mil ativistas, estudantes e antigos membros da resistência timorense manifestaram-se junto à embaixada da Austrália na capital de Timor-Leste, disse à AFP um dos coordenadores do protesto, Juvinal Dias, do Movimento Contra a Ocupação do Mar de Timor.

"Esta é provavelmente a maior manifestação a que já assistimos desde a declaração da independência", disse Juvinal Dias, que assegurou que o protesto foi organizado pela população, "não pelo Governo".

Juvinal Dias disse que os manifestantes querem que a Austrália respeite a lei internacional e regresse à mesa das negociações das fronteiras marítimas com "boa fé".

Representantes dos manifestantes pediram para ser recebidos pelo embaixador australiano ou por outros diplomatas, mas a solicitação foi recusada, pelo que deixaram uma carta na Embaixada.

A 29 de fevereiro, o primeiro-ministro timorense revelou que o Governo australiano não está aberto a negociar com Timor-Leste sobre fronteiras marítimas e insiste que o atual acordo de partilha de recursos no Mar de Timor cumpre as obrigações internacionais.

Rui Maria Araújo disse à Lusa que essa é a posição que o seu homólogo australiano, Malcolm Turnbull, lhe transmitiu numa carta de resposta a um pedido timorense para serem iniciadas negociações.

"Mantém a posição sobre a partilha de recursos, que está a ser feita através do CMATS [Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor]", disse.

O CMATS foi assinado entre Díli e Camberra, mas Timor-Leste declarou-o inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália.

Esse acordo prevê que os 'royalties' e outras receitas da zona abrangida, incluindo o rico campo de gás natural Greater Sunrise, sejam divididos em partes iguais entre os dois países. Caso uma fronteira marítima seja definida, esse campo poderia ficar totalmente em águas timorenses.

Apesar da posição australiana, Rui Araújo mostrou-se "confiante", afirmando que Timor-Leste vai "tentar todos os meios" para levar Camberra "à mesa das negociações".

No mesmo dia, num discurso, Rui Araújo sublinhou que a delimitação das fronteiras marítimas de Timor-Leste com os seus dois vizinhos, a Austrália e a Indonésia, não corresponde a qualquer objetivo de partilha de recursos.

"Falamos de fronteiras definidas, e a cada parte cabe os seus recursos. Isto tem de ficar claro", disse.

"Delimitar não é procurar a partilha de recursos. Isso não é a questão. A questão é de soberania", sublinhou, acusando a Austrália de querer impor a Timor-Leste a partilha de recursos.

MP (ASP) // JPF – Foto em Jornal Nacional


Portugal. UMA QUESTÃO DE INTENSIDADE



António José Gouveia* – Jornal de Notícias, opinião

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho veio este fim de semana exigir um "esclarecimento tão transparente quanto possível" sobre a alegada interferência direta do primeiro-ministro nos negócios entre a empresária angolana Isabel dos Santos e o setor bancário, esquecendo-se rapidamente que, na sua legislatura, a interferência do Governo em vários bancos, através da recapitalização de alguns deles, permitiu a sua sobrevivência (e bem) porque estava em causa o sistema financeiro nacional.

E interferência por interferência, desde que os propósitos sejam defender o que é melhor para os portugueses, a diferença entre Passos e António Costa é assim tão significativa?

No seu Governo, Passos Coelho exigiu como troca da recapitalização dos bancos, sempre em tom de ameaça, a reanimação do crédito às empresas e às famílias. Nada mais louvável, perante a situação que o país vivia, mas que não deixa de ser uma interferência.
Em maio de 2013, o líder do PSD afirmava: "O Estado, que, de resto, suportou a recapitalização de alguns bancos privados, não deixará de ativamente, junto dessas instituições, garantir que tudo o que elas podem fazer para reanimar o crédito à economia seja feito".

A acusação de Passos Coelho a António Costa e, indiretamente, ao recém-presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem tons de intensidade. Como quando, no futebol, um árbitro julga a "intensidade" de um empurrão de um jogador a outro na grande área e marca penálti ou não.

Para o líder do PSD, o perigo de a maioria da Banca nacional ser dominada por acionistas oriundos de um único país, seja Espanha ou outro, não fere a economia nacional e não é motivo de preocupação.

Em termos de interferência do Governo na Banca, o que será mais legítimo ou "intenso"? A ajuda estatal aos bancos protagonizada por si ou as conversações de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa com os acionistas privados dos bancos? O primeiro evitou o colapso dos bancos em Portugal e os segundos tentam equilibrar os poderes do sistema financeiro na economia.

Os convites de Passos Coelho aos empresários internacionais para investirem em Portugal foram uma constante da sua legislatura. Na altura, não interessava a nacionalidade do capital, fosse chinês, angolano ou espanhol. Não é isso que António Costa está a fazer?

Um país não pode funcionar sem um sistema financeiro sólido. Esta é uma verdade assumida pelos partidos do chamado "centrão".

É verdade que Passos Coelho sempre colocou o ónus político da recapitalização e a da resolução do antigo Banco Espírito Santo no supervisor financeiro liderado por Carlos Costa. E o resultado está à vista. Mas se o seu Governo foi assim tão independente dos negócios privados, foi também aquele que mais negociou com eles. Uns empurrados pela troika e outros para além da troika, numa fúria liberalizadora.

*Editor executivo

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ESTADO CHINÊS GANHA QUASE 400 MIL EUROS POR DIA NA EDP



Quase 400 mil euros de dividendos por dia nos cofres do Estado chinês tornam a EDP um ativo interessante para o regime comunista. Tão interessante que no final de 2015, discretamente, o Estado chinês investiu mais de 110 milhões de euros em ações da empresa

DP está a revelar-se um ativo cada vez mais apetecível para o Estado chinês. No final de 2015 a República Popular da China, através do grupo estatal Guoxin, voltou a comprar ações da elétrica portuguesa, depois de no início de novembro ter comunicado ao mercado a aquisição de uma posição de 2% na companhia presidida por António Mexia.

O relatório e contas annual da EDP, publicado na íntegra na semana passada, revelou a estrutura acionista detalhada do grupo à data de 31 de dezembro de 2015, ficando a saber-se que os chineses da Guoxin International Investment terminaram o ano com 3,02% da EDP. A 12 de novembro a posição comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) era de 2%.

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Miguel Prado – Expresso – Na foto: Cao Guangjing assinou a entrada da China na EDP. Mexia mantém-se. Cao foi afastado da Three Gorges / Luís Barra

Portugal. Associações de pais defendem que missas na escola violam Constituição



A Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais considera inaceitável a celebração de missas nas escolas, por violar artigos da Constituição, e solicitou esclarecimentos ao ministro da Educação, pedindo-lhe que "reponha a normalidade".

Em comunicado, a Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (FERLAP) afirma não se rever na opinião do presidente da Confederação de Pais (CONFAP) que, na sexta-feira, numa reação a uma notícia divulgada pelo JN, disse não ter "nada contra" a realização de missas em escolas "desde que ninguém seja prejudicado".

Segundo a FERLAP, a realização de missas em escolas é "inaceitável" e viola, pelo menos, dois artigos da Constituição da República Portuguesa: o princípio da igualdade e o da liberdade de consciência, de religião e de culto. Por isso, a federação exige o cumprimento da Constituição.

Por considerar tratar-se de um assunto de "extrema importância", a federação enviou um ofício ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, a solicitar esclarecimentos, bem como a "tomada das medidas necessárias à reposição da legalidade".

Na sexta-feira, o presidente da CONFAP disse não conhecer nenhuma escola onde fosse celebrada missa, mas admitiu que eram celebradas homilias durante o horário letivo nas escolas públicas portuguesas.

Jorge Ascensão reagia a uma denúncia da Associação República e Laicidade, que referia haver escolas, sobretudo no norte de Portugal, a realizar missas durante o horário letivo.

O presidente da CONFAP disse ainda que, a ser verdade, havia "alunos a serem discriminados" e defendeu a necessidade de uma reação do Ministério da Educação.

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MAIS MORTES E FERIDOS EM BRUXELAS. E CHAMAM A ISTO DEMOCRACIA?



As notícias sobre o ataque terrorista em Bruxelas ocupam as azafamadas redações dos órgãos de comunicação social de todo o mundo, principalmente na Europa. Atualizações dão-nos conta de quase uma trintena de mortos e a caminho de centena e meia de feridos. Desses não sabemos quantos ainda vão morrer, se é que vão. Com muita saúde não irão ficar.

Não iremos trazer para o PG sistemáticas atualizações porque são profícuas em vários jornais, rádios e televisões. Faremos somente atualizações em caso de se justificar, com dados novos sobre o ocorrido. As nossas considerações sobre o atentado de hoje e outros anteriores estão expressos no habitual texto que incluímos por abertura complementar do Expresso Curto sob o título SEM JUSTIÇA NÃO HÁ DEMOCRACIA. DESCANSEM EM PAZ, IRMÃOS DE TODO O MUNDO.

É evidente que condenamos qualquer espécie de violência, qualquer ato de terrorismo, incluindo o terrorismo dos estados subservientes às políticas ilusório-democratas que dão cobertura a modernos processos de ditaduras, de esclavagismo, de exploração, de neocolonialismo, de pseudo-humanismos, de roubos aos povos, de sementeiras de guerras que servem para explorar e aterrorizar povos para enriquecerem os 1% de capitalistas que dominam o mundo inteiro. Uns países mais que outros, uns povos mais que outros.

Bruxelas tem sido o principal alvo de ataque do terrorismo vindo do médio oriente. Bruxelas é a capital dos poderes decisórios de potências neocolonialistas onde se albergam muitos dos 1% que se servem dos povos que neocolonizam, que manipulam, que assassinam por via de chorudos lucros. Isso também é terrorismo.

Na Europa e nos EUA preocupam-se, lamentam-se, erguem muros pela enormidade do aumento de imigrantes… mas não investem salutarmente nos países de proveniência das moles imensas que procuram empregos e alguma qualidade de vida. Essa era a solução para conter tanta imigração. Decerto que os povos prefeririam ficar nos seus países se tivessem condições e qualidade de vida, mas não, não investem de modo a reter os povos nos seus países e quando investem oferecem instabilidade porque a qualquer momento são livres de sair, de se irem embora, de usarem a deslocalização em busca de maiores lucros, de mais fácil e rendível exploração e consequente enriquecimento.

Um nojo. Um terrorismo dos 1% capitalista que domina os estados. Produzindo estados terroristas contra tudo e todos. Produzindo a galope a desumanidade. E chamam a isto democracia?

Redação PG / MM

26 mortos e 136 feridos, segundo novo balanço provisório

Pelo menos 26 pessoas morreram e 136 ficaram feridas nas explosões de hoje de manhã no aeroporto Zaventem e na estação de metro de Maelbeek, em Bruxelas, segundo um novo balanço provisório das autoridades.

No aeroporto, 11 pessoas morreram e 81 ficaram feridas, segundo números confirmados pela ministra da Saúde, Maggie De Block, à televisão pública RTBF.

Na estação de metro, pelo menos 15 pessoas morreram e 55 ficaram feridas, 10 das quais estão em estado grave, segundo um "balanço provisório" da empresa que explora o metropolitano, STIB.

Duas explosões, uma das quais "provavelmente provocada por um atacante suicida" segundo o procurador belga, registaram-se hoje de manhã no aeroporto e uma outra na estação de metro de Maelbeek.

MDR // APN - Lusa


SEM JUSTIÇA NÃO HÁ DEMOCRACIA. DESCANSEM EM PAZ, IRMÃOS DE TODO O MUNDO




Mais uma manhã, um dia, de ataques à capital das decisões europeias ao serviço dos 1% que dominam o mundo e o médio oriente também. Bruxelas no caos absoluto depois de mais uma vintena de inocentes terem perecido num ataque dos senhores da guerra e do terrorismo.

Ninguém duvide que estes atos de terror e chacina de inocentes por parte de terroristas do médio oriente tem que ver com as desgraças que os europeus, o mundo ocidental, o colonialismo, o racismo, os maus tratos aos imigrantes, a exploração a que os sujeitamos, toda a espécie de desumanidades praticadas ao longo de séculos os vitimou e tem vindo a fazer deles, desses povos, gente desesperada que odeia os invasores, os ocupantes, os opressores, os ladrões, com justa razão. 

E o que faz a Europa e o mundo ocidental perante isto? Bombardeia hospitais, assassina inocentes, deixa refugiados das guerras morrerem aos milhares no Mediterrâneo, deixa-os a esperar nas fronteiras sujeitos à inclemência das intempéries. Encerra-os em campos de concentração e “mima-os” com maus tratos, com desatenções. Não resolve os seus destinos com a celeridade que demonstre humanismo, etc., etc.

Para mal dos pecados dos europeus criaram uma pseudo união a que chamam União Europeia e querem impor que essa seja a nossa pátria, uma pátria ao serviço dos tais senhores que arrecadam as fortunas globais, que vêem nos seus permanentes, desumanos e imorais enriquecimentos o oxigénio que lhes dá vida e a tira a milhares, a milhões de seres humanos. Os que campeiam, põem e dispõe na UE não estão ao serviço dos cidadãos europeus mas sim ao serviço dos 1%. A democracia na UE é bacoca, não existe. Prova disso é que na UE há muitos não eleitos que põem e dispõem. Outras provas estão reveladas há muito à evidência. Bruxelas é a capital desse poder exclusivo, por isso está a ferro e fogo mais que outras cidades e capitais europeias. Antes foi Londres, foi Paris, foi Madrid… Um dia será Lisboa e tantas outras capitais dessa venenosa união dos 1% capitalistas selvagens que nos subjugam e nos manipulam.

Em somatório provisório do rescaldo das mortes causadas pelo atentado (atentados?) de hoje em Bruxelas já lá vão 21 inocentes assassinados. Não alguém dos 1%, não alguns dos seus servidores na UE. Inocentes foram assassinados na capital da UE, Bruxelas. Parceiros de desgraça dos inocentes assassinados em Paris há pouco tempo, parceiros em desgraça dos muitos que foram assassinados em Londres e noutras cidades europeias. Parceiros em desgraça dos que são assassinados por europeus, por norte-americanos, por russos, no médio oriente e em outras partes do mundo. É aí, no médio oriente, que mais inocentes são assassinados pelos que estão ao serviço dos senhores 1%... E até com essas guerras terroristas eles ganham fortunas.

Estamos de luto. Até quando? Até derrubarmos os senhores 1%, o capitalismo selvagem, indiferente e desumano. Senhores que têm por pátria o cifrão e nada mais que isso. Essa moléstia.

Adiante. Ricardo Costa no Expresso Curto. Em mais uma manhã de tristeza. Tão de tristeza quanto todas aquelas manhãs, dias e noites, em que inocentes são assassinados. E isso acontece por todo o mundo, vítimas do terrorismo de estados, de estados dominados pelos senhores 1%. Pensem nisso. Pensar não dói, o que dói é vermos a humanidade a autodestruir-se através de uma violência inaudita, atroz, copiada de um qualquer filme, de um qualquer jogo de computador ou consola… É o que quiserem, em promoção da violência que não nos serve mas serve os senhores 1%.

Hoje não é um bom dia, como quase sempre. Mas há um vício de deixar aqui votos de bom dia. Hábitos que não correspondem à realidade pelo mundo real. Tal qual como a chamada democracia do mundo ocidental. Democracia? Sem justiça não existe democracia.

Descansem em paz, irmãos inocentes de todo o mundo.

Redação PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Ricardo Costa - Expresso

Terrorismo: manhã de caos e medo em Bruxelas

Este Expresso Curto corre o risco de estar desatualizado poucos minutos depois de ser publicado. Quando o comecei a escrever ainda não tinham sido ouvidas as duas explosõesque devastaram a zona de partidas do aeroporto de Bruxelas (Zaventem), provocando um número de mortos e feridos ainda indeterminado. E quando o estava a tentar terminar, já tinha havido outra explosão, agora no metro da capital belga, na estação de Maalbeek.

O aeroporto foi imediatamente encerrado, os comboios em direção a Zaventem foram interrompidos e decretado o alerta máximo em todo o país. O encerramento do metro aconteceu poucos minutos depois, numa frenética sucessão de acontecimentos e com a inevitável contagem de mortos e feridos, que depois de várias informações não oficiais, já impressionava: mais de dez mortos e dezenas de feridos, só no aeroporto.

Poucos minutos depois, novos relatos de nova explosão no metro, agora na estação de Schuman, muito perto da sede das instituições europeias. Não é preciso ser um especialista em terrorismo para se perceber que estamos perante uma ação concertada e que tudo acontece poucos dias depois da detenção, em Bruxelas, do principal suspeito do atentado de Paris.

A capital belga está na origem de boa parte dos principais atentados na Europa nos últimos meses, devido a uma mistura complexa de fatores: fronteiras com vários países, bairros de emigrantes muito fechados, a maior percentagem europeia de nacionais alistados no Estado Islâmico e um sistema policial e de contra-terrorismo que não funciona e que pura e simplesmente não comunica entre si.

As críticas à polícia e aos sistemas de informação belgas são bastante antigas, mas ganharam imensa força na sequência dos atentados de Paris. Os últimos meses têm sido muito complexos para as autoridades belgas, que tiveram extrema dificuldade em reagir aos atentados de Paris e não tinham quaisquer pistas para encontrar o principal suspeito. Este não é o momento para fazer perguntas, mas não é fácil perceber como é que se levam duas bombas - pelo menos - para a zona de partidas de um aeroporto de uma capital europeia, que já estava em alerta terrorista. O atentado no aeroporto terá sido suicida.

Estes ataques surgem na sequência da principal vitória da polícia belga e lançam o caos na capital, mas dada a ação coordenada terão sido preparados muito antes. Os transportes públicos estão parados e a população com medo óbvio de novos atentados. Esperemos que nada mais aconteça, mas o caos e o medo tomaram conta da capital belga. O exército já está na rua e os voos internacionais foram praticamente todos anulados.

OUTRAS NOTÍCIAS

Hoje havia muito por onde começar o Expresso Curto, sobretudo na frente internacional, com a histórica visita de Obama a Cuba e com o histórico processo Lava Jato no Brasil, a ameaçar a Presidete Dilma Roussef de impeachment.

É verdade que a palavra “histórico” deve ser usada de forma comedida em jornalismo (e não só), mas está visto que os dois casos são mesmo… históricos. A visita de Obama não vai mudar Cuba de um dia para o outro nem transformar a política americana da noite para o dia, mas é um facto que poucos acreditavam ser possível.

Nem tudo foram rosas na visita e na conferência de imprensa conjunta, com Raul Castro a ser fortemente pressionado por causa dos presos políticos e Obama a não conseguir dar garantias sobre o fim do embargo comercial dos EUA a Cuba. Com estes grossos grãos de areia na engrenagem, a verdade é que se fez história em Havana e que estas imagens vão ser recordadas por muitos anos, naquilo a que o Expresso chamou “um bacalhau para a história”.

No Brasil, ainda é difícil saber o que vai ou não ficar para a história, além da enorme confusão política e judicial, que ontem mostrou os seus estilhaços políticos nos prejuízos históricos que a Petrobras apresentou (34 mil milhões de reais…) A petrolífera brasileira está na origem do maior escândalo de corrupção do país, que originou a operação Lava Jato e ondas de choque sem fim à vista.

Lula já está em Brasília, onde aterrou sem saber se é ou não ministro e se, claro, pode ou não ser preso. A luta judicial é complexa e joga-se no Supremo, não só por causa da validação da posse de Lula como ministro – em que passaria a ter imunidade – como sobre que instância judicial pode ou não investigar e eventualmente mandar prender o ex-Presidente.

No Senado, a batalha não é menos complexa, com o PT e Dilma Roussef a perderem terreno e apoios todos os dias, transformando a possibilidade de impeachment numa realidade. Não é nada que o Brasil não tenha já visto, com Collor de Melo, mas não deixa de ser uma curiosidade brasileira. As notícias correm tão depressa que aconselho ir espreitando o que se passa ao longo do dia.

Por cá, continua agitada a discussão sobre a interferência do governo no desenho da banca nacional. Entre manifestos anti-Castela e vários jogos de bastidores, o Negócios escreve hoje que Isabel dos Santos é opção para tirar o Estado do BCP. A entrada da empresária angolana no BCP pode eventualmente ocorrer num aumento de capital para reembolsar os "CoCos", ou seja o empréstimo feito pelo Estado.

Neste cenário, o BCP já se poderia posicionar como alternativa para a compra do Novo Banco, vedada a qualquer entidade que tenha no balanço ajudas do Estado. É melhor estar atento a estas movimentações, porque ainda vai mexer muita coisa, entre a vontade do governo, as imposições de Bruxelas, as regras do BCE e força dos principais bancos espanhóis, nada é absolutamente claro.

Ainda na banca, há uma nova polémica com o governador do Banco de Portugal a recusar enviar aos deputados a auditoria feita ao Banco de Portugal. O argumento é simples, a auditoria é sobre o caso BES e a comissão parlamentar versa sobre o Banif, mas já se percebeu que os deputados não vão desistir.

Noutra frente, o procurador Rosário Teixeira tem, em princípio, até hoje para definir quanto tempo ainda precisa para concluir a investigação ao ex-primeiro-ministro José Sócrates e aos outros doze arguidos. A defesa tem-se queixado de estar a ser alvo de uma “tortura lenta”, mas hoje ficará a conhecer, como todos nós, os prazos do nosso processo mais mediático e importante.

A Justiça norte-americana anunciou ontem à noite que encontrou uma solução para desbloquear um iPhone ligado aos atentados de San Bernardino, num surpreendente desenvolvimento de um braço de ferro que opôs o FBI à gigante Apple durante vários meses.

Curiosamente, este anúncio surgiu poucas horas depois doCEO da Apple, Tim Cook, ter anunciado que a empresa se recusava a fornecer ao governo as chaves para desencriptar o telefone, por poder colocar em causa a privacidade de milhões de utilizadores de iPhones.

Já agora, tudo isto correu no dia em que surgiu o iPhone mais barato de sempre, uma versão mais pequena mas aparentemente poderosa e com uma boa câmara. Parece queiPhone SE é sobretudo destinado aos mercados emergentes, mas que vai poder ser comprado em todo o mundo. Tem a mesma capacidade de processamento do iPhone 6S no corpo do iPhone 5S. Em Portugal a versão de 16 GB vai custar 499 euros.

O novo telefone dominou boa parte das conversas nas redes sociais, incluindo o Twitter que fez ontem dez anos, entre a felicidade de ter mais de 320 milhões de utilizadores e o problema de não ter modelo de negócio e de estar a ser ultrapassado pelo Facebook e pelo Snapchat.

Ainda assim, o Twitter continua a ser uma forma extraordinária de sabermos o que se passa no mundo. Foi nesta rede social que todos os gigantes da tecnologia prestaram esta madrugada homenagem a Andy Grove, o ex-CEO da Intel, que morreu aos 79 anos. Tim Cook, Bill Gates e tutti quanti de Silicon Valley recordaram no Twitter aimportância de Grove na evolução dos microprocessadores e das transformações tecnológicas das últimas décadas.

FRASES

“Deem-me a lista de nomes de presos políticos. Se houver algum, sai em liberdade”. Raul Castro, Presidente Cubano, na conferência de imprensa conjunta com Obama

“Embargo a Cuba vai acabar, mas nãos ei quando”, Barack Obama na mesma conferência de imprensa

“Não só é legítimo como também é importante que o primeiro-ministro se preocupe com a banca nacional”.Miguel Sousa Tavares, no seu espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC

O QUE EU ANDO A LER

Os Emigrantes, de W.G. Sebald, um livro que conta a história de quatro judeus expulsos das suas terras, num processo de reconstrução histórica inimitável. Sebald pega nos casos de Henry Selwyn, Paul Bereyter, Ambros Adelwarth e Max Aurach, que em algum momento das suas vidas se cruzaram com o autor, e percorre as suas biografias, num texto seco e minucioso, entrecortado por fotografias, imagens de objetos ou documentos.

Não será uma leitura que empolgue todos os leitores, mas que esmaga pelo detalhe e pela forma como, através de quatro vidas cruzadas, retrata a Europa e as extremas contradições de uma civilização que permitiu o holocausto e foi quase indiferente a migrações, expulsões e perseguições.

Lido agora, num momento em que a Europa convive com a maior vaga de refugiados desde a Segunda Guerra, este trabalho de um escritor incrivelmente original, que morreu precocemente num acidente de viação em Inglaterra quando o seu nome já era discutido pelo comité Nobel, faz-nos chocar de frente com um passado nada longínquo, de exôdos forçados, fronteiras apagadas e memórias esquecidas, como as de Henry Selwyn:

“À minha pergunta, de onde era ele afinal, contou-me que tinha partido aos sete anos com a sua família de uma aldeia lituana, perto de Grodno. (…) Durante anos as imagens desse exôdo estiveram desaparecidas da sua memória, mas ultimamente, disse ele, voltaram a manifestar-se, reapareceram.”

O livro de Sebald é uma lição poderosa e incómoda para uma Europa que tem extrema dificuldade em lidar com as migrações.

Para leituras mais rápidas e atualizadas tem sempre o Expresso Online e, já com mais tempo, ao fim da tarde chega o Expresso Diário, com notícias em primeira mão, opinião e toda a informação arrumada. O ciclo informativo volta a abrir, amanhã bem cedo, com mais um Expresso Curto.

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