Estados
Unidos e seus aliados estão preparando o terreno na América Latina pra uma
intervenção a longo prazo, disse à Sputnik o especialista em relações
internacionais, Ghazi Nassendini, presidente do Centro de Análise e Estudos
Global AZ.
"Os
Estados Unidos estão preparando condições para os próximos anos, para criar uma
situação muito semelhante à do Oriente Médio na América Latina que justifique
sua intervenção direta nos assuntos de outros países", explicou o
especialista.
Os
EUA podem defender de forma mais "simples" sua intervenção militar e
política, assim como "estabelecer regimes neocoloniais obedientes às
políticas norte-americanas", caso declarem a existência de ameaça à sua
segurança, indicou Nassendini.
Antes
de avaliar se a América Latina poderia ser uma zona de trânsito para grupos
terroristas como o Daesh - proibido na Rússia, o analista acredita ser
preciso observar a proliferação da doutrina e da formação destes grupos.
"Agora
nós temos que fixar e advertir a nível mundial de onde chega o pensamento
salafista-wahhabita, porque é dali que vão surgindo estes grupos terroristas
que se preparam para algo no futuro", explicou.
Segundo
Nassendini, a criação destes grupos foi útil para que Washington pudesse
derrubar os governos aliados da União Soviética na década de 80, como é o caso
do Afeganistão e Paquistão.
"E
como isso funcionou para os Estados Unidos e para seus aliados no Golfo
Pérsico, eles optaram por esta política em vários lugares", comentou.
Atualmente,
a existência do Daesh serviu para levar as tropas dos EUA para a Síria,
apesar de não terem uma relação "muito amistosa" com o governo do
presidente Bashar Assad, considerou o analista.
"De
nenhuma forma, o governo sírio permitiria aos EUA que tivessem bases militares,
aéreas, marítimas, de veículos blindados, em seu território, porém,
aproveitando-se da situação dos terroristas - enviados, financiados e
treinados pelo Ocidente, EUA concederam para si próprios o direito de intervir
na Síria militarmente", afirmou.
Neste
sentido, o analista adverte para todos os países da América Latina sobre a
presença de escolas e fundações que difundem e formam cidadãos nas crenças do
Daesh.
"Realmente
os países devem prevenir isto e, para fazê-lo, devem contar com políticas
estratégicas, realmente sujeitas ao direito internacional, aos direitos
humanos, e ter uma supervisão muito aguda sobre o pensamento propagados nestes
colégios, nestas escolas", indicou.
Embora
Nassendini diga que não pode afirmar que não haja grupos jihadistas na
Venezuela e em outros países da região, ele alertou sobre as condições
para a propagação destas crenças.
"Não
posso dizer que existam jihadistas que sejam elementos já formados, já
treinados, com objetivos, com base, com plataforma; isso não posso dizer, mas
existem condições que criam os jihadistas, e isso é muito pior",
assinalou.
Em
relação a isso, recordou que os Estados Unidos estão trabalhando a longo prazo
e que os governos da região, "sejam de esquerda ou de direita", carecem
de "maturidade política e governabilidade necessária" para prevenir
esta situação, já que estas condições os convertem em uma presa fácil para uma
intervenção estrangeira.
Alguns
dias atrás, tanto o direto adjunto do Departamento de Novos Desafios e Ameaças
do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Dmitry Feoktistov, como o
chefe do Comando do Sul dos EUA, almirante Kurt Tidd, fizeram referência à
possibilidade de que, no futuro, integrantes do Daesh possam utilizar países da
América Latina e do Caribe como territórios de trânsito.
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