O secretário-geral do PCP,
Jerónimo de Sousa, afirmou hoje, em Leiria, que Portugal não está condenado a
aceitar tudo, numa referência ao Programa de Estabilidade apresentado na
sexta-feira e que "decorre da submissão ao euro".
"Nem estamos condenados a
aceitar tudo, nem de braços caídos, nem de braços cruzados perante os graves
problemas do País e da defesa dos interesses nacionais e do nosso povo",
sublinhou Jerónimo de Sousa, durante a X Assembleia da Organização Regional de
Leiria do PCP.
O Programa de Estabilidade
"constitui uma opção e um exercício que decorre da submissão ao euro e da
aplicação das suas regras, um fator de condicionamento da soberania nacional e
de ingerência nas opções macroeconómicas e orçamentais que cabem ao povo português
e aos seus órgãos de soberania", disse o líder comunista.
Jerónimo de Sousa acrescentou que
os documentos que "o Governo do PS decidiu aprovar" são "da
exclusiva responsabilidade do Governo, que os assume e entrega à Comissão
Europeia".
"Nos documentos destaca-se a
trajetória que é desenhada para a redução do défice das contas públicas,
apontando para 0,7% do PIB em 2018 e 0,2% do PIB em 2019, revendo em baixa
projeções anteriores, mas, também, os valores inscritos para o pagamento dos
juros da dívida pública, cerca de 28 mil milhões de euros nos próximos quatro
anos, e que constituem um autêntico sorvedouro de recursos do país, informou.
Para Jerónimo de Sousa, esta
opção "põe em causa a resposta que é necessário dar a muitos dos problemas
estruturais e vai em sentido contrário aos avanços alcançados nos últimos anos
com a reposição de direitos e rendimentos aos trabalhadores e ao povo".
O secretário-geral do PCP entende
que, "em vez de se mobilizarem todos os recursos disponíveis, a folga
prevista de cerca 800 milhões de euros para o aumento do investimento
público", o Governo "faz a opção pela dívida e pelo défice".
"É preciso dizer, perante
esta opção do Governo, que o Orçamento do Estado que está em vigor não só não é
um obstáculo a essa resposta, tal como nada impede que se adotem
simultaneamente outras medidas que sejam necessárias", sublinhou.
Segundo Jerónimo de Sousa,
"o Programa de Estabilidade não substitui nem antecipa a necessária
discussão sobre os Orçamentos do Estado".
"Para o PCP, a questão não
está na diferença de uma ou outra décima, mas sim na rejeição dos critérios
orçamentais que a União Europeia impõe. O que separa o PCP dos que de um ou
outro modo aceitam a submissão ao Euro e aos dogmas orçamentais é a rejeição
clara das opções que subordinam os interesses nacionais e a resposta aos
problemas dos trabalhadores e do povo à dívida e ao défice", reforçou.
Jerónimo de Sousa insistiu que é
"preocupante e significativa, com consequências na evolução do
desenvolvimento futuro do País e para a elevação das condições de vida do povo,
a nova leitura do Governo do PS que vem apensa ao discurso do sucesso, anunciada
ao mundo esta semana pela pena do Ministro das Finanças".
"É o discurso da travagem às
quatro rodas na reposição do roubo nos rendimentos e direitos, porque o sucesso
não pode ser posto em causa. No passado era a crise que o grande capital montou
que exigia sacrifícios que o povo pagou e está ainda pagar, agora é o sucesso,
ou em nome do sucesso que é preciso continuar fazer sacrifícios",
criticou.
O secretário-geral apontou,
ainda, que se "insinuam" dificuldades e que "não há dinheiro
para tudo", mas "para a banca e para encher os bolsos do grande
capital nunca se levantam problemas".
Na Resolução Política da
Assembleia Regional de Leiria de hoje, o PCP propôs-se a reforçar a organização
"nas empresas e locais de trabalho" e aumentar o "recrutamento com
essa audaciosa meta que supera o número de 100 novos militantes ainda este
ano".
Lusa | em Notícias ao Minuto
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