Uma
das grandes mentiras, que já tem 70 anos, é de que o Estado de Israel vive
ameaçado pelos árabes na Palestina. Goebbels já dizia que uma mentira repetida
mil vezes vira verdade. Os pobres palestinos foram expulsos de sua terra pela
maior potência militar do Oriente Médio...
Marino
Boeira*
Os
pobres palestinos foram expulsos de sua terra pela maior potência militar do
Oriente Médio, inclusive possuidora de armas atômicas e têm apenas um apoio
apenas formal dos corruptos governos árabes da região e mesmo assim, o lobby
judaico no mundo inteiro, os transformou num perigo para a paz na região.
Ainda
bem que existem intelectuais judeus que se recusam a compactuar com essa
mentira histórica. Vamos lembrar aqui alguns deles, começando por Noam Chomsky,
o mais conhecido deles todos.
Avram
Noam Chomsky, nasceu em 1928, na Filadélfia, é lingüista, filósofo, cientista e
professor emérito do Instituto Tecnológico de Massachusetts e apesar de todos
estes títulos, está proibido de visitar Israel, por causa de suas críticas ao
governo israelense, como nessa comparação que fez sobre a política do apartheid
na África:
"Nos
territórios ocupados, o que Israel está fazendo é muito pior que o apartheid.
(...) os brancos sul-africanos precisavam da população negra. Era sua força de
trabalho. Eles tinham se sustentá-los. Os "bantustões" eram
horríveis, mas a África do Sul precisava deles. (...) A relação de Israel com
os palestinos é diferente. Israel simplesmente não quer os palestinos. Israel
os que fora de sua terra ou pelo menos na prisão".
Sobre
os Hezbollah : "Foi fundamental para expulsar os israelenses do Sul do
Líbano, por isso é chamada de organização terrorista pelos Estados Unidos".
Sobre
o Hamas: "Eu sou contra as políticas do Hamas em quase todos os
aspectos. No entanto, devemos reconhecer que as políticas do Hamas são mais
próximas e mais propícias a uma solução pacífica do que as dos Estados Unidos
ou de Israel".
Shlomo
Sand, nasceu em Linz, na Áustria, em 1946 é professor da História na
Universidade de Tela vi. Seu livro mais famoso, A Invenção do Povo Judeu,
desmancha o mito fundador do Estado de Israel de que os judeus atuais são
descendentes dos antigos hebreus que viveram na Palestina durante o Império
Romano e por isso mesmo teriam direitos exclusivos às terras que os árabes
ocuparam depois.
Sand
argumenta que é provável que os ancestrais da maioria dos judeus contemporâneos
sejam principalmente de fora da Terra de Israel (Eretz Yisrael) e
que uma "nação-raça" dos judeus, com uma origem comum, nunca existiu.
Assim como os cristãos mais contemporâneos e muçulmanos, são descendentes de
pessoas convertidas, não do s primeiros cristãos e muçulmanos, o judaísmo era
originalmente, assim como seus dois primos,
um proselitismo. religioso. Muita da população judaica mundial
presente hoje em dia é descendente de europeus, russos e grupos africanos.
Sand
ataca também outra história cara para o judaísmo, de que depois da revolta de
Bar Kokhba, os judeus foram expulsos da Palestina pelos romanos. Diz ele que a
maioria dos judeus não foi exilada pelos romanos e muitos se converteram ao
islamismo, após a ocupação da Palestina pelos árabes no século sétimo.
O
sionismo, segundo Sand, foi mais um dos movimentos nacionalistas surgidos na
Europa no século XIX que sonhavam com uma hipotética "idade do ouro",
existente no passado. Os judeus seriam então descendentes de um mítico reino de
David, o que significaria um fundo comum étnico, quando o que os unia, na
verdade, era apenas a religião comum.
Norman
Gary Finkelstein, nascido em 1953, em Nova York, filho de pais sobreviventes de
Auschvitz, doutor pela Universidade de Princeton e professor da Universidade de
Nova York, é mais um dos intelectuais judeu s proibidos de entrar em Israel,
principalmente por causa do seu livro, "A Indústria do
Holocausto - Reflexões Sobre a Exploração do Sofrimento dos Judeus" onde
afirma que ""o organizado judaísmo americano explorou o Holocausto
nazista para desviar as críticas de Israel e suas políticas moralmente
indefensáveis.
Segundo
Finkelstein, depois da Segunda Guerra Mundial, as organizações judaicas dos
Estados Unidos, as mais poderosas do mundo - sempre com o apoio de publicações
como "New York Times" e "Washinton Post", os dois jornais
mais conhecidos do país, além de revistas, como "Time" e
"Newsweek" -, praticamente esqueceram o Holocausto, isso porque a
Alemanha tornou-se um aliado crucial no confronto dos EUA com a União
Soviética.
Lembrar
o Holocausto nazista era etiquetado como causa comunista. As associações
judaicas chegaram a fazer vistas grossas à entrada de nazistas nos Estados
Unidos.
Ainda
segundo Finkelstein, a partir de junho de 1967, com a guerra árabe-israelense,o
Holocausto tornou-se uma fixação na vida dos judeus americanos. De sua fundação
em 1948 até a guerra de junho de 1967, Israel não figurou como foco no
planejamento estratégico americano. "A indústria do Holocausto só se
difundiu depois da dominação militar esmagadora e do florescente e exagerado
triunfalismo entre os israelenses".
Diz
Finkelstein: "Não foi a alegada fraqueza e isolamento de Israel, nem o
medo de um 'segundo holocausto', mas antes sua comprovada força e aliança
estratégica com os Estados Unidos, que conduziram as elites judaicas a produzir
a indústria do Holocausto, depois de junho de 1967.
Outro
forte motivo por trás desta farsa era material. O governo alemão do pós-guerra
compensou os judeus que estiveram em campos ou guetos. Muitos desses judeus
fabricaram seus passados para atender essas exigências".
Ilan
Pappé: nascido em 1954, Haifa, Israel, é um historiador, professor
de História na Universidade de Exeter, no Reino Unido. Foi docente em Ciências
Políticas em sua cidade natal, na Universidade de Haifa.
É
um dos chamados Novos Historiadores, que reexaminaram criticamente a História
de Israel e do sionismo. Pappé faz uma análise profunda sobre os acontecimentos
de 1948 (criação do Estado de Israel) e seus antecedentes. Em particular, ele
defende em seu livro mais importante, Limpeza Étnica na Palestina que
houve a expulsão deliberada da população civil árabe da Palestina - operada
pela Haganah, pelo Irgun e outras milícias sionistas.
Pappé
considera a criação de Israel como a principal razão para a instabilidade e a
impossibilidade de paz no Oriente Médio. Segundo ele, o sionismo tem sido
historicamente mais perigoso do que o islamismo extremista.
Ilan Pappé é um importante defensor da solução de um único estado para palestinos e israelenses.
Em 2008, Ilan Pappé exilou-se na Grã-Bretanha, onde atualmente é professor de história na Universidade de Exeter e diretor do Centro Europeu de Estudos sobre a Palestina.
Antes de deixar Israel, ele havia sido veementemente condenado no Knesset, o parlamento de Israel. Um ministro da educação havia pedido a sua demissão da universidade, e sua foto havia sido publicada em um jornal, no centro de um alvo. Além disso, Pappé havia recebido várias ameaças de morte.
"Fui boicotado na minha universidade e houve tentativas de me expulsarem do meu trabalho. Estou recebendo ligações telefônicas com ameaças todos os dias. Não estou sendo visto como uma ameaça para a sociedade israelita, mas o meu povo pensa que sou louco ou que a minha opinião é irrelevante. Muitos israelenses acreditam também que estou trabalhando como mercenário para os árabes. Judith Butler , nascida em Cleveland, Ohio, em1956, de origem judaica, teve sua família pelo lado materno morta em campos de concentração nazista na Hungria. É professora de Filosofia na European Graduate School, na Suiça, sendo considerada uma das principais teóricas do feminismo no mundo inteiro. Seu livro "Caminhos Partidos: Judaísmo e Critica do Sionismo" a levou a ser considerada como antissemita pelo jornal Jerusalém Post, porque defendeu o binacionalismo em Israel, dizendo que "é preciso acabar com a ocupação, que é ilegal e uma extensão de um projeto colonial".
Judith
Butler defende outra tese, que os governantes de Israel detestam ouvir: o
direito de retorno dos palestinos expulsos de suas casas e de suas terras e que
eles sejam indenizados pelas suas perdas.
*Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS
- em Pravda.ru
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