sábado, 4 de março de 2017

Cabo Verde. "LIBERDADE DE IMPRENSA NUNCA FOI POSTA EM CAUSA", alega PM


O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, desvalorizou a polémica entre a associação de jornalistas cabo-verdianos e o ministro da Cultura, assegurando que em nenhum momento foi posta em causa a liberdade de imprensa.
"Não há nenhum facto que demonstre que o Governo tem alguma intenção ou teve alguma ação que vai contra a liberdade de imprensa ou contra os jornalistas. Que me apresentem factos e evidências", disse Ulisses Correia e Silva, citado hoje pela agência cabo-verdiana de notícias Inforpress.

O primeiro-ministro falava na sexta-feira aos jornalistas durante uma deslocação ao Tarrafal, no interior da ilha de Santiago.

A associação de jornalistas de Cabo Verde (AJOC) acusou na quinta-feira o ministro da Cultura das Indústrias Criativas (MCIC) de querer instrumentalizar o setor público, anunciando uma denúncia junto das organizações internacionais de defesa da liberdade de imprensa.

Em causa estão posições de Abraão Vicente na sua página na rede social Facebook, onde se referiu à Empresa Pública de Comunicação Social RTC como sendo parte integrante do seu ministério.

"O Outro lado do MCIC: RTC Canal público de comunicação social! Estamos prontos para levar a todos os cabo-verdianos o grande desfile de Carnaval em direto de Mindelo, garantimos também cobertura com reportagens em todos os outros Municípios", escreveu.

O texto é acompanhado por várias fotografias da régie, incluindo uma do próprio ministro, que a Associação Sindical de Jornalistas Cabo-Verdianos (AJOC) considera, em comunicado, insinuar "um controle efetivo do trabalho dos profissionais" [...] "sugerindo que a ingerência não é apenas sobre a transmissão mas inclui, também, indicações diretas das reportagens que devem ser feitas pelos jornalistas".

A primeira publicação do ministro suscitou críticas de vários jornalistas, que por sua vez motivaram uma segunda publicação de Abraão Vicente em que justificou a sua intervenção com "o novo modelo de negócio" para o canal público, de que "o jornalismo e a informação são apenas uma parte muito pequena".

Abraão Vicente considerou ainda "normais as resistências à mudança" dos "conservadores" e aludiu a uma "nova geração de jornalistas que brevemente entrará no mercado" e que saberá "compreender e acompanhar melhor os novos tempos da empresa".

A AJOC entende esta afirmação do ministro como "uma advertência velada, mas bem percetível" e uma ameaça de despedimento "aos jornalistas que não concordam com tentativas de manipulação".

O primeiro-ministro não vê razão para tanta "turbulência" relativamente às publicações do ministro, sublinhando que em nenhum momento foi referido que vai haver despedimentos.

Ulisses Correia e Silva afirmou ainda que o Governo defende a independência e liberdade da comunicação social para que os jornalistas façam o seu trabalho de forma "tranquila, sem pressão e sem condicionamentos".

Lusa, em Notícias ao Minuto

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