Autoridades guineenses tomaram
medidas no caso dos guineenses que terão sido espancados e detidos ilegalmente
pela Polícia angolana no âmbito da Operação Transparência. Mas em Angola
escasseiam informações sobre o caso.
Circulam nas redes sociais
imagens de supostos guineenses alegadamente violentados pela polícia angolana
no âmbito da Operação Transparência, que tem por objetivo por termo ao garimpo
ilegal de diamantes e a imigração ilegal.
E eles estariam ainda a ser perseguidos
e a ser alvo de ameaças de deportação. Neste contexto, na terça-feira (30.10),
a Liga Guineense dos Direiros Humanos denunciou a situação.
O presidente da Liga, Augusto
Silva, conta à DW África o que ouviu das suas fontes: "Nós recebemos
denuncias de três cidadãos guineenses que nos telefonaram, estavam num ambiente
que não lhes permitia falar à vontade e não tinham muito tempo para nos
facultar os elementos necessários"
E Silva especifica: "Mas
recebemos chamadas de três guineenses em situações diferentes a relatar que
estavam numa situação de detenção e espancamento e estavam a ser submetidos a
situações degradantes. E não estavam em condições de divulgar o número de guineenses
envolvidos."
Escasseia informação sobre o caso
em Angola
A Liga Guineense dos Direiros
Humanos diz que já pediu apoio de ONG angolanas ligadas aos direitos humanos.
Mas a DW África apurou que escasseiam dados concretos sobre o caso dos
guineenses em Angola.
Por exemplo, a OMUNGA, uma ONG
que tem trabalhado de perto no caso do repatriamento compulsivo, não tem muita informação sobre os guineenses.
José Patrocínio é o coordenador e diz: "Nós tomamos conhecimento através
das redes sociais e não estamos em posição de confirmar isso. Estamos em
posição de confirmar violência em relação a outros grupos de imigrantes, como
congoleses, gambianos e senegaleses."
Nem mesmo a Coordenação Geral dos
Refugiados em Angola tem conhecimento do caso. Musengele Kopel é o coordenador:
"Neste momento não temos informações sobre tortura contra cidadãos
guineenses perpetrada pela Polícia."
Bissau já se mexe para esclarecer
A Liga Guineense dos Direiros
Humanos decidiu tornar público o caso para chamar a atenção das autoridades
guineenses e a partir de mecanismos diplomáticos procurar apurar a real
situação.
E as autoridades guineenses
reagiram imediatamente, tendo a Secretária de Estado e das Comunidades informado
em comunicado na quarta-feira (31.10) que pretende enviar à Luanda uma
delegação de alto nível composta por uma equipa de emissão de passaportes para
constatar a situação.
E Augusto Silva revela que mesmo
em Bissau já estão a ser tomadas medidas, que "o Ministério dos Negócios
Estrangeiros já entrou em contacto com a embaixada de Angola em Bissau."
Mas a Liga Guineense dos Direitos
humanos condena a atuação da Polícia angolana, justificando que ela não pode
prender ilegalmente cidadãos estrangeiros e muito menos espancá-los, embora
reconheça que Angola tem o direito de defender o seu território e os seus
recursos naturais. Não se sabe quantos guineenses residem em Angola e nem em
que situação vivem.
Nádia Issufo | Deutsche Welle
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