Este
também é um Expresso Curto mas fora de
horas. Está ligeiramente diferente do habitual mas é assim que o pode ver na
coluna à esquerda no Expresso online. Aquele com que habitualmente trabalhamos
vem integrado numa newsleter que o tio Balsemão nos envia de segunda-feira a
sexta-feira. Simpático.
Vamos
lá à obra costumeira – salvo quando falhamos. Este é um Expresso Curto em que o
autor perde a virgindade. É o primeiro Expresso Curto a que ele teve de dar
autoria. Lá se foram os “três” do editor de sociedade (hem?) que tem nome simpático,
Rui Gustavo (na foto). Olá, bem-vindo à cafeína matinal (que aqui até pode sair
à meia-noite).
Vai
daí devíamos ler e depois fazer esta abertura manhosa a que também podem chamar
com toda a cagança de prólogo. Pois. Não. Ainda não lemos patavina. Nem vamos
fazer essa tal coisa de próloogo. Fiquem com esta aberturazinha e sejam
igualmente simpáticos para o senhor que perdeu hoje mesmo, lá e de manhãzinha,
a virgindade. Leiam tudo de fio a pavio. Começa o jornalista-editor por
esclarecer que é o primeiro Expresso Curto de que é autor. Pois. Não faz mal,
até faz bem… se os souber tirar com espuma qb. Olhos à obra. Leiam bem e usem a
vossa cabeça, não dói nadinha. Até dá gozo. Ler, sem saber interpretar as
palavras é que não vale…
Curtam
e deixem-se curtir. Não se cortem.
MM
/ PG
Ludi
Romani
Rui
Gustavo - Expresso
Este
é o meu primeiro Expresso Curto. Mas ninguém deve pagar por isso. O título é em
latim, obviamente para impressionar. E o que é que os romanos nos deram
para além de estradas, saneamento, segurança, aquedutos, irrigação, educação e
inspiração para os Monty Phyton? Os jogos. Ludi ou Luden. Que copiaram e
desenvolveram a partir do modelo grego.Duzentos anos antes de Cristo os
imperadores usavam os jogos como forma de se engradecerem e de distraírem o
povo. Enquanto os jogos duravam, não havia negócios nem tensões ou protestos.
Na altura de Marco Aurélio, o imperador que definiu o ainda atual conceito de Gravitas
– o líder deve ser sempre calmo e equilibrado e ter sentido de Estado em todas
as situações – havia jogos durante mais de cem dias. Começaram com
inocentes corridas de cavalos, passaram às lutas com animais e involuíram até
aos gladiadores.
Agora
há bola. Em Portugal é redonda. Por isso, e como foi fim de semana, não tenho
de falar sobre a eutanásia e do brutal soco no estômago que são os depoimentos
de duas doentes que o Expresso publicou esta
semana.
Nem de pensar a sério no que irei fazer ou no que votar no dia em que a questão for colocada em referendo (se for). Um médico deve poder tirar a vida a alguém? Mesmo a pedido do próprio? É humano deixar alguém a sofrer só porque o valor da vida se sobrepõe a tudo? E quando for comigo? Ou de alguém que me é próximo?
Prefiro
pensar na bola. Este fim de semana o Sporting saiu da corrida pelo título com
o comandante Jorge Jesus a dar mais uma demonstração de um modo original de
moralizar as tropas. Para o antigo campeão nacional, a culpa foi do
guarda-redes adversário , Casillas, e do jovem Palhinha, que há um mês jogava
no Belenenses e agora é acusou de “ler mal o guião”. Melhor do que eu, um
sportinguista explica a curiosa
estratégia. Do outro lado da barricada o herói chama-se Soares, marcou dois
golos no jogo de estreia e até deu para um jornal brincar com a memória de um
imperador desaparecido há menos de um mês: “Soares é fixe”.
O
Benfica ganhou ao Nacional por 3-0, a dupla Jonas – Mitroglou voltou a
marcar, o clube está na liderança do campeonato e mais de meio pais deitou-se
mais feliz e com menos ansiedade. Pelo menos até ao próximo fim de semana.A
receita está aqui.
A gerigonça do Governo o quê? Hoje vê-se. Eutanásia? Só depois da visita Papa a
Fátima. A vida já continua.
Nos
Estados Unidos da América a bola é oval e o presidente eleito Donald J.
Trump um jogador de choque que tentou criar, sem êxito, uma liga alternativa à
NFL. Foi mais fácil chegar a presidente do país. Em menos de um mês acabou com
o sistema de assistência hospitalar inventado pelo antecessor, o Obamacare, e
proibiu a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países de maioria
muçulmana, o que num país feito de emigrantes faz tanto sentido como as regras
do futebol americano (sou eu que não percebo, a culpa é minha, eu sei). Ontem à
noite, no maior evento televisivo e desportivo do ano nos Estados Unidos os
Patriots (a sério?) venceram os Falcons e são os novos campeões.
Recuperaram de uma desvantagem de 25 pontos e foi a primeira vez que uma final
foi decidida no prolongamento. Tom Brady, marido de Gisele Budchen, que chegou
a estar suspenso por fazer batota com as bolas, esvaziando-as, tornou-se o
primeiro quarter-back a conseguir cinco títulos. Não foi registada qualquer
concussão cerebral e durante quatro horas o volume do mundo baixou. Pelo
menos para os americanos. Só interessava o que aconteceu naquelas quatro linhas
com umas balizas estranhas no fim, jogadores de capacete e muito choque. Felizes
Lundem.
No
mundo real, um juiz americano anulou o despacho de Trump anti amigração. O
presidente recorreu e disse que qualquer ato de terrorismo será "culpa
do juiz". mas a suspensão mantém-se e esta semana um tribunal deverá
decidir se ordem presidencial é mesmo válida ou anti americana. Mas só depois
dos festejos da NFL, claro. Se até Albert Camus, que escreveu “O Estrangeiro” e
“A Queda” e ganhou o Nobel da Literatura, disse que preferia "um jogo
de futebol a uma peça de teatro" quem sou eu para dizer o contrário?
OUTRAS
NOTÍCIAS
Em
França, a candidata à presidência Marine Le Pen fez um discurso de uma
hora para apresentar o programa eleitoral. Prometeu combater a imigração,
expulsar todos os suspeitos de terrorismo, criticou a União Europeia e defendeu
o regresso ao franco. A França primeiro e um reforço das medidas de segurança.
Que povo elegeria um candidato assim? Le Pen, candidata da extrema-direita está
à frente das sondagens, mas a realidade já demonstrou que as previsões falham
muito. A Europa pode estar descansada.
Em Portugal está a correr uma petição para limitar o peso das mochilas que as crianças têm de carregar todos os dias para as escolas. Quem tem ou teve filhos destas idades e nunca se lembrou de comprar uma mala com rodinhas sabe do que estou a falar. O caso faz a foto de primeira página do Diário de Notícias de hoje.
Os casos de pai incógnito – impossíveis perante a lei – duplicaram num ano,
garante o JN. Em cinco anos mais de duas mil crianças foram registadas com um
traço no espaço reservado ao nome do pai. Só em tribunal se consegue dar-lhes
um nome.
Os
Black Sabbath acabaram. Na verdade já tinham acabado há mais de trinta anos,
mas este ano decidiram fazer uma última digressão que terminou sábado em
Birmingham com Paranoid, o maior sucesso da banda de Ozzy Osborne.Se não
acordar com isto,
nem um balde de gelo funcionará.
Cristiano
Ronaldo fez 32 anos. É o melhor jogador do mundo, foi campeão em Inglaterra e
Espanha, ganhou a Liga dos Campeões, é o melhor marcador da história do Real
Madrid, já faz anúncios com alguma graça mas o seu melhor momento foi aquele em
esteve ausente. Bela desculpa para ver outra vez o momento patinho
feio.
MANCHETES
Público
– Reforma da floresta trava expansão do eucalipto até 2030
DN
- Despesa com subsidio de desemprego é metade do valor no pico da crise
JN
– Filhos de pai incógnito quase duplicam num ano
CM
– Engenheiro corrupto cobra taxa de 10%
I
– Fusão da Universidade de Lisboa com a Técnica investigada pelo
Ministério Publico
Negócios
– Rendas das lojas tradicionais vão ter travão
Económico
– Anular Venda do Novo Banco teria “prejuízo incalculável”
A
Bola – Zona Jonas
Record
– Três tiros na pressão
O
Jogo – Crise fuzilada
O
QUE EU ANDO A LER
A
história de um emigrante de outro planeta que vem à Terra para ajudar, ajuda o
Estados Unidos da América e mesmo assim é perseguido pelo exército. Queixa-se
deste “mundo, mergulhado em raiva e desconfiança perante o que é diferente”.
Uma história obviamente inverosímil, “Silver Surfer, the Essential”, por
Stan Lee e Jack Kirby.
“Clube de Combate”, de Chuck Palahniuk. Tão bom como filme. Como a primeira regra do clube de combate é não falar do clube de combate não posso dizer grande coisa. Se viu o filme e não leu o livro, leia. Se leu o livro e não viu o filme, veja. Se não viu o filme nem leu o livro espero que tenha menos de vinte anos. Senão qual é a sua desculpa? É que “ninguém quer morrer sem algumas cicatrizes”.
“Wilson”,
de Daniel Clowes, a brilhante história de um antissocial que só gosta de cães e
parte em busca da filha dada para adoção. “Tantos livros sobre o Lincoln e nem
um sobre mim? Não admira que as livrarias estejam todas à beira da falência”.
Já não, Wilson, já não.
Esta
é mais o que eu ando a ver: “A Noite da Iguana”, de Tennesse Williams, pelos
Artistas Unidos. Ontem foi a ultima sessão em Lisboa, mas a companhia vai agora
para o Porto. Nuno Lopes é mesmo o maior e Maria João Luís fantástica. E como
se diz na peça “As perturbações exteriores servem para disfarçar as
interiores”. No site do Expresso esperamos contar-lhe todas aquelas ao longo do
dia e no Expresso Diário, às 18h00, temos sempre umas perturbações exteriores
exclusivas.
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