Nomeado secretário de Estado
nesta terça-feira (13), Mike Pompeo vem de uma temporada de um ano à frente da
CIA (a Agência Central de Inteligência americana), onde ganhou a confiança de
Donald Trump ao manter o presidente informado sobre os assuntos de segurança
nacional, sempre se atendo aos limites politicamente esperados por seu chefe.
Pompeo, que assume no lugar de
Rex Tillerson, traz a disciplina de alguém que se destacou em West Point - a
prestigiosa Academia Militar americana -, além das manhas políticas de um
ex-membro da Câmara de Representantes (2011-2017), onde serviu no polêmico
Comitê de Inteligência.
Como diretor da CIA, cortou
caminho até o círculo mais estreito de Trump, entregando pessoalmente muitos
dos cruciais briefings diários de Inteligência no Salão Oval.
Ele ressoa a linha-dura de Trump
contra o Irã e a Coreia do Norte e, para ficar em bons termos com o presidente,
Pompeo também evitou contradizer diretamente a insistência de Trump de que a
Rússia não trabalhou para apoiar sua eleição em 2016 - ainda que esta tenha
sido a conclusão da CIA.
"Com Mike Pompeo, temos um
processo de pensamento muito similar", disse Trump nesta terça.
Carreira meteórica
Pompeo, de 54 anos, tem uma
carreira meteórica que se apoiou, em grande parte, em oportunidades políticas
que acabaram por levá-lo a Trump.
Nascido e criado no sul da
Califórnia, ele se formou na Academia Militar de West Point, onde foi um dos
mais brilhantes de sua turma, em 1986, especializando-se em Engenharia.
Serviu no Exército por cinco anos
- nunca em combate - e então seguiu para a Harvard Law School.
Mais tarde fundou uma empresa de
Engenharia em Wichita, no Kansas, que contou com o apoio financeiro dos
conservadores irmãos Koch, os bilionários da indústria do petróleo e poderosos
doadores do Partido Republicano.
Os irmãos Koch apoiaram sua
primeira disputa ao Congresso em 2010, e seu projeto ligado à energia promovido
em seus primeiros anos na Casa eram vistos com bons olhos por eles.
Pompeo rapidamente chegou ao
Comitê de Inteligência da Câmara, onde, como um supervisor da CIA e de outras
agências, esteve a par dos segredos mais profundos do país.
Ganhou notoriedade no Comitê
especial formado pelo republicanos para investigar a morte, em 2012, do
embaixador Christopher Stevens e de outros três americanos mortos em Benghazi,
na Líbia.
O episódio fez dele a voz de
liderança contra a rival de Trump, a democrata Hillary Clinton. Como secretária
de Estado, ela foi responsabilizada pelos republicanos pelas mortes ocorridas
no ataque ao consulado dos EUA.
Uma CIA 'cruel'
Como diretor da CIA, Pompeo
conseguiu "casar" o tom da agência com o dos pronunciamentos de
Política Externa de Trump.
"A CIA - para ser
bem-sucedida - precisa ser agressiva, cruel, impiedosa, implacável",
declarou.
Ele brincou sobre a morte do
líder norte-coreano, Kim Jong-un, o que levantou temores de um retorno a uma
tendência da CIA a apoiar assassinatos de ditadores desfavoráveis aos EUA.
Ganhou a confiança de Trump nos
briefings diários de segurança nacional, adaptando-se à aversão do presidente
aos longos relatórios. Sua equipe passou a apresentar gráficos simples sobre os
riscos globais e as ameaças aos Estados Unidos.
Pressionado em público, disse
apoiar o relatório de janeiro de 2017 elaborado pela cúpula da comunidade de
Inteligência, que concluiu que a Rússia interveio na corrida presidencial de
2016 nos EUA, em um esforço para ajudar Trump a derrotar Hillary.
Ao mesmo tempo, mostrou-se
tolerante com os duros ataques do presidente à CIA, quando este acusou os informes
de "fake news" e de viés político.
AFP
Foto: Mike Pompeo é o novo
secretário de Estado americano | AFP/Arquivos / SAUL LOEB
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