terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Casos de gripe em Macau aumentam nas três primeiras semanas do ano


Macau, China, 23 jan (Lusa) - Os casos de gripe em Macau estão a aumentar desde final de dezembro, tendo sido registados 181 em mil adultos que na semana passada recorreram às urgências hospitalares, afirmou hoje o diretor dos Serviços de Saúde.

"De acordo com os dados de monitorização hospitalar, o vírus da 'influenza' está muito ativo, o que significa que já entrámos no auge da ocorrência da gripe, mas apesar de um número elevado de casos, ainda se podem registar mais aumentos", disse Lei Chi Ion, em conferência de imprensa.

Na última semana, 181 adultos em mil atendidos nas urgências hospitalares tinham gripe contra 49 (em mil) na primeira semana do ano e 33 casos nos últimos sete dias de 2017, segundo os dados disponíveis.

Nas urgências pediátricas, em cada mil crianças atendidas 213 tinham gripe, contra 154 (em mil) na primeira semana de 2018.

"No final de dezembro, começou a época da gripe sazonal e, em quase um mês, a situação está a agravar-se", indicou Lei Chi Ion, sublinhando que "até agora não foram registados casos de risco de vida ou morte".

O responsável apelou à população para se vacinar "o mais depressa possível", lembrando que "foram adquiridas para 2017-2018 120 mil doses de vacina e 103.500 pessoas já se vacinaram", disse.

Também na conferência de imprensa, o chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Cheong, considerou não existir uma relação direta entre poluição atmosférica e o número de doentes que acudiu ao hospital.

"Penso que nenhum país consegue ter esse número", disse numa resposta a questões sobre a poluição do ar em Macau. Na segunda-feira, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau registaram uma concentração de partículas PM 2.5 oito vezes superiores aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de acordo com a Rádio Macau.

Em cada 100 pacientes, 33 têm doenças respiratórias, mas não se consegue distinguir se estão relacionadas com a poluição ou se com doenças, nomeadamente nesta época, com a gripe, afirmou o diretor substituto do Centro Hospitalar Conde S. Januário, Lei Wai Seng.

Para Lei Chi Ion, o aumento de doenças respiratórias deve-se sobretudo à gripe. "A qualidade do ar pode afetar, mas não é predominante".

EJ // FPA

CRISE | CNRT oferece-se para liderar um novo Governo em Timor-Leste

O CNRT, segundo partido timorense, disse ontem ao Presidente da República que está preparado para liderar, com o apoio das restantes forças da oposição, um novo Governo para ajudar a resolver o impasse político no país.

"O senhor Presidente vai pronunciar-se com base nas várias opções, mas o CNRT sugeriu ao senhor Presidente convidar o segundo partido mais votado, com o apoio da Aliança de Maioria Parlamentar (AMP), a formar o VIII Governo", disse aos jornalistas Dionísio Babo, responsável da Comissão Diretiva Nacional (CDN) do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).

"Nós garantimos que em menos de dois meses ou num mês teremos completados todos os requisitos necessários - formação de Governo, lei orgânica e programa - para depois poder apresentar, um mês depois o Orçamento Geral do Estado de 2018" (OGE), afirmou.

Babo falava aos jornalistas depois de uma delegação do CNRT ser recebida pelo Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, que hoje ouve os partidos com assento parlamentar antes de tomar uma decisão para resolver o impasse político do país.

Além de Babo, a delegação incluía Francisco Kalbuadi, secretário-geral do Partido, Arão Noé, chefe da bancada do CNRT no Parlamento Nacional e a deputada Albina Marçal.

Questionado sobre se o partido está confiante em melhorar os resultados obtidos em 2017, Babo foi lacónico: "Absolutamente", escusando-se a confirmar se o partido irá ou não em coligação pré-eleitoral no caso de eleições antecipadas.

"Qualquer que seja a decisão do Presidente nós respeitamos e vamos cumprir. Ainda não discutimos especificamente sobre outras questões, veremos qual será a melhor medida para o futuro", disse Babo.

Arão Noé considerou que a solução de demissão do Governo e convite ao CNRT é melhor para o país, para evitar alargar durante mais meses a situação atual.

"O senhor Presidente pode dissolver o parlamento ou demitir o Governo. Se dissolver o parlamento convocará eleições antecipadas, se demitir o Governo a AMP está pronta para assumir o Governo. Se formos para eleições, o Estado estará sem OGE 2018, e isso terá impacto económico, financeiro e politico. Cabe ao senhor Presidente chegar a uma conclusão e a uma decisão", afirmou.

"Respeitaremos qualquer cenário", disse, escusando-se a confirmar se o partido ajudará a viabilizar os necessários levantamentos do Fundo Petrolífero para pagar as contas públicas, no regime de duodécimos, até à situação estar resolvida.

Xanana Gusmão, presidente do CNRT, está ausente de Timor-Leste desde 11 de setembro e participa a partir de segunda-feira em mais uma ronda de negociações com a Austrália e com empresas petrolíferas sobre a delimitação de fronteiras marítimas e uma decisão sobre o formato de exploração dos campos de gás natural de Greater Sunrise.

Lusa | em SAPO TL

ACOMPANHE A CRISE TIMORENSE NO TIMOR AGORA - em português

UE destaca governação e desenvolvimento rural com áreas a apoiar em Timor-Leste

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, destacou na terça-feira, em Bruxelas, a governação e o desenvolvimento rural como áreas a apoiar em Timor-Leste, depois de uma reunião com o ministro de Estado timorense, José Ramos-Horta.

Em comunicado, Mogherini salientou que a UE “continua a apoiar a democracia, a paz e a estabilidade no país e a prestar assistência em dois setores fundamentais: a boa governação e o desenvolvimento rural”.

Federica Mogherini reuniu-se com José Ramos-Horta à margem do diálogo político entre a UE e Timor-Leste.

Durante o diálogo foi salientado o compromisso de Timor-Leste em ratificar em breve os instrumentos internacionais de direitos humanos.

A chefe da diplomacia europeia destacou, no comunicado, a necessidade de se prosseguirem os esforços para atingir os objetivos de desenvolvimento, tal como a diversificação da economia timorense.

Lusa | em SAPO TL 

Angola “vende” imagem no fórum económico


Jornal de Angola | editorial

O Presidente da República, João Lourenço, encontra-se em Davos, na Suiça, para participar do 48 º Fórum Económico Mundial, que começa hoje e vai até ao dia 26 do corrente, numa altura em que o lema é “vender” a imagem de uma nova Angola.

De facto,  a vasta delegação que acompanha o Chefe de Estado leva na bagagem àquele fórum, que junta mais de uma centena de Chefes de Estado e representantes de multinacionais, uma agenda em que mudanças e reformas são as principais bandeiras. Sob o tema “Criando um futuro de partilha num mundo fracturado”, mais do que juntar entidades e representantes de instituições que possam estar em Davos para fins empresariais e de negócios, o encontro anual visa também servir de alerta e reflexão. 

Hoje, um pouco por todo o mundo, as fracturas políticas, económicas, sociais concorrem perigosamente para dividir os povos, para promover a intolerância, para fomentar a indecisão e inacção. Logo, urge congregar diferentes sensibilidades para discutir e encontrar as melhores soluções para os desafios imediatos que o mundo enfrenta. 

A busca de consensos para os problemas de grande dimensão que a humanidade enfrenta no curto e médio prazo, nomeadamente as alterações climáticas e os seus efeitos perniciosos, a onda de instabilidade e conflitos, apenas para mencionar estes desafios, obrigam a tomada de medidas que só os grandes fóruns propiciam. 

É preciso que as lideranças mundiais, parte delas presente em Davos, demonstrem que os meios e as agendas que os divide é menor que os desafios globais que unem as lideranças e os Estados. 

Acreditamos que o Fórum Económico de Davos pretende-se como uma importante plataforma para melhorar o mundo, envolvendo Chefes de Estado e de Governo, os líderes de multinacionais, sociedade civil, numa altura em que os problemas locais passaram a globais. 

Passou a ser consensual a ideia de que as questões políticas, militares, económicas, ambientais que ameaçam uma determinada localidade tendem a constituir-se em desafios e perigos globais. Apenas ganhando consciência sobre essa realidade e  assumindo essa responsabilidade vai ser mais fácil reduzir os espaços de desacordos entre as lideranças e maximizar os pontos de concordância. 

Em Davos, Angola vai apresentar parte fundamental dos esforços que tem feito para a resolução de conflitos, para a busca da paz e segurança em África, como condição “sine qua non” para efectivação de outras conquistas, nomeadamente a criação de infra-estruturas que sirvam o desenvolvimento. Esta é a razão pela qual o Presidente João Lourenço vai intervir no painel consagrado ao desenvolvimento da energia em África, abordando o tema “Acelerando o acesso à energia em África”. 

Atendendo a natureza eminentemente agrícola do continente africano e do potencial que este sector tem para alavancar outros sectores fundamentais como o da indústria e o dos serviços, a energia eléctrica constitui um activo importante. Urge acelerar o acesso à energia eléctrica em África como pressuposto fundamental para elevar a qualidade de vida das populações, para dinamizar a pequena, micro, média e grande empresa, entre outros fins.

Os esforços que o Executivo empreende ao nível do sector da energia, com a criação e reabilitação de numerosos projectos de aproveitamento hidroeléctrico, visam não apenas aumentar a capacidade de produção de energia, mas igualmente aumentar o consumo. Tal como provado por estudos e relatórios de instituições internacionais, o consumo de energia eléctrica constitui igualmente um indicador de desenvolvimento humano e esperamos que de Davos saiam as melhores soluções para os problemas mundiais.

Angola | MPLA DERROTA PORTUGAL


O processo do ex-vice-Presidente angolano Manuel Vicente (à altura dos factos Presidente do Conselho de Administração da Sonangol), foi separado do contexto do julgamento da “Operação Fizz”. O poder político (tanto em Angola como em Portugal) sorriu e a “lua-de-mel” ganhou novo alento.

Oadvogado de Manuel Vicente sempre alegou que o seu cliente nem sequer foi notificado da acusação de corrupção e branqueamento de capitais imputada pelo Ministério Público português e entende que o antigo presidente da Sonangol não pode ser julgado neste processo em Portugal.

Concretamente, Manuel Vicente não sendo julgado em Portugal também nunca o será em Angola pois aqui goza de imunidade e está abrangido pela amnistia.

Por outro lado, o presidente do colectivo de juízes, Alfredo Costa, já concordou com a posição do Ministério Público (MP) em recusar a transferência do processo de Manuel Vicente para Angola, decisão que está em recurso no Tribunal da Relação de Lisboa.

O magistrado enviou, a 7 de Novembro de 2017, uma carta rogatória às autoridades de Angola (as mesmas que lhe atribuíram a imunidade de promulgaram a lei da amnistia) para que Manuel Vicente fosse constituído arguido e que fosse notificado de “todo o conteúdo da acusação proferida nos autos”, explicando que dispunha de 20 dias contados a partir da data da notificação para requerer, caso assim o entendesse, a abertura da instrução.

A recusa em transferir a matéria processual para as autoridades judiciárias angolanas, ao abrigo de supostas convenções judiciárias com a CPLP, levou o Presidente angolano, João Lourenço, a classificar como “uma ofensa” a atitude da Justiça portuguesa, advertindo que as relações entre os dois países vão “depender muito” da resolução do caso.

Segundo a Procuradoria-Geral da República de Portugal, a recusa de enviar o processo para Angola fundamentou-se no facto de as autoridades angolanas terem dito “não haver qualquer possibilidade de cumprimento de eventual carta rogatória que, porventura, lhes fosse endereçada para audição e constituição como arguido de Manuel Vicente, por considerar que o mesmo é detentor de imunidade”.

Baseou-se também na informação de que os factos imputados a Manuel Vicente estariam abrangidos pela Lei da Amnistia angolana, que abrange todos os crimes puníveis com prisão até 12 anos cometidos por cidadãos nacionais ou estrangeiros até 11 de Novembro de 2015, exceptuando os de sangue.

Já depois de ter sido decidido levar o caso a julgamento, o arguido Orlando Figueira, antigo procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que está pronunciado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação, juntou documentos aos autos nos quais envolve o gestor angolano Carlos Silva, presidente do Banco Privado Atlântico e vice-presidente do Millennium BCP e o advogado Daniel Proença de Carvalho.

O ex-magistrado, que foi detido em Fevereiro de 2016 e chegou a estar preso preventivamente, alega que Carlos Silva negociou e ordenou a transferência de uma parte dos cerca de 760 mil euros alegadamente pagos por Manuel Vicente, quando era presidente da Sonangol, para obter decisões favoráveis em processos em que Orlando Figueira era o magistrado titular.

Tanto quanto é público, Graça Proença de Carvalho, filha de Proença de Carvalho e gestora do Banco Privado Atlântico Europa, será chamada como testemunha do processo.

Manuel Vicente é (era) acusado de corrupção activa em co-autoria com o advogado Paulo Blanco e Armindo Pires, branqueamento de capitais, em co-autoria com Paulo Blanco, Armindo Pires e Orlando Figueira e falsificação de documento, com os mesmos arguidos.

Paulo Blanco, que foi advogado de Manuel Vicente, nomeadamente, no processo de compra de um apartamento no complexo Estoril Sol e que tem ligações profissionais a várias figuras do Estado angolano, está indiciado por corrupção activa em co-autoria, branqueamento também em co-autoria, violação de segredo de justiça e falsificação documento em co-autoria.

Política 1 – Justiça 0

Entretanto, o chefe da diplomacia angolana, Manuel Augusto, garantiu que as relações com Portugal são insubstituíveis, acreditando (forma simpática para “ter a certeza”) num “desfecho favorável” no caso do julgamento que era para ser mas não será, em Lisboa, do ex-vice-Presidente da República Manuel Vicente, que diz ser um “problema interno de Portugal”.

“Nós esperamos e acreditamos num desfecho favorável para aquilo que é o nosso entendimento deste caso. Não tenho a certeza se o julgamento vai ter mesmo lugar, de qualquer modo é um problema interno de Portugal, um problema da Justiça portuguesa”, disse o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, na Suíça, em declarações aos jornalistas.

Hoje, à margem do arranque do Fórum Económico de Davos, na Suíça, o Presidente angolano, João Lourenço, tem um e com o primeiro-ministro português, António Costa, onde – embora de forma oficiosa – Portugal assinará o acto de rendição perante no caso Manuel Vicente.

“No que nos diz respeito, continuamos a acreditar que as autoridades portuguesas, principalmente as autoridades judiciais, acabarão por compreender a nossa razão”, insistiu Manuel Augusto, aludindo à pretensão de ver o processo sobre Manuel Vicente transitar para o arquivo morto de Luanda.

O chefe da diplomacia angolana manifestou a confiança em que “este episódio”, que diz ser “visto de diferentes formas”, “não venha a constituir-se num escolho naquilo que é um caminho harmonioso de relações entre os dois países”.

“Que, como nós sempre dissemos, são relações importantes para nós. As relações com Portugal são relações únicas, são relações singulares, são relações que não podem nem devem ser substituídas, porque ligam-nos laços de vários tons e vários níveis. Por isso mesmo, a nossa mensagem é positiva”, disse ainda Manuel Augusto.

Pudera! O MPLA continua, como o fez durante o período colonial, a vangloriar-se de vitórias sobre as forças portuguesas. E tem razão. Mais uma vez Portugal sai derrotado. Bem dizia Kundy Paihama, nos seus tempos áureos, que quem se metesse com o MPLA levava porrada.

Portugal nem sequer pode alegar que não foi avisado. De facto, o Presidente angolano avisou a 8 de Janeiro que as relações com Portugal iam “depender muito” da resolução do caso em torno do ex-vice-Presidente, Manuel Vicente, com João Lourenço a classificar – recorde-se – a atitude da Justiça portuguesa como “uma ofensa” para Angola.

“Nós não estamos a pedir que ele seja absolvido, que o processo seja arquivado, nós não somos juízes, não temos competência para dizer se o engenheiro Manuel Vicente cometeu ou não cometeu o crime de que é acusado. Isso que fique bem claro”, disse o Presidente da República, reafirmando a pretensão de o caso do ex-vice-Presidente ser julgado em Luanda, ao abrigo dos acordos judiciários entre os dois países.

João Lourenço conseguiu, aliás, declarar a “guerra” e gozar com a chipala dos portugueses quando, de forma clara, disse que Angola queria aquilo que ele sabe ser impossível (julgamento em Angola de Manuel Vicente) face à amnistia e à imunidade de que o suspeito goza.

“Lamentavelmente, [Portugal] não satisfez o nosso pedido, alegando que não confia na Justiça angolana. Nós consideramos isso uma ofensa, não aceitamos esse tipo de tratamento e por essa razão mantemos a nossa posição”, enfatizou João Lourenço.

Mas, realçou, “a intenção não é livrar o engenheiro Manuel Vicente da acusação”.

Manuel Vicente ou Carlos Silva?

Oex-procurador Orlando Figueira alertou hoje que as relações entre Portugal e Angola estão toldadas porque se colocou o ex-vice-presidente de Angola na “Operação Fizz” quando o arguido devia ser o presidente do Banco Privado Atlântico (BPA), Carlos Silva.

“Estão a toldar-se as relações entre Portugal e Angola e ele [Manuel Vicente] não tem nada a ver com isto”, disse o arguido na segunda sessão de julgamento da “Operação Fizz”, na qual continua a tentar rebater ponto por ponto a acusação.

Para o ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de Portugal, quem deveria ter sido constituído arguido no processo era Carlos Silva e não Manuel Vicente, mas caso isso tivesse acontecido “não havia suspeitas do crime de corrupção”.

“No processo, onde se lê Manuel Vicente devia ler-se Carlos Silva e deixava de haver o crime de corrupção e o Ministério Público sabe disso”, insistiu.

Orlando Figueira voltou a insistir que quem aprovou o empréstimo de 130 mil euros do BPA foi a gestora Graça Proença de Carvalho, tendo sido assinado por André Navarro, CEO (presidente executivo) do BPA e que, em seu entender, “deveriam ter sido constituídos arguidos”.

“Não creio em bruxos, nem em teorias da conspiração, mas…”, lançou.

O juiz presidente interveio para dizer que, segundo a acusação, os empréstimos contraídos por Orlando Figueira são actos mascarados de suborno pelo arquivamento de inquéritos-crime que envolvem o ex-vice-presidente de Angola.

O arguido refutou dizendo que “os arquivamentos foram despachados em consciência por um magistrado impoluto, com rigor técnico e lisura” e que se fosse hoje “voltaria a fazer tudo igual”, e explicando que a retirada do processo de documentos sobre rendimentos de Manuel Vicente foi para “protecção da reserva da vida privada e sigilo fiscal”, decisão avalizada pela antiga directora do DCIAP, Cândida de Almeida.

“Bastaria a assinatura de Cândida Almeida para conferir um cunho de credibilidade a qualquer documento”, disse, aludindo ao seu despacho de arquivamento relativo a Manuel Vicente, também ex-presidente da Sonangol.

Durante a sessão, o juiz Alfredo Costa confrontou Orlando Figueira com as “coincidências” entre as datas do despacho de arquivamento e as entradas de dinheiro nas contas do arguido, tendo o ex-procurador reiterado que uma coisa não teve a ver com a outra.

Após a separação da matéria criminal que envolve Manuel Vicente, à data dos factos presidente da Sonangol, o processo “Operação Fizz” tem como arguidos Orlando Figueira, o empresário Armindo Pires e o advogado Paulo Blanco.

Folha 8 com Lusa

ANGOLA | Acesso à Justiça não é para todos

O acesso à Justiça é um direito constitucionalmente consagrado. Mas nem todos os angolanos que veem os seus direitos violados encontram nas instituições jurídicas a sua reposição. ONG Mãos Livres põe o dedo na ferida.

A falta de meios financeiros para constituir um advogado é a primeira razão apontada por Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres, uma das poucas organizações que prestam assistência jurídica gratuita aos cidadãos em quase todo o país.

A segunda é a falta de consciência jurídica dos cidadãos, "para que quando tenham os seus direitos violados possam recorrer, possam reivindicar às instituições de direito para serem resolvidos estes diferendos. Mas, infelizmente, há ainda um nível baixo de consciência jurídica", diz Freire.

E mesmo quando há consciência jurídica, muitos cidadãos ficam sem acesso à Justiça em algumas províncias devido à escassez de advogados. De acordo com um relatório da ONG Justiça Paz e Democracia (AJPD), publicado em  2017, há regiões angolanas onde existe apenas um advogado.

"Há províncias que nem sequer têm advogados, é preciso ter isso em conta", sublinha.Salvador Freire. "Há advogados que são passageiros, não estão fixados nestas províncias e vão, de vez em quando, para resolver alguns conflitos", explica.

A Ordem dos Advogados de Angola, outra instituição que presta assistência gratuita aos cidadãos, recebe mais de 10 casos por dia. Mas queixa-se da falta de capacidade financeira para prestar o serviço.

Governo não dá apoio

A ONG Mãos Livres também se queixa da falta de apoio por parte do Estado: "As organizações que estão ligadas aos direitos humanos, fundamentalmente a nossa que tem estado a envidar um esforço para a defesa dos direitos humanos e de cidadãos desprovidos de recursos financeiros, nunca [obtiveram] um único kwanza do Governo angolano."

Salvador Freire entende, por exemplo, que já era tempo de a sua organização ser elevada à categoria de utilidade pública, à semelhança do Movimento Nacional Espontâneo. E lembra que, só no ano passado, atendeu a mais de dois mil casos.

Ainda assim, o responsável da ONG diz ser necessário consciencializar a sociedade para uma cultura jurídica. A sua organização leva a cabo uma campanha de sensibilização na Rádio Despertar, afeta à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), O maior partido da oposição, e no jornal O Crime. 

"Temos um programa de rádio no qual discutimos vários temas, informamos sobre os procedimentos que os angolanos devem ter quando têm os seus direitos violados, temos uma página num jornal onde, de 15 em 15 dias, inserimos um artigo relacionado com vários problemas e, consequentemente, várias outras denúncias que temos vindo a fazer", conta Salvador Freire.

O advogado faz ainda um apelo: "Pedimos ao angolanos que reivindiquem cada vez mais os seus direitos, não aceitem e não deixem que sejam violados os seus direitos, devem fazer denúncias destes casos."

Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle | Foto: Tribunal de Cabinda

Guiné-Bissau | CEDEAO acusada de ser tendenciosa na mediação da crise


PRS e 18 partidos sem assento no Parlamento, deputados de dois partidos com assento parlamentar e 15 parlamentares expulsos do PAIGC acusam a CEDEAO de ser parcial e tendenciosa na mediação da crise política guineense.

A posição foi manifestada em conferência de imprensa em resposta ao comunicado final da missão de mediação da CEDEAO que esteve em Bissau na semana passada. Os descontentes acusa-a de ignorar por completo as recomendações da 52ª conferência dos chefes de Estado e de governos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

Falando em nome do grupo, Fernando Vaz, ex-ministro de Turismo no Governo demitido, afirmou que "neste contexto o grupo opõe-se expressa e inequivocamente a esta mediação tendenciosa e parcial, que aliás já vem decorrendo dos posicionamentos anteriores da CEDEAO para a crise política na Guiné-Bissau, que sem qualquer prova quer à força impôr um nome não adoptado consensualmente por todos os subscritores do Acordo de Conacri".

Descontentes querem ver respeitado o seu roteiro

A 16 de dezembro de 2017 os chefes do Estado da CEDEAO, em Abuja, Nigéria, concluíram que "a conferência tomou boa nota do roteiro apresentado pelo Presidente República [da Guiné-Bissau] para a aplicação integral do Acordo de Conacri, nomeadamente a nomeação de um primeiro-ministro de consenso".

E na última semana uma missão ministerial da CEDEAO esteve em Bissau para avaliar o Acordo de Conacri, cujo prazo para a sua implementação era até o dia 16 de janeiro. E no seu comunicado final não fez nenhuma referência ao roteiro do Presidente, apenas lamentou a falta de progresso na implementação do Acordo, tendo ameaçado com sanções "quem impedir a sua aplicação".

Califa Seide, líder da bancada parlamentar do PAIGC, o partido que venceu as últimas eleições queixa-se: "Não se fez nenhuma referência ao roteiro. Aliás, o roteiro não existe. É o Acordo de Conacri que está a ser discutido. A delegação em nenhum momento falou do roteiro do grupo dos 15 que o Presidente da República assumiu. Portanto, esse não tem nada a ver com a CEDEAO."

Muitos pontos por cumprir

Recorde-se que o Presidente da República propõe entre outros pontos a "reintegração imediata e incondicional dos militantes dissidentes, responsáveis do partido PAIGC desde a base até aos órgãos nacionais, bem como a anulação das conferências e suspensão das sanções", disse José Mário Vaz depois da Cimeira de Abuja.

O roteiro assumido pelo Presidente guineense recomenda ainda a abertura rápida do plenário da Assembleia Nacional Popular, a exoneração do atual primeiro-ministro e início das consultas com os partidos com assento no Parlamento e o grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC para a escolha consensual do novo chefe de Governo.

Nome para o cargo de PM é o "calcanhar de Aquiles"

A demissão do primeiro-ministro é um ponto resolvido. Umaro Sissolo Embaló foi exonerado antes da chega da missão da CEDEAO.

José Mário Vaz frisou ainda que propôs aos chefes de Estado da CEDEAO na cimeira de Abuja a nomeação de um novo primeiro-ministro ao abrigo do Acordo de Conacri, bem como a formação de um Governo inclusivo e consensual que tenha em conta a participação dos partidos políticos com assento parlamentar, o grupo dos 15 deputados e a sociedade civil.

A CEDEAO tem defendido o nome do dirigente do PAIGC, Augusto Olivais, como pessoa que deverá ser nomeada, pelo Presidente José Mário Vaz, como primeiro-ministro de consenso na Guiné-Bissau.

Braima Darame (Bissau) | Deutsche Welle

GUINEENSE | Embaló no Leipzig: A loucura dos milhões


Úmaro Embaló é o nome mais falado no mercado europeu de transferências de jovens jogadores. O jovem guineense de 16 anos está prestes a ser transferido do Benfica para o RB Leipzig, na Alemanha, por 20 milhões de euros.

Com apenas 16 anos, o futebolista guineense do Benfica pode protagonizar a mais cara operação financeira de sempre de um jovem de Portugal para o estrangeiro e subir a fasquia no que diz respeito à contratação de atletas de elevado potencial e margem de progressão, mas que ainda nem sequer terminaram o seu processo de formação como futebolistas.

O RB Leipzig estará preparado para desembolsar cerca de 20 milhões de euros pelo passe do jogador, a que acresce um valor variável, consoante os objetivos atingidos por Embaló ao serviço do clube alemão. A transferência foi negociada pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e pelo empresário Cátio Baldé, a semana passada, em Leipzig, mas ainda não foi concretizada.

Contrato de formação convertido em profissional

Embaló tinha com o Benfica um contrato de futebolista de formação, e os "encarnados" de Lisboa tinham já previsto a possibilidade de o transformarem num contrato de trabalho como profissional caso surgisse interesse de algum clube estrangeiro no seu concurso.

Só assim o Benfica poderá salvaguardar uma eventual cláusula que garanta o direito a uma percentagem numa transferência futura do jogador.

De acordo com os dados disponíveis, a administração da SAD benfiquista terá já aprovado a conversão do contrato, pelo que se aguarda para os próximos dias (quarta ou quinta-feira) a viagem de Embaló para a Alemanha, a fim de efetuar testes médicos e assinar contrato com o Leipzig, juntando-se assim a Bruma, elemento importante na estratégia da equipa germânica.

Bruma espera o compatriota

Embaló já disse estar ansioso pelo momento em que se encontrará com o seu compatriota Bruma, também ao serviço do RB Leipzig. De resto, o jovem da formação do Benfica confidenciou ao seu empresário que Bruma é uma das suas referências e que será muito proveitoso para a sua adaptação ao futebol alemão poder contar com este apoio.

Sete anos mais velho, Bruma tem, aos 23 anos de idade, um percurso de "globetrotter": formado no Sporting, cedo deixou Alvalade para jogar na Turquia pelo Galatasaray. Passou ainda pelos espanhóis da Real Sociedad, antes de ser contratado, esta temporada, por uma das equipas "sensação" do futebol alemão, o RB Leipzig.

Ao invés, Embaló não jogou um minuto sequer pela equipa principal do Benfica. Tem atuado pela equipa "B", que milita na segunda liga portuguesa, e pelos "sub 19", no âmbito da UEFA Youth League, a competição europeia para os escalões mais jovens.

Ronaldo, ainda o recordista

Até agora, pertence a Cristiano Ronaldo o recorde na transferência de jovens jogadores do futebol português. O avançado madeirense mudou-se do Sporting para o Manchester United, no verão de 2003, por 15 milhões de euros.

Mas foi o Real Madrid a superar todas as marcas, contratando o jovem brasileiro Vinícius Júnior aos brasileiros do Flamengo por 45 milhões de euros, em maio do ano passado.

Theo Walcott, “internacional” inglês ao serviço do Arsenal, viu o seu passe comprado por 10,5 de euros quando, há onze anos, trocou o Southampton pelo Arsenal.

Benfica no topo da formação de "pérolas"

Nos últimos anos, o Centro de Estágio do Benfica, no Seixal, tem produzido jogadores de qualidade e rapidamente se tornou numa importante fonte de receita para o clube da Luz, que assim de cota, a nível mundial, como um dos emblemas que melhor rentabiliza esta ferramenta de promoção e gestão de ativos.

Até agora, as transferências de jovens da “cantera” benfiquista rendeu cerca de 240 milhões de euros, com nomes como os de Rony Lopes (para o Manchester City), ou João Cancelo, Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro e André Gomes (para clubes espanhóis). Mais recentemente, Ederson, Renato Sanches, Lindelöf e Gonçalo Guedes são outros jovens que completaram os seus processos de formação na margem Sul do Tejo, tendo sido transferidos a peso de ouro para o estrangeiro.

Rui Almeida | Deutsche Welle

EXUMAR O “ANTIGAMENTE” | A antipatia de Rio pela maior equidade social

As sondagens continuam a demonstrar a ineficácia dos permanentes esforços da comunicação social, das direitas parlamentares e do selfieman para demolirem o apreço com que o eleitorado vai reconhecendo os esforços do governo para propiciar melhor qualidade de vida à maioria da população. 

Ao anunciar os resultados do estudo da Eurosondagem Rodrigo Guedes de Carvalho exultava por dissociar o PS da maioria absoluta, mas convenhamos, que essa pressentida satisfação não terá grande fundamento. Salvo se alguma grande catástrofe vier a virar do avesso o atual contentamento dos portugueses com a solução política encontrada neste quadro parlamentar, tudo aponta para a forte possibilidade de os 33,9% que as direitas hoje valem em conjunto ainda mais se apouquem. Porque é o próprio Rui Rio a reconhecer a turbulência interna, que a sua vitória suscitou, morrmente no forte apego à irrisória sinecura, que Hugo Soares não quer largar.

Haverá, porém, outro lado por onde se deverá combater as pretensões do ex-autarca do Porto: são os seus mais próximos apaniguados a considerarem fundamental o abandono da lógica redistributiva  ao discutirem-se os investimentos para o pós 20/20. Tudo o que lhes possa cheirar a maior justiça na distribuição de rendimentos será o equivalente ao sulfuroso Demo. O tal por que tantos deles suspiram...

Publicado por jorge rocha  em Ventos Semeados, 19.01.2018

PORTUGAL/UE | As razões europeias do Dr. Rangel


A lista transnacional nunca vai ser aprovada porque revelaria demais sobre os políticos que dominam a Europa.

Francisco Louçã* | opinião

Paulo Rangel, que exibe intervenções televisivas assaz ansiosas, mobiliza na escrita um alter-ego com um pensamento estratégico argumentado, reivindicando-se de uma direita clássica e nisso mesmo revelador de tensões e alternativas. Aprecio o esforço denodado, sobretudo por não estar de acordo com a prosa. Mas foi ele quem me alertou, e porventura a outros leitores, para essa parte de um comunicado da cimeira de governantes mediterrânicos que anuncia uma lista transnacional europeia nas próximas eleições.

A ideia nada tem de novo, Rangel diz-nos mesmo que foi um seu entusiasta até ter arrefecido sobre o assunto. É uma das armas do arsenal de Macron e, por deferência ou convicção, os governantes do Sul carimbaram o comunicado. Faz parte também daquela classe de ideias europeístas que ninguém leva demasiado a sério, mas que ficam bem num discurso enlevado sobre o destino mítico dessa Europa encantadora, raptada por um tal Zeus, disfarçado de potente touro para multiplicar a prole. E que toda a gente sabe que não vai ser concretizada, por razões imperativas: seria necessário que todos os países membros aceitassem mudar a sua lei eleitoral, sem qualquer excepção, já para não mencionar que teríamos assim o PSD e o CDS, ou Merkel e Rajoy, a fazerem uma lista continental com Orban, Berlusconi e outras companhias menos recomendáveis. A lista da direita seria um jardim zoológico. E a dos partidos socialistas europeus seria um problema: será que Macron imporia um seu ministro à frente dessa lista, depois de ter destruído o PS francês? De facto, a lista transnacional nunca vai ser aprovada porque revelaria demais sobre os políticos que dominam a Europa.

Rangel acrescenta outras razões ainda mais substanciais para contrariar a ideia. Três: se se quer europeísmo institucionalista, então a lista europeia é um ataque ao federalismo (nada disso existe em federações e confederações, como no Brasil, Estados Unidos ou Suíça, porque precisamente contraria a ideia federadora); uma lista europeia alarga o fosso entre eleitos e eleitores e cria uma classe de eurodeputados de primeira; e promove o populismo contra um gato de rabo de fora da dissolução das representações nacionais. Ou ainda, que para Portugal seria péssima solução, sendo evidente que as listas seriam encabeçadas por figurões dos países com mais eleitores.

Que o primeiro-ministro tenha assinado o texto, até se compreende. Ele sabe que a proposta é frívola e inconsequente, mas não está para uma maçada dentro de portas. O PS, para concluir os acordos com o Bloco e o PCP, retirou do programa de governo as suas propostas de alteração da lei eleitoral (os círculos uninominais, destinados a fazer o PS e o PSD ganharem na secretaria) e se, à sorrelfa, sem consulta e decerto sem acordo, propusesse agora tal lista europeia num pacto, aliás improvável, com a direita, a ideia só poderia ser considerada como um ataque aos seus parceiros. Costa, homem avisado, não o fará, ponto final.

Fica o problema principal. Por que é que algumas lideranças europeias jogam este jogo, para fingir soluções que logo vão abandonar por inexequíveis? Querem ser levados a sério por proporem o que eles próprios não levam a sério? Quando sobra a estratégia de fumo, fica tudo claro. Mas revela-se uma cultura: os eurocratas acham mesmo que na Europa somos, ou devemos fingir ser, uma única nação a caminho de um único Estado, e vangloriam-se de cada passo, simulado que seja, para substituir as democracias nacionais por uma transcendência, esse terreno em que se movem tão bem os conciliábulos e interesses. Gostariam assim de rejeitar a Europa que pode ser, em nome da que lhes convém. Mas tenha calma, a lista transnacional é só jogo político e brincadeira de carnaval.

*Artigo publicado no jornal “Público” em 20 de janeiro de 2018

Em Esquerda.net | Francisco Louçã é professor universitário e ativista do Bloco de Esquerda.

Foto: Paulo Rangel, em RTP

PORTUGAL "FIZZ" | Orlando Figueira: “Fiz o que fiz e voltaria a fazer”


Orlando Figueira defende legalidade do arquivamento do processo de Manuel Vicente

Grande parte da sessão matinal desta terça-feira no Campus da Justiça, sobre o julgamento da Operação Fizz, foi preenchida com a discussão à volta da decisão de Orlando Figueira em arquivar o processo de Manuel Vicente, o ex-vice presidente de Angola.

O juiz Alfredo Costa quis saber porque razão o ex-procurador não só arquivou em tempo recorde as suspeitas contra Manuel Vicente mas sobretudo porque mandou devolver, destruir e guardar uma cópia das declarações de rendimento de Vicente. "Foi uma decisão tecnicamente irrepreensível", justifica Orlando Figueira, enquanto por sua vez o juiz considera-a "bastante discutível".

Vicente estava a ser investigado por branqueamento de capitais depois de ter comprado um apartamento no Estoril Residence por três milhões de euros.

O advogado Paulo Branco, também arguido no processo, fez juntar uma declaração de rendimentos e um registo criminal limpo, por isso Orlando Figueira mandou não só arquivar as referências a Manuel Vicente como também mandou destruir as declarações de rendimento. "Porquê?", perguntou o juiz. "A reserva da vida privada é um princípio sagrado", respondeu por mais de uma vez Orlando Figueira.

Contudo, o agora acusado de corrupção guardou para si uma cópia da referida declaração num cofre na Av. Fontes Pereira de Melo, em Lisboa. "Porquê?", quis mais uma vez saber o juiz. "Porque no DCIAP desaparecem documentos e por uma questão de segurança", respondeu o arguido.

Hugo Franco | Rui Gustavo | Expresso | Foto: João Relvas/Lusa

PORTUGAL | Quem educa a Supernanny?


Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

Não se põe uma criança a chorar frente a um milhão de pessoas. Não se disciplina uma criança frente a um milhão de pessoas. Não se ralha a uma criança frente a um milhão de pessoas. Não se discute a educação de uma criança frente a um milhão de pessoas.

Não se discute o amor dos pais de uma criança para uma plateia de um milhão de pessoas. Não se faz de um quarto de uma criança o palco de um espetáculo ridículo para um milhão de pessoas. Não se faz de uma criança um ator amacacado da sua própria personalidade, só para conseguir entreter um milhão de pessoas.

Não se inculca, condiciona, manipula, negoceia, chantageia, castiga, premeia ou envergonha uma criança frente a um milhão de pessoas. Não se explora, para gozo de um milhão de pessoas, a imaturidade, a inocência, a infantilidade de crianças inconscientes, inconstantes, incoerentes, irresponsáveis e, por tudo isso, indefesas.

Não se faz negócio, comércio, tráfico de emoções com crianças que nunca podem estar preparadas, precisamente por serem crianças, para decidir, por si só, em consciência, se realmente é do seu interesse aceitar vender o riso ou a lágri- ma a um milhão de pessoas.

Não se mostra a um milhão de pessoas uma criança, aos berros, descontrolada, de raiva. Não se mostra a um milhão de pessoas uma briga, estúpida, de crianças irmãs.
Não se revelam os erros de uma criança a um milhão de pessoas. Não se divulgam os erros dos pais de uma criança a um milhão de pessoas.

Uma criança numa família disfuncional não é exemplo pedagógico para um milhão de pessoas.

Uma criança com pais incompetentes, doentes, amargos, deprimidos, gananciosos, egocêntricos, incautos, distraídos, enganados, esmagados ou pouco inteligentes não pode ser usada como modelo comportamental para um milhão de pessoas.

Uma criança com dificuldades de aprendizagem, de socialização, de agressividade, de timidez, de obediência ou de afirmação não pode ser exibida a um milhão de pessoas como exemplo sintético do mal psiquiátrico ou analítico do desvio psicológico.

Uma criança com problemas pessoais ou familiares deve ser ajudada, sim, mas não deve ver o seu problema íntimo, intransmissível, único, ser transformado num anátema eternizado para o resto da vida através da exposição a um milhão de pessoas das suas dores, sejam superficiais, sejam profundas.

A alegria, a tristeza, o êxito, o fracasso, a angústia, a candura, a malícia, a perversidade, o carácter de uma criança não é assunto para ser debatido por um milhão de pessoas como quem discute o enredo de uma telenovela.

O problema da Supernanny, com o seu casaquinho vermelho, as sobrancelhas arrebitadas e os maneirismos queques, qual diabinho simpático, não são as múltiplas ideias que ela tem sobre a educação das crianças e das suas famílias. O problema da Supernanny é ela não ter recebido educação essencial para reter uma única ideia ética sobre a era mediática.

Sendo assim, usando pedagogia antiga, proponho que para educar a Supernanny a obriguem a escrever, num quadro de ardósia, um milhão de vezes, tantos quantos os espectadores do seu programa, a seguinte frase: "A intimidade de uma criança não é um espetáculo giro. A intimidade de uma criança não é um espetáculo giro. A intimidade de uma criança não é um espetáculo giro. A intimidade de uma criança não é um espetáculo giro. A intimidade de uma criança não é um espetáculo giro. A intimidade de uma criança não é um espetáculo giro..."

Segredos, mentiras e confusão USA no Norte da Síria

Thierry Meyssan*

Os anúncios e desmentidos da Administração Trump sobre os movimentos militares no Norte da Síria revelam um segredo negro. Paradoxalmente, a Turquia acaba por vir em socorro dos Estados Unidos para corrigir «o erro» dos seus funcionários superiores.

desmentido do Secretário de Estado, Rex Tillerson, a 17 de Janeiro, a propósito do Comandante-em-chefe do CentCom, General Joseph Votel, em 23 de Dezembro e do porta-voz da Coligação (Coalizão-br) Anti-Daesh, o Coronel Thomas Veale, em 13 de Janeiro, semeou a confusão.

Ele não satisfez a Turquia, a qual, após ter avisado o Encarregado de Negócios dos EUA, Philip Kosnett, a 10 de Janeiro, e preparado desde 13 de Janeiro uma operação militar em Afrin e Manbij, a lançou efectivamente no dia 20 de Janeiro.

Contrariamente às declarações de uns e de outros, a decisão dos EUA não era de criar um Estado soberano e independente no Norte da Síria —isso, é o projecto francês— mas, sim um Estado não-reconhecido, como o Puntland somali ou o Curdistão iraquiano. Esta última estrutura é absolutamente independente e, apesar da Constituição iraquiana, não responde às ordens do Iraque da qual faz, em princípio, parte. Além disso, ele dispõe das suas próprias embaixadas no estrangeiro.

A Força de Segurança da Fronteira (Syrian Border Security Force) devia oficialmente ser composta por 30. 000 homens, dos quais metade antigos membros das Forças Democráticas Sírias (Democratic Syrian Forces). Estes combatentes deviam ter sido treinados durante três semanas em técnicas de interrogatório e em detecção biométrica (scanning). Curso, esse, já frequentado por 230 cadetes.

Na prática, a outra metade devia ser composta por 15.000 antigos jiadistas do Daesh (E.I.), que teriam assim sido discretamente reciclados.

Na realidade, o Representante especial do Presidente Trump junto da Coligação, Brett McGurk, foi o advogado que participou, ao lado de John Negroponte e do Coronel James Stelle na criação do Emirado Islâmico no Iraque, em 2006. Ele foi encarregado, junto com o Coronel James Coffman, de prestar contas sobre esta operação secreta ao Presidente George Bush. Tratava-se de combater a Resistência iraquiana ao ocupante dividindo-a, para tal, em sunitas e xiitas e criando, assim, artificialmente uma guerra civil.

Após uma passagem por Harvard, Brett McGurk foi recolocado no Departamento de Estado junto de John Kerry. Ele participou na transformação do Emirado Islâmico no Iraque em Daesh (E.I.) e co-organizou em Amã a reunião preparatória para a invasão jiadista do Iraque, a 27 de Maio de 2014. Ele reorganizou o Iraque, e depois formou a Coligação Internacional encarregue de lutar… contra o Daesh.

Bom aluno, aceitou servir o Presidente Trump para pôr fim à organização jiadista que havia criado, e da qual tenta, hoje em dia, reciclar alguns combatentes.

O projecto da Força de Segurança da Fronteira diz muito sobre a seriedade dos milicianos do YPG, os quais professam o anarquismo suave de Murray Boochkin mas podem, sem qualquer escrúpulo, formar uma unidade conjunta com os assassinos do Daesh sob comando dos EUA.

Contrariamente às aparências, o ataque turco a Afrin, e provavelmente em breve a Mambij, foi aprovado, a 18 e 19 de Janeiro, pelo Estado-maior russo, que foi avisado pelo número 2 do regime, e chefe dos serviços secretos , o Director do MIT (Milli İstihbarat Teşkilatı), Hakan Fidan, vindo de propósito a Moscovo. Ele foi, aliás, facilitado pela retirada imediata das tropas russas da zona de combate.

Identicamente, a Turquia informou por escrito a Síria do seu ataque, mesmo se Damasco garante não ter recebido a carta.

O Presidente al-Assad, que não pode colocar o seu país em confronto com os Estados Unidos para parar a reciclagem de jiadistas, deixou a Turquia, membro da OTAN, encarregar-se disso.

O Presidente Trump não fora informado sobre o plano Votel-McGurk. O Secretário da Defesa, James Mattis, confirmou aos seus homens as instruções da Casa Branca contra os jiadistas. No entanto, Votel e McGurk ainda estão no terreno.

*Thierry Meyssan | Voltaire.net | Tradução Alva | Fonte Al-Watan (Síria)

Na foto: Brett McGurk

Facebook Kids: agora, em busca das crianças


Maior rede social do mundo quer penetrar no universo infantil, a partir dos 6 anos. Por que isso implica riscos comportamentais, políticos e neuronais

Roberto Gonzalez, no CounterPunch | Outras Palavras | Tradução: Camila Teicher, do nosso Círculo de Tradutores Voluntários

Nos últimos meses, as empresas de redes sociais têm passado por escrutínios cada vez mais rigorosos por parte dos críticos de mídia, grupos de vigilância e comitês do Congresso dos Estados Unidos.

A maioria das críticas gira em torno de como Facebook e Twitter facilitaram a propagação de mensagens sediciosas criadas por agentes russos durante as eleições presidenciais dos EUA em 2016, com o intuito ostensivo de polarizar os eleitores americanos. Anúncios de autoatendimento, “bolhas de filtro” e outros aspectos das redes sociais tornaram a manipulação das massas fácil e eficiente.

No entanto, algumas pessoas estão manifestando preocupações mais profundas quanto aos efeitos sociais, psicológicos, cognitivos e emocionais dessas plataformas, particularmente quando impactam as crianças.

O Facebook, por exemplo, sofreu um ataque de um grupo improvável de críticos: alguns de seus próprios ex-diretores. Seus comentários coincidem com o lançamento do “Messenger Kids”, o mais recente produto da empresa. Segundo comunicados, seu público-alvo são crianças de 6 a 12 anos (o Facebook não permite que menores de 13 anos criem contas, assim como a maioria dos aplicativos de redes sociais).

Embora o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, tenha se comprometido recentemente a “consertar” a plataforma em 2018, o “Messenger Kids” revela uma agenda diferente: ir pra cima de uma nova geração de usuários, habituá-los à vida virtual, aumentar a participação no mercado e desenvolver fidelidade às marcas em um ambiente mercadológico altamente competitivo. O primeiro presidente do Facebook, Sean Parker, reconheceu no fim do ano passado que seus criadores o projetaram intencionalmente para consumir o máximo possível de tempo e atenção de seus usuários. Segundo Parker, os “likes” e as postagens servem como “um círculo vicioso de validação”, explorando a necessidade psicológica de aceitação social. “Só Deus sabe o que isso está fazendo com os cérebros das nossas crianças”, disse (em citação de Allen, 2017).

Por que os arquitetos do Facebook, Google Plus, Twitter e demais redes sociais recorreriam a essas técnicas? O modelo de negócios do Facebook se baseia na receita gerada pelos anúncios. Um dos primeiros investidores do Facebook, Roger McNamee (2018), escreveu recentemente:

Os smartphones mudaram completamente a dinâmica da publicidade. Em poucos anos, bilhões de pessoas passaram a contar com um sistema de geração de conteúdo para os mais variados fins, facilmente acessível 16 ou mais horas por dia. Isso transformou a mídia em uma batalha para captar a atenção do usuário o máximo possível… Por que pagar a um jornal com a esperança de chamar a atenção de uma determinada parcela de seu público-leitor se você pode pagar ao Facebook para alcançar exatamente o perfil de pessoas que deseja?

Sean Parker e Roger Mcnamee não são os únicos. O investidor e ex-vice-presidente do Facebook, Chamath Palihapitiya, admitiu, no mês passado, que se arrepende de ter ajudado a empresa a expandir seu alcance global (o Facebook tem mais de dois bilhões de usuários em todo o mundo e continua crescendo).

Criamos ferramentas que estão esfarrapando o tecido social, do funcionamento da sociedade… você está sendo programado”, disse Palihapitiya ao público na Stanford Graduate School of Business. “Nada de discurso cidadão, de cooperação; é desinformação, inverdade. E não é um problema dos Estados Unidos somente – não são as propagandas russas. É um problema global… Atores prejudiciais agora podem manipular grupos inteiros de pessoas para que façam qualquer coisa que você quiser. É realmente uma situação muito, muito ruim – (Palihapitiya, 2017).

Outro ex-diretor do Facebook, Antonio García-Martínez, veio a público no meio do ano passado com suas críticas às técnicas da empresa:

Se usar de forma muito inteligente, com diversas iterações de aprendizagem automática e tentativa e erro sistemáticas, um marqueteiro sagaz pode encontrar a combinação exata de idade, posição geográfica, hora do dia e preferências musicais e de cinema que determinam o vencedor demográfico de um público. A “taxa de cliques”- para usar o jargão do marketing – não mente… O Facebook tem e oferece segmentação “psicométrica”, cuja meta é definir a parcela do público que é particularmente suscetível à mensagem de um anunciante específico… Às vezes os dados se comportam de maneira antiética… A plataforma nunca tentará limitar esse uso de seus dados, a não ser que os protestos dos usuários atinjam um nível de intensidade impossível de ser silenciado. (García-Martínez, 2017).

Essas declarações são alarmantes, porém não são novidade.

Há anos os cientistas sociais alertam sobre como a tecnologia pode desencadear vícios comportamentais. A antropóloga do MIT Natasha Schüll, que conduziu uma pesquisa nos cassinos de Las Vegas por um período de mais de 20 anos, observou que os caça-níqueis puxam alguns apostadores para uma “zona automática” desorientadora (a pesquisa de Schüll se baseia no trabalho pioneiro da antropóloga Laura Nader, da UC Berkeley, que desenvolveu o conceito “processos de controle” – como indivíduos e grupos são persuadidos a participarem de sua própria dominação). Após entrevistar fabricantes de caça-níqueis, arquitetos de cassinos e apostadores inveterados, entre outros, Schüll conclui, em seu livro Addiction by Design, que a atração magnética dos caça-níqueis se deve, em parte, a suas características profundamente interativas. Especialistas da indústria dos jogos de azar falam abertamente de maximizar o “tempo no dispositivo”. Conforme dito por um consultor a Schüll, “o segredo é a duração do jogo. Quero te manter lá o tempo que for humanamente possível – esse é o truque, é isso que te faz perder” (Schüll, 2012: 58; ver também Nader, 1997).

O professor de negócios da New York University, Adam Alter, autor de Irresistible: The Rise of Addictive Technology and the Business of Getting Us Hooked (2017), argumenta que o botão “gostei” (like) do Facebook tem um efeito comparável. Cada postagem, foto ou atualização do status é uma aposta que pode resultar em perda total (nenhum “gostei”) ou no grande prêmio (viralizar). Os “retweets” do Twitter, os corações do Instagram e as visualizações do YouTube funcionam da mesma maneira (vale mencionar que o YouTube, da Google, e a Amazon também estão fazendo esforços agressivos para açambarcar o mercado juvenil).

No mês passado, apenas três semanas antes do Natal, o Facebook divulgou um comunicado anunciando a chegada do “Messenger Kids”. De acordo com a empresa, o aplicativo foi desenvolvido com a consultoria de pais de família e “especialistas em cuidados parentais” para que fosse seguro para crianças. A plataforma também prometeu limitar a coleta de dados das crianças e não usar o aplicativo para anúncios.

Tais promessas não são sinceras. É óbvio que o “Messenger Kids” é parte de uma estratégia de longo prazo, pensada para viciar as crianças em hábitos de networking social (“likes”, mensagens de texto, bolhas de filtro) o mais cedo possível. Em outras palavras, a ideia é aumentar os níveis de dopamina das crianças nos anos formativos – de modo que picos frequentes desse neurotransmissor se tornem uma parte normal de suas vidas. Uma vez que isso aconteça, será ainda mais fácil para as futuras empresas de redes sociais (que são fundamentalmente agências de publicidade) alimentarem o vício comportamental de bilhões com propaganda personalizada.

Em 2016, a Academia Americana de Pediatria publicou recomendações definindo limites no tempo de utilização de equipamentos eletrônicos por crianças, observando que “os problemas começam quando o uso dessas mídias substitui a atividade física, a exploração prática e a interação social face-a-face no mundo real, elementos cruciais para a aprendizagem” (AAP, 2016).

O “Messenger Kids” pode mergulhar ainda mais as crianças no mundo virtual. Talvez o Admirável mundo novo de Aldous Huxley tenha chegado – pois, como o presciente crítico de mídia Neil Postman escreveu, na visão de Huxley, não é necessário nenhum Big Brother para privar as pessoas de sua autonomia, maturidade e história. Conforme ele percebeu, as pessoas chegarão a amar sua opressão, a adorar as tecnologias que anulam sua capacidade de pensar… Como ressaltou no Regresso ao admirável mundo novo, os libertários civis e os racionalistas que estão sempre alertas para se opor à tirania “não foram capazes de levar em conta o apetite quase infinito do homem pelas distrações” (Postman, 1985: vii).

No mês passado, Chamath Palihapitiya disse à CNBC que seus filhos de 5 e 9 anos estão proibidos de usar equipamentos eletrônicos, mesmo que peçam constantemente. Bill Gates, Jonathan Ive (designer do iPad), o falecido Steve Jobs e muitas outras figuras bem conhecidas da indústria da tecnologia também impuseram limites estritos ao uso dessas mídias por seus filhos. Eles entendem claramente os efeitos colaterais cognitivos, psicológicos e emocionais dos aparelhos que ajudaram a criar. Se esses célebres personagens tomaram medidas drásticas para proteger seus filhos do lado negro da vida virtual, talvez mais de nós devêssemos seguir seu exemplo.

Para além do imediatismo dos nossos hábitos e práticas individuais e familiares, assoma-se um problema social maior: a possibilidade de um futuro em que as instituições autoritárias tenham a enorme capacidade de moldar as ideias, atitudes e comportamentos de públicos aprisionados por suas próprias compulsões.

Referências
Allen, Mike (2017). “Sean Parker Unloads on Facebook.” Axios.com, 9 de novembro.
Alter, Adam (2017). Irresistible: The Rise of Addictive Technology and the Business of Getting Us Hooked. Nova York: Penguin Books.
García-Martínez, Antonio (2017). “I’m an Ex-Facebook Exec: Don’t Believe What They Tell You Maabout Ads.” The Guardian, 2 de maio.
McNamee, Roger (2018). “How to Fix Facebook–Before It Fixes Us.” Washington Monthly, janeiro.
Nader, Laura (1997). “Controlling Processes: Tracing the Dynamic Components of Power.” Current Anthropology 38(5): 711-738.
Palihapitiya, Chamath (2017). “Money as an Instrument of Change.” Palestra apresentada na Stanford Graduate School of Business, 13 de novembro.
Postman, Neil (1985). Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business. Nova York: Penguin Books.
Schüll, Natasha (2012). Addiction by Design: Machine Gambling in Las Vegas. Princeton, NJ: Princeton University Press.

*Roberto Gonzalez - Professor de antropologia na San José State University. É autor de diversos livros, entre eles Zapotec Science, American Counterinsurgency e Miltarizing Culture. Para entrar em contato, roberto.gonzalez@sjsu.edu.

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