Joaquim Bule assume posto de
embaixador de Moçambique em Portugal. Raptos de cidadãos portugueses mantêm-se
na agenda político-diplomática dos dois países.
Continuam no segredo dos deuses
as razões que levaram ao rapto de Américo Sebastião, a 29 de julho de 2016, na
província de Sofala, palco recente de tensões e conflitos entre as forças da
RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique) e o exército do partido no poder,
FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). De acordo com a esposa, Salomé
Sebastião, as versões sobre quem terá raptado o empresário português são
contraditórias, Salomé Sebastião.
"Há pessoas e fontes que
apontam que tenham sido agentes fardados e há outras fontes que apontam que as
pessoas que raptaram o Américo não tinham farda alguma", conta Salomé
Sebastião.
Até hoje não há qualquer rasto
sobre o paradeiro do empresário, que segundo a mulher "nunca fez mal a
ninguém". Dava emprego a cerca de 300 trabalhadores moçambicanos.
Um caso dos 150 cidadãos
portugueses raptados em 6 anos
Américo Sebastião foi levado de
forma forçada e, até à presente data, Salomé diz que não foi contactada pelos
raptores. Este é um dos mais de 150 casos de portugueses raptados em Moçambique
nos últimos seis anos com o objetivo de obter resgate em dinheiro.
Entre 2013 e 2014, foram raptados
pelo menos oito portugueses. Um assunto que marca a agenda político-diplomática
do novo embaixador de Moçambique, Joaquim Casimiro Simeão Bule, que entregou as
suas cartas credenciais ao Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a 3
de abril. O chefe de Estado disse estar a acompanhar o caso com inquietação.
Contactado telefonicamente e por e-mail, Joaquim Bule não reagiu ao pedido de
pronunciamento sobre estes crimes.
O secretário de Estado das
Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, disse à DW África que tudo está a
ser feito para garantir proteção consular e apoio diplomático à família.
"Das autoridades de
Moçambique ouvi uma disponibilidade política para connosco continuarem este
trabalho de cooperação visando apoiar em todas as necessidades que a família
venha a ter, tendo em vista determinar as causa do desaparecimento e,
naturalmente, encontrar este português", garantiu José Luís Carneiro.
Portugal oferece cooperação
judicial e jurídica
O secretário de Estado esteve na
semana passada em Moçambique e encontrou-se com Rodrigo Sebastião, filho do
empresário, na região da Beira. Encontrou-se ainda com as vice-ministras da
Administração Interna, Helena Mateus Kida, e dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação, Manuela Lucas.
Portugal voltou a oferecer
cooperação judicial e jurídica ao Governo moçambicano para ajudar na
investigação do crime. Além disso, estão em marcha duas petições. Uma em
Moçambique e outra em Portugal, já com mais de quatro mil assinaturas, visando
levar o tema ao Parlamento português.
"Eu espero que a Assembleia
da República portuguesa também possa contribuir com ações concretas, não só
junto do Governo moçambicano como da sua congénere moçambicana", pede a
esposa do empresário, que espera igualmente uma intervenção junto da União
parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Família apela a organizações
internacionais
A família lançou também apelos e
pedidos de ajuda a organismos internacionais como o Parlamento Europeu e o
Comité dos Desaparecimentos Forçados ou Involuntários das Nações Unidas, assim
como ao Vaticano e ao Papa Francisco.
Salomé Sebastião mostra-se sensibilizada
com as diligências em curso por parte das autoridades dos dois países e
acredita na capacidade de investigação da polícia e da justiça moçambicanas,
que "conhecem muito bem o território". Por isso, mantém a fé e
esperança que o marido vai reaparecer.
"Reitero a minha confiança
no Estado moçambicano e na sua capacidade de investigar e acredito que vai
localizar o Américo e vai-me devolver o Américo são e salvo", diz.
João Carlos | Deutsche Welle
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