Martinho Júnior, Luanda
1- A 1ª fase da Operação
Transparência, que terá sob o ponto de vista humano profundas implicações
sobretudo no triângulo norte do território angolano, desde as fronteiras com a
RDC, até à REGIÃO CENTRAL DAS GRANDES NASCENTES, estará em curso até 2020, altura
em que Angola
completará 45 anos de independência.
De entre as muitas acções
urgentes que há a desencadear com a reorganização dos diamantes explorados nas
bacias hidrográficas do país e em particular nesse triângulo norte, estão as
que se inscrevem nas medidas ambientais.
Isso é tão mais importante quanto
o Ministério do Ambiente, não se ouve, não se vê, nem se sente em relação à
Operação Transparência… quando a transparência tem tanto a ver com a água.
De facto ao mesmo tempo que de aldeia
em aldeia, de comuna a comuna, de município a município, se desenrola a
Operação Transparência, que neste momento decorre em 11 das 18 províncias do
país, seria necessário um inventário ambiental fazendo a leitura dos prejuízos
decorrentes nas bacias hidrográficas mais afectadas pelas explorações selvagens
de diamantes aluviais, as do Cuanza, do Cuango e do Cassai.
Essa leitura além do mais é
crítica também em relação às implicações do Cuango e do Cassai no espaço
nacional da República Democrática do Congo, tendo em conta que a bacia do
Cassai é das mais importantes na afluência ao maior pulmão tropical de África e
o segundo maior do globo!
2- Tirando partido das acções do
âmbito do exercício de soberania das Forças Armadas Angolanas implicadas na
Operação Transparência e em tempo de paz, equipas adstritas sob orientação do
Ministério do Ambiente deveriam estar aptas a fazer esse inventário, desde as
nascentes de cada curso de água, até aos percursos hidrográficos e leitos dos
rios afectados, pois a reorganização da exploração e comércio de diamantes
aluviais não pode excluir o conhecimento adquirido a partir desse inventário,
por que em nome da civilização não se pode voltar a incorrer no bárbaro
desnorte das últimas décadas!
Por um lado as FAA deveriam estar
a criar unidades de fuzileiros aptas ao reconhecimento e controlo dos rios
angolanos, algo que já propus citando o exemplo das iniciativas da Venezuela
Socialista e Bolivariana, particularmente no Orinoco (“Vencer assimetrias”)…
Por outro, as universidades e
institutos superiores angolanos, deveriam actuar de forma conjugada com as
unidades policiais e militares, no inventário dos prejuízos, pois são elas que
devem levar a cabo as imensas tarefas de resgate do conhecimento cientificado
que há a realizar em relação à água interior do país, em benefício da
independência, da soberania, da segurança e dum futuro de desenvolvimento
sustentável para as gerações que se nos seguem!
Essa seria a fórmula mais
coerente de mobilizar a juventude angolana que, ao invés de andar distraída com
tanta alienação que nos chega por via das novas tecnologias a partir do
exterior, tem assim bastos motivos patrióticos para, conhecendo profundamente o
seu próprio país, o seu próprio território e as questões mais marcantes de sua
própria natureza, se afirmar e projectar em direcção ao futuro!
Essa plataforma de acção deveria
estar nos caboucos duma cultura nacional patriótica, indexada a uma
GEOESTRATÉGIA PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, capaz de potenciar as
profundas medidas que, no âmbito da independência e da soberania, impactem sob
os pontos de vista infraestrutural e estrutural, sobre o que nesse aspecto
advém do longo processo colonial.
3- Angola, 43 anos depois da independência
de bandeira, continua encalhada numa visão colonial de implantação
infraestrutural, estrutural e de “pólos de desenvolvimento”, como se um
Diogo Cão invisível abordasse hoje a costa, com todas as velas pandas, vindo do
norte pelo mar.
A partir do desencadear da
Operação Transparência, há a oportunidade e a possibilidade de começar a
alterar essas tendências que, advindo do passado, têm tantas implicações nas
assimetrias do país!
É evidente que essa questão
prende-se não só à gestação coerente da identidade nacional, mas também com a
gestação dos programas de desenvolvimento sustentável e amigo do ambiente, de
forma a garantir que os cursos de nossos rios, que tanto têm a ver com a vida
em todo o território angolano, estejam saudavelmente disponíveis em benefício
das futuras gerações e com horizontes a muito longo prazo, ao longo dos
próximos séculos!
Lutar de forma inteligente e
patriótica contra o subdesenvolvimento, passa pela formulação da GEOESTRATÉGIA
PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL que faça a densa leitura antropológica
irradiando na e a partir da REGIÃO CENTRAL DAS GRANDES NASCENTES e sobre a
imensidão que há a descobrir na e com a ROSA DOS RIOS angolana!
De que se está à espera para dar
à ignição essa tão legítima quão vital aspiração?
Zelar pelos nossos rios, é zelar
pela vida, zelar acima de tudo, pela vida das futuras gerações!
Martinho Júnior - Luanda, 7 de Novembro de 2018
Base de consulta:
GEOESTRATÉGIA PARA UM
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/geoestrategia-para-um-desenvolvimento.html
VENCER ASSIMETRIAS – I – http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/03/vencer-assimetrias-i.html
VENCER ASSIMETRIAS – II – http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/03/vencer-assimetrias-ii-continuacao.html
Sem comentários:
Enviar um comentário