“Patria
es humanidad, es aquella porción de humanidad que vemos más de cerca y en que
nos tocó nacer” – José Martí
Martinho Júnior | Luanda
1-
A Venezuela Bolivariana comemorou a 5 de Julho o 206º aniversário do dia em que
o Congresso da Venezuela, através duma Acta de Declaração, proclamou a Independência,
em 1.811, deixando de ser uma colónia da Monarquia Espanhola.
A
proclamação abria-se aos princípios de igualdade dos seus habitantes, à
abolição da censura e à liberdade de expressão, renunciando às práticas
políticas que haviam sido impostas durante três séculos pelo colonialismo
espanhol na Grande Colômbia (cujo território ia da Venezuela, à Colômbia e
Equador).
A
luta pela independência foi contudo uma tarefa de gigantes: a Monarquia
Espanhola teria de ser derrotada pelas armas na batalha de Carabobo, a 24 de
Junho de 1.821, mas só completamente vencida com a derrota da força naval
espanhola no Lago Maracaibo, a 24 de Julho de 1.823… o reconhecimento da
Venezuela independente por parte da coroa espanhola, só ocorreria todavia a 30
de Março de 1845…
2-
Já durante as longas lutas pela independência se experimentou quanto as classes
mais abastadas haviam alinhado com o colonialismo espanhol, montando muitos dos
obstáculos à manobra dos republicanos rebeldes, que tiveram no Haiti uma “pedra
basilar” não só como rectaguarda, mas também como inspiração, incentivo e
factor de mobilização humana (1.815).
Entre
1.821 e 1.823 foram expulsos todos os fiéis à Coroa Espanhola do território da
Venezuela, uma parte deles refugiando-se em Cuba…
A
Grande Colômbia haveria de ter uma vida efémera, contrariando os esforços de
Bolivar, desagregando-se e dando origem aos estados do Equador, Colômbia e
Venezuela em 1830.
Na
Venezuela, em 1.831, passou a vigorar uma Constituição conservadora, que passou
a beneficiar os latifundiários do café e do cacau e, por exemplo, manteve a
escravatura, que só seria oficialmente abolida quando os liberais,
(representantes das classes médias burguesas relativamente progressistas), se
tornaram activos.
As
lutas entre os conservadores que propunham a centralização do poder e os
liberais, que se propunham ao federalismo, provocaram alterações no estado e
nos mecanismos de poder, mas foi sempre a oligarquia, duma forma ou de outra,
que se manteve preponderante.
Com
a descoberta de petróleo, a Venezuela rapidamente passou a ser o primeiro
exportador mundial em 1.920 e a oligarquia ganhou um novo, arrogante e “egocêntrico” fôlego,
inclusive em períodos em que alguma abertura democrática foi conseguida.
Desde
então as classes abastadas da Venezuela foram protagonizando domínio através do
exercício do poder de estado e, quando os Estados Unidos passaram da expansão
para a via da formação do império e daí para a hegemonia unipolar, a oligarquia
já tinha vínculos históricos que a tornava refractária à extensão democrática
em termos progressistas, limitando a representatividade e inibindo a
participação.
A
chegada do Comandante Hugo Chavez ao poder em 1.999 alterou profundamente o
carácter do estado e, se com o Partido Socialista Unificado da Venezuela o
estado bolivariano progressista, cioso de Pátria Grande, era resultado dum
suporte muito alargado, com base nas classes até então oprimidas, a oligarquia
Venezuela tem-se vindo a manifestar em busca do domínio perdido sobre esse
estado, o que resulta na actual “ementa”…
3-
Interpretar as actuais tensões em função dum processos histórico e
antropológico, em relação à Venezuela, como em relação a toda a América Latina,
permite-nos melhor entender o que se passa hoje quando se aborda a tensão
dialéctica entre as tendências progressistas e as retrógradas, que espelham bem
a luta de classes muito alargada que está em curso no imenso continente
americano.
Tendo
vencido as últimas eleições legislativas e conseguindo a maioria no Parlamento,
a oligarquia venezuelana, refractária à integração e ao projecto de Pátria
Grande refundado pelo Comandante Hugo Chavez e defendido pelo Presidente
Nicolas Maduro, “subiu a fasquia”: começou uma campanha para alterar a
Constituição progressista que está implantada e deitou mão, intimamente
associada aos expedientes da hegemonia, de recursos como os que tipicamente
propõem as“revoluções coloridas”, as “primaveras árabes”, aqueles que nada
têm a ver com a Pátria Grande (que incluem por exemplo os “paramilitares” e
os narcotraficantes da Colômbia), e os que se enquadram no capitalismo
neoliberal que acoberta as escolas “filosóficas” da praxe (Milton
Friedman, Francis Fukuyama, Leo Strauss, Gene Sharp, George Soros…).
Nessa
perspectiva a oligarquia pretende com o policromado Movimento da Unidade
Democrática, a arruaça, o caos, até mesmo o terrorismo, enquanto procura
vincular os seus expedientes, vulnerabilizando a orientação e a prática do PSUV
e dos seus aliados, bem como as iniciativas do Presidente Nicolas Madura em
prol da Assembleia Constituinte.
A
independência, a soberania e a paz, enquanto motivação progressista no âmbito
duma Pátria Grande que vincula a Venezuela Bolivariana (aberta à integração e à
participação alargada não só de organizações, mas também das classes que têm
sido mais marginalizadas e oprimidas ao longo dos 200 anos de bandeira), é um
processo que está a ser alvo de contínua subversão, com recurso aos serviços de
inteligência dos Estados Unidos (que têm ao seu dispor os mecanismos de
desgaste, ingerência e manipulação), como com recurso à guerra económica e à
guerra psicológica com o fito de quebrar a resistência das classes populares.
Ao
progresso a hegemonia unipolar e a oligarquia venezuelana agenciada respondem
com o que podem deitar mão no âmbito da globalização envenenada pelo
capitalismo neoliberal e seus amplos servidores e mercenários, numa margem
difusa entre “soft power” e inteligência subversiva, activa e
interveniente e, com todos os sentidos postos na imensa riqueza energética,
mineral, em água e biodiversidade da Venezuela.
A
Venezuela, duzentos anos depois do içar da sua bandeira, luta pela sua
independência, pela sua soberania e pela paz, as únicas formas de se poder
lutar contra o subdesenvolvimento crónico que também na América Latina advém
das trevas do passado colonial e a única fórmula para, por via duma lógica com
sentido de vida, se estabelecerem as premissas dum desenvolvimento sustentável
que é uma das aspirações mais legítimas dos povos da alargada Pátria Grande.
Ilustrações:
A evidência hispânica na América; A Grande Colômbia; Simon Bolivar; O
Presidente Nicolas Maduro pelo progresso que suscita a independência, a
soberania e a paz na Venezuela Bolivariana.
A
consultar de Martinho Júnior:
Rapidinhas
do Martinho – A Luta pela soberania – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-31.html
A
VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de.html
A
VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – II –http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/10/13/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de-merito-em-beneficio-de-toda-a-humanidade-ii/
A
VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – III
–http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de_23.html
A
CLARIVIDÊNCIA DA VENEZUELA SOBRE A SUA SOBERANIA E ZEE – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/07/clarividencia-da-venezuela-sobre-sua.html
UM
MOVIMENTO QUE VEM DE LONGE – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/um-movimento-que-vem-de-longe.html
ALBA…
EVOCAÇÃO À PEGHADA ARDENTE DE BOLIVAR! – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/03/alba-evocacao-pegada-ardente-de-bolivar.html
VAMOS
CAMINHANDO! – http://paginaglobal.blogspot.com/2017/03/vamos-caminhando.html
PELA
PAZ COM INCLUSÃO EMERGENTE E MULTIPOLAR – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/pela-paz-com-inclusao-emergente-e.html
UM
TRUMP “CLINTONIANO”! – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/um-trump-clintoniano.html
MAIS “TRUMPALHADAS” NEOCOLONIAIS!
– http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/06/mais-trumpalhadas-neocoloniais_20.html
A “PRESSTITUTA” INTEGRA
A GUERRA PSICOLÓGICA CONTRA A VENEZUELA BOLIVARIANA –http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/06/a-presstituta-integra-guerra.html
UM
ASSALTO ININTERRUPTO À VENEZUELA BOLIVARIANA – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/um-assalto-ininterrupto-venezuela.html
AVALIAÇÃO
PRIMÁRIA: A VENEZUELA BOLIVARIANA É ANTI HEGEMONIA UNIPOLAR! –http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/06/avaliacao-primaria-venezuela.html
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