Professores do ensino geral
iniciaram esta segunda-feira (09.04) uma greve de 18 dias. Em causa está o
incumprimento das reivindicações apresentadas ao Ministério da Educação. A
greve compromete o período de provas.
Segundo o Sindicato dos
Professores (SINPROF), o que se pretende com esta greve é demonstrar a sua
"insatisfação" pela não aprovação do novo Estatuto da Carreira
Docente, bem como rejeitar a estratégia do Ministério da Educação e de
priorizar o concurso público de admissão de novos professores em detrimento da
atualização de categoria dos professores em serviço.
Nesta segunda-feira (09.04),
nenhum aluno assistiu aulas em quase todas as escolas públicas por onde a DW
África passou em Luanda. Anúncios com dizeres como "estamos em greve"
ou "exigimos novo estatuto da carreira docente para um salário digno"
obrigava os estudantes a regressarem as suas casas.
"É prejudicial um aluno
ficar sem as aulas durante três semanas", disse Maria Joaquina, que
ia buscar o seu filho numa escola primária.
Armando Fonseca é outro
encarregado de educação e está preocupado: "Encontramos um anúncio fixado
na escola, que diz que os professores estão em greve de hoje até o dia 27. As
provas estavam marcadas para o dia 21 de abril. E se ficarem esses quinze dias
em casa eles vão perder o ritmo de estudo dos alunos.
Belarmina Josefa, é outra
encarregada de educação descontente. Ela defende que o"Ministério da
Educação deve resolver a situação dos professores porque isso é prejudicial
para as crianças".
Estudantes persistentes
Apesar da greve, os estudantes
garantem que vão continuar a comparecer às escolas. Um aluno da escola
Comandante Pedalé, preocupado com as provas à vista, mostra-se persistente:
"Nas outras turmas também não há professores. Mas amanhã ainda volto. E se
continuar já não venho. Estamos no período das provas e é um perigo faltar as
aulas nestes dias."
Em declarações à DW África, o
deputado Rafael Massanga, da União Nacional para a Independência Total de
Angola (UNITA), lembra igualmente que "a greve vai criar algum
problema aos estudantes. São estudantes que estão em fase das provas, mas que
infelizmente calham com uma greve."
O deputado do maior partido da
oposição atira as responsabilidades ao Ministério da Educação:
"Quanto à razão que é ligada a falta de condições de trabalhos desses
profissionais, penso que é o momento do ministério de tutela parar um bocado e analisar
as questões para que os problemas que estão a ser levantados sejam
resolvidos".
Ministério da Educação pede
suspensão da greve
O Ministério da Educação garante
que tem concretizado as exigências que constam do caderno reivindicativo dos
professores, lamentando que não tenha sido suspensa a greve de 18 dias.
Em comunicado a propósito da
terceira fase da greve, iniciada já em 2017 e convocada pelo SINPROF, o
Ministério da Educação refere que as várias exigências do caderno
reivindicativo apresentado em 2013 já foram resolvidas ou estão em fase de
resolução.
A instituição refere que foi pedida
a suspensão da greve, que decorre entre 9 a 27 de abril, aos representantes do
SINPROF, bem como a "observância do sentido patriótico e profissional,
tendo em conta as consequências negativas desta greve na fase atual do calendário
escolar".
Borralho Ndomba (Luanda) |
Deutsche Welle
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