Semanalmente, ao sábado, no
Expresso, o Presidente Marcelo, por interpostos porta-vozes raramente
identificados mas citados em discurso directo, dá a conhecer aos portugueses
as tácticas e estratégias que tenciona levar a cabo no futuro próximo. A
gravidade de algumas das intenções do Presidente (não desmentidas) deveriam
merecer discussão. Porém, estranhamente, são ignoradas por partidos,
jornalistas e comentadores, como se não as levassem a sério, o que não abona a
favor do Presidente nem do jornal que o cita.
Na edição da semana passada, o
Expresso tinha já informado que o Presidente usará os seus poderes de
influência e a sua popularidade para impedir que António Costa consiga uma
maioria absoluta nas legislativas de 2019. Essa hipótese é mesmo considerada
“em Belém” o “pesadelo”
do Presidente. Esta semana, o semanário acrescenta que o Presidente
está expectante sobre a capacidade de Rui Rio se afirmar mas “se Rio não
for suficientemente a jogo preenchendo os vazios de oposição, terá de ir
ele”. Leia-se:
“Se o PSD não se começar afirmar
nas sondagens até ao verão e António Costa chegar à rentrée a crescer rumo a
uma maioria absoluta, o Presidente da República admite ter de entrar mais
em cena e voltar a chamar a si momentos de alerta para o que corre pior do país
acentuando a demarcação do governo” (sublinhados acrescentados no texto).
“O Presidente sabe que tem de dar
mais tempo a Rui Rio mas não pode ser ele a fazer o que a oposição tem de
fazer” mas se Rio não for suficientemente a jogo preenchendo os vazios da
oposição, terá de ir ele”.
O Presidente está no seu direito
de preferir governos minoritários que lhe permitem, segundo as fontes que falam
ao Expresso em seu nome, manter “o seu poder influência”. É legítimo também que
prefira uma coligação de direita em vez da fórmula em que se baseia o actual
governo.
Porém, não cabe nos poderes
presidenciais agir pró-activamente de modo a impedir que um partido obtenha uma
maioria absoluta, como resulta das declarações dos seus porta-vozes ao
Expresso. A gravidade da frase que atribui ao Presidente a possibilidade de
entrar mais em cena e voltar a chamar a si momentos de alerta para o que
corre pior do país acentuando a demarcação do governo” mereceria um
desmentido do Presidente.
De facto, o que aí se diz é que o
Presidente se prepara para usar a sua influência para chamar a atenção
dos portugueses para os aspectos negativos da governação, caso as sondagens
mostrem que António Costa e o PS podem chegar à maioria absoluta! Estaríamos
então perante uma quebra da independência que o Presidente deve manter face às
forças políticas.
Será que o Presidente confirma os
planos e as intenções que o Expresso lhe atribui?
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