Mário
Motta, Lisboa
A
irregularidade da publicação de textos no Página Global é causa de não
abrangermos atempadamente muita da atualidade e até da opinião de colaboradores
que esperam demasiado para ver suas palavras expressas no PG. A seu tempo
esperamos poder erradicar daqui a atual e referida irregularidade e voltarmos
ao que éramos, mais assíduos e quase pontuais nas postagens diárias.
Também
por essa incómoda irregularidade temos estado “lavadinhos” sobre algumas
palavras próprias ou compilações acerca da morte de Belmiro de Azevedo e aquilo que rodeou o acontecimento.
Que
fique claro: Belmiro só não era declaradamente um esclavagista por saber que ao
assumi-lo tal não seria politicamente correto. Mas ensaiou várias aproximações
que não podemos esquecer e delas retirar que o homenzinho o que tinha por ideal
completo e perfeito era que trabalhassem de borla para ele e todo o seu staff
de mais do mesmo. Se dúvidas existem na mente de alguém é oportuno recordar que
ainda não há muito tempo ele afirmou que os “ordenados têm de ser baixos para
existir emprego”. Como quem diz que se não recebessem nem um euro pelo seu
trabalho, não haveria desemprego. Por certo que assim sempre haveria uma malga
de arroz e um púcaro de água em algumas pausas, curtas, mas quase regulares. E trabalho para todos não faltaria. Trabalho não remunerado, obviamente. Trabalho 100% escravo, declarado e transparente.
E
é esse o tal “grande homem a quem Portugal deve muito”, como alguns dizem, esse
tal esclavagista que pagava ordenados miseráveis e assim fez aumentar a sua
fortuna. Podre de rico graças ao trabalho e exploração desumana de milhares de
trabalhadores.
DEPUTADOS
OU DEPUTEDOS?
E
não foi que aconteceu o que se pode classificar do cair da máscara (mais uma
vez) de certos e incertos pseudo representantes dos eleitores, conhecidos por
deputados? Pois foi. Imaginem que naquela casa coube um voto de pesar pela
morte do Belmiro Esclavagista (ou perto disso). Nunca vimos que no parlamento
se registassem votos de pesar pelo Manel Pedreiro, nem pelo António Pintor, que
morreram em acidentes de trabalho, caindo de andaimes manhosos que escapam à
fiscalização quase inexistente dos agentes oficiais das condições de trabalho. Nem
votos de pesar pelo Manel que foi “comido” pela máquina de picar carnes ou
outra sua similar. Muito menos pelo Zé da Fossa que morreu soterrado quando
abria uma vala. Nem do estafeta, que bem podia ser da SONAE, que morreu tragicamente
num acidente de viação. Ou o outro que foi atropelado…
Afinal, os deputados – certos e incertos – estão “feitos” com quem? Adulam quem? Os
ricos? Os exploradores? Aqueles a quem, visivelmente, lambem as botas e melhor servem?
A propósito, dá
para perguntar: deputados ou deputedos?
Resta
a todos esses a consolação de que a “obra”
feita e deixada por Belmiro vai continuar e todos os que trabalham no duro e
sujam as mãos continuarão a ser explorados com o aval de certos e incertos políticos
que igualmente são cúmplices do esclavagismo, afirmando com grande prosápia que
não é suportável aumentar os salários (mínimo ou outros) mas que de coluna
vertebral dobrada entregam de mão-beijada milhares de milhões aos banqueiros,
aos tais “grandes empresários” (grandes sacanas), aos que mais têm por dolo e
esbulho de milhões de seres humanos, de portugueses.
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