Porque
não alguns fogos postos para desgastar a “geringonça”?
Primeiro
64 pessoas foram consumidas pelo fogo na zona de Pedrógão. Entre domingo e
segunda-feira mais 36 pessoas foram consumidas pelos fogos, aqui e ali, em
Portugal. Soma, até agora, 100 vítimas dos fogos. Sem dó nem piedade. Sem que
se vislumbre responsabilização dos que não a demonstraram e nem a praticaram. Grassou
a incompetência por resultado de políticas erróneas que levaram ao abandono de
uma reforma florestal e agrícola séria que preservasse os bens e as pessoas das
regiões limítrofes à floresta. E assim acontece há décadas. Responsabilidades
dos governos de Cavaco Silva e seguintes. Talvez até de Mário Soares quando na
crista da onda chefiou os governos no pós 25 de Abril de 1974. Do salazarismo ou do caetanismo nem se fala porque na época tudo era muito diferente, nem as alterações climatéricas eram tão notadas e sentidas, nem a corrida ao abandono das terras acontecia tão gravosamente, nem havia a tal política desbragada e devastadora dos eucaliptais. Tempos de miséria e repressão que colavam as pessoas às terras onde nasciam. Ou isso ou emigrarem, para fugirem da fome e da guerra colonial.
Critica-se
António Costa e o seu governo, que há dois anos exerce o cargo. E os outros, e
os governos antecedentes? Não foram eles que contribuíram grandemente para esta tragédia?
E
os interesses estabelecidos que lucram e enriquecem com os fogos? Quem são?
Quem os investiga e os responsabiliza criminalmente justificando-se? Há ou não
aviões que incendeiam a floresta? Ao longo de anos vimos tornados públicos testemunhos
que afirmaram que sim. Que viram… Não se sabe que em tempos idos as investigações
assim provassem. Até é muito provável que nem investigações tenham acontecido.
E atualmente justifica-se algum tipo de investigação profunda sobre a origem de
tantos fogos e de fogos que eclodiram à noite? Investigações para além dos
casos isolados de dementes incendiários, ébrios, servos, irresponsáveis da pastorícia precisam-se.
Foram
100 pessoas que morreram, sem dó nem piedade. Provavelmente vamos chegar à conclusão
que as vítimas mortais são mais de 100. Doloroso. Terrível. Revoltante. E porque não alguns fogos
postos para desgastar a “geringonça”? Quem investiga a sério?
Segue-se
o Expresso Curto, a cumprir a sua função. Uma peça opinativa relevante, a dar
umas no cravo e outras na ferradura. Aparentemente andando e fazendo o caminho que mais interessa a alguns (poucos) e menos aos milhões de portugueses. É o Expresso, do
senhor Balsemão, um barão (entre outros) da informação, da desinformação… e da manipulação. É
ver os seus status e os feitos dos seus animais amestrados.
CT
| PG
Estamos
de luto e devíamos estar em guerra
Rui
Gustavo | Expresso
Hoje,
quatro meses depois do incêndio de Pedrógão Grande, que matou 65 pessoas, o
Governo decretou três dias de luto nacional por mais 36 vidas perdidas para o
fogo. O número ainda não está fechado: há sete pessoas desaparecidas e cerca de
uma dezena de feridos graves internados no hospital. Este ano, já morreram mais
de cem pessoas
Estamos de luto e devíamos estar em guerra. Mobilizados. Mas o incêndio do fim
de semana voltou a mostrar as nossas fragilidades. Apesar dos avisos
meteorológicos para o calor e até para um furacão, houve falta de meios no
terreno, populações isoladas a lutar pelos
próprios meios, problemas de comunicação entre as autoridades, o Siresp a
falhar, estradas e autoestradas em chamas que não foram cortadas por inação ou
incompetência, "um caos", o "inferno", "dantesco".
Quatro meses depois, nada, ou quase nada mudou. A ministra da Administração Interna é a mesma, o comandante da Proteção Civil foi demitido por causa de uma licenciatura e substituído pelo número dois, que adulterou a fita do tempo da tragédia de Pedrógão, e não houve uma única medida concreta no terreno. O Governo ficou quatro meses à espera das conclusões da Comissão Técnica Independente que António Costa prometeu ontem pôr em prática. Só para relembrar as principais: criação de uma agência que faça prevenção e combate, bombeiros profissionais no combate ao fogo e guerra ao fogo durante todo o ano. Primeiro-ministro, ministra e secretário de Estado pediram "atitude madura", "proatividade" e "resiliência", que é o mesmo do que pedir paciência. Ninguém pediu desculpa. A não ser a representante das vítimas de Pedrógão, que lamenta não ter sido mais dura com o Governo. Nem tudo é mau: desta vez nenhum governante se apresentou nos teatros de operações para atrapalhar os operacionais e uma mulher atropelada quando fugia das chamas não foi considerada vítima indireta. Como Alzira Costa, a 65ª vítima de Pedrógão, ainda excluída da lista oficial.
Um novo relatório sobre o incêndio de Pedrógão divulgado em primeira mão pelo Expresso atribui responsabilidades à EDP, garante que vidas podiam ter sido salvas se tivesse havido mais coordenação e pede cuidado na nomeação de novos oficiais. Este ano, pelas contas da Rádio Renascença, já arderam 370 mil hectares de floresta e morreram mais de cem pessoas. 80 por cento do Pinhal de Leiria foi consumido pelas chamas. António Costa tem razão. “Depois deste ano nada poderá continuar como dantes”. Está nas suas mãos, primeiro-ministro.
O incêndio domina hoje todas as primeiras páginas dos jornais. Há imagens e notícias impressionantes. O "Público" nota que 60 por cento dos meios aéreos já não estavam disponíveis "no pior dia do ano". A fotografia da primeira, de Adriano Miranda, promete tornar-se um símbolo destes incêndios. No DN, mais uma grande fotografia e uma constatação: "Falhou quase tudo e quase tudo é para mudar". Correio da Manhã e Jornal de Notícias coincidem na abordagem: "Imperdoável" e "Cem mortos sem desculpa". O I fixa a promessa de Costa em pôr em prática as medidas propostas pela comissão independente.
Quatro meses depois, nada, ou quase nada mudou. A ministra da Administração Interna é a mesma, o comandante da Proteção Civil foi demitido por causa de uma licenciatura e substituído pelo número dois, que adulterou a fita do tempo da tragédia de Pedrógão, e não houve uma única medida concreta no terreno. O Governo ficou quatro meses à espera das conclusões da Comissão Técnica Independente que António Costa prometeu ontem pôr em prática. Só para relembrar as principais: criação de uma agência que faça prevenção e combate, bombeiros profissionais no combate ao fogo e guerra ao fogo durante todo o ano. Primeiro-ministro, ministra e secretário de Estado pediram "atitude madura", "proatividade" e "resiliência", que é o mesmo do que pedir paciência. Ninguém pediu desculpa. A não ser a representante das vítimas de Pedrógão, que lamenta não ter sido mais dura com o Governo. Nem tudo é mau: desta vez nenhum governante se apresentou nos teatros de operações para atrapalhar os operacionais e uma mulher atropelada quando fugia das chamas não foi considerada vítima indireta. Como Alzira Costa, a 65ª vítima de Pedrógão, ainda excluída da lista oficial.
Um novo relatório sobre o incêndio de Pedrógão divulgado em primeira mão pelo Expresso atribui responsabilidades à EDP, garante que vidas podiam ter sido salvas se tivesse havido mais coordenação e pede cuidado na nomeação de novos oficiais. Este ano, pelas contas da Rádio Renascença, já arderam 370 mil hectares de floresta e morreram mais de cem pessoas. 80 por cento do Pinhal de Leiria foi consumido pelas chamas. António Costa tem razão. “Depois deste ano nada poderá continuar como dantes”. Está nas suas mãos, primeiro-ministro.
O incêndio domina hoje todas as primeiras páginas dos jornais. Há imagens e notícias impressionantes. O "Público" nota que 60 por cento dos meios aéreos já não estavam disponíveis "no pior dia do ano". A fotografia da primeira, de Adriano Miranda, promete tornar-se um símbolo destes incêndios. No DN, mais uma grande fotografia e uma constatação: "Falhou quase tudo e quase tudo é para mudar". Correio da Manhã e Jornal de Notícias coincidem na abordagem: "Imperdoável" e "Cem mortos sem desculpa". O I fixa a promessa de Costa em pôr em prática as medidas propostas pela comissão independente.
O
dia nasceu com chuva e todos os fogos estão extintos.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Ainda os fogos: na Galiza os incêndios mataram quatro pessoas e milhares saíram para a rua a pedir responsabilidades políticas e a demissão do Governo regional. As autoridades espanholas culpam Portugal por não ter conseguido controlar os incêndios que ultrapassaram a fronteira.
A Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates é acusado de 31 crimes, está parada. A defesa do político interpôs um recurso para afastar Carlos Alexandre do caso e o juiz quer esperar pela decisão da Relação até prosseguir com o caso, noticia o Público. Depois da acusação, deverá seguir-se a fase de instrução e Carlos Alexandre poderá ser um dos juízes sorteados para presidir a esta fase – o outro é Ivo Rosa. A defesa de Sócrates suspeita da imparcialidade de Alexandre e parece preferir Rosa.
Daphne Caruana Galizia, jornalista maltesa que fazia parte do consórcio internacional de jornalistas Panama Papers, foi morta numa explosão que destruiu o carro que conduzia. A jornalista tinha um blogue onde denunciava líderes políticos e chegou a acusar o primeiro ministro de Malta, Joseph Muscat, e dois dos seus principais assessores de corrupção. O governante já pediu uma investigação rápida ao crime.
Na Catalunha, o Governo de Madrid deu três dias a Carles Puigdemont para clarificar se declarou ou não a independência da Catalunha. O líder do Governo regional quer negociar e um tribunal ordenou a detenção de dois líderes independentistas Jordi Sanchez e Jordi Cuixart, acusados de “sedição” por terem tentado impedir a ação da polícia durante o referendo pela independência. Ficaram os dois em prisão preventiva.
Na Irlanda, o furacão Ophelia matou três pessoas e dirige-se agora para a Escócia. As três vítimas foram atingidas por árvores que não resistiram às rajadas de vento.
O FC Porto joga hoje com o Leipzig para a Liga dos campeões. Na equipa alemã há uma estrela portuguesa: Bruma, um diamante que ainda está por lapidar.
O QUE EU ANDO A LER
Open, Andre Agassi
Ainda os fogos: na Galiza os incêndios mataram quatro pessoas e milhares saíram para a rua a pedir responsabilidades políticas e a demissão do Governo regional. As autoridades espanholas culpam Portugal por não ter conseguido controlar os incêndios que ultrapassaram a fronteira.
A Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates é acusado de 31 crimes, está parada. A defesa do político interpôs um recurso para afastar Carlos Alexandre do caso e o juiz quer esperar pela decisão da Relação até prosseguir com o caso, noticia o Público. Depois da acusação, deverá seguir-se a fase de instrução e Carlos Alexandre poderá ser um dos juízes sorteados para presidir a esta fase – o outro é Ivo Rosa. A defesa de Sócrates suspeita da imparcialidade de Alexandre e parece preferir Rosa.
Daphne Caruana Galizia, jornalista maltesa que fazia parte do consórcio internacional de jornalistas Panama Papers, foi morta numa explosão que destruiu o carro que conduzia. A jornalista tinha um blogue onde denunciava líderes políticos e chegou a acusar o primeiro ministro de Malta, Joseph Muscat, e dois dos seus principais assessores de corrupção. O governante já pediu uma investigação rápida ao crime.
Na Catalunha, o Governo de Madrid deu três dias a Carles Puigdemont para clarificar se declarou ou não a independência da Catalunha. O líder do Governo regional quer negociar e um tribunal ordenou a detenção de dois líderes independentistas Jordi Sanchez e Jordi Cuixart, acusados de “sedição” por terem tentado impedir a ação da polícia durante o referendo pela independência. Ficaram os dois em prisão preventiva.
Na Irlanda, o furacão Ophelia matou três pessoas e dirige-se agora para a Escócia. As três vítimas foram atingidas por árvores que não resistiram às rajadas de vento.
O FC Porto joga hoje com o Leipzig para a Liga dos campeões. Na equipa alemã há uma estrela portuguesa: Bruma, um diamante que ainda está por lapidar.
O QUE EU ANDO A LER
Open, Andre Agassi
Na
autobiografia do campeão americano que ganhou os quatro torneios do Grand Slam
e foi número 1 do mundo depois de uma queda vertiginosa nos rankings do ténis e
da vida o mais chocante não é ficar a saber que jogou dopado e drogado. Ou que
usou uma peruca quando começou a perder o cabelo loiro oxigenado. Ou mesmo que
chegou a perder jogos de propósito. O facto mais desagradável da obra é saber
que Andre Agassi sempre odiou ténis. Não gosta de jogar, nem de ver. Só teve a
carreira que teve porque o pai o obrigou e porque teve a sorte de apanhar um
bom treinador. E porque gostava mesmo era de ganhar. Ainda vou no princípio do
livro escrito a meias com o jornalista e escritor J. R. Moehringer (vencedor de
um Pulitzer) mas já deu para perceber que se trata de um livro incomum, em que
Agassi mostra uma memória fotográfica sobre detalhes de partidas, humor autodepreciativo,
algum veneno e, sim, muita coragem. Admitir que usou peruca? Tem que se ter
“balls”.
Acusação Operação Marquês, Rosário Teixeira e colaboradores
Acusação Operação Marquês, Rosário Teixeira e colaboradores
Se
fosse um romance, era inverosímil: um primeiro-ministro popular, o único
socialista a ser eleito com maioria absoluta,, aproveita os dois mandatos que
conquistou para juntar uma fortuna de 34 milhões de euros sacados a uma
construtora e ao maior banqueiro do país. Como é uma acusação do Ministério
Público, é no mínimo perturbador. Só temos duas hipóteses: ou os procuradores e
investigadores dedicam-se a inventar suspeitas e a perseguir inocentes porque
não gostam da maneira como vivem ou como pensam ou então tivemos um
primeiro-ministro corrupto que agiu nas barbas de outros governantes, polícia e
jornalistas sem ser notado . Não há um final feliz.
O que ando a ver
Lear, William Shakespeare
A encenação de Bruno Bravo é ousada: o papel principal, o rei Lear, é interpretado por uma mulher, Paula Só (muito boa), e o texto original do bardo inglês é cortado em partes substanciais. Por um lado é positivo porque mesmo assim o espetáculo tem duas horas, mas acabam por faltar algumas partes importantes para compreender totalmente a história. Retive uma frase: “A verdade é um cão escorraçado e a mentira uma cadela que dorme à lareira.” Esteve em cena no Teatro Nacional D Maria II e parte no final do mês em digressão por Vila Real, Sardoal, Portimão e Funchal. Vejam.
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