Díli, 11 out (Lusa) - O
Presidente timorense afirmou hoje que a compra da participação da empresa
ConocoPhillips no consórcio dos campos petrolíferos de Greater Sunrise dominou
a reunião inesperada com o ex-chefe de Estado Xanana Gusmão.
"Realmente tivemos um
encontro que incidiu mais nos últimos acontecimentos, particularmente, sobre a
compra de ações da ConocoPhillips", explicou à Lusa Francisco Guterres
Lu-Olo, confirmando que a reunião foi pedida por Xanana Gusmão "através do
primeiro-ministro", Taur Matan Ruak.
"Disse-lhe [a Xanana Gusmão]
que esta é uma questão que deve ser abordada muito mais profundamente quando
ele voltar das negociações", acrescentou o chede de Estado, numa
referência a uma nova ronda de contactos no estrangeiro que Xanana Gusmão vai
manter nos próximos dias sobre o projeto Greater Sunrise.
Lu-Olo falava depois de presidir
à abertura do 3.º Congresso da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste
(CCI-TL), que arrancou com bastante atraso devido ao encontro inesperado com
Xanana Gusmão.
O pedido de reunião, que não
estava prevista na agenda da Presidência, foi transmitido a Lu-Olo pelo
primeiro-ministro durante o encontro semanal, esta manhã, entre os dois
responsáveis. O encontro com Xanana Gusmão realizou-se em seguida.
Esta reunião decorreu na
sequência de meses de tensão com Xanana Gusmão, que escreveu várias cartas a
Lu-Olo, divulgadas depois publicamente, e prestou várias declarações públicas a
criticar a decisão do chefe de Estado de não dar posse a vários nomes propostos
para a equipa governamental.
O chefe de Estado disse que esse
assunto "não foi discutido" na reunião e que o importante não são as
críticas, mas os assuntos de Estado.
"O ambiente correu
normalmente. Ele realmente fez tudo [as críticas] mas como chefe do Estado não
entrei nisso neste encontro. Quero ver discutidas as outras questões que dizem
respeito à vida do nosso país e do nosso povo", destacou.
O Presidente timorense terá que
dar o seu aval à operação de compra, através da promulgação das contas públicas
de 2019, onde estão inscritos 350 milhões de dólares (303 milhões de euros)
para financiar o negócio.
Na quarta-feira, o Governo
timorense aprovou em Conselho de Ministros uma resolução sobre a operação, que
tem ainda de ser aprovada pelo Parlamento.
Timor-Leste considera a operação
um passo essencial na estratégia para trazer um gasoduto de Greater Sunrise até
à costa sul do país, e marcar assim o desenvolvimento nacional do setor e
antecipando um impacto adicional da estratégia na economia doméstica.
A operação, que poderá estar
concretizada "no primeiro trimestre de 2019", necessita igualmente de
aprovação dos reguladores e de passar pelo processo de opção de direitos de
preferência de parceiros, indicou a petrolífera ConocoPhillips.
O consórcio de Greater Sunrise é
liderado pela australiana Woodside, com 33,44% do capital, incluindo a
ConocoPhillips (30%), a Shell (26,56%) e a Osaka Gas (10%).
Os campos de Greater Sunrise
estão, na quase totalidade, em águas territoriais timorenses, no âmbito do novo
tratado de fronteiras marítimas, assinado em março, com a Austrália e que está
ainda para ser ratificado pelos Parlamentos dos dois países.
Os campos contêm reservas
estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás e estão localizados, a
aproximadamente 150
quilómetros a sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros a
noroeste de Darwin, na Austrália.
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