segunda-feira, 17 de abril de 2017

FOMOS SEMPRE TÃO AMIGOS DOS PRETINHOS


A piedosa fábula do "colonialismo português de rosto humano" é uma falsidade histórica. Ver Marcelo repeti-la no lugar do crime é uma vergonha

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Todo o indígena válido das colónias portuguesas fica sujeito, por esta lei, à obrigação moral e legal de, por meio de trabalho, prover ao seu sustento e de melhorar sucessivamente a sua condição social." Este é o artigo primeiro do Regulamento Geral do Trabalho dos Indígenas nas Colónias Portuguesas, de 1914. O segundo esclarece que o indígena que não trabalhe sem para isso ter motivo "de força maior" será condenado (é mesmo esta a expressão) a trabalho.

É certo que se estabelece que este deve ser pago e nunca "superior às suas forças", mas igualmente se diz que os indígenas não podem despedir-se e que se fugirem serão capturados e castigados - condenados a mais trabalho. E, no artigo 47.º, lê-se: "Pelo facto do contrato celebrado perante a autoridade pública, os patrões recebem os poderes indispensáveis para, quando e enquanto a autoridade o não possa fazer por si própria, assegurarem o cumprimento das obrigações aceites pelos serviçais ou a repressão legítima da falta desse cumprimento. No exercício desse poder ser-lhes-á permitido prender os serviçais que (...) se recusarem a trabalhar (...), [assim como] evitar que cometam faltas e empregar os meios preventivos necessários para os desviar da embriaguez, do jogo, e de quaisquer vícios e maus costumes que lhes possam causar grave dano físico ou moral." Esta "necessidade" é explicada no preâmbulo do decreto: "Preciso é (...) pôr nas mãos dos patrões direitos sem os quais não é possível manter a disciplina." Para tal, é-lhes permitido terem uma milícia nas suas propriedades. E o regulamento específico para Moçambique, do ano anterior, prevê que usem "os meios possíveis" para "melhorar a educação" aos indígenas, "corrigindo-os moderadamente, como se eles fossem menores". Prescreve também o luxo de um dia de repouso semanal, mas para ser gozado no local de trabalho, do qual o "serviçal" só se pode ausentar por quatro horas. Ainda assim, estes regulamentos falam de contratos "livres" e "voluntários" e proíbem grilhetas e algemas - não fosse alguém confundir o regime com o da escravatura.

Portugal. O PROBLEMA NÃO SÃO AS AUTÁRQUICAS, É A CONDUÇÃO POLÍTICA DO PSD


Pacheco Pereira | Sábado | opinião

Quando olhamos para o PSD nos dias de hoje é nas autarquias que ainda sobrevive o PSD de ontem. Muitas vezes sitiado, maltratado, desprezado

Um dos aspectos mais vivos e dinâmicos do PSD sempre foi a sua actuação autárquica. O PSD tem obra em muitas autarquias, tem e teve excelentes autarcas e tem uma cultura de serviço nas autarquias que, no seu conjunto, o tornam um grande partido autárquico. Tem e teve também gente menos honesta, más escolhas e maus autarcas, e erros de gestão, como se passa com o PS. Mas, quando olhamos para o PSD nos dias de hoje é nas autarquias que ainda sobrevive o PSD de ontem. Muitas vezes sitiado, maltratado, desprezado, mas está lá com gente que conseguiu nestes anos do lixo manter uma relação dedicada e socialmente comprometida com os seus fregueses e munícipes. Nunca embarcaram no projecto de engenharia social do "ajustamento" e desconfiaram, e muito, do vezo anti-social de muitas medidas que eles sabiam muito bem vinham mais das ideias do grupo de Passos, do que eram exigidas, como hoje se diz falsificando a história, pela troika e aplicadas a contragosto. Eles também "ajustaram", mas há uma enorme diferença entre o modo como o fizeram, mantendo preocupações sociais que não existiam no Governo PSD-CDS. Resistiram à forte guinada para a direita do PSD. Mantiveram por isso uma relação com as suas terras e as suas gentes que foi rompida no topo do PSD e que cada vez mais divorciado está do comum das pessoas, como se vê consistentemente nas sondagens. 


2. Onde isso não aconteceu foi em Lisboa e no Porto e nas grandes cidades, onde a vida política tem, além de factores locais, elementos nacionais e onde pesa em primeiro lugar o "estado" nacional do PSD. Esta circunstância não era inelutável, mas exigia que houvesse candidatos excepcionais, mobilizadores por si mesmos, alargando o espaço partidário, e com uma relação tida como muito próxima das gentes e dos locais por onde concorrem. Ora, a crise nacional do PSD e o crescente aparelhismo que já vem muito de trás, seca tudo por onde passa e afasta os melhores, estiola as opções e não torna desejável concorrer pelo partido. Há gente muito capaz de ser um excelente candidato por Lisboa ou Porto, com as características de moderação, conhecimento e dedicação pela sua cidade, situados num espaço "central" entre o antigo PSD e o PS que considera que concorrer nos dias de hoje pelo PSD é pestífero. A história do Porto e de Sintra em 2013 é exemplar, com o aparelho do PSD a escolher candidatos pela fidelidade a Passos ou, pior ainda, a por interesses de carreira e ambição, e a abandonar um candidato que seria natural na sua área política como era Rui Moreira. O voluntarismo dos candidatos de Lisboa e do Porto, já que em Sintra o PSD teve que sofrer o vexame de aceitar que concorresse o candidato de 2013 que expulsou, não consegue resolver a ecologia nacional hostil.

MÁRIO CENTENO SUGERE MODELO PORTUGUÊS À EUROPA


Em entrevista a jornal italiano, o ministro das Finanças fala de sucessos económicos e orçamentais sem recorrer apenas à austeridade.

Portugal encontrou uma forma alternativa de enfrentar os problemas económicos e orçamentais sem recorrer apenas à austeridade e esse é um modelo que os outros países europeus podem copiar, defendeu esta segunda-feira Mário Centeno, numa entrevista ao jornal italiano La Repubblica.

Num tom optimista em relação aos últimos desenvolvimentos na economia portuguesa, o ministro das Finanças salientou que "as exportações estão a crescer, a dívida começou a descer e o défice está ao nível mais baixo desde 1974", explicando que tal foi possível porque "os portugueses voltaram a ter confiança no país".

"Fomos capazes de lhes mostrar uma alternativa às políticas seguidas até agora na Europa, provando que os sacrifícios dão fruto", afirmou. Contudo, o ministro fez questão de salientar: "Não se deve classificar a nossa política apenas como anti-austeridade". "Há um pacote de reformas que cobre as receitas e as despesas e que nos permitiu provar uma coisa: condenar o contimento a um destino feito apenas de cortes foi um erro".

Partindo desta avaliação da situação portuguesa, Mário Centeno não teve dúvidas em afirmar ao jornal italiano que a Europa pode olhar para Portugal como "um modelo". "Na Europa, é tempo de olhar para o futuro. E penso que o modelo português — de encontrar uma alternativa sem colocar em causa a estabilidade do sistema — é uma receita que pode ser exportada para o resto do continente".

O ministro das Finanças português tem estado entre os nomes referidos como potenciais substitutos de Jeroem Dijsselbloem no cargo de presidente do Eurogrupo, num cenário em que os equilíbrios políticos e geográficos na zona euro apontam para a necessidade de o escolhido pertencer à família socialista europeia e ser proveniente de um país do Sul da Europa.

Sérgio Aníbal | Público

TIRAR AREIA DA ENGRENAGEM


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Se tomássemos como base de análise das eleições presidenciais francesas e a opinião publicada ao longo dos últimos anos nos grandes meios de comunicação, teríamos de nos surpreender com o panorama político que agora nos é apresentado a duas semanas da primeira volta. O candidato oficial do Partido Socialista francês, Benoît Hamon, surge com menos de 10% nas sondagens. O candidato agregador da restante Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, consegue chegar a terceiro lugar e ultrapassa o candidato da Direita gaulista, François Fillon. Mélenchon é portador de um programa estratégico de rutura política com a austeridade de Hollande, não evitando temas como a necessária reforma política do sistema presidencialista francês esclerosado, ou o confronto com as políticas europeias de austeridade. Não sabemos se conseguirá ultrapassar o "blairismo" vazio, mas abrangente, de Emmanuel Macron ou o protofascismo de Marine Le Pen. No entanto, o seu possível sucesso deve ser analisado com objetividade e tido em conta na busca de soluções políticas democráticas, alternativas ao rumo dominante nos países da União Europeia (UE).

O Partido Socialista francês será mais um partido social-democrata a estilhaçar-se. Veremos, lá para o fim do ano, se o SPD alemão contraria esta tendência e, acima de tudo, com que propostas concretas se apresentará perante o povo alemão e perante os europeus. Mas, seja qual for o resultado das eleições na Alemanha, uma coisa é clara: no atual contexto europeu, as relações de forças existentes inviabilizam mudanças positivas. Não é possível responder positivamente aos anseios dos povos e conseguir desenvolvimento dos países, com a UE mantendo as estruturas e os tratados em que assenta, as prioridades políticas definidas e as práticas de relacionamento interno e externo porque se pauta. É preciso ruturas e que estas privilegiem valores de solidariedade, de paz, de democracia e de soberania dos povos.

Em Portugal, a situação confortável do PS nas sondagens pode criar a ilusão - a muitos dos seus militantes - de que este partido é hoje uma espécie de irredutível aldeia de lusitanos num império de austeridade. Foi acertado e, acima de tudo, muito útil para os portugueses, que o PS tenha seguido o rumo que seguiu, trabalhando com todas as forças de Esquerda a base parlamentar que suporta o seu Governo. O PS tem beneficiado muito dos contributos do BE e do PCP. E será dramático se, face às contradições e negação das propostas da Direita, facilitar um cenário em que estes partidos são a Oposição de ocasião.

F-35 NA EUROPA FACE À AMEAÇA RUSSA? QUE AMEAÇA RUSSA? QUEM QUEREM ENGANAR?




AÇÃO PSICOLÓGICA EM CURSO: EUA APOIAM EUROPA FACE A AMEAÇA RUSSA

Notícia de há pouco dá-nos conta da chegada à Europa de aviões norte-americanos F-15 para “apoiar aliados face à ameaça Russa”. Mas que ameaça russa? Quem querem enganar? Se na realidade existe alguma ameaça para a paz na Europa e no mundo ela vem reiteradamente dos EUA e dos aliados na defesa dos interesses dos do 1% que são donos indevidamente legitimados de 99% dos vários recursos e da riqueza global.

Estão em curso operações sofisticadas para mentalizar os europeus e o mundo de que a Rússia é novamente uma ameaça, o mesmo estão a fazer contra a China em modo mais recente, para só referir as maiores potências que fazem frente aos EUA. Essas operações, de prenúncio da III guerra mundial, que afinal já está em curso, servem somente para dilatar a credibilidade das políticas e ações dos EUA com base nas suas mentiras e conveniências globais. Para agravar a situação temos a mídia na posse de grupos empresariais que demonstram a fidelidade ao Império Maldito que cada vez mais se revela, os EUA. Prova disso encontramos neste título que retiramos do Diário de Notícias, assim como restante texto. A ação psicológica dos ianques está em alta e aplicadíssima. Perigosa. Num vale-tudo impressionante para “fazer” a cabeça dos povos europeus e extender aos restantes povos do mundo. Devia de servir de exemplo a inqualificável mentira dos EUA relativamente às armas químicas do Iraque paras justificar a invasão daquele país… Os povos têm a memória curta, pelo visto. E agora “vêm aí os russos”. Curiosamente são os EUA que fazem e fomentam guerras por todo o mundo. Só não entende quem não vê, não ouve, nem fala disso; quem for cego, surdo, mudo… e vegetal. Saberá mais da “operação do Império Maldito” se continuar a ler. (MM | PG)

O ASQUEROSO LEGADO DE DAVID ROCKFELLER


A morte de David Rockefeller, patriarca de fato do establishment (norte)Americano, aos 101 anos,  fez disparar na mídia corporativista uma cascata de louvores por sua alegada filantropia. Gostaríamos de colaborar para um retrato mais acurado do personagem.

F. William Engdahl, trad: btpsilveira

O século (norte)Americano de Rockefeller

Março de 2017 "Information ClearingHouse"­-em 1939, junto com seus quatro irmãos - Nelson, John D. III, Laurance e Winthrop - David Rockefeller e a Fundação Rockefeller, de propriedade da família, financiaram um grupo ultra secreto de Estudos de Guerra & Paz junto ao Conselho de Relações Exteriores de Nova Iorque, o mais influente grupo privado de think-tank dos Estados Unidos, que também era controlado pelos irmãos Rockefeller.

Uma plêiade de acadêmicos (norte)americanos foi reunida mesmo antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial para planejar um império pós guerra, que o colaborador da Time-Life Henry Luce mais tarde denominou de Século (norte)Americano. Foi elaborado um projeto para arrebatar o império global das mãos dos britânicos já arruinados, mas cuidadosamente, decidiram que não chamariam isso de Império. Em vez disso preferiram usar o chavão "espalhar a democracia, a liberdade e o modo (norte)americano de livre empreendimento".

O projeto analisava o mapa geopolítico do mundo e planejava de que maneira os Estados Unidos poderiam substituir o Império Britânico como potência dominante de fato. A criação das Nações Unidas foi um movimento crucial. Os irmãos Rockefeller doaram a terra em Manhattan para o Quartel General da ONU (e no processo acabaram lucrando bilhões de dólares pela valorização dos terrenos adjacentes, também de propriedade dos irmãos). É o jeitinho Rockefeller de fazer "filantropia". Cada doação promovida é cuidadosamente calculada para aumentar a riqueza e o poder da família.

Após a guerra, David Rockefeller dominou a política externa dos Estados Unidos e as incontáveis guerras na África, América Latina e Ásia. A facção Rockefeller criou a Guerra Fria contra a União Soviética e a OTAN para tornar vassalos do ocidente uma Europa Oriental que revivia. No meu livro, "The Godsof Money" conto em detalhes como eles fizeram isso. Aqui, quero colocar em consideração vários exemplos dos crimes contra a humanidade de David Rockefeller.

CERCA DE 1.500 PRISIONEIROS PALESTINIANOS EM GREVE DE FOME


Israel não tenciona ceder a qualquer exigência dos cerca de 1500 prisioneiros palestinianos em prisões israelitas que ontem começaram uma greve de fome para tentarem obter mais privilégios. O ministro da Segurança Interior, Tzachi Hanegbi, citado pelo diário hebraico "Ha'aretz", foi taxativo: "Os prisioneiros podem não comer por um dia, por uma mês, até morrer à fome, no que me diz respeito".

Os detidos alimentar-se-ão apenas de líquidos, especificou ontem o porta-voz da administração das autoridades penitenciárias Ofer Lefler. Nas prisões de Nafhah e Eshel (Sul de Israel) metade dos detidos fizeram greve, uma ideia que se espalhou a outras entre os 20 locais onde estão detidos cerca de 8000 palestinianos em Israel - destes, 3.880 são considerados um perigo para a segurança do Estado hebraico.

Entretanto, um responsável dos serviços prisionais garantia que nenhum prisioneiro iria morrer de fome, já que iriam ser acompanhados por médicos e, se necessário, seriam alimentados à força. Também foram tomadas disposições de segurança contra possíveis motins, acrescentou à AFP.

"Imediatamente após o início da greve de fome, privámos os detidos de um certo número de privilégios. Os aparelhos eléctricos - nomeadamente televisões e rádios - foram confiscados, foram privados da distribuição de jornais, doces e cigarros, assim como de visitas", dizia um comunicado da administração penitenciária. Os grevistas querem telefones públicos nas alas da prisão, a remoção dos vidros que os separam das visitas e que acabem o que chama buscas corporais "intrusivas".

BOLO DE CHOCOLATE: O NOVO NORMAL DA POLÍTICA EXTERNA DE TRUMP


Pepe Escobar

Eis o comandante em chefe dos EUA a recordar o "belo bolo de chocolate" que comeu com o presidente Xi e explicar o seu passo seguinte em relação à Coreia do Norte:

"Estamos a enviar uma armada. Muito poderosa. Temos submarinos. Muito poderosos. Muito mais poderosos do que o porta-aviões. Posso garantir-lhe".

Como se bombardear a Coreia do Norte, armada com o nuclear, fosse tão fácil como disparar Tomawawks para uma base aérea semi-deserta na Síria. Mas então, aqui está a beleza da caixa de chocolates de política externa:  nunca se sabe o que vai acontecer.

A NATO estava "obsoleta". A seguir "já não está mais obsoleta". A China era uma manipuladora da divisa monetária. A seguir já não é mais manipuladora da divisa. Já não haveria mais aventuras no Médio Oriente. A seguir recua para as posições de Hillary e bombardeia a Síria. A Rússia supunha-se ser um parceiro – basicamente em acordos de petróleo e gás, enquanto a relançada regra kissingeriana do Divida e Domina tentaria descarrilar a parceria estratégia Rússia-China. A seguir a Rússia é má porque apoia o "animal" (sic) Assad. 

Algumas (outras) coisas nunca mudam. O Irão continuará a ser demonizado. A combinação NATO-GCC (Conselho de Cooperação do Golfo) continuará a ser reforçada. A Casa de Saud aterrorizando o Iémen continuará a ser um aliado próximo da GGT (Guerra Global ao Terror).

É como se a máquina totalmente disfuncional da administração Trump se tornasse uma prisioneira do seu dever ininterrupto de justificar os Tomahawks com chocolate do Comandante-em-Chefe acerca de meias voltas e mentiras gritantes, apesar da sua força anterior decorrente da revelação das mentiras e da hipocrisia inerentes ao nexo entre o establishment e o estado profundo dos EUA.

Referendo na Turquia. ALEGADOS RESULTADOS FRAUDULENTOS DÃO MAIS PODERES A ERDOGAN




Sobre o referendo na Turquia foi anunciada a vitória do sim por pouco mais de 1%. Não fosse a constatação da existência de boletins de voto “piratas” e na realidade era possível afirmar com verdade que os eleitores turcos tinham votado no “sim” aos poderes alongados e ditatoriais de Erdogan. Só que existem provas das denúncias referentes a boletins de voto “martelados”. A oposição denunciou o evidente, a fraude, com consistência, apoiada em factos, mas nem assim a imprensa internacional deixou de se prestar a dar por certa a vitória do “sim”. 

Não só o regime de Erdogan manipula como também alguma comunicação social dá cobertura a essa manipulação. O que pode estar em causa é uma fraude eleitoral ao estilo do regime de Erdogan. Sendo assim o resultado da consulta referendária aos eleitores turcos pode ser um “nim” ou um categórico “não” às pretensões ditatoriais erdoganianas. O tempo o dirá mas não é de descartar que tudo fique como está e a fraude seja mesmo vencedora com um “sim” que dará poderes de sagrado ditador a Erdogan. Ao dispor mais notícias se continuar a ler. (PG)

DIA DA TURQUIA. DITADOR PERFILA-SE E AFIRMA-SE DIGNO DESTA UE




Segunda-feira, a abrir o PG com o Curto cafeínado por Ricardo Marques, lá do burgo do tio Balsemão Duracel da Marinha e Bilderberg de la Impresa.

Dia da Turquia, o ditador perfila-se e afirma-se, Erdodan. Digno do ingresso na União Europeia de Merkel, Schauble, Dijsselbloem e outros - que dizendo-se democratas ditam regras apesar de não terem sido eleitos para os cargos que desempenham na cada vez menos democrática Europa do trinta e um de boca dominada pela seita que nos acossa e nos miserabiliza.

Blá-blá-blá…

Adiante. E é mesmo muito adiante. Hoje, o que se segue está isento das nossas considerações. Saibam que há os que vão pensar que “também não se perde nada”. Pois, está bem. Por vezes até concordamos.

Bom dia e bom café… expresso. (MM | PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Ricardo Marques | Expresso

Se é sim, será assim

“Nasce o ideal da nossa consciência da imperfeição da vida. Tantos, portanto, serão os ideais possíveis, quantos forem os modos por que é possível ter a vida por imperfeita. A cada modo de a ter por imperfeita corresponderá, por contraste e semelhança, um conceito de perfeição. É a esse conceito de perfeição que se dá o nome de ideal”

A imperfeição da vida…

Tinha o livro onde está este parágrafo de Fernando Pessoa à minha frente ontem à noite quando surgiram as primeiras notícias de resultados no referendo da Turquia – o primeiro sinal de que algo tinha mesmo mudado. A CNN escrevia que Erdogan acabara de declarar vitória e que a oposição prometia exigir a recontagem dos votos. Eis algo que faria todo o sentido num mundo ideal – mas muito pouco no mundo louco e imperfeito em que vivemos.

Vejamos: Erdogan, o presidente, declarou vitória no referendo que tinha como único objetivo torna-lo uma espécie de sultão dos tempos modernos, uma figura todo-poderosa quase perpétua num país-chave para o equilíbrio geoestratégico mundial. Ou seja, ao enunciar a vitória reclamou para si esse poder total, aniquilando a democracia parlamentar, substituindo-a por um regime presidencial não-laico e esvaziando desde logo qualquer queixa da oposição que pudesse surgir – como surgiu. Em causa está a recontagem de cerca de metade dos votos.

A nova Turquia só entrará em vigor após as presidenciais de 2019, mas a vitoria curta do “sim” no referendo (51,34 vs 48,66) é na verdade um enorme “Sim” a Erdogan.

Ou, de outra forma, se é “sim”, então será assim.

Mais lidas da semana