Díli, 11 out (Lusa) - Timor-Leste
é um país "viciado pelo petróleo", cujo potencial "não está a
ser estimulado, desenvolvido, trabalhado", importando quase tudo o que
consome e sem políticas públicas geradoras de emprego, disse hoje o Presidente
timorense.
"Estamos a importar quase
tudo. Temos um desemprego considerável e até agora uma teimosa incapacidade de
políticas públicas geradoras de emprego", afirmou, em Díli, Francisco
Guterres Lu-Olo.
Na análise da situação atual, o
Presidente timorense repetiu uma mensagem antiga, de que "a economia está
excessivamente dependente das receitas petrolíferas".
"O êxodo rural é um problema
sério que desde já tem implicações negativas no nosso país. O reforço do setor
privado, um verdadeiro imperativo na esfera económica", afirmou num
discurso perante os principais empresários do país.
Francisco Guterres Lu-Olo falava
na abertura do 3.º Congresso Nacional da Câmara de Comércio e Indústria de
Timor-Leste (CCI-TL), numa altura em que o país atravessa uma grave crise económica,
provocada por mais de um ano de tensão política, ainda não totalmente
resolvida.
O encontro conta com a presença
de vários dos principais empresários timorenses e representantes de
associações, cooperativas e entidades dos 12 munícipios e da Região Administrativa
Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).
Sob o tema "Por um Setor
Privado Mais Criativo, Produtivo e Sustentável", esta reunião marca uma
vontade de reforço da capacidade organizativa e de capacitação empresarial
nacional para responder aos desafios nacionais, considerou.
"O setor privado tem um
papel importante no desenvolvimento de qualquer economia. O Estado não pode
deter o monopólio de potenciar a atividade económica do país, ou seja, não pode
dinamizar a economia do país, detendo competência exclusiva", disse
Lu-Olo.
O chefe de Estado lembrou que
quase 90% do orçamento é financiado através do Fundo Petrolífero de onde, desde
a sua criação em 2005 e até 2017, "foram levantados mais de 9,6 mil
milhões de dólares" (8,3 mil milhões de euros), com as receitas domésticas
não petrolíferas a representarem pouco mais de 7% do Produto Interno Bruto
(PIB).
"Um dos principais desafios
da economia de Timor-Leste é o enorme desequilíbrio da sua balança comercial
devido a importações muito grandes que não são compensadas por exportações
significativas", afirmou.
No ano passado, as importações de
bens e serviços corresponderam a 58% do produto interno bruto não-petrolífero,
com um défice comercial anual de mais de 900 milhões de dólares, referiu.
Lu-Olo insistiu que é urgente
fortalecer outros setores da economia, com destaque para agricultura e pescas,
o que ajudaria igualmente a combater a subnutrição no país e a fortalecer o
emprego.
"O desemprego é um dos
problemas mais graves da nossa sociedade atual. Apesar do setor privado
timorense contribuir com mais de 60 mil empregos, ainda não é suficiente para
acomodar os mais de 15 mil jovens que anualmente entram no mercado de
trabalho", alertou.
Aos empresários, o chefe de
Estado sublinhou que "o setor privado nacional ainda é muito fraco" e
exige esforços de capacitação, comprometendo-se a articular com o Governo para
ajudar "a dotar de meios e de recursos o setor privado nacional" na
fase atual de arranque.
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