domingo, 9 de julho de 2017

Portugal | TIRO AO ALVO



Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Qual será a génese comum de acontecimentos, que permite a alguns políticos e comentadores afirmar que Pedrógão e Tancos "ficarão ligados para sempre"? Por que razão a Direita e os formadores da agenda mediática desencadearam um processo de tiro ao alvo, situando os problemas quase só nas responsabilidades políticas individuais, como a grande questão política com que os portugueses se devem ocupar?

O país vive uma crise política? Ou será que a Direita e certos paladinos dos compromissos do velho "arco da governação" têm força suficiente para resumir a política a exercícios de desestabilização do Governo, impedindo o debate aberto e a construção de respostas aos problemas concretos com que os portugueses se deparam no dia a dia e aos bloqueios que impedem o desenvolvimento da sociedade?

A tragédia de Pedrógão Grande e o gravíssimo desaparecimento de armas de Tancos, ocorreram num mesmo período temporal, trouxeram à superfície fragilidades múltiplas, inclusive algumas relacionadas com "o estado do Estado", profundamente debilitado ao longo do tempo pelo "arco da governação", quantas vezes para dar espaço a negócios desastrosos e promíscuos. Destruíram-se estruturas e organizações na administração central e local a pretexto do seu envelhecimento, custo e desadequação, sem se criarem outras mais eficazes. Quando a ênfase no individual e o ataque ao coletivo são o pão nosso de cada dia, quando os trabalhadores do Estado são desvalorizados ou achincalhados, gera-se desleixo e desresponsabilização. As políticas de austeridade aprofundaram o rumo de degradação e inculcaram práticas de autolimitação, gerando uma espécie de irracionalidade automática nas opções de muitos decisores quanto às prioridades de investimento.

ARCO DA (DES)GOVERNAÇÃO | PCP critica políticas que degradaram "funções do Estado"



O secretário-geral do PCP acusou este sábado o PS, PSD e CDS-PP de terem conduzido políticas de "desastre nacional" com o discurso de que era preciso acabar com as "gorduras do Estado".

Intervindo num almoço da candidatura autárquica a Vila Franca de Xira, Jerónimo de Sousa criticou as "políticas desastrosas" que ao longo dos anos promoveram "o desmantelamento da administração pública e degradou todas as funções do Estado, incluindo as funções de soberania, incluindo a segurança e a defesa com as consequências também agora em Tancos e o roubo de material de guerra".

"Como é que foi possível, perguntam. Foram políticas conduzidas por sucessivos governos do PS, PSD e CDS e que tiveram no Governo anterior do PSD/CDS e no seu discurso sobre as 'gorduras do Estado' o mais acabado exemplo dessa política de desastre nacional", acusou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral comunista centrou depois as críticas nos líderes atuais do PSD e do CDS-PP, afirmando que tais políticas foram conduzidas pelos "mesmos que agora proclamam aos sete ventos, como o fazem Passos e [Assunção] Cristas, que o Estado falhou". "Eles que mandaram a pedra e agora escondem a mão", acusou.

Para o secretário-geral do PCP, "não foi o Estado que falhou", foi quem em seu nome "decidiu políticas contrárias ao interesse nacional", a "política de direita" que "Passos, [Paulo] Portas e Cristas, sua ministra da Agricultura, aplicaram também com tanto zelo e em relação à qual o Governo do PS tem dificuldades de se descolar".

"A política do cortar em série e de guerra aos trabalhadores da Administração Pública, à justiça, às forças de segurança, aos militares. A política do saem dois e não entra nenhum, a política de centralização que liquidou estruturas necessárias à orientação da floresta", disse.

Segundo Jerónimo de Sousa "há responsabilidades outras a apurar" mas "nem Passos, nem Cristas, nem a política de direita de anos e anos podem passar impunes desta situação e do apuramento das suas responsabilidades". "Não acusem, admitam que podem ser responsabilizados por aquilo que fizeram no Governo", disse, aplaudido pelos militantes comunistas e apoiantes da CDU.

Lusa | em TSF

CABO VERDE | O Sr. Presidente da República e a “Não – Justiça”



Amadeu Oliveira | Expresso das Ilhas | opinião

Em Memória do Presidente Dr. António Mascarenhas Monteiro”

Por imperativo constitucional, em Cabo Verde, quem manda e desmanda na Justiça não é o Governo, nem o Presidente da República, nem a Assembleia Nacional mas sim o Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ).

Tal órgão é composto por 9 (nove) elementos e o seu presidente deve ser nomeado pelo Presidente da República mediante proposta dos demais membros desse mesmo Conselho. É necessário realçar que o presidente do CSMJ deve ser, obrigatoriamente, um Magistrado Judicial, pelo que as possibilidades de escolha por parte do Senhor Presidente da República são muito limitadas, já que têm de se cingir aos Magistrados Judiciais que sejam já parte do mesmo CSMJ.

Depois de nomear o Presidente do CSMJ, lamentavelmente, nem o Presidente da República, nem os demais órgãos de soberania, possuem mais qualquer possibilidade de seguimento e avaliação do funcionamento do CSMJ que, doravante, passará a actuar livremente, sem rei, nem lei (fazendo pouco da lei).

Perante a falta de trabalho, ausência de resultados ou mesmo falhas de honestidade no seio do CSMJ, nenhum órgão de soberania dispõe de instrumentos legais, eficazes e eficientes para avaliar ou corrigir os eventuais abusos ou desvios reinante nesse órgão.

Ora, tal configuração constitucional, decorre de uma errada interpretação do princípio da Separação de Poderes segunda a qual “cada macaco deve ficar no seu galho”, no que se refere aos órgãos de soberania, a saber: (i) – Assembleia Nacional (Poder Legislativo), (ii) Governo (Poder Executivo) e (iii) Tribunais e CSMJ (Poder Judicial), sendo certo que nos Regimes Semi-Presidencialista ou Parlamentar-Mitigado (como é o caso de Cabo Verde), a figura do Presidente da República surge como o fiel da balança entre esses vários poderes;

Dentro deste quadro constitucional, ultimamente (já tarde demais) Sua Excelência o Senhor Presidente da República tem esboçado algumas iniciativas para tentar se inteirar dos graves, malignos e tenebrosos desvios de poder dentro do sistema judicial, nomeadamente, promovendo a auscultação de várias entidades relacionadas com o sector da justiça, visando uma escolha criteriosa do novo Presidente do CSMJ;

Vai daí que, através de um artigo de opinião intitulado de “Mais Atenção À Separação de Poderes”, publicado na página 14 do jornal Expresso das Ilhas, Nº 807, de 17 de Maio último, o Dr. Humberto Cardoso resolveu insurgir-se contra o Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Carlos Fonseca, porque, supostamente, o mais alto Magistrado da Nação terá andado a violar o princípio da Separação de Poderes, só pelo facto do Presidente da República ter esboçado uma vaga pretensão de seguimento e avaliação acerca do funcionamento do CSMJ.

Cabo Verde | 42 ANOS DE INDEPENDÊNCIA E A FALTAR MUITO PARA CUMPRIR A DESCENTRALIZAÇÃO





Foi no recém passado dia 5, quarta-feira, que os caboverdianos comemoraram 42 anos de independência. Festejaram a efeméride com a importância que merece. Tal não impediu que apontassem ao governo o muito que falta fazer, a descentralização é uma das tarefas que tarda ser cumprida após a independência. Por isso mesmo houve populações que se manifestaram a favor da descentralização. Principalmente nas ilhas de São Vicente e de São Nicolau as populações não perderam a oportunidade para exigir ao governo o cumprimento de promessas que desde a independência todos os partidos e governos eleitos fazem mas que demoram a cumprir. Para documentar recorremos à Deutsche Welle, numa reportagem de Nélio dos Santos. (PG)

Cabo-verdianos reclamam maior descentralização em Dia da Independência

Em São Vicente, reinvindicou-se uma "distribuição mais criteriosa dos recursos”. Em São Nicolau, quis-se alertar o Governo para a deficiente ligação marítima e aérea de e para a ilha e para o desemprego jovem.

Milhares de pessoas participaram esta quarta-feira (05.07) numa manifestação cívica no Mindelo (ilha de S.Vicente) que durou cerca de uma hora e meia. Sob o lema "Estamos cansados de ser ignorados, basta!", a manifestação decorreu em ambiente de muita festa. Os participantes percorreram várias artérias da cidade, sem quaisquer incidentes, empunhando cartazes com palavras de ordem como "basta de centralismo”, "distribuição mais criteriosa dos recursos” e reivindicando autonomia.

A ideia da manifestação surgiu por iniciativa do movimento Sokols (uma organização de massa juvenil fundada em S. Vicente), cujo atual mentor, Salvador Mascarenhas, lançou o desafio através da sua página na rede social Facebook. Em declarações à Rádio de Cabo Verde, Mascarenhas explicou que "o que se passa no país é que os partidos políticos têm estado a não responder aos anseios da população”. Para Salvador Mascarenhas, "o Governo tem de agir consoante as vontades populares”, no entanto, o que tem acontecido tem "sido exatamente o contrário”.

Embaixada de Portugal em Bissau promove curso de alfabetização de militares guineenses



Fábio Sousa, adido para cooperação e José Morgado, adido da Defesa, indicaram que o curso visa capacitar, durante seis meses, 715 militares dos aquartelamentos de Bissau, Bafatá, Gabú, Ingoré, Bula, Mansoa, Quebo e Buba.

As aulas serão intensivas, durante uma hora e meia todos os dias, precisou Fábio Sousa, também responsável na Guiné-Bissau pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.

Já o coronel José Morgado, explicou que o curso tem como finalidade ajudar os militares guineenses a melhorarem na componente de produção de documentos e do uso da própria língua portuguesa.

De concreto a iniciativa visa "cobrir as lacunas" ao nível da alfabetização, interpretação de textos em português e produção de documentos militares, acrescentou o adido da Defesa junto à embaixada de Portugal na Guiné-Bissau.

Para ministrar o curso, os promotores da iniciativa lançaram um anúncio público para a contratação, em regime de prestação temporária de serviços, de 11 alfabetizadores e 16 professores de língua portuguesa.

A seguir, serão feitos testes de nível e de conhecimento em língua portuguesa, para determinar a composição das turmas dos formandos.

O projeto que tem como objetivo, contribuir para a consolidação da missão republicana das Forças Armadas guineenses, foi iniciado em 2016, contando, além da embaixada de Portugal, com o Ministério da Defesa e o Estado-Maior General, precisou ainda Fábio Sousa.

MB // EL // Lusa

Portugal aguarda por "medida de boa vontade" da Guiné-Bissau relativa a suspensão da RTP e RDP



Portugal aguarda por uma "medida de boa vontade" da Guiné-Bissau relativamente à suspensão da RTP-África e RDP-África, que só pode ser a reposição do sinal, anunciou hoje em Lisboa o primeiro-ministro em funções e chefe da diplomacia portuguesa.

Augusto Santos Silva, que falava aos jornalistas à margem da apresentação de um livro, em Lisboa, salientou que além da reposição do sinal, as autoridades guineenses têm de "respeitar a autonomia" daquelas estações.

"É evidente que é preciso uma medida de boa vontade da parte das autoridades guineenses e essa medida só pode ser respeitar a autonomia das estações da RTP-África e RDP-África e repor-lhes o sinal", disse Augusto Santos Silva.

Lusa

GUINÉ-BISSAU: O PAÍS ONDE NENHUM PRESIDENTE TERMINOU O MANDATO



Em 43 anos de independência a Guiné-Bissau já conheceu 11 presidentes da república, sendo 3 deles assassinados quando ainda ocupavam o cargo. As forças armadas guineenses foram sempre o elemento desestabilizador e os assassinos dos presidentes durante o desempenho no cargo.

As contas e resumos são da autoria de Raquel Loureiro, em Deutsche Welle, as fotos complementam os resumos no original. Resumos que trazemos aqui ao PG sem as fotografias. mas que podem ver AQUI.

Enquanto uma elite militar se impunha, até com ações de assassínios, o povo guineense sofria. Nos últimos anos as forças armadas guineenses não mostram sinais visíveis de se intrometerem na política, pelo menos com golpes de estado, mas em sua substituição, existem atualmente, e desde os últimos anos de presidência de José Mário Vaz, fortes divergências que mantém o sofrimento dos guineenses sustentado. Prevalece a miséria enquanto uns quantos das elites política, militar, económica, etc., saqueia o que pertence de pleno direito ao povo guineense. 

A contatação de inutilidade da intervenção da comunidade internacional para a contribuição da estabilidade no país cai sempre por terra e quando atinge níveis astronómicos dessa mesma inutilidade todos acabam por desistir e abandonar à sua má sorte e às suas más elites o povo guineense. 

Este não era o objetivo dos que desafiaram e enfrentaram o colonialismo português durante cerca de 14 anos. Luís Cabral, o fundador da luta de libertação do colonialismo, fundador do PAIGC, estará há anos e certamente neste momento às voltas na sua tumba e a perguntar onde estão as pessoas, os militares e políticos de bem na Guiné-Bissau. (PG)

43 ANOS, 11 PRESIDENTES DA REPÚBLICA (3 ASSASSINADOS), MUITOS GOLPES DE ESTADO

Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.

João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.

Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.

Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.

Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.

Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.

Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.

Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.

Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.

Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.
Autoria: Raquel Loureiro

José Mário Vaz - atual PR
Desde 23 de Junho de 2014 é presidente da Guiné-Bissau. Um presidente truculento que é bastante contestado nas disposições inconstitucionais que alegadamente a oposição contesta. Demitiu um governo eleito que não era de seu agrado e colocou no seu lugar um governo de iniciativa presidencial que não colhe apoio das forças políticas eleitas e representadas na Assembleia Nacional Popular. Subsiste a instabilidade. Fala-se presentemente (2017) em eleições presidenciais antecipadas. Talvez até eleições-gerais que incluem presidenciais e legislativas.

Página Global com Deutsche Welle

PRESTIDIGITAÇÃO | Contas da Sonangol são "mágicas", diz analista



Para Rui Verde, os resultados positivos apresentados, recentemente, pela Sonangol são apenas um golpe de marketing. Os resultados líquidos da empresa estatal angolana diminuíram 360% de 2015 para 2016, diz.

A petrolífera estatal angolana Sonangol apresentou, esta semana, os resultados referentes a 2016. Segundo a presidente do Conselho de Administração da empresa, Isabel dos Santos, a petrolífera cresceu 36% no ano passado, apesar da crise. Mas, em entrevista à DW África, o jurista português Rui Verde, afirma que as conclusões apresentadas são apenas um golpe de marketing.

DW África: Porque é que diz que estas contas da Sonangol são contas mágicas?

Rui Verde (RV): São mágicas na forma em que foram apresentadas: como um grande sucesso quando, na realidade, os únicos números positivos estão nos resultados operacionais. Os resultados líquidos que, ao fim do dia, é o que o Estado leva para casa, são extremamente negativos em relação ao ano anterior. Há uma espécie de marketing a querer transmitir que as contas são muito boas quando, na realidade, não são.

DW África: Num artigo no portal Maka Angola, fala em falta de transparência e em algumas reservas dos auditores quanto às relações entre o Estado e a Sonangol. O que é que está aqui em causa?

RV: Os auditores são muito cautelosos e as contas têm algumas reservas importantes. São aspectos que os auditores não confirmam. Um dos temas mais importantes é a transferência de dinheiro entre o Estado e a Sonangol. Há muitos e muitos milhões de dólares que andam do Estado para a Sonangol e vice-versa e ninguém sabe explicar porque é que andam, não há documentos justificativos, não há certezas dos montantes, não há nada.

DW África: Por um lado, a Sonangol apresenta contas positivas, mas, ao mesmo tempo, diz, por exemplo, que a  construção da refinaria do Lobito, em Benguela, vai continuar parada em 2017, devido à quebra do preço do petróleo no mercado internacional. Em que é que ficamos?

RV: Pois, esse é o grande problema. De facto, as contas são negativas e a Sonangol não tem dinheiro para fazer investimentos. Basicamente é isto: há falta de dinheiro. Apesar das habilidades contabilísticas e do marketing, no final, a questão é esta. Não há dinheiro e a Sonangol não está a gerar os proventos que deveria gerar. Os resultados líquidos – o dinheiro que a empresa tem no fim para investir, para fazer o que quiser – diminuíram 360% de 2015 para 2016.

DW África: Pode exemplificar estas "habilidades contabilísticas” que menciona?

RV: O que tivemos foi o aumento do perímetro de consolidação das contas. Basicamente, puseram mais ativos para se considerar na contabilidade da Sonangol. Mas o essencial nem é bem uma habilidade contabilística. O essencial é que os resultados de uma empresa têm vários itens: os resultados operacionais, os resultados financeiros e os resultados líquidos que, no fim, são aqueles que interessam. Quando se fez a divulgação das contas da Sonangol foram apresentados apenas os resultados operacionais - que estão melhores, devido à ligeira subida do preço do petróleo no segundo semestre de 2016 – e esqueceram-se de falar dos resultados líquidos, que estão muito piores. As coisas até estão lá nas contas, é preciso é saber lê-las e ver que a situação está a deteriorar-se. As eventuais melhorias resultam diretamente das oscilações do preço do petróleo.

DW África: Diz também que as contas da Sonangol são uma encenação para efeitos de propaganda eleitoral.

RV: Não são bem as contas, é a forma como as contas são apresentadas.

DW África: E depois das eleições? O que é que se espera?

RV: Temos um problema. Temos um problema muito grande. Obviamente, a Sonangol é quem dá ou não dinheiro ao Estado. Depois das eleições, o Estado vai continuar a não ter dinheiro. Podem agora, como se sabe, aumentar os ordenados, estão a fazer promessas, mas, na realidade, depois de agosto, não vai haver dinheiro. Em setembro, os cofres de Angola vão estar vazios. Portanto, aí, acaba-se o marketing.

Maria João Pinto | Deutsche Welle

Angola | USURPAÇÃO DA PRESIDÊNCIA



Um Despacho Presidencial, com o n.º 147/17, datado de 26 de Junho e apenas divulgado na semana passada. No documento, José Eduardo dos Santos, o ainda presidente de Angola, determinou que o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior «Kopelipa», ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, passa a “responder pelos assuntos do Gabinete do Vice-Presidente da República enquanto durar a ausência daquela entidade”.

Sedrick de Carvalho *

A entidade é Manuel Vicente, que, segundo o despacho, anda ausente do país numa visita privada mas temporária. Não é a primeira vez que o vice-presidente sai por razões pessoais, e nas outras vezes não houve justificação presidencial, muito menos se procedeu a uma ocupação directa do segundo posto presidencial.

O artigo 130.º da Constituição da República de Angola (CRA) estabelece as situações em que ocorre a vacatura, e a ausência em “visita privada temporária” não é um dos motivos, o que claramente não se pode evocar esse artigo.

No número 1 do artigo seguinte explicita que “o Vice-Presidente é um órgão auxiliar do Presidente da República no exercício da função executiva”. Entretanto, Manuel Vicente foi eleito, pelo menos formalmente, e não nomeado para o governo por José Eduardo, outro formalmente eleito e ambos num processo de simulação.

ELEIÇÕES EM ANGOLA COM OBSERVADORES “CEGOS” | E DEPOIS A DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA?



A OUTRA (FARSA). OBSERVADORES NACIONAIS  E INTERNACIONAIS  VÃO  OBSERVAR  O QUÊ?  


Fernando Vumby | opinião

Por aquilo que conheço do MPLA  quero mesmo acreditar que á esta altura todos os esquemas já foram montados para criar dificuldades de observação e avaliação imparcial do processo eleitoral ate mesmo aos observadores indicados por eles próprios para jogarem no seguro, pois eles sabem que o mínimo descuido já eram.

Em Angola com o MPLA no poder, o voto é uma ilusão, observadores é a outra pimpa, pois tudo acaba manipulado  pelas empresas contratadas pelo regime pagos á preço de ouro das quais os observadores não terão possibilidades nenhumas para analisar todo o sistema  electrónico utilizado para a contagem e manipulação dos votos.

Há regras  e código de conduta para observadores que mesmo facilitando as  batotas os observadores são  forçados a respeitar  porque se diz , por respeito a soberania angolana  exemplo concreto se ate uma  CNE (Comissão Nacional Eleitoral)  que é ás vistas de qualquer angolano de bem a pior farsa nacional ainda assim os observadores estarão submissos a ela.

A importância de observadores internacionais seria vista de outra maneira  se estivéssemos perante eleições democráticas genuínas como expressão de soberania que pertence ao povo de um país e a livre expressão da sua vontade constituísse a base da autoridade e legitimidade do governo.

O  que não é o caso de Angola onde todas as eleições sempre foram uma autentica farsa, batota e  onde as palavras de um ladrão, sujo e corrupto (JES) vira lei para uns aplaudirem se orgulhando em estarem ao serviço da bajulação, enquanto outros  se limitando  gritando dias e noites  nos microfones  denunciando repetidamente  aquilo que a nação inteira já sabe, por falta de coragem  para  cuspirem  no rosto dos criminosos que (des) governam o país.

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