sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Angola. CUBA E A MEMÓRIA DO “GRANDE SALTO LIBERTÁRIO” EM ÁFRICA



DE ARGEL AO CABO, ANGOLA E CUBA CONSTITUIRAM, NA “TRINCHEIRA FIRME DA REVOLUÇÃO EM ÁFRICA”, A INEXPUGNÁVEL LINHA DA FRENTE PROGRESSISTA CONTRA A INTERNACIONAL FASCISTA NA ÁFRICA AUSTRAL

Martinho Júnior, Luanda  

1 – Derrotado, por via da Luta Armada de Libertação Nacional, na Argélia o colonialismo francês, derrotado o colonialismo português pela mesma via, na Guiné Bissau, em Angola e em Moçambique, derrotada a ingerência somali no Ogaden (Etiópia), era urgente derrotar o regime retrógrado do “apartheid”, realizando o grande salto libertário de Argel ao Cabo!...

Os progressistas africanos, os internacionalistas cubanos e os aliados socialistas, bem como os progressistas de todo o mundo, respondiam assim em África, de norte para sul, ao protagonismo do império colonial britânico, do Cabo ao Cairo, precisamente em sentido inverso!

Em toda essa saga, a diplomacia e a inteligência cubana, contingentes cubanos das Forças Armadas Revolucionárias e internacionalistas civis dos mais diversificados sectores (educação, saúde, transportes, construção…), deram um contributo inestimável aos seus irmãos progressistas africanos, saldando uma dívida histórica que ninguém como o povo cubano ousou alguma vez assumir.

É pois legítimo que as embaixadas cubanas em África, em especial em Argel, em Bissau, em Brazzaville, em Dar es Salam, em Luanda, em Maputo, em Windhoek e em Pretória, todos os anos delineiem programas que marquem a memória dos mais decisivos momentos desse “grande salto libertário”, de norte a sul de todo o continente africano, berço da humanidade!

2 – Em Luanda a Embaixada de Cuba está-nos a habituar justamente a essa memória histórica, patriótica, solidária e internacionalista, por redobradas razões:

Entre Brazzaville e Dar es Salam, com o MPLA e a FRELIMO foi estabelecida a primeira linha progressista, a linha de partida “informal” por que aglutinadora de guerrilhas (incluindo a guerrilha do Che em África), contra a internacional fascista na África Austral, que terminou com a derrota do colonialismo português!

Por fim, entre Luanda e Maputo constituiu-se a segunda linha, desta feita “oficializada”, que viria a derrotar o “apartheid”… uma Linha da Frente que colocava Angola, enquanto “trincheira firme da revolução em África” como o mais inexpugnável baluarte!

Foi em Angola que os progressistas africanos, os revolucionários cubanos, os aliados socialistas e outros progressistas dos mais diversos países do mundo, travaram algumas das maiores batalhas alguma vez ocorridas a sul do Equador…

Por isso os programas anuais da embaixada de Cuba em Luanda, calam fundo a todos os progressistas angolanos de várias gerações, entre os quais eu me encontro e por isso merecem uma atenção especial para todos os antigos e novos combatentes das duas margens do Atlântico Sul.

3 – É longo o programa previsto para este ano e só em Março, que em Angola é o “mês-Mulher” é este o programa:

Comemoração da memória dos combatentes caídos na batalha do Sumbe, onde da parte cubana só estiveram civis que responderam ao ataque, alguns dos quais caíram na ocorrência (alguns condutores que operavam os transportes em Angola e se encontravam naquela cidade capital do Cuanza Sul);

Comemoração da batalha de Cangamba, o lugar onde as FAR tiveram mais baixas num combate singular em Angola;

Comemoração da batalha do Cuito Cuanavale, decisiva para a afirmação da vitória progressista na África Austral;

Comemoração dos 40 anos da visita do Comandante Fidel de Castro a Angola, a convite do camarada Presidente António Agostinho Neto.

O mês de Março Mulher está carregado de simbolismo e de memória e, como se não bastasse a saga heróica comum Angola-Cuba, em Luanda vai-se também assinalar o aniversário da morte do Comandante Hugo Chavez, o grande impulsionador da integração no continente americano a sul do México.

4 – Na apresentação do programa estiveram presentes muitos angolanos, entre eles antigos combatentes que estiveram nas batalhas de Cangamba e Cuito Cuanavale (membros das respectivas associações), assim como representantes da Federação dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, da Associação Tchiweca de Documentação e da Acção Social Para Apoio e Reinserção, eu próprio, autor destas linhas.

A Presidente da Organização da Mulher Angolana, a antiga combatente da guerrilha Luzia Inglês, antecipou em representação de Angola, a simbiose da memória comum no mês de Março-Mulher!

Haverão romagens nessas comemorações, para uma vez mais lembrar os caídos, angolanos e cubanos irmanados na Luta Armada de então e num momento que a longa Luta contra o Subdesenvolvimento, em paz e com uma democracia multipartidárias garante de Reconstrução Nacional, Reconciliação e Reinserção Social, motiva os angolanos e os antigos combatentes das horas mais decisivas da África Austral.

À cadência de cada batalha ganha, assim tem sido a saga comum Angola-Cuba onde cabem hoje memórias que têm o condão de continuar a mobilizar as vontades comuns para que África leve por diante os imensos resgates que ainda há por realizar!

A Luta Continua!

Venceremos!

Fotos do dia: Apresentação do programa comemorativo para 2017 por parte da Embaixada de Cuba e a presença de antigos combatentes de Cangamba e Cuito Cuanavale.

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