sábado, 21 de abril de 2018

OS CAPITAIS QUE FLUEM PARA OFFSHORES


A legalidade nem sempre é sinónimo de legitimidade

A rendabilidade dos capitais resulta de condições optimizadas que as multinacionais e os capitalistas de topo encarregam os governos e as classes políticas de concretizar. Entre essas condições estão as vantagens fiscais criadas nos offshores ou paraísos ficais e que têm como contrapartida a enorme punção fiscal que impende sobre a multidão.

1 - A legalidade do processo

Em Portugal, uma alteração à Lei Geral Tributária, mais especificamente, através dos nºs 2º e 3º do seu artº 63-A, estabelece que a Autoridade Tributária e Aduaneira deverá publicar (de acordo com a Portaria 256/2017 de 14 de agosto) "as estatísticas relativas às transferências e envio de fundos que tenham como destinatário entidade localizada em país, território ou região com regime de tributação privilegiada mais favorável"; de modo mais sucinto e popular, offshores. 

A propósito de informação estatística, note-se que o INE - Instituto Nacional de Estatística tem sido afastado, há décadas, da elaboração sobre tudo o que se refere à área fiscal[1] como à das finanças públicas (entre outras áreas), informação essa que tem ficado disseminada de modo caótico entre a página da referida Autoridade Tributária e Aduaneira, da DGO - Direção-Geral do Orçamento, do Banco de Portugal, do IGCP, com frequentes alterações de método e de conteúdo; nos últimos anos, sob o auspícios do Eurostat ou do BCE que, no âmbito da intervenção da troika, eliminaram muita da falta de transparência nas contas públicas. 

Como é evidente, esta situação não é um descuido de ignorantes mas uma política continuada de obscurecimento e ocultação da realidade da gestão pública, que visa o desconhecimento das relações mafiosas entre os governos, as oligarquias em que se inserem e os interesses privados que se insinuam na sombra. Por outro lado, iniciativas individuais não têm acolhimento na obtenção de dados junto das instâncias estatais - como seria apanágio de um regime verdadeiramente democrático - embora esses dados sejam disponibilizados, na prática, a empresas de informática instaladas em órgãos públicos ou às grandes empresas de consultadoria.

2 - A realidade dos offshores

O conceito de registo offshore - embora muitos não se situem geograficamente em ilhas mas em áreas continentais (onshore) - popularizou-se com aquele nome; e está associado aos capitais que procuram carga fiscal nula ou reduzida, da ausência de interferências fiscalizadoras dos Estados e das instâncias judiciais ou policiais, mormente quando esses capitais são provenientes de tráficos (armas, drogas...) ou de extorsão, provenientes ou destinados a actividades criminosas. 

O conceito resulta de um precedente relacionado com os navios mercantes. A vida a bordo, em viagens longas é dura e, no âmbito de uma luta secular, os marinheiros foram ganhando qualificações, inerentes à evolução das tecnologias a bordo, com salários e condições de trabalho dignas, impostas por sindicatos poderosos e garantidas pelas legislações estatais que pesaram nos custos dos armadores. Estes decidiram inventar as "bandeiras de conveniência"; isto é, o registo do navio é feito em porto de país onde a legislação de trabalho é convenientemente branda ou nula, permitindo aos armadores o recrutamento de mão-de-obra menos qualificada, mais barata, e menos exigente em condições de conforto e segurança a bordo. 

Por outro lado, os navios com deficientes condições de segurança, com maior risco de acidente, têm o seu registo impedido nos países mais desenvolvidos, mais zelosos da sua segurança, condições de trabalho e salariais. Assim, hoje, como há décadas, as principais bandeiras de registo dos navios são as do Panamá e da Libéria, surgindo mais recentemente, em terceiro lugar, as Ilhas Marshall que, como se entenderá são países com ... enormes necessidades de transporte e poderosos armadores; porém, em 2017, estes três países têm o registo de 15.6% da frota mundial e 42.4% da tonelagem (dwt)[2].

Na totalidade dos registos offshore, de parqueamento de capitais - cerca de 80 - a sua maioria está ou esteve ligada à Grã-Bretanha (52 em cerca de 80), havendo ainda a considerar que as Ilhas do Canal, as maiores, constituem, de per si, registos independentes. Por seu turno, Gibraltar recusa terminantemente o reintegração em Espanha porque a sua população depende do contrabando, das receitas como offshore e da presença militar inglesa. A City tem muitos anos e muita sabedoria... 

Se bem que haja offshores que são países, como os Emiratos Árabes Unidos, o Qatar, a Suíça, o Uruguai... ou o Panamá (que se celebrizou recentemente com os Panama Papers, evidenciando a relação dos offshores com o crime) outros, são micro-estados, sobretudo nas Caraíbas ou na Polinésia, tornados como tal por conveniências da anterior potência colonizadora, para os quais o parqueamento de capitais é importante fonte de receita; finalmente, há ainda endereços offshore em locais tão remotos ou desconhecidos da maioria das pessoas, como as ilhas de Jan Mayen, de Niue, de Pitcairn ou de Labuan (esta talvez presente para os leitores de Emilio Salgari).

Portugal não é um país rico, não tem um painel muito sofisticado de capitalistas e tem relações comerciais muito concentradas em poucos países. Porém, apresenta, nos elementos que adiante desenvolveremos uma situação única; "Portugal tem de longe a maior lista de paraísos fiscais da Europa" disse há perto de um ano, o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

3 - Avaliação dos fluxos de saída para offshores

Voltando aos envios de fundos para "país, território ou região com regime de tributação privilegiada mais favorável", pretende-se regulamentar na portaria acima referida, a informação relativa ao envio de fundos, no sentido da obtenção de informação que enforme relatório sobre "a evolução do combate à fraude e à evasão fiscais" a entregar pelo governo à diligente Assembleia da República, no âmbito do artigo 64.º-B da Lei Geral Tributária.

A piedosa intenção revelada em nada irá prejudicar a saída de capitais para offhores, uma vez que estes se tornaram instrumentos essenciais para as movimentações de capitais, para a sua menor oneração tributária, para a sua aplicação fora da supervisão dos governos, eventualmente para negócios escusos e criminosos. Como é bem sabido, apesar de há muitos anos os governos se referirem negativamente aos offshores, a verdade é que eles perduram, como se alarga a sua disseminação pelo planeta, tal como aumenta a sua utilização e envolvimento em fraudes e descapitalizando os estados e as finanças públicas; para além de contemplarem uma profunda desigualdade na carga fiscal face à que incide sobre os rendimentos do trabalho - largamente escrutinados pelos governos - e os rendimentos de capitalistas, médios e grandes.

A agregação contemplada para os dados divulgados considera, separadamente, os indivíduos e as pessoas coletivas, por um lado; e, por outro, os residentes e os não residentes em Portugal. Decidimos dar maior relevo ao critério da residência, juntando, nesse contexto, os casos de pessoas individuais ou coletivas; até porque a importância relativa das transferências efetuadas por indivíduos é muito menor do que a protagonizada por entes coletivos.

*em Pravda.ru

Falsidades ‘Made in USA’ e mentiras ‘Made in Italy’

Na sombra, a operação conjunta contra a Siria foi ccordenada pela NATO (Foto do General Curtis Scaparrotti, Comandante Supremo da Organização)
Manlio Dinucci*

Apresentada como uma operação tripartida, o ataque à Síria pelos EUA, Reino Unido e França, foi inteiramente coordenado pela NATO. Como a do Iraque, há quatortze anos, é fundamentada numa mentira oficialmente desmentida de antemão, pelos inspectores do desarmamento da OPAQ/OPCW.

Para motivar a guerra de 2003, os EUA acusaram o Iraque de possuir armas de destruição em massa: o Secretário de Estado, Colin Powell, apresentou à ONU uma série de “provas” depois demonstradas falsas, como ele mesmo teve de admitir em 2016. “Provas” análogas são agora apresentadas para provocar o ataque à Síria pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França.

O General Kenneth McKenzie, Director Adjunto do Pentágono, apresentou um relatório, em 14 de Abril, acompanhado por fotos de satélite, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Barzah, em Damasco, designando-o como “o coração do programa de armas químicas da Síria”. O Centro, que constituía o alvo principal, foi atacado com 76 mísseis de cruzeiro (57 Tomahawk lançados de navios e submarinos e 19 JASSM de aviões).

O objectivo foi destruído, anunciou o General, “trazendo de volta, após alguns anos, o programa das armas químicas da Síria”. Desta vez não há necessidade de esperar treze anos para confirmar a falsidade da “prova”.

Um mês antes do ataque, em 13 de Março, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ/OPCW) anunciara oficialmente o resultado da segunda inspecção, realizada no Barzah Center, em Novembro de 2017 e das análises das amostras recolhidas em Fevereiro de 2018: “A equipa de inspecção não observou nenhuma actividade contrária às obrigações decorrentes da Convenção das Armas Químicas” [1].

Não foi por acaso que o Centro Barzah foi destruído pouco antes da chegada, pela terceira vez, dos inspectores da OPAQ/OPCW. A Síria, um Estado membro da OPCW, completou, em 2014, o desarmamento químico, enquanto Israel, que não adere à Convenção das Armas Químicas, não está sujeito a nenhum controlo.

Mas deste assunto não fala o aparelho político-mediático que, pelo contrário, acusa a Síria de possuir e usar armas químicas.

O Primeiro Ministro Gentiloni declarou que a Itália, apesar de apoiar “a acção limitada e destinada a atacar o fabrico de armas químicas”, não participou de forma alguma. De facto, essa mesma acção foi previamente acordada e planeada na sede da NATO. É provado pelo facto de que, imediatamente após o ataque, o Conselho do Atlântico Norte foi convocado, no qual os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França “informaram os Aliados sobre uma acção militar conjunta na Síria” e os Aliados exprimiram oficialmente “o seu apoio total a esta acção” [2].

Gentiloni também declarou que “o apoio logístico que fornecemos sobretudo aos EUA, não poderia de modo algum ser traduzido, no facto de que acções directas destinadas a atacar a Síria, partam do território italiano”. Na realidade, o ataque à Síria vindo do Mediterrâneo foi dirigido pelo Comando das Forças Navais dos EUA na Europa, com sede em Nápoles-Capodichino, às ordens do Almirante James Foggo que, ao mesmo tempo, comanda a Força Conjunta da NATO, com sede em Lago Patria (Nápoles).

A operação bélica foi apoiada pela base da Força Aérea dos EUA, em Sigonella e pela estação americana de Niscemi, do sistema MUOS de transmissões navais.

Como mostram os rastos nos radares, os drones espiões americanos, RQ-4 Global Hawk, levantando voo de Sigonella, tiveram um papel fundamental no ataque à Síria, apoiados por aviões-cisterna para reabastecimento dos caças.

Portanto, a Itália partilha a responsabilidade duma acção de guerra que viola as normas mais elementares do Direito Internacional. Ainda não se sabe quais serão as consequências, mas é certo que alimenta as chamas da guerra, se bem que Gentiloni assegure que “não pode ser o início de uma escalada”.


*Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016.

Notas:
[1] “Progress in the elimination of the Syrian chemical weapons programme”, by Ahmet Üzümcü , Voltaire Network, 23 March 2018.

PORTUGAL | Eles nunca se enganam


Pedro Silva Pereira* | Jornal de Notícias | opinião

Colapso de democracia, colapso da economia, colapso do Estado - foi assim, sempre à beira de um ataque de nervos, que a Direita foi descrevendo, em ondas sucessivas, os seus tenebrosos presságios sobre as reversões e outras generosidades do Governo das famigeradas "esquerdas unidas". Depois, à medida que a maioria de Esquerda foi tranquilamente aprovando orçamentos e apresentando resultados que desmentiam as diabólicas previsões de catástrofe, a Direita quis convencer-nos de que não se enganou em nada - o Governo, esse malvado, é que mudou de política.

Tornou a acontecer agora. Conhecidos os excelentes resultados de 2017 (2,7% de crescimento da economia, queda da taxa de desemprego para 7,8%, redução da dívida pública para 125,7% e redução do défice para 0,9%) lá veio outra vez a mesma conversa: os resultados só são melhores do que o previsto porque, "à socapa", o Governo mudou de política.

Está encontrada, portanto, a fórmula mágica da infalibilidade: aconteça o que acontecer, a Direita e os seus porta-vozes nunca se enganam, nem mesmo quando preveem uma catástrofe que não se confirma. Se os resultados, afinal, são bons, a explicação só pode ser uma: o Governo "fez batota" e mudou de política sem ninguém dar por isso.

A verdade, evidentemente, é outra. A Direita construiu todo o seu discurso de Oposição - e as suas previsões - com base num erro político fundamental: a ideia, mil vezes repetida, de que o PS, ao assinar os acordos à Esquerda, ficou "refém" dos partidos da "Esquerda radical", consentindo na descaracterização do seu programa, resignando-se a um despesismo irresponsável e virando, ele próprio, à Esquerda, a ponto de trair a sua identidade como partido moderado de centro-esquerda, fiel ao ideal europeu.

Naturalmente, a narrativa da radicalização do PS nunca passou de uma fantasia sem qualquer correspondência com a realidade. Como foi claro desde o primeiro dia, o Governo do PS sempre aspirou a conciliar a devolução dos rendimentos e o crescimento da economia e do emprego com o respeito integral pelos compromissos europeus de redução do défice e da dívida pública. Que tenha feito o que sempre disse que iria fazer só será motivo de surpresa para quem acabou por acreditar na sua própria mentira.

Ao contrário do que parece continuar a ser hoje a crença da Direita, nem o Centro político é terreno abandonado, nem mora lá ninguém que ainda se assuste com o "papão" das "esquerdas unidas". Quem acredita nisso é bom que se prepare para mais surpresas.

*Eurodeputado

RICARDO SALGADO, DE DONO DISTO TUDO (DDT) A DONO DE MUITOS SEGREDOS (DMS)


Em conformidade com o Expresso de ontem, sexta-feira, Ricardo Salgado foi constituído arguido no “caso EDP”, notícia que pode ver transcrita a seguir no PG.

Também hoje o Expresso faz corpo ao título “Suíça arresta Ricardo Salgado por causa de José Guilherme”, artigo de Micael Pereira, que nos deixa saber sobre este outro caso: “Ex-presidente do BES está a ser investigado no caso em que Tomás Correia, antigo CEO do Montepio, é arguido por corrupção. Em causa estão dois milhões de euros que Ricardo Salgado recebeu do construtor José Guilherme quando o BES estava a financiar a meias com o Montepio uma operação imobiliária na Amadora. Suspeitas levaram as autoridades suíças a arrestar-lhe várias contas no UBS em Genebra.” 

Se quiser saber mais terá de pagar para isso. No Expresso não existem almoços grátis, como em tantos outros jornais online.

Ricardo Salgado, pelo visto, passou de DDT (dono disto tudo) a DMS (dono de muitos segredos) o que o conserva aparentemente a contas com a justiça mas envolto numa impunidade impressionante que lhe conserva a liberdade. A tal característica da justiça para os ricos, bastante diferente da justiça aplicada aos pobres. Não sendo infundadas as suspeitas de que se essa impunidade não existir e o remeterem em prisão preventiva ele poderá começar a apontar muitos outros que com ele são corroborantes em prováveis crimes. Outros, da política, da alta-finança e afins. Segredos que estão na posse do ex-dono disto tudo que agora se adivinha ser dono desses muitos segredos. Sim, porque é de supor que as trafulhices e crimes que provavelmente foram cometidos não o têm só a ele por personagem.

Mais uma, a seguir, notícia de ontem. Que se espera ter efeitos inconsequentes (ou coisa muito leve), como manda o manual de Justiça Para Ricos a que já estamos tão  mansamente habituados. (MM | PG)

Ricardo Salgado constituído arguido no caso EDP

Ministério Público constituiu Salgado como arguido no caso EDP, suspeito de ter corrompido Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, com pagamentos de mais de um milhão de euros.

Os procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Carlos Casimiro e Hugo Neto, queriam que a Polícia Judiciária (PJ) constituísse como arguido o antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, noticiou quinta-feira o Observador. E isso acabou por acontecer esta sexta-feira, confirmou o advogado de Salgado, Francisco Proença de Carvalho.

“Depois de ter sido “pré-constituído arguido” pelo Observador entre quarta-feira e quinta-feira, o Dr. Ricardo Salgado confirma que foi esta sexta-feira formalmente constituído arguido no denominado caso “EDP””, esclarece Francisco Proença de Carvalho.

De acordo com o Observador, os procuradores emitiram um despacho em que dão instruções à PJ para que constitua Ricardo Salgado como arguido no caso EDP. A investigação diz respeito a benefícios de mais de 1,2 mil milhões de euros alegadamente concedidos à principal elétrica nacional por parte de Manuel Pinho, ex-ministro da Economia do Governo de José Sócrates.

Em causa estão pagamentos no valor de mais de um milhão de euros que terão sido realizados entre 18 de outubro de 2006 e 20 de junho 2012 a uma nova sociedade offshore de Manuel Pinho, a Tartaruga Foundation, com sede no Panamá, por parte da Espírito Santo (ES) Enterprises, outra offshore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas (habitualmente designada como “saco azul” do GES).

Os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto consideram que as transferências foram realizadas por ordem de Ricardo Salgado para beneficiar o Banco Espírito Santo, o Grupo Espírito Santo e a EDP enquanto Manuel Pinho exerceu funções públicas no Governo de Sócrates.

Francisco Proença de Carvalho indica que “é falsa e despropositada a tese agora fabricada pelo Ministério Público de que o Dr. Ricardo Salgado teria participado num suposto acto de corrupção do Dr. Manuel Pinho, em benefício do GES e da EDP”.

“No acto formal de constituição de arguido realizado no processo, apenas foi transmitida ao Dr. Ricardo Salgado uma indiciação parca e repleta de generalidades. Até agora, o Observador teve uma maior deferência pela Defesa, porque já transmitiu mais detalhes quanto às intenções do M.P., no inquérito”, comentou ainda o advogado de Ricardo Salgado.

“O Dr. Ricardo Salgado não contribuirá para o triste espectáculo público a que se tem assistido sobre casos judiciais e que nada tem credibilizado a Justiça”, conclui Francisco Proença de Carvalho.

Expresso | Foto: M\303\201RIO CRUZ

JOGOS DE GUERRA | Pequim prepara-se para retomar Taiwan


Marinha chinesa exercita os músculos no Mar do Sul da China

Pela primeira vez desde há três anos, a marinha chinesa efetuou na quarta-feira exercícios com fogo real no Estreito de Taiwan, descritos em Pequim como “um aviso” às forças separatistas da ilha e aos Estados Unidos. Foram também as primeiras manobras navais desde que a líder do Partido Democrático Progressista (pró-independência), Tsai Ing-wen, foi eleita Presidente de Taiwan, em janeiro de 2016.

“Se Taiwan e os EUA encararem a iniciativa do Exército Popular de Libertação apenas como um sinal de dissuasão, estão a cometer um erro grave”, disse o “Global Times”, um tabloide nacionalista do Partido Comunista Chinês, citando um perito militar local. “O Exército Popular de Libertação está a preparar-se para uma grande operação militar destinada a retomar Taiwan no futuro”, assegurou.

“Os comunistas chineses têm estado a usar intimidação verbal e fanfarronadas, esperando afetar a moral ou criar mal-estar social”, reagiu o porta-voz do Ministério da Defesa de Taiwan, Chen Chung-chi, citado pelo “South China Morning Post”, publicado em Hong Kong. “É uma manobra de guerra psicológica”, disse outro responsável militar da ilha.

No final da semana passada, a marinha de Taiwan fez exercícios navais na mesma região. “Não têm significado”, comentou um general chinês, Xu Guangyu. “Quando o continente decidir resolver militarmente a questão de Taiwan, as suas tropas não terão possibilidade de mudar o que quer que seja”.

Com uma superfície equivalente a um terço de Portugal e cerca de 23,5 milhões de habitantes, Taiwan fica a menos de 200 quilómetros da costa leste da China e, em alguns pontos, a distância é de apenas 130 quilómetros. No plano económico, as relações são ainda mais próximas. Apesar da tradicional rivalidade política, a China continental é o maior mercado de Taiwan, absorvendo 28% das exportações da ilha. Os EUA surgem em terceiro lugar, atrás de Hong Kong. Em contrapartida, o investimento de empresas de Taiwan também é elevado sendo o exemplo mais conhecido a Foxconn (Hon Hai, em chinês), que fabrica no continente os iPhones, entre outros.

Apenas vinte países, quase todos pequenos estados da América Central e do Pacífico Sul, mantêm relações diplomáticas com Taiwan. Pequim não se opõe a relações económicas e comerciais com a ilha, mas condena quaisquer contactos de natureza oficial.

Em março, ignorando os protestos de Pequim, o Presidente Trump autorizou o intercâmbio entre funcionários dos EUA e de Taiwan, incluindo visitas de navios de guerra. Um conhecido professor chinês de Relações Internacionais, Shi Yinghong, considerou o denominado Taiwan Travel Act “um grave retrocesso” nas relações sino-norte-americanas. Segundo o Governo chinês, a nova lei “viola seriamente o princípio de uma única China”.

As manobras de quarta-feira decorreram menos de uma semana depois da “maior parada naval da história chinesa”, com 48 navios, entre os quais o seu primeiro porta-aviões, “Liaoning” e mais de dez mil soldados. A parada, presidida pelo novo “Grande Timoneiro” do país, Xi Jinping, realizou-se no disputado Mar do Sul da China.

Construído na antiga URSS, o “Liaoning” — ou “Variag”, como então se chamava — foi comprado há vinte anos à Ucrânia por uma companhia chinesa. Os novos proprietários anunciaram que iriam levá-lo para Macau e convertê-lo num casino flutuante, mas o porta-aviões acabaria num estaleiro de Dalian, no nordeste da China. Em 2012, depois de devidamente equipado, entrou ao serviço da marinha chinesa que, entretanto, já construiu um segundo porta-aviões.

António Caeiro | Expresso | Foto: Reuters - O porta-aviões “Liaoning” à frente da frota militar chinesa

Natalie Portman cancela viagem a Israel por eventos 'angustiantes'


A atriz israelense-americana Natalie Portman cancelou uma visita a Israel, onde deveria receber um prêmio em junho, devido a "eventos recentes" vinculados ao país que foram "extremamente angustiantes" para ela, anunciou a organização que concede o prêmio.

A Genesis Prize Foundation, que disse ter sido informada por um representante da atriz, de 36 anos, nascida em Jerusalém, não detalha a quais eventos se refere.

Em seu site diz, no entanto, que não tem "outra opção senão cancelar a cerimônia inicialmente programada para 28 de junho" para entregar a ela o que às vezes é chamado de "prêmio Nobel judeu", que recompensa o trabalho e a dedicação de uma personalidade à comunidade e aos valores judaicos.

Em meio a manifestações maciças desde 30 de março, 36 palestinos morreram baleados por soldados israelenses e centenas ficaram feridos na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel.

As organizações de defesa dos direitos humanos denunciam o uso excessivo da força por parte de Israel. O secretário-geral da ONU, António Guterres, e a União Europeia pedem uma investigação independente.

A fundação diz que só foi avisada de que "os eventos recentes em Israel foram extremamente angustiantes para Natalie Portman, e que ela não se sente confortável com a ideia de participar de eventos públicos" no país.

Portman "não pode participar com a consciência tranquila nesta cerimônia", acrescenta a fundação, citando um representante da atriz.

A fundação considera Portman uma pessoa "maravilhosa" e "respeita seu direito a estar publicamente em desacordo com as políticas do governo" israelense. Teme, porém, que "sua decisão politize o cariz filantrópico" da organização e cancela, consequentemente, a cerimônia.

AFP | Foto: GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/Arquivos / Frazer Harrison

Quatro palestinos mortos em protesto na fronteira de Gaza com Israel


Milhares de palestinos voltaram a protestar nesta sexta-feira na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, onde quatro palestinos foram mortos por soldados israelenses, elevando a 38 o número de mortos desde 30 de março.

Os manifestantes queimaram pneus perto da fronteira e em alguns casos lançaram coquetéis molotov. É a quarta sexta-feira consecutiva de protestos. Centenas de palestinos ficaram feridos desde então.

Segundo fontes do Ministério da Saúde de Gaza, dois palestinos foram mortos a tiros nesta sexta por soldados israelenses.

Um adolescente de 15 anos e dois homens de 24 e 25, respectivamente, foram mortos a tiros no norte do enclave.

Um quarto palestino, de 29 anos, foi morto no sul da Faixa de Gaza. O Ministério indicou que 83 pessoas ficaram feridas.

"É escandaloso atirar em crianças [...], as crianças devem estar protegidos da violência, não expostos", publicou nesta sexta-feira no Twitter o enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov.

O enviado solicitou que a morte do adolescente seja investigada.

Com isto, o balanço de palestinos mortos desde o início da onda de protestos aumentou para 38. Outras centenas ficaram feridas a tiros ou inalação de gás, segundo os serviços de resgate, inclusive mais de 440 nesta sexta-feira.

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansur, voltou a pedir nesta sexta às Nações Unidas abrir uma "investigação transparente e independente" sobre a violência na fronteira com Israel.

A Faixa de Gaza, localizada entre Israel, Egito e o Mediterrâneo, controlada pelo movimento islâmico Hamas, descrito como "terrorista" por Israel, registra desde o dia 30 de março grandes manifestações de palestinos.

Alguns se aproximam da fronteira para lançar projéteis ou queimar pneus na direção dos soldados israelenses posicionados ao longo da barreira de segurança. Estes soldados, por vezes, dispararam balas para evitar a entrada dos manifestantes em território israelense.

Nesta sexta-feira, aviões militares israelenses jogaram panfletos na fronteira com advertências.

"Estão participando de manifestações violentas. A organização terrorista Hamas se aproveita de vocês para cometer ataques terroristas", diz os panfletos, acrescentando: "Fiquem longe da cerca e não tentem danificá-la. Evitem usar armas e cometer atos violentos contra as forças de segurança israelenses e os cidadãos israelenses".

O número de manifestantes nesta sexta-feira era menor do que nas semanas anteriores, mas somavam milhares.

Entre os que participavam nos protesto, pelo menos centenas se aproximaram da cerca para atirar pedras, constatou a AFP. As forças israelenses lançaram gás lacrimogêneo e dispararam balas reais.

As forças armadas israelenses estimaram em cerca de 3.000 o número de manifestantes palestinos envolvidos em "tumultos e tentativas de se aproximar da infraestrutura de segurança".

Eles acrescentaram em uma declaração que "as tropas respondem com o objetivo de dispersar os manifestantes e disparam de acordo com as regras" ensinadas.

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, disse em uma visita à fronteira nesta sexta-feira que "o que o outro lado tem que entender é que temos um exército determinado e treinado aqui".

As forças israelenses são acusadas de uso excessivo da força contra os manifestantes palestinos.

Os palestinos marcham até a fronteira para reivindicar seu direito de retornar às suas terras, de onde fugiram ou foram expulsos com a criação do Estado de Israel em 1948.

Também denunciam o bloqueio imposto por Israel há mais de dez anos para conter o movimento islâmico Hamas, que comanda o território, com quem Israel travou três guerras desde 2008.

AFP | Foto: AFP/Said Khatib

EUA | ENTRE REPUBLICANOS E DEMOCRATAS VENHA O DIABO E ESCOLHA


A conclusão inevitável é que os EUA não são um bom exemplo para nenhum povo nem para nenhum país e que a democracia que é objecto de uma propaganda doentia é falsa e visa ocultar a corporação de malfeitores e gentes sem escrúpulos que têm assento na Casa Branca, em Wall Street e nas principais corporações de grandes multinacionais, não sendo excluído neste rol de esquema criminoso muitas das alegadas ONG que operam pelo mundo e que objetivamente são pretexto de espionagem e interferência na política interna de imensos países, visando vantagens para os criminosos e corporativistas do regime norte-americano que nem sequer o povo norte-americano respeitam.

Dos alegados partidos Republicano e Democrata vamos descobrindo a sua podridão, remetendo-os para autênticas organizações criminosas que visam saquear não só nos EUA mas principalmente por todo o mundo. As eleições dos seus candidatos à presidência são prova das guerras intestinas entre os dois alegados partidos políticos, mas antes sindicatos de poderes e crime. Ora um, ora outro, ocupam a Casa Branca e de lá decidem quais os países que vão saquear, fomentando a guerra, a fome e doenças. As consequências mais graves têm sido a morte de milhões de cidadãos do mundo, para além de no próprio país se andarem a matar e roubar uns aos outros. Os EUA não são um país bom exemplo para ninguém enquanto associações criminosas como os pseudo partidos que dividem os poderes das suas corporações (ou seitas) perdurarem e dominarem o povo e o país. Entre republicanos e democratas venha o diabo e escolha.

Da Deutsche Welle retiramos texto elucidativo do que vem sendo amostra para o mundo o regime em que assenta a falsa democracia instalada nos EUA. Sabemos quanto foram complicadas as eleições entre George W. Bush e All Gore, outras eleições anteriores não foram tão transparentes quanto se exige numa verdadeira democracia, e assim tem acontecido ao longo de décadas porque o próprio sistema eleitoral norte-americano foi construído para que seja confuso e perfeitamente manipulável.

Atualmente temos as “complicações” da eleição de Trump para a Casa Branca na disputa com Hillary Clinton. Mais do mesmo, em que as verdades nunca sairão das sombras porque afinal são organizações de dois Al Capones gigantes a negociarem poderes, vantagens e muitas riquezas que os obrigam a fazerem pactos secretos e acordos de divisão do “bolo” entre si. Entre republicanos e democratas. E assim pouco ou quase nada saberemos sobre a verdade, sobre o regime criminoso e estruturalmente complicado que domina os EUA e grande parte do mundo. Sabemos que são sempre os povos as vítimas, os que muito, tudo ou quase tudo perdem, incluindo o povo norte-americano. (MM | PG)


Democratas processam campanha de Trump, Wikileaks e Rússia

Partido vê conspiração para prejudicar Hillary Clinton e favorecer campanha do magnata. Entre os acusados estão Donald Trump Jr., Jared Kushner, Paul Manafort e Julian Assange.

O Partido Democrata entrou nesta sexta-feira (20/04) com uma ação contra altos funcionários da campanha de Donald Trump, o Wikileaks e o governo da Rússia. A legenda os acusa de conspirar para interferir na eleição presidencial de 2016, o que teria prejudicado sua candidata, Hillary Clinton.

A queixa foi apresentada num tribunal federal em Manhattan, em Nova York, pelo Comitê Nacional Democrata (DNC). "Na campanha presidencial de 2016, a Rússia lançou um ataque contra a nossa democracia e encontrou um parceiro voluntário e ativo na campanha de Donald Trump", afirmou o presidente do DNC, Tom Perez. 

Segundo Perez, essa suposta aliança para aumentar as chances de um candidato ganhar as eleições foi um ato de traição sem precedentes na história dos Estados Unidos.

Os democratas afirmam ainda que Moscou informou a campanha de Trump sobre um ataque cibernético que realizou contra o DNC, o que levou à divulgação de informações, prejudicando a campanha de Hillary. Por causa dos danos causados ao sistema e à arrecadação de fundos, os democratas pedem uma indenização milionária.

Eles também acusam Roger Stone, um assessor próximo do republicano, de aparentemente ter conhecimento antecipado da intenção do Wikileaks de vazar essas informações sensíveis.

Entre os altos funcionários da campanha do republicano acusados pelos democratas estão seu filho Donald Trump Jr., seu genro Jared Kushner e Paul Manafort, que comandou a campanha.

O processo do Partido Democrata coincide com uma investigação independente, conduzida pelo promotor especial Robert Mueller, sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições de 2016 e as possíveis ligações da campanha de Trump com o Kremlin.

Trump rejeita as acusações e nega que ele ou algum integrante de sua campanha tenha conspirado com a Rússia.

CN/efe/lusa/afp | Deutsche Welle


Ex-assessor de Trump se declara culpado por conspiração e perjúrio

Rick Gates, que trabalhou na campanha do presidente dos EUA, admitiu que mentiu para investigadores do FBI sobre atividades como lobista do governo ucraniano.

Um ex-assessor sênior da campanha eleitoral do presidente dos EUA, Donald Trump, se declarou culpado nesta sexta-feira (23/02) por conspiração federal e por ter prestado declarações falsas durante a investigação que apura suposta interferência da Rússia nas últimas eleições americanas.

Rick Gates, de 46 anos, era o segundo em comando na campanha. Segundo a imprensa americana, a declaração de culpabilidade pode ser o passo prévio para que ele aceite colaborar com a Justiça americana e poder negociar uma redução da pena.

Segundo os documentos judiciais, Gates enfrentaria uma pena de entre 57 e 71 meses, mas o procurador especial que cuida da investigação envolvendo os russos, Robert Mueller, poderia pedir sua diminuição, caso se confirme sua colaboração.

Na quinta-feira, Gates e seu ex-sócio Paul Manafort – que também trabalhou na campanha de Trump – foram alvos de novas denúncias, desta vez por  fraude e evasão fiscal e ocultamento de contas bancárias no exterior.

Essa nova rodada de acusações contra Manafort e Gates, no entanto, não é diretamente relacionada com a campanha de Trump ou com alguma suspeita de que eles teriam colaborado com o governo russo para interferir no resultado da eleição. Os dois são acusados de liderar um lobby secreto em Washington em nome de interesses do governo ucraniano e posteriormente de ocultar milhões de dólares em pagamento pelos serviços. À época do lobby, a Ucrânia era governada por Viktor Yanukovych, um aliado da Rússia. 

As suspeitas sobre o lobby acabaram surgindo durante a investigação do procurador Mueller sobre a suposta interferência russa no pleito presidencial. Gates admitiu ter mentido ao FBI, a polícia federal americana, quando perguntando sobre um encontro que teve em 2013 com um político americano em que o tema Ucrânia foi discutido. Segundo documentos, ele teria dito inicialmente que o país do Leste Europeu não foi mencionado.

Após a admissão de culpa de Gates, Manafort, seu ex-sócio, declarou que não pretende fazer o mesmo. "Continuo a manter minha inocência", disse Manafort. "Eu esperava e tinha a esperança que meu colega de negócios tivesse tido força para continuar a batalha para provar nossa inocência. Por motivos ainda não conhecidos, ele escolheu fazer o contrário.”

Deutsche Welle

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