domingo, 4 de junho de 2017

RECOLONIZAR ÁFRICA, EVOCANDO UM PLANO MARSHALL COM ÁFRICA



Martinho Júnior | Luanda

1- As alterações sócio-políticas em curso na África Ocidental e Central, no rescaldo das intervenções injectadas com as “primaveras árabes” e particularmente em função do caos e terrorismo que se semeou na Líbia desde 2011 e se tem vindo a expandir por todo o Sahel, são um motivo para os da “civilização judaico-cristã ocidental” engendrarem todo o tipo de justificações para aumentar as ingerências em África, numa reedição colonial sem precedentes em pleno século XXI.

África a norte do Equador está sob a linha de mira dos reciclados apetites… a sul dessa linha logo se verá, pois a eternamente apodrecida charneira-circulatória da RDC dá boas garantias para ir mais longe…

O Presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, sobre África não tem qualquer tipo de dúvidas: “I think there is no shortcut to maturity and in my view, Africa should be recolonized for another 100 years because Africans are still under slavery”…

Na Europa o poder da Alemanha, da Grã Bretanha, da França, da Espanha e da Itália têm um ponto de vista comum sobre o “direito a intervir” fundamentado na necessidade de pôr fim à massiva migração africana na sequência das “primaveras árabes”, uma migração que enfrenta os perigos da escravatura e do tráfico humano na Líbia, assim como os riscos da travessia do Mediterrâneo em barcos de ocasião de muito baixo-custo, superlotados e sem condições…

Eles sabem que entre o sul da Europa e a África ultra-periférica, está a África do Norte que sofreu o choque neoliberal por via das “primaveras árabes”, algo a que Marrocos escapou, pois Marrocos já antes estava afectado à terapia neoliberal.

Esse “direito a intervir” que foi parido por Bérnard Kouchner quando constatou a Guerra do Biafra, é um recurso inesgotável por extensão, para a hegemonia unipolar nos termos do capitalismo neoliberal, seja quando se aplica o choque, seja quando se aplica a terapia nos meandros do “soft power”.

Só o facto duma parte dessa migração se afogar no Mediterrâneo, transformado num cemitério, é que tem inibido a chegada à Europa (sobretudo à Itália) de ainda mais desamparados migrantes, quando as correntes migratórias são controladas por todo o tipo de traficantes, que tornam essa numa actividade lucrativa, que é um autêntico crime contra a humanidade.

A evocação do “direito por intervir” por parte dos europeus, fá-los publicitar os contínuos desastres da travessia do Mediterrâneo e quase esconder por completo o papel dos traficantes e é claro que por muitos crimes contra a humanidade que sejam praticados por estes últimos, a Europa trata do seu umbigo e é apenas nesses termos que os africanos existem e ela justifica a sua intervenção!

CONLUIOS | Terrorismo na Grã-Bretanha: O que é que a primeira-ministra sabia?



John Pilger

O indizível na campanha eleitoral britânica é isto. As causas da atrocidade de Manchester – na qual 22 pessoas, jovens na maior parte, foram assassinadas por um jihadista – estão a ser omitidas a fim de proteger segredos da política externa britânica. 

Questões críticas – tais como porque o serviço de segurança MI5 manteve "activos" terroristas em Manchester e porque o governo não advertiu o público da ameaça em seu meio – permanecem sem resposta, desviadas pela promessa de uma "revisão" interna.

O alegado bombista suicida, Salman Abedi, fazia parte de um grupo extremista, o Libyan Islamic Fighting Group (LIFG), que prosperou em Manchester e foi cultivado e utilizado pelo MI5 durante mais de 20 anos.

O LIFG está proscrito na Grã-Bretanha como uma organização terrorista que pretende um "estado islâmico linha dura" na Líbia e "faz parte de um movimento extremista global mais vasto, inspirado pela al Qaida".

Há uma "arma fumegante": quando Theresa May foi secretária do Interior permitiu aos jihadistas da LIFG viajarem desembaraçadamente por toda a Europa e foram encorajados a empenharem-se na "batalha": primeiro para remover Muammar Kadafi da Líbia, a seguir para juntarem-se a grupos filiados à al Qaida na Síria.

No ano passado, o FBI confirmadamente colocou Abedi numa "lista de terroristas a observar" e advertiu o MI5 de que o seu grupo estava à procura de um "alvo político" na Grã-Bretanha. Por que não foi ele detido e a rede em torno dele impedida de planear e executar a atrocidade de 22 de Maio?

Estas questões levantam-se por causa de uma fuga do FBI que demoliu a interpretação do "lobo solitário" apresentada após o ataque de 22 de Maio – daí o pânico e o ultraje não característico de Londres em relação a Washington e as desculpas de Donald Trump.

A atrocidade de Manchester põe em causa a política externa britânica ao revelar a sua aliança faustiana com o Islão extremista, especialmente a seita conhecida como Waabismo ou Salafismo, cujo principal guardião e banqueiro é o reino petrolífero da Arábia Saudita, o maior cliente de armas da Grã-Bretanha.

WIKILEAKS REVELA VERDADE INCONVENIENTE SOBRE “AQUECIMENTO GLOBAL”



O "aquecimento global" — que atualmente está congelando a Europa com temperaturas tão quentes quanto os - 33ºC na Polônia, um novo recorde — é uma invenção, até certo ponto genial, de poderosos grupos de interesse cuja intenção é tomar a riqueza das pessoas produtivas e transferi-la para seus próprios bolsos, tudo em nome de se estar salvando o planeta da total destruição causada pelo CO2 — o mesmo gás que mantém as plantas vivas. 

Os maiores proponentes da farsa aquecimentista são grandes empresas, institutos de pesquisa e ONGs, todas de olho no butim que os governos repassariam alegremente a elas, após tributarem todo o setor produtivo.  É claro que os próprios governos também abiscoitariam parte dessa pilhagem para eles próprios, pois burocratas também precisam comer.  Impor várias formas de restrições e controles, um sonho de todo governo, também é um dos objetivos por trás da agenda do aquecimento global. 

Políticos adoram propagandear o mito do aquecimento global como veículo para sua exaltação pessoal.  Já as burocracias supranacionais, como a ONU, encontram no aquecimento global um maravilhoso veículo para a sua própria expansão. 

Sempre denunciamos esse esquema e, por causa disso, leitores sempre nos atacaram, dizendo que estamos apenas querendo ser polêmicos e posar de radicais.
Pois um recente vazamento do WikiLeaks mostra que é exatamente assim mesmo que a coisa funciona.

Em 2009, o WikiLeaks já havia espalhado gostosamente dejetos no ventilador, vazando os dados do climategate.  Agora, descobriu-se que o governo americano, sob o comando de seu mundialmente ungido presidente, utilizou espiões, mentiu e subornou, tudo para promover a falácia do aquecimento global.  O objetivo de tudo isso? Ora, o de sempre: obter mais poder e riqueza para os estados e seus aliados, tudo à custa de terceiros.

A reportagem — do jornal esquerdista The Guardian — tem trechos bastante interessantes.  De acordo com os dados vazados pelo WikiLeaks, os países que se recusavam a obedecer à agenda aquecimentista ditada pelos EUA eram chantageados.  O país criou uma secreta e ofensiva diplomacia global para esmagar qualquer oposição ao controverso "acordo de Copenhague".  Foram prometidos vários bilhões de dólares para os países subdesenvolvidos que aceitassem obedecer às ordens climáticas.  Consequentemente, países pobres passaram a utilizar essa promessa de ajuda financeira como forma de barganhar apoio político.  Truques contábeis, desconfiança e promessas quebradas tornaram-se essenciais para se vencer qualquer negociação.

Portugal | “SECRETAS” VÃO SER CHEFIADAS POR UM VALENTE-COBARDOLAS MENTIROSO? *



Chefe das secretas "não inspira confiança", acusa Ana Gomes

Eurodeputada do PS justifica apreensão com abandono de Timor-Leste em 1999 após o referendo. José Pereira Gomes responde que isso resultou de ordem expressa do Governo

João Pedro Henriques | Diário de Notícias

A indigitação pelo primeiro-ministro de José Júlio Pereira Gomes para novo secretário-geral do Sistema de Informações da República (SG-SIRP) apanhou a eurodeputada do PS Ana Gomes de surpresa - e deixou-a escandalizada.

Os dois são diplomatas de carreira e, enquanto tal, trabalharam com grande proximidade em 1999, "unidos" pelo referendo que deu a Timor-Leste a independência: Ana Gomes como embaixadora de Portugal em Jacarta; Pereira Gomes no próprio território, como chefe de uma missão portuguesa de observação. Ana Gomes não esqueceu o que se passou. E não perdoa. Ainda para mais porque foi ela quem sugeriu ao então ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, o nome de Pereira Gomes para chefiar aquela missão, dada a experiência que este tinha com militares (foi secretário de Estado da Defesa do ministro António Vitorino).

A eurodeputada assume ao DN, perante a notícia da indigitação de Pereira Gomes para chefe máximo das "secretas", que ficou "muito surpreendida e apreensiva". Isto porque, "não estando em causa o percurso profissional, falta a Pereira Gomes o perfil psicológico". Acrescenta: "Tenho dúvidas de que o embaixador Pereira Gomes tenha capacidade para aguentar situações de grande pressão. Não inspira confiança e autoridade junto dos seus subordinados nos serviços de informações." Ana Gomes diz já ter informado "quem de direito" do porquê da sua "apreensão". Em causa estão factos que em 1999 foram notícia em Portugal, enviados de Timor-Leste por jornalistas portugueses que aí ficaram depois de iniciada a onda de violência com que os anti-independência responderam à vitória do "sim" à independência na consulta popular de 30 de agosto.

Segundo o reportado - e que Ana Gomes reconfirmou ao DN, bem como outras testemunhas -, a missão portuguesa abandonou o território em 9 de setembro, por insistente impulso de Pereira Gomes - e contrariando diretivas diretas do governo português, bem como pedidos da própria Ana Gomes. Fê-lo, ainda para mais, na véspera de chegar ao território uma importante missão de observação do Conselho de Segurança da ONU.

Portugal | O NOVO CHEFE DAS "SECRETAS" ESTÁ A MENTIR



José Júlio Pereira
Numa pequena declaração, José Júlio Pereira Gomes mente duas vezes. E sabendo que há várias testemunhas capazes de deitar por terra as suas palavras. Eu sou uma delas.

Luciano Alvarez | Público | opinião

O Governo nomeou recentemente José Júlio Pereira Gomes, um diplomata de carreira, para secretário-geral do Sistema de Informações da República (SIRP). Ana Gomes veio a público questionar o seu perfil para o cargo e confirmar alguns episódios pouco abonatórios, quando José Júlio Pereira Gomes chefiou a missão portuguesa em Timor que acompanhou o referendo de 1999. O novo secretário-geral do SIRP respondeu mentindo. E mentiu sabendo que há várias testemunhas que podem desdizer as suas palavras.

Ana Gomes, que conhece bem Pereira Gomes, já que foi ela enquanto embaixadora na Indonésia durante o período que levaria ao referendo que sugeriu o seu nome para chefe da missão de observação, mostrou-se mesmo apreensiva em declarações ao Diário de Notíciascom a nomeação do novo secretário-geral do SIRP e questionou o perfil psicológico do homem escolhido pelo primeiro-ministro, António Costa.

Ana Gomes confirma que a missão portuguesa abandonou o território a 9 de Setembro de 1999 por insistência de Pereira Gomes, contrariando directivas do Governo português, então chefiado por António Guterres – e que tinha como ministro dos Negócios Estrangeiros Jaime Gama. E diz que Pereira Gomes o fez na véspera da visita de uma importante missão de observação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, entendendo o Governo português que era importante ter em Díli um representante do país.

Em resposta ao DN, Pereira Gomes afirma isto: "A evacuação de Timor-Leste dos últimos observadores, onde me incluía, resultou de ordem expressa do Governo português; todos os timorenses – e seus familiares – que tinham trabalhado com a nossa missão de observação e connosco se tinham refugiado nas instalações da UNAMET, foram evacuados [retirados] connosco e em virtude da nossa intervenção."

Nesta pequena declaração José Júlio Pereira Gomes mente duas vezes. Mente de uma forma descarada e sabendo que há várias testemunhas capazes de deitar por terra as suas palavras. Eu sou uma delas. Estava lá, assisti a tudo e escrevi sobre o assunto. Reafirmo: José Júlio Pereira Gomes mente quando diz que a saída dos observadores aconteceu por “ordem expressa” do Governo; e mente quando afirma: “Todos os timorenses – e seus familiares – que tinham trabalhado com a nossa missão de observação e connosco se tinham refugiado nas instalações da UNAMET foram evacuados [retirados] connosco e em virtude da nossa intervenção.”

Comecemos pela “ordem expressa” do Governo para a saída. Dizia o PÚBLICO em manchete no dia 10 de Setembro de 1999: “Observadores portugueses saem de Díli contra a vontade de Lisboa.” Na notícia, escrita por mim ainda em Timor na madrugada do dia da evacuação, relato os muitos esforços feitos pelo Governo português junto de Pereira Gomes, nomeadamente de António Guterres, nas 48 horas anteriores, para que a missão ficasse pelo menos até à chegada dos homens do Conselho de Segurança da ONU. Relato ainda discussões entre Pereira Gomes e António Gamito e Francisco Alegre, o diplomata júnior da missão, que sempre insistiu e tudo fez para que a missão não abandonasse Timor.

VERGONHOSO! REVELADA TODA A MÁFIA DESTES SENHORES E COM PORMENORES!





OS PORTUGUESES PRECISAM DE SABER O QUE LHES ESTÁ A DESTRUIR A VIDA!

A rede da maior fraude fiscal e de branqueamento de capitais detetada em Portugal tinha Duarte Lima como cliente e serviu para lavar fortunas de governantes, autarcas, banqueiros, empresários e atletas. Os tentáculos da rede encabeçado pelo suíço Michel Canals chegam a Angola e podem arrastar agora uma advogada e empresária portuguesa de sucesso: quem é Ana Oliveira Bruno e o que é que o Ministério Público sabe sobre ela?

Há uma face delicada, sofisticada e simpática na teia que o suíço Michel Canals teceu desde Genebra para promover uma gigantesca fraude fiscal e lavagem de fortunas que atingirá, numa dimensão sem precedentes, a política, a banca, as empresas e o desporto nacionais. É uma face bonita, de cabelos loiros e olhos azuis, ao mesmo tempo distante e intimista, que esconde uma capacidade de trabalho invulgar e uma dedicação sem fissuras ao clã familiar e profissional. Residente em Cascais, Ana Oliveira Bruno, 49 anos, casada, três filhos, tem o marido a seu lado nos negócios e lidera a sociedade de advogados que leva o seu nome, a partir de um luxuoso andar nas Amoreiras, em Lisboa. Ali gere, apenas com a sua assinatura, uma porção das dezenas de empresas das mais variadas áreas em que dá a cara, com destaque para o imobiliário. (ver lista no final deste texto)

Para uns, ela é a portuguesa em que os angolanos ricos e poderosos mais confiam para administrar os seus investimentos. ara outros, é apenas a patroa do Sol, o semanário que destapou o escândalo do “polvo” suíço. O jornal é detido pela Newshold e a sociedade O Sol é Essencial, onde ela gere e representa, entre outros, os interesses de ilustres e influentes senhores de Luanda, nem sempre detetáveis à vista desarmada.

Os investigadores que coordenam a Operação Monte Branco e desmantelaram, há dias, a rede de Michel Canals têm, no entanto, outros motivos para seguir os passos desta gestora. Quando puxaram o fio à meada terão descoberto, por exemplo, que a advogada era cliente do antigo gestor de fortunas da União de Bancos Suíços (UBS), em representação de investidores angolanos. Encontraram também rasto de uma transferência de dinheiro para uma familiar de Ana Bruno, depois de alegadamente branqueado no estrangeiro através dos esquemas fraudulentos de Canals.

Portugal | CAPACITAR PARA OS DIREITOS



Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

No passado mês de abril, a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado (APICCAPS) e a Federação dos Sindicatos do Setor Têxtil (FESETE) concluíram a negociação do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) para a fileira do calçado, tendo como conteúdo mais relevante a eliminação da discriminação profissional e salarial entre homens e mulheres. Vários órgãos de Comunicação Social noticiaram este importante facto, mas abordando-o apenas conjunturalmente e com quase total ausência de pronunciamento sindical. A dinâmica neoliberal que vivemos e que influencia quase tudo e todos só abre espaço para os sindicatos quando é para os tratar como réus.

O conteúdo geral deste CCT deixa claro o ainda baixo nível salarial de um setor que se tem modernizado e obtido bons lucros. O aumento salarial acordado para a maioria das operárias e dos operários foi de apenas uns poucos euros acima do SMN, contudo tem significado ter sido assumido em negociação. Sabe-se ainda que uma parte das empresas do setor paga mais que o estabelecido no CCT. Estes e outros factos confirmam a necessidade de a negociação coletiva ser retomada com normalidade: disso dependerá um impulso para a melhoria dos salários e das condições de trabalho, também para os trabalhadores mais qualificados de que o setor precisa crescentemente. Os sindicatos reivindicam, estão na luta social do dia a dia, mas também dispõem de notável conhecimento sobre a economia e as realidades das empresas. Esse conhecimento, quando vertido na negociação coletiva, é um ganho para os trabalhadores, para as empresas e para a sociedade.

O processo negocial do setor do calçado tem uma pequena história que merece ser conhecida. Em 2010 a FESETE deu início a um estudo técnico e científico sobre o setor, socorrendo-se de especialistas, do acompanhamento de entidades públicas credenciadas e das orientações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o emprego digno. Nesse estudo, uma das várias dimensões identificadas sobre a situação do setor e do emprego nele existente foi a (chocante) discriminação de género entre categorias profissionais compostas maioritariamente por mulheres ou por homens. Aconteceu, entretanto, que entre 2012 e final de 2014 - muito em decorrência da intervenção da troica e do Governo PSD/CDS - a contratação coletiva esteve congelada. Só em 2015 iniciaram o processo negocial, tendo a FESETE aproveitado para dar enfoque àquela discriminação. As negociações desenvolveram-se lentamente, mas terminaram em acordo.

Há ilações importantes a retirar desta negociação. Primeiro, a igualdade remuneratória é um direito consagrado na lei, na Constituição da República, nas convenções e normas da OIT, contudo a sua efetivação, como a de outros direitos, só acontece quando há representação coletiva e mediação com capacidade para dar forte evidência às violações que se observam.

Segundo, as pessoas para acederem a muitos dos seus direitos precisam de, nomeadamente, ter conhecimento consciente deles, precisam muitas vezes de meios materiais, precisam de dispor de quem, com força coletiva, os reivindique junto dos poderes que têm a responsabilidade de os garantir. No trabalho, a relação individual trabalhador/patrão é desequilibrada; é imprescindível a organização dos trabalhadores e o exercício da negociação coletiva.

Terceiro, o Estado é garante dos direitos dos cidadãos e tem a obrigação de utilizar com eficácia os instrumentos de que dispõe para os efetivar, porém, ou as pessoas se organizam e constroem fortes atores coletivos e processos de mediação com o Estado, forçando-o ao exercício do seu papel, ou jamais o Estado é cumpridor.

Quarto, há recursos financeiros e outros que o Estado gere, existem meios técnicos e científicos nas universidades e centros de investigação, há capacidades, conhecimentos e práticas de representação coletiva que, se utilizados de forma articulada, podem melhorar muito a efetivação dos direitos das pessoas.

Valoriza-se muito as colaborações entre as universidades e as empresas, mas as áreas do trabalho, do emprego, da proteção e segurança social, da saúde e de outras políticas sociais precisam tanto ou mais dessa colaboração.

* Investigador e professor universitário

CGTP ontem | Que se substitua "bicicleta por uma mota" para país crescer mais depressa


O secretário-geral da CGTP defendeu hoje que é preciso dar centralidade ao trabalho e aos trabalhadores para o país se desenvolver, sugerindo que o primeiro-ministro substitua "a bicicleta por uma mota" para o país crescer mais depressa.

Em declarações aos jornalistas, em Lisboa, antes de começar a manifestação da plataforma sindical, Arménio Carlos defendeu que a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) tem de estar centrada nos trabalhadores e afirmou que a sua preocupação é o Orçamento de Estado para 2018.

Nessa matéria, Arménio Carlos afirmou que a contratação coletiva é "uma questão inevitável" a ser discutida no próximo Orçamento de Estado, acusando as confederações patronais de quererem usar a caducidade da contratação coletiva para destruir os direitos dos trabalhadores.

"Não basta dizer que se muda, é preciso mudar", sustentou o secretário-geral da CGTP.

Outra das matérias que Arménio Carlos quer ver alteradas é a "legislação laboral do tempo da 'troika'", apontando que, apesar do país estar numa situação mais favorável, o Governo tem de alterar a atual legislação laboral de modo a ir mais ao encontro dos direitos dos trabalhadores.

Negou, por outro lado, que a manifestação de hoje seja uma "prova de vida" da confederação de trabalhadores, justificando que ainda há questões pelas quais os trabalhadores têm de lutar.

"Se os trabalhadores não se manifestarem connosco corremos o risco de o Governo se deixar ficar à sombra dos resultados que tem obtido", disse Arménio Carlos.

O dirigente sindical aproveitou ainda para deixar um recado a António Costa - que há uma semana comparou a economia a uma bicicleta que é "necessário continuar a pedalar" para que não pare - sugerindo ao primeiro-ministro que, em vez de uma bicicleta, se use uma motorizada para conseguir fazer o país crescer ainda mais depressa.

Milhares de pessoas participam na manifestação da CGTP que, cerca das 15:30, começou a abandonar a Rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, em direção aos Restauradores.

Lusa | Notícias ao Minuto

Festa é Festa | Mais de 1.600 quilos de carne e 800 pães servidos em almoço com Marcelo



Mais de 1.600 quilogramas de carne e 800 pães serão servidos na segunda-feira, Dia dos Açores, num almoço oferecido ao Presidente da República, na ilha do Faial, e que é gratuito para todos que se queiram associar.

O prato principal do almoço são as tradicionais sopas em honra do Divino Espírito Santo (culto religioso enraizado no arquipélago e que se comemora nesta altura do ano), que serão confecionadas por cerca de 50 elementos, de várias freguesias da ilha, contratado para servir a comitiva de Marcelo Rebelo de Sousa, durante esta visita ao Faial, integrada na deslocação de seis dias ao arquipélago que decorre desde quinta-feira.

"Foi-nos pedido para fazer sopas para, aproximadamente, duas mil pessoas, e o que nos disseram é que seria aberto à população em geral, por isso, temos de ter carne em quantidade para que não haja falhas", explicou à agência Lusa, José Emídio, um dos coordenadores do grupo de cozinheiros que está a preparar o almoço.

Segundo explicou o coordenador, serão servidas nestas sopas mais de 1.600 quilogramas de carne, que resultam do abate de cinco novilhos, e ainda 800 pães grandes e 150 quilogramas de massa sovada (um pão doce que acompanha as sopas) e como sobremesa, o tradicional arroz doce.

VICE REI DOS AÇORES



Tomás Quental | AICL* | opinião

Representante da República: faltou a experiência do desempenho por um açoriano ou açoriana

Continua na ordem do dia a questão da extinção ou não do cargo de Representante da República para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

O cargo de Representante da República – uma designação feia e infeliz! – pode acabar, mas certamente não serão extintas algumas das suas funções. Por exemplo, a competência de promulgação de leis regionais passará para quem? Para o Presidente da República? É uma questão importante e ainda não definida.

A institucionalização do cargo, primeiro, de Ministro da República e, depois, de Representante da República teve, pelo menos, o mérito da preservação de dois importantes e históricos edifícios: o Solar da Madre de Deus, em Angra do Heroísmo, e o Convento de Belém, em Ponta Delgada.

Se o cargo for extinto, o Solar e o Convento devem passar para a posse da Região Autónoma dos Açores, que tem a obrigação de os manter e de lhes dar uma utilidade digna e proveitosa.

Por último, eu diria que só foi pena que a função de Ministro ou de Representante da República nunca tenha sido desempenhada por um açoriano ou açoriana – e personalidades de vários quadrantes ou independentes com perfil para isso nunca faltaram! -, o que tornou o cargo mais incompreendido, até porque, por exemplo, nas províncias canadianas, que gozam de autonomia política, existe também um representante institucional do poder central.

Extinção ou não do cargo de Representante da República? O debate continua, mas é uma matéria que exige ponderação e seriedade na análise, sem complexos políticos mas também sem oportunismos políticos

AICL lusofonias.net | Foto Miguel A. Lopes / Lusa

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