Marcelo Rebelo de Sousa diz que
está preocupado com o estado a que chegou a comunicação social portuguesa,
falou até na possibilidade de um “acordo de regime” para salvar o setor,
interrogou-se alto e bom som se "o Estado não tem a obrigação de intervir"
face à crise da comunicação social.
Não pondo em causa a boa-fé das intenções de Marcelo, não é possível deixar de anotar que os seus antigos “patrões” não diriam melhor. Que “patrões”? Aqueles que o alimentaram durante anos e anos de comentários políticos nas pantalhas da RTP e da TVI ou aqueles que, antes disso, fizeram dele diretor de jornais e ministro de governos. Esses mesmo.
Ou seja, Marcelo não pode evitar que, neste tema, seja alvo de alguma suspeição de estar a defender causas próprias, uma vez que, parece evidente, tem uma antiga e profícua relação com o setor e com alguns dos patrões do setor.
Uma ajuda estatal vinha mesmo a calhar para o velho Balsemão que acumulou uma dívida bancária superior a 180 milhões de euros, não acham? E a TVI, mesmo sendo líder de mercado nos últimos anos, não escapa também a uma dívida superior a 100 milhões. Para referir só mais um caso, falo da Cofina (dona da CMTV, Record e Correio da Manhã) que já foi notícia por ter sido alvo de penhora da Segurança Social por causa das dívidas, também...
Se Marcelo conseguir influenciar o governo ou a Assembleia da República vai ter uma estátua no hall de várias empresas de comunicação social, o que não quer dizer que as pessoas passem a ver mais televisão ou a ler jornais. Ou seja, a crise pode ter remédio, mas não será com subsídios estatais.
Quanto aos jornalistas, não duvido que a grande maioria não se importaria nada em perder independência editorial para manter o empregozito: “Marcelo, amigo, a malta está contigo”.
#comunicaçãosocial | Carlos Narciso – Jornalista | em Facebook
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