Táxis. Setor manifesta-se hoje em
Lisboa, Porto e Faro contra lei das plataformas
Este será o quarto grande
protesto contra as plataformas que agregam motoristas em carros
descaracterizados, cuja regulamentação foi aprovada, depois de muita discussão
pública, no parlamento, em 12 de julho
Os taxistas manifestam-se esta
quarta-feira em Lisboa, Porto e Faro contra a entrada em vigor, em novembro, da
lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte que operam em
Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chaffeur Privé.
A partir das 05h00, as viaturas
começam a chegar à Praça dos Restauradores, em Lisboa, ocupando ainda a Avenida
da Liberdade. A fila vai prolongar-se até à Avenida Fontes Pereira de Melo,
Praça Duque de Saldanha e Avenida da República.
A Praça dos Restauradores e a
Avenida da Liberdade estarão cortadas ao trânsito, a partir das 05h00, com
exceção para os veículos de emergência, polícia e transporte coletivo de
passageiros, tendo sido recomendada a utilização dos transportes públicos. A
Avenida Fontes Pereira de Melo, Saldanha e Avenida da República estão
condicionadas, uma vez que os taxistas ficam estacionados nas faixas 'bus'.
Os autocarros de e para o
Aeroporto de Lisboa serão ajustados, sendo reforçadas as carreiras 783 da
Carris (Aeroporto-Marquês de Pombal) e os Aerobus 1 e 2 da Carristur. O
Metropolitano de Lisboa irá monitorizar a evolução da procura e, se necessário,
efetuará um aumento de oferta na medida dos recursos disponíveis.
No Porto, as viaturas
concentram-se na Avenida dos Aliados, a partir das 06:00, e em Faro o início do
protesto está agendado para as 07:00, na Estrada Nacional 125-10, junto ao
aeroporto.
Este será o quarto grande
protesto contra as plataformas que agregam motoristas em carros
descaracterizados, cuja regulamentação foi aprovada, depois de muita discussão
pública, no parlamento, em 12 de julho.
A legislação foi promulgada pelo
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 31 de agosto. A entrada em
vigor acontece em 01 de novembro, mas o setor do táxi marcou a manifestação
precisamente com a intenção de que esta não venha a ser aplicada.
Os representantes do setor do
táxi enviaram à Assembleia da República um pedido para serem hoje recebidos
pelos deputados a quem vão pedir que seja iniciado o procedimento de
fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma e que, até à pronúncia
do Tribunal Constitucional, se suspendam os efeitos deste, “por forma a
garantir a paz pública”.
“Todos agora ou ninguém no
futuro” é o 'grito de guerra' do setor do táxi durante o protesto de hoje, conforme
disse à Lusa Carlos Ramos, presidente da Federação Portuguesa do Táxi, que se
manifestou confiante na resolução da questão ainda hoje, evitando a
"radicalização" do protesto.
“Essa é que é a questão para nós
fundamental. Porque não queremos utilizar nenhum plano senão aquele que está
feito com a polícia, mas se as coisas começarem a descambar porque alguém não
deixa os carros passar ou a criar problemas, vamos lá ver se a coisa corre
bem”, afirmou Carlos Ramos.
Um dos principais ‘cavalos de
batalha’ dos taxistas foi o facto de na nova regulamentação as plataformas não
estarem sujeitas a um regime de contingentes, ou seja, a existência de um
número máximo de carros por município ou região, como acontece com os táxis.
A dois dias da manifestação, o
Governo enviou para as associações do táxi dois projetos que materializam
alterações à regulamentação do setor do táxi, algo que os taxistas consideraram
"muito poucochinho", defendendo que o objetivo é “desviar as
atenções” da concentração nacional marcada para hoje.
Lusa | em Expresso
Leia mais em Expresso
Quase mil táxis estacionados
entre os Restauradores e a Fontes Pereira de Melo
Também há apoiantes da
manifestação vindos de Espanha.
Pelas 08:30 há há quase mil táxis
estacionados na Baixa de Lisboa e o presidente da Federação Portuguesa do Táxi
(FPT), Carlos Ramos, diz que a manifestação "está a exceder" as
expectativas. Os taxistas vão até à Assembleia da República "depois do
almoço", caso não haja resposta de quando vão ser recebidos pelos deputados.
Por volta das 08:15 já havia
centenas de taxistas na Praça dos Restauradores a exibir camisolas pretas que
dizem"#SomosTáxi" e cartazes com a mensagem "a mobilidade exige
contingentação".
O presidente da FPT, Carlos
Ramos, disse ao DN que o balanço está a ser positivo: "Está a exceder as
nossas expectativas, além dos carros que estão parados, já vamos na [Avenida]
Fontes Pereira de Melo, não vemos um carro a trabalhar, não houve fura
greves", vincou.
A adesão também está a ser
"muito boa" no Porto e no Algarve, "dos 440 táxis que o Algarve
tem, 220 já estavam estacionados", segundo o dirigente associativo.
A previsão até ao momento
"que a polícia faz dá 900, talvez mil carros" e são esperados muito
mais.
Sobre a ida à Assembleia da
República, Carlos Ramos sublinhou que ainda não há resposta dos partidos com
assento parlamentar: "Estamos à espera que nos chamem, comunicamos há mais
de dez dias e ainda não nos convidaram, se não nos chamarem vamos lá depois do
almoço".
André Campos Ferrão | Diário de
Notícias
Foto: Nuno Pinto Fernandes/Global
Imagens
Leia mais em Diário de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário