quinta-feira, 28 de junho de 2018

China encerra questão do mar do Sul da China com EUA


A China não desistirá de sequer um palmo da terra herdada de seus antepassados e jamais se apropriará de nada que é dos outros. Foi assim que o presidente chinês Xi Jinping formulou a posição da China sobre a questão da soberania e integridade territorial durante as negociações com James Mattis, ministro da Defesa dos EUA.

A declaração do líder chinês foi considerada pelo analista de geopolítica Konstantin Sokolov como um "ato de paz sólida" da China em face às situações polêmicas crescentes e confrontos políticos e militares com os EUA na região.

Previamente Mattis deixou claro que ouviria com atenção os argumentos da parte chinesa sobre as questões estratégicas. O presidente chinês expressou a posição firme da China sobre o problema. A última vez que o secretário da Defesa dos EUA visitou a China foi em 2014. Na véspera da visita de Mattis, a Marinha chinesa recusou o convite para participar do exercício militar regional em larga escala que decorre anualmente – o RIMPAC.

Comentando as palavras de Xi Jinping, em entrevista à Sputnik China, Sokolov disse que "nenhuma ação isolada gera efeito, o efeito é gerado por um sistema de ações".

"Nesse sentido, a política da China é bastante coerente […] Os EUA conduzem uma política abertamente provocadora nesta região. Xi Jinping deu a entender que nenhuma provocação dos Estados Unidos terá efeito sobre a China. Em particular, os patrulhamentos marítimos e aéreos dos norte-americanos das águas próximas da China no mar do Sul da China", disse.

Segundo ele, Xi Jinping assinalou uma política clara de caráter defensivo, mostrando que a China não tem pretensões agressivas em relação a nenhum país.

"Acredito que este é um ato de paz sólida", comentou Sokolov.

A China deu a entender aos EUA que a questão da soberania no mar do Sul da China está praticamente encerrada nas relações entre os Estados.

"A preservação da soberania e integridade territorial, como declarou o presidente Xi Jinping, é um princípio da política da China. Não faremos nenhuma concessão na questão da soberania e integridade territorial, que é a questão principal para os interesses do país. Esse assunto não está em discussão", disse o analista Shen Shishun.

Ele acrescentou que a China atribui grande importância às relações sino-americanas a fim de evitar conflitos e eliminar mal-entendidos. Em decorrência disso, durante a visita do secretário da Defesa dos EUA, a parte chinesa declarou para os EUA que se alguns países esperam que a China permita prejudicar os interesses de sua soberania, isso são apenas ilusões.

"O mais importante neste encontro era demostrar para os EUA a posição da China […] É do interesse da China e dos EUA, bem como da estabilidade e da paz globais", disse Shishun.

O presidente chinês, que também é o comandante supremo das Forças Armadas da China, sugeriu ao parceiro norte-americano o desenvolvimento das relações militares e o fortalecimento da confiança mútua para aprofundar a cooperação e o gerenciamento dos riscos nas relações bilaterais.

Sputnik

AP Photo / Bao Xuelin

China 'põe dedo na ferida' fazendo parcerias com Europa contra protecionismo dos EUA


Especialistas entrevistados pela Sputnik opinam que o pragmatismo econômico e os benefícios comerciais estão aproximando cada vez mais a China e a UE em sua oposição contra o protecionismo dos EUA.

Apesar de certos desacordos no âmbito dos investimentos, da política industrial e do acesso aos mercados, a China e a UE planejam coordenar suas ações contra o protecionismo dos EUA. Tal teria sido acordado pelas partes durante um diálogo comercial e económico de alto nível em Pequim realizado em 25 de junho.

"A divisão entre a Europa e os EUA está adquirindo contornos cada vez mais claros. Se assim for, a orientação para a China, o sudeste asiático, se tornará mais forte e mais desejável para a UE", comentou o analista político Mikhail Belyaev à Sputnik China.

A China e a Ásia em seu conjunto estão se convertendo em um dos centros do desenvolvimento mundial. 

Em meados de julho deste ano, em Pequim será celebrada a cúpula China-UE, onde poderá ser firmado um acordo sobre a expansão das importações pela China de produtos agrícolas franceses, carne de bovino e de aviões Airbus.

Desta maneira, a China está dando um sinal claro aos EUA de que pode entrar no mercado europeu e, de facto, já encontrou uma alternativa à importação de aviões Boeing e de carne norte-americana, comentou Belyaev.

A Boeing, por sua vez, sofrerá grandes perdas se for afetada pelas medidas de retaliação da China em resposta às restrições tarifárias dos EUA, sublinhou Li Kai, especialista no Instituto Financeiro de Shanxi.

"Se a China decidir abdicar dos aviões da Boeing, a alternativa será os da Airbus. Antes, o déficit comercial entre os EUA e a China foi mitigado com a compra de aviões norte-americanos pela China. Era um fluxo de dinheiro importante que regulava a balança comercial entre os dois países. Mas agora, tendo em consideração que Trump está decidido a continuar a guerra comercial, e as relações comerciais e econômicas entre os EUA e a China estão em um beco sem saída, a China planeja pôr o dedo na ferida", declarou Li Kai.

A exportação de aviões desempenha um papel importante não apenas nos negócios, mas também na política dos EUA. Os grupos de lobby da Boeing têm uma grande influência nos círculos políticos norte-americanos.

"A Boeing tem uma cadeia complexa de produção de vários níveis e, se nela forem produzidas mudanças, isso afetará muitas das partes interessadas. Embora recentemente não tenha havido guerra verbal entre a China e os EUA, as medidas tomadas por ambas as partes indicam um enfoque claro em continuar a guerra comercial", acrescentou o especialista chinês. 

Sputnik

Foto: Sputnik / Alexey Babushkin

Portugal | Haverá limites para Marcelo?


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Pode uma imagem definir um homem? E pode uma imagem definir um político? E se esse político for uma projeção constante de imagens, de milhares de fotogramas difusos, em distintos contextos, sem critério de importância, quantidade inesgotável e qualidade ocasional? Até onde vai, ou pode ir, o ascendente mediático de Marcelo Rebelo de Sousa? Haverá limites para a sua ubiquidade? E, acima de tudo, quererá o presidente da República impor travões a si próprio, quando essa convergência com o quotidiano lhe tem granjeado tantos lucros? Como se define, hoje, este homem multiplicado? Já nos habituámos a tudo em Marcelo. Quando ele desmaiou, há dias, num pico de calor, sentimos um aperto no peito como se tivesse sido com um tio ou um primo. Alguém que está ao nosso redor todos os dias. A normalização da sua comparência ajuda a tolerar até as excentricidades. Mesmo quando o presidente da República de Portugal se transforma num comentador dos jogos da seleção no Mundial de futebol. Em direto nas televisões. Meia dúzia de minutos depois da partida terminar. Marcelo alimenta-se dos momentos de união nacional com o mesmo talento com que o faz nas tragédias coletivas. É a bandeira à janela da nação efusiva e o antidepressivo que ameniza os ciclos negros. Os portugueses elegeram um homem que se transformou numa entidade. Mas esse homem-entidade que, há uns meses, numa madrugada fria, se sentou no chão com um sem-abrigo - no que resultou, porventura, na mais poderosa imagem do alcance social da Presidência - não pode querer ser sempre um cidadão comum. Porque não é. A humanização cunhada no cargo é uma virtude que decorre da sua natureza. Só que o exagero que se tornou vulgar elimina as distâncias necessárias. Marcelo precisa todos os dias de Portugal. Não é líquido que Portugal precise todos os dias de Marcelo.

* Subdiretor do JN

PS exige ao Governo ação após agressão racista a jovem colombiana


O PS exigiu hoje que o Governo atue junto das forças policiais para que haja consequências da agressão "racista" de que foi vítima uma jovem colombiana e que conclua "rapidamente" o diploma sobre segurança privada.

Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo líder parlamentar socialista, Carlos César, depois de Nicol Quinayas, de 21 anos, nascida na Colômbia, ter sido violentamente agredida e insultada, na madrugada de domingo, no Porto, por um segurança da empresa 2045 a exercer funções de fiscalização para a STCP (Serviço de Transportes Coletivos do Porto).

Falando no final da reunião da bancada do PS, Carlos César vincou que o seu partido "não está disponível para contemporizar com estas situações e para avaliá-las como simples episódios triviais, ou como desavenças na via pública".

Depois, Carlos César deixou vários recados ao Governo, afirmando que "é importante que conclua rapidamente a proposta de lei para disciplinar melhor a atividade da segurança privada".

"É importante também que o Governo tenha consciência de que aquilo que se passou não foi uma mera desavença", acentuou o líder da bancada socialista.

Interrogado sobre a atuação das forças policiais, que poderão ter procurado desvalorizar este caso de agressão, o presidente do Grupo Parlamentar do PS referiu que estes acontecimentos "não podem ser subvalorizados", devendo, mesmo, ser "sobrevalorizados, porque é essa a obrigação das autoridades num Estado de Direito".

"Não temos que defender o país que temos, temos de defender o país que queremos", contrapôs Carlos César.

Para o presidente do Grupo Parlamentar do PS, o que se passou no Porto "foi uma agressão com um fundamento racista, que não pode deixar de ser registada no plano político".

"Entendemos que é importante que na sociedade portuguesa não se escondam acontecimentos como estes, que não sejam mascarados ou trivializados, sendo, antes, devidamente valorizados. É importante que na sociedade portuguesa se aprofunde o debate sobre o racismo", defendeu o líder da banca socialista.

Carlos César advertiu mesmo que não se pode pensar que Portugal "é uma exceção no mundo" sobre fenómenos de racismo "e que tudo decorre da melhor forma".

"Não podemos ignorar que situações destas escondem uma realidade que também coincide na vida social portuguesa", frisou o presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Lusa | em Notícias ao Minuto


Foto em Facebook acompanhada do seguinte texto de Duarte Rocha: 

OS TROGLODITAS

Foi neste estado, que um “troglodita” da empresa de vigilância 2045, deixou uma utente dos transportes públicos da empresa STCP na carreira 800 (Bolhão-Gondomar) na manhã de S. João, no Bolhão.

Só, porque a mesma passou à frente de uma fila, para se abeirar junto de duas amigas dela, que se encontravam um pouco mais à frente, que pelos vistos, acabou por ter a anuência e compreensão dos restantes utentes, que se encontravam nessa fila.

Ah! Só uma pequena grande correção: Peço desculpa, desde já, aos trogloditas, por ter comparado os mesmos a tal BESTA!!!

Mas, com o CARAÇAS!!! como é que a polícia chamada ao local com a presença de todos os intervenientes e testemunhas de tal triste e lamentável ocorrência, e, que está proibidíssima, de tocar nos cidadãos, a não ser para os manietar, mas, sem quaisquer tipos de agressões gratuitas, e só quando os mesmos são uma real ameaça, para com a integridade física dos respetivos e/ou de terceiros, não detiveram de imediato, tal BESTA!!! ANIMALESCA!!! que se achou no direito dum dos seus actos de pura RAIVA!!! E ÓDIO!!! de violentar desta forma VIL!!! COVARDE!!! E CRUEL!!! uma Utente, só porque tentou passar à frente na fila, e, principalmente, pelos vistos, porque tem um tom de pele diferente...

Este acto, que mais uma vez o digo, foi perpetrado por uma BESTA!!! ANIMALESCA!!! RACISTA!!!...

E peçam às autoridades competentes, que o “enjaulem” já e depressa, antes que a BESTA!!! “morda” mais alguém:

Porque anda por aí, a “espumar de raiva e ódio” sem “trela nem arreios”...

O PSD e a Natalidade – Quando a hipocrisia e o oportunismo perdem a vergonha


Já dizia o ditado que «enquanto uns batem o mato, os outros apanham a caça». Assim tenta fazer o PSD, procurando «caçar» os mais incautos no seu discurso oportunista e colher os louros de uma luta que nunca foi sua.

Diana Simões | AbrilAbril | opinião

Ao contrário de outros partidos (como o PCP e os Verdes), o PSD nunca «bateu o mato», só «bateu» nas famílias e nos seus direitos impondo recuos e condicionalismos que vieram limitar o direito destas a decidirem de forma consciente, livre e responsável sobre a forma e o momento de terem filhos.

Há alguns dias, o jornal Expresso publicou um artigo que visava comparar o que os vários Governos fizeram em prol da natalidade. Para tal recuou ao Governo de Durão Barroso (2002-2004) e foi seguindo a sua análise em quatro categorias: igualdade de género e licença parental; conciliação entre trabalho e família; aposta em creches e outros equipamentos; apoios financeiros.

Acontece que, quem lê este artigo sem conhecer o contexto e a realidade, ainda que de forma geral, fica com ideia que foi sempre a «somar», dado que em momento algum se coloca aquilo que foi retirado em matéria de direitos e apoios, além de se desculpar os vários Governos com a conjuntura económica vivida na época. 

Afirma-se neste artigo que «o PSD tomou a dianteira e propôs um generoso pacote de incentivos às famílias com filhos». Sabemos que este pacote não é assim tão generoso e bem-intencionado (até porque «quando a esmola é demais, ...). Já lá iremos.

O documento do PSD, além da proposta de acabar com o abono de família substituindo-o por uma prestação anual de valor fixo, sem diferenciação do rendimento do agregado familiar, propõe mais quatro medidas-chave em matéria de licenças e de equipamentos de apoio à infância: o alargamento da licença de maternidade/paternidade até às 26 semanas; o alargamento da licença obrigatória da mãe de seis para 13 semanas; a gratuitidade da frequência de creches e jardins-de-infância até aos seis anos; e, por fim, a atribuição de incentivos e apoios às empresas que criem equipamentos próprios de apoio à infância. 

1. A respeito das licenças de maternidade e paternidade, o PSD vem propor o seu alargamento até às 26 semanas (182 dias), devendo a mãe gozar obrigatoriamente 13 dessas semanas (91 dias) e podendo o restante tempo ser partilhado entre os progenitores. Propõe ainda a possibilidade de alargamento da licença até um ano, sem qualquer pagamento adicional.

Ora, vamos por partes:

Actualmente, o desenho das licenças de maternidade e paternidade permite várias soluções. No caso da licença não ser partilhada, é possível gozar 120 dias pagos a 100% ou 150 dias pagos a 80%. No caso de ser partilhada, é possível gozar 150 dias pagos a 100% ou 180 dias pagos a 83%. Em qualquer dos casos, 42 dias são obrigatoriamente gozados pela mãe imediatamente a seguir ao parto.

No que toca ao subsídio parental inicial exclusivo do pai, este incorpora 15 dias úteis obrigatórios e dez dias úteis facultativos, gozados durante o período em que é atribuído o subsídio parental inicial da mãe.

O quadro que se segue ajuda a sintetizar as modulações possíveis, sendo que se considera como licença partilhada a situação em que cada um dos pais goza, em exclusivo, um período de 30 dias seguidos ou dois períodos de 15 dias seguidos, após o período obrigatório da mãe.


É ainda possível alargar a licença por um período de três meses com pagamento a 25%. Este subsídio parental alargado pode ser requerido por qualquer um dos progenitores e pode ser gozado por ambos, desde que em separado – o que no limite pode levar a um alargamento da licença por mais seis meses.

O que o PSD propõe é, no fundamental:

Alargar a licença maternidade/paternidade até um máximo de 182 dias, pagos a 100%, independentemente da partilha da licença, e estender a licença obrigatória da mãe de 42 para 91 dias o que, em relação ao que vigora actualmente, seria de facto uma melhoria.
Porém, findos estes 182 dias, o PSD propõe a possibilidade de estender a licença até um ano (mais seis meses), mas sem direito a pagamento adicional. Dizem eles «para que os pais/mães que assim o desejem possam acompanhar o primeiro ano de vida dos seus filhos». 

Esta afirmação é uma falácia, facilmente posta a descoberto por qualquer trabalhador que com ela se confronte, pois fica evidente para todos aqueles que vivem do seu salário que não se trata de uma opção – não é para quem quer, é mesmo para quem pode!

É para quem pode dar-se ao luxo de abdicar de seis meses de salário, luxo com o qual a grande maioria dos trabalhadores portugueses não pode sequer sonhar.

Esta proposta do PSD não constitui uma opção mas sim, na prática, uma ofensa aos trabalhadores que não têm outro remédio que não optar pelo salário – e não é por terem menos vontade de estar com os seus filhos e acompanhar o seu desenvolvimento, mas pelos resultados de dezenas de anos de políticas de direita assentes na desvalorização da família e da negação da função social da maternidade e da paternidade.

Todos os pais querem acompanhar a vida dos filhos (no primeiro ano e nos outros) o melhor possível, mas para a classe trabalhadora essa opção está dependente de mecanismos que não importem redução dos já curtos ganhos mensais – por exemplo, através do prolongamento da licença paga ou de mecanismos de redução ou concentração do horário de trabalho sem corte de remuneração. 

No entanto, também aqui o PSD vem dar com uma mão e tirar com outra, pois ao mesmo tempo que alarga o período de licença paga, prevê a substituição do subsídio parental alargado (pago a 25%) por uma licença sem pagamento. 

Na verdade, parece que o PSD quer escrever a sua história em matéria de politicas de incentivo à natalidade e de apoio à família numa folha em branco, procurando varrer para debaixo do tapete páginas e páginas de um passado em que, enquanto Governo ou no quadro parlamentar, executaram o seu desígnio ideológico de retirada de direitos, destruição de serviços públicos e afundamento económico do país. 

Por diversas vezes o PSD veio chumbar propostas de alargamento das licenças de maternidade e paternidade (designadamente apresentadas pelo PCP e pelo Partido Ecologista os Verdes) afirmando que se tratavam de propostas irresponsáveis, irrealistas e pouco ponderadas, que apoiar não implicava apoiar economicamente e que se deveria era aprofundar a «responsabilidade social» das empresas.

Acusaram mesmo estes partidos de estarem a enveredar pela «promessa irrealista de medidas que não podem ser acauteladas, de reposição de subsídio, porque essa matéria é muito mais complexa do que isso».

Quem os viu e quem os vê 

Quem os viu em 2015 a afirmar «assim que for possível, facilitar a vida familiar, promovendo a flexibilidade dos horários, dos equipamentos, das creches, alterar o padrão de rigidez das empresas no que toca a horários, educar para uma equitativa repartição de tarefas na estrutura familiar e promover medidas que não penalizem – isto é importante –, que não penalizem as mulheres na sua carreira profissional» e quem os vê agora, em 2018, a enveredar pelo caminho da responsabilização das famílias e, em especial das mulheres, pela baixa da natalidade (e para o comprovar basta ver que propõem o alargamento da licença para a mãe mas não para o pai, alargando particularmente a licença obrigatória em detrimento da facultativa).

Não podemos esquecer que, até bem recentemente, uma das principais propostas do PSD para a promoção da natalidade era a introdução da meia jornada (na função pública) – trabalhar metade do tempo e receber 60% do salário.

Como se a redução dos salários já curtos dos trabalhadores – e com grande responsabilidade deste mesmo PSD –  contribuísse de alguma forma para a estabilidade das famílias e como se o trabalho a tempo parcial não fosse amplamente reconhecido como um factor de empobrecimento dos trabalhadores.

Para o PSD tudo se resolve, no final, pela «opção» entre o salário e a família – opção que os trabalhadores não têm, justamente porque precisam do salário para ter família!

2. Mas a proposta avançada pelo documento apresentado por Rui Rio não se fica por aqui, avançando propostas no sentido do estabelecimento da gratuitidade da frequência dos estabelecimentos de apoio à infância (entre os zero e os seis anos) das redes pública e solidária, mas sem incluir alimentação, transportes, complementos horários ou outros serviços, bem como a criação de uma linha de financiamento às empresas que invistam na abertura de creches/jardins-de-infância junto a uma área empresarial.

É caso para dizer, saudamos a «boa» intenção, mas sabemos que delas está o inferno cheio. Todos podemos concordar com importância da criação de uma rede pública de creches e outros equipamentos de apoio à infância, com qualidade e acessível às famílias como elemento determinante para garantir o superior interesse das crianças e o seu direito a desenvolvimento livre e integral. 

É fundamental uma aposta séria nesta rede pública, respeitando os aspectos próprios do desenvolvimento de cada região, sem prejuízo da complementaridade das instituições de solidariedade social e do sector privado.

Não deixa de ser curioso que o PSD venha agora badalar com a gratuitidade das creches e jardins-de-infância, quando o anterior Governo PSD/CDS avançou num processo de privatização dos equipamentos para a infância por todo o país, empurrando as famílias para as entidades privadas, com mensalidades incomportáveis, correspondendo ao desígnio ideológico de desresponsabilização do Estado e de privatização de serviços públicos essenciais para os entregar à exploração privada (e dos compadrios a que servem!).

No que toca à linha de financiamento às empresas para a criação de equipamentos de apoio à infância, é mais do mesmo – dar dinheiro às empresas para que se substituam ao Estado nos seus deveres essenciais, ao mesmo tempo que criam condições para amarrar ainda mais os trabalhadores à exploração do patronato. 

Não precisamos de ser nós a dizê-lo, uma vez que é o próprio documento que o reconhece ao afirmar que «os benefícios indiretos do que pode ser um grande investimento surgem a nível de melhorias no desempenho e menor absentismo dos colaboradores».  

Num país em que o patronato e chefias (do sector público e privado) continuam a pressionar os trabalhadores para não exercerem os seus direitos de maternidade e paternidade livremente, sujeitando-os a chantagens e pressões e intimidações várias, o PSD acha que salvação está na consciência social das empresas.

Num país em que continuam a ser ilegalmente despedidas mulheres grávidas, puérperas e lactantes, em que nas entrevistas de emprego são questionadas se têm filhos ou se estão a pensar ter e em que se lhes propõe que esguichem leite para provarem poder continuar a ter redução do horário para amamentação, o PSD aposta na «criação de um relacionamento com as empresas que de forma responsável cooperem na criação de emprego com garantias, igualdade e atitude facilitadora de um saudável e produtivo equilíbrio entre vida familiar e atividade profissional».

Dir-se-ia que vivemos em países diferentes, mas é tão só revelador que ao PSD falta contactar com as massas de trabalhadores, viver no país real de quem trabalha e confrontar-se com as lutas diárias das famílias portuguesas.

Finalmente, fica o repto para que o PSD passe das palavras aos actos, deixe o mediatismo político de parte e aprove o projecto de lei apresentado pelo PCP e que está em discussão na especialidade na Assembleia da República.

Este projecto propõe o alargamento da licença de maternidade obrigatória de seis para nove semanas, da licença obrigatória do pai de 15 para 30 dias, bem como o alargamento da licença de maternidade até 180 dias, pagos a 100% e da licença de paternidade até 60 dias.

Esta iniciativa garante ainda a decisão livre do casal sobre o período e forma de gozo de licença, garantindo sempre o seu pagamento a 100%, o pagamento do subsídio de gravidez por riscos específicos a 100% e criação de uma licença específica de prematuridade ou de internamento hospitalar do recém-nascido, adicional à licença de maternidade/paternidade (também paga a 100%).

O PSD tem aqui uma oportunidade impar de pôr o oportunismo de lado e fazer algo de positivo pelas famílias deste país em vez de chorar lágrimas de crocodilo pela baixa natalidade.

Veremos, mais uma vez, com quem alinharão –se ao lado dos trabalhadores e das suas famílias, se ao lado do patronato e do capital –  porque conversa não cozinha arroz.

Trumpalhadas


O Curto para além do meio-dia. Bom dia, ainda não fomos de férias, como dá para perceber. Faltam só mais umas horas. Pronto. Considerem isto mais uma nova atualização. 

A seguir vamos desembocar na peça de Martim Silva, do Expresso. Começa com bola, mas disso hoje não vamos à bola aqui no PG. Depois lá vem Marcelo com Trump, umas trumpalhadas que não valem nada e que os da média exploram até à exaustão. É jornalismo para calhaus dos que nada mais têm para fazer. Ponto. Ponto e adiante, que isto mais vai parecer uma grande trumpalhada.

Que Lopes vai deixar o PSD mas que fica no PPD. Legalmente não pode fundar com tal sigla. Mas pode jogar com as iniciais. Santana Lopes vai fundar o PDP? E isso significará o quê? Partido Democrático de Portugal? Partido do Pedro? Bem, mas isso não importa nada. Importa é que a vaca tossiu e o Pedro mostrou quanto já se desiludiu com os falsos laranjadas. Avante, camarada! Ou se calhar não. Foi só para não se esquecerem dele neste verão que mais parece Outono. Chiça!

Terminamos. Vamos começar a fazer as malas e a inteirar-nos dos horários dos comboios. Além disso temos de ainda remendar a tenda… Sim, pois, vamos fazer campismo selvagem. Ora, não há verbas para mais!

Tenham um bom dia… se conseguirem. Adeuzinho, até ao nosso regresso. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O adeus de Santana, o hello de Trump e Marcelo e o aufwiedersehen da Alemanha

Martim Silva | Expresso

Bom dia, este é o seu Expresso Curto depois do Sporting ter despedido um treinador contratado há dez dias, depois da Alemanha ter sofrido a maior humilhação de décadas no Mundial de Futebol, depois de Marcelo ter tomado os sais para aguentar uma reunião com Donald Trump (a foto aqui em cima é de António Cotrim, da Lusa) e responder-lhe à altura... e depois de Pedro Santana Lopes ter anunciado que desta vez é que vai mesmo sair do PSD e que está a pensar criar um novo partido.

Quinta-feira, 28 de junho de 2018. Eis o que precisa saber do que se passa em Portugal e no Mundo:

PSL jura que sai. E nós fingimos que acreditamos.

Deixem-me começar por aqui. Vá lá, isto até é divertido.

Desde os tempos ancestrais, era certo e sabido que a seguir à Primavera vinha o Verão e depois o Outono e finalmente o Inverno... e novamente a Primavera... E todos sabemos que a seguir ao dia vem a noite e novamente o dia. Também a filosofia de Nietzsche nos falava do eterno retorno. Santana é assim. Volta sempre. Nunca nos deixa mal.

Mas já chega de divagar.

Um antigo líder de um grande partido nacional e antigo primeiro-ministro acaba de anunciar o abandono da sua formação de sempre, podendo mesmo criar um novo partido político. Eis uma notícia relevante, merecedora de manchetes de jornais e de especiais de informação carregados de comentários informados.

Tudo isto é certo, ou melhor, seria não se tratasse de Santana Lopes. É verdade, ele voltou ao mesmo. E tão ao mesmo que até voltou a garantir que desta é que é mesmo a sério. As declaraçõesforam feitas à Visão, que hoje está nas bancas.

Agora que estão tão em voga os sites de apostas desportivas até sugiro que se coloque a questão “mas ele sai mesmo, e de vez?” Eu, que nem sou de apostar, sei bem onde colocaria o dinheiro neste caso.

Ele é o eterno enfant terrible embora não seja enfant há muito e terrible há outrotanto.

E nós até gostamos dele assim. É certo que houve um tempo em que foi primeiro-ministro e em que as coisas não correram muito bem, até podemos dizer que correram mesmo muito mal. Só que antes dele esteve lá um que se foi embora e depois dele esteve lá outro que faz hoje Santana parecer um grande primeiro-ministro. Coisas da vida, e da política.

Fiél entre os fiéis santanistas, de sempre, Pedro Pinto já respondeuàs declarações de Santana dizendo que agora os dois "são de clubes diferentes".

MARCELO E TRUMP: "Portugal é um pouco diferente dos Estados Unidos..."

Todos nós algures na nossa vida temos ou tivémos de fazer algum frete. De ter de ir a algum sítio onde não nos apetecia ou de falar com alguém com quem não queremos trocar uma palavra. Todos nós. Faz parte. O que tem de ser tem muita força.

Marcelo terá tido um dia de ontem semelhante a algo do género. O Presidente da República esteve na Casa Branca com Donald Trump. Um encontro que mete uma resposta à altura e uma pequena lição de história.

No final do encontro com Trump, o Presidente da República disse que deixou muito clara a posição portuguesa e da União Europeia em relação ao tema dos refugiados, um dos dossiers quentes em cima da mesa nas relações entre os dois lados do Atlântico. E disseter procurado fazer alguma "pedagogia" junto do seu homólogo em matéria de imigração.

Aqui pode ver uma seleção das melhores imagens do encontro.

E aqui tem os deliciosos dois minutos e meio da peça da SIC sobre as palavras dos dois após o encontro, com Marcelo a procurar dar uma lição de história a Trump, passando pelo vinho da Madeira e por Cristiano Ronaldo. E com o presidente norte-americano a perguntar se Ronaldo se poderia apresentar contra ele (Marcelo) nas Presidenciais. A deixa de Marcelo na resposta é mesmo imperdível...

MUNDIAL DE FUTEBOL

Sou daqueles que cresceu a ouvir dizer que no futebol são 11 contra 11 e no fim ganham os alemães. Ontem não foi assim e a Alemanha não só perdeu por 2 a 0 contra a Coreia do Sul como acabou pela primeira vez em muitas décadas fora de um Mundial de Futebol logo na fase de grupos da competição. A Alemanha, só para dar um exemplo, é das melhores selecções neste início de século (campeã mundial em 2014, semifinalista em 2010 e 2006, vice-campeã europeia em 2008, etc).

Dos principais favoritos, a que parece estar melhor é o Brasil, e aqui tentamos explicar porquê.

Hoje termina a fase de grupos do Mundial da Rússia e vamos ficar a saber quais são os dois últimos jogos dos oitavos de final (Bélgica e Inglaterra estarão lá, e os adversários sairão de Japão, Senegal e Colômbia).

Os restantes seis jogos já conhecidos são: Uruguai-Portugal; Espanha-Rússia; França-Argentina; Croácia-Dinamarca; Brasil-México e Suécia-Suíça.

Nestes dias de espera entre um jogo e outro, continua o despique fora das quatro linhas envolvendo Carlos Queiroz (que deve estar a tentar chegar rapidamente ao top dos portugueses mais odiado pelos portugueses). Ontem foi Ricardo Quaresma a dizer que vozes de burro não chegam ao céu, com o selecionador iraniano a responder à letra. Tudo no maravilhoso mundo das redes sociais...

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

Tema do dia foi a operação Tutti Fruti (já vos disse que adoro a criatividade da nossa justiça em arranjar nomes para os processos?), que envolveu investigações e buscas a autarcas do PSD - mas cujas suspeitas se estendem também a alguns socialistas. No Expresso Diário revelámos o despacho do Ministério Público que fala numa teia de corrupção e negócios pouco claros.

As buscas no processo terão sido realizadas em 15 câmaras municipais.

Um caso claro de jovens que começam cedo e parecem ter aprendido depressa.

De imediato o PSD veio reagir, pela voz do secretário-geral José Silvano. Que logo garantiu que tudo se passou antes da direcção de Rui Rio ter chegado ao poder no partido, lavando as mãos da polémica.

Portugal está disposto a acolher 24 migrantes do navio Lifeline, o último episódio da vergonha que se passa no Mediterrâneo.

Há mais sardinha e mais biqueirão na nossa costa. E esse argumento é usado pelos pescadores nacionais para defenderem a revisão das quotas de pesca do nosso país.

É já amanhã que, de forma muito tímida, a Santa Casa vai formalizar a entrada no capital do Montepio.

Um vigilante de uma empresa contratada pelos STCP foi suspensodepois da acusação de uma jovem colombiana de violência e insultos ocorridos na noite de São João, no Porto.

A ANAC rejeita as acusações de falta de segurança na aviação civil em Portugal.

Dois coronéis que foram suspensos na altura do roubo de Tancos estão agora propostos para generais, avança o Público.

Depois do patrão dos patrões, António Saraiva, ter dito de forma surpreendente que o salário mínimo nacional pode subir acima dos 600 euros já no próximo ano, é o Governo que vem agora juntar-se e defender a ideia. Alguém roubou aqui o discurso sindicalista aos sindicalistas... 600 euros em 2019 era o que estava previsto pelo Executivo, recorde-se.

E Mário Centeno quer os funcionários públicos a falar menos e mais motivados.

PS, PCP e Bloco de Esquerda põem-se de acordo em matéria de benefícios fiscais. Afinal, a geringonça ainda funciona, pergunta a Elizabete Miranda aqui no Expresso Diário.

No Parlamento, andou a discutir-se a natalidade e as medidas para a incentivar, mas os partidos acabaram a trocar acusações entre si.

Já sem Bruno de Carvalho, os tempos ainda continuam agitados para os lados de Alvalade. Ontem, Sousa Cintra, que agora está aos comandos do clube até às eleições, anunciou que o sérvio contratado pelo anterior presidente já não vai orientar a equipa de futebol. Eis um despedimento que dá toda uma nova dimensão à expressão chicotada psicológica. Neste caso nem foi preciso orientar um treino, quanto mais um jogo.

Ainda para os lados de Alvalade, agora ouve-se novamente falar na possibilidade de pelo menos alguns dos atletas que rescindiram acabarem por ficar no clube. Ou, pelo menos, negociarem uma saída que dê alguma receita ao Sporting.

Um músico russo que foi retirado de um avião no aeroporto de Faro devido ao intenso odor corporal, sendo depois internado no hospital local, acabou por morrer devido a uma necrose.

Na agenda, destaque ainda para D. António Marto, que hoje recebe o barrete cardinalício.

Lá fora,

Os líderes europeus preparam para reunir-se com a crise dos refugiados e migrantes em cima da mesa. Mas a divisão dentro dos próprios membros da União Europeia é grande. Aqui pode perceber um pouco melhor o que está em causa e quais as tendências dominantes.

Outro tema forte deste encontro é a reforma da zona euro. Aqui pode perceber com detalhe o que está em cima da mesa.

É já domingo que os mexicanos vão a votos para escolher o presidente do país. País que está envolto numa forte crise, com um número crescente de assassínios políticos.

Em Espanha, uma mulher foi violada nas Canárias, aparentemente num novo caso de La Manada. O tema pode dar forte polémica.

Na Birmânia, a Amnistia Internacional acusa os militares de crimes contra a humanidade, pela perseguição movida à minoria muçulmana dos rohingya.

Um responsável pelo genocídio no Ruanda foi condenado a pena de prisão perpétua na Suécia.

Na Holanda foi aprovada uma lei que proíbe o uso do véu islâmico em alguns locais públicos.

O Bank of America é acusado de colaborar com os responsáveis de um esquema Ponzi.

O príncipe William referiu-se aos territórios palestinianos como um país.

Seis albinos vão concorrer a eleições do Malawi.

As florestas tropicais perderam o equivalente a 40 campos de futebol em árvores por cada minuto, em 2017. Impressionante.

O QUE ANDO A LER

Já hoje aqui falei do inquilino atual da Casa Branca e do seu encontro com Marcelo Rebelo de Sousa. Pois agora é a vez de lembrar um dos antecessores de Donald Trump, Bill Clinton.

O homem que liderou a administração norte-americana entre 1992 e 2000 lançou-se agora na ficção. É verdade, Bill Clinton tem um romance que se passa na Casa Branca. Mas não é o que parece pela última frase. "The Presidente is Missing" é o título do seu romance, escrito a meias com o autor de best-sellers James Patterson. Ainda sem edição portuguesa, as cerca de 500 páginas da intriga policial envolvendo o presidente Duncan, alvo de uma maquiavélica conspiração ciberterrorista que ameaça deixar os EUA de rastos, são electrizantes. O livro é escrito como se de um guião para um filme de acção se tratasse (não é difícil imaginar um Harrison Ford ou um Tom Hanks como o presidente Duncan) e aborda temas tão atuais como o terrorismo informático, o islamismo radical ou a política de provocação do regime russo.

Mais dia menos dia, "The President is Missing" vai chegar cá às livrarias. Merece leitura mais pelo autor do que propriamente por se tratar de uma peça de literatura inesquecível.

Ainda não estou a ler "O Fundo da Gaveta", de Vasco Pulido Valente, mas já o tenho na mesinha de cabeceira. Trata-se de mais um volume de ensaios históricos daquele que é provavelmente o mais cáustico comentador político da nossa praça. No Expresso Diário fomos falar com ele.

Por aqui me fico. Tenha um grande dia. E no sábado não esqueça, é dia de Portugal jogar com o Uruguai, mas também é dia de mais uma edição semanal do Expresso, que estamos a ultimar para si.
Boas leituras.

SUBMARINO REPUBLICANO ANCORADO NA PRISÃO – III - (continuação)


Martinho Júnior | Luanda 

5- Os nexos de Paul Manafort enquanto submarino republicano vocacionado para o repasto do após Pacto de Varsóvia estão aí plasmados (pode-se ver ainda “How Trump's mob ties led to Paul Manafort in Ukraine” – https://www.reddit.com/r/RussiaLago/comments/8rrnkx/how_trumps_mob_ties_led_to_paul_manafort_in/), mas como África e o vassalo Portugal são irrelevantes para os jogos inerentes às disputas do poder do instrumento que é para a aristocracia financeira mundial a Casa Branca nos Estados Unidos, foram precisos 18 anos após o Relatório Fowler para colocar Paul Manafort no actual campo de visibilidade relativamente restrito e “ancorado” sob detenção, com o objectivo lógico na preparação do “impeachment” de Donald Trump (https://www.newyorker.com/magazine/2018/05/28/will-the-fervor-for-impeachment-start-a-democratic-civil-war).

Repare-se que continua a ser a partir da Ucrânia e da Bulgária cujos arsenais do Pacto de Varsóvia continuam a estar à venda, que têm sido armados muitos dos circuitos do caos e do terrorismo onde quer que seja, mesmo que o cartel dos diamantes, por via do processo Kimberley, se tenha desligado desses tenebrosos ofícios.

Pode-se, a título de exemplo, avaliar uma investigação que desvendou este circuito neste texto: “ROUTE of Bulgarian Weapon Deliveries to the US-backed Syrian Islamists EXPOSED” – http://www.4thmedia.org/2017/05/route-of-bulgarian-weapon-deliveries-to-syrian-islamists-exposed/.

Relembre-se a propósito algumas das pistas da Rede Voltaire:

- “The Pentagon is following through on arms agreements that Obama made with Jihadists – Voltaire Network | 30 May 2017 – The Pentagon is still trafficking arms from the port of Burgas (Bulgaria) to the port in Jeddah (Saudi Arabia). Thus the Pentagon is delivering to jihadist groups in Syria — including Daesh— arms manufactured in the former Soviet Union, which have not been not registered by Nato. Such arms are produced by Vazovski Machine Building Factory (VMZ) (Bulgaria) and Tatra Defense Industrial Ltd. (Czech Republic).

On 5 May 2017, the Marianne Danica left Bulgaria. On 20 May it arrived in Saudi Arabia just as the Hanne Danica was making its way back from Jeddah to Burgas.

According to Yörük Işık and Alper Beler, these cargo ships were illegally transporting Grad multiple rocket launchers and OT-64 SKOT armoured vehicles (see photo).

These deliveries appear to execute obligations under the final contracts that the Obama Administration entered into at the beginning of January — i.e. at the end of the transition period —, with the company, Orbital ATK. The contracts are worth 200 million dollars. Orbital subcontracted delivery to Chemring, which in turn, rented out cargo ships to the Danish company, H. Folmer & Co.

While the Trump Administration has discontinued with this line of contract, it has not cancelled contracts of this type that were entered into by the previous administration.” – http://www.voltairenet.org/article196518.html;

- Concentração na base EUA de Camp Darby (Itália): Basta de isto ser território de guerra - Manlio Dinucci – 09.Jun.17 –   Enquanto decorria em Roma a parada militar do Forum Imperial, realizou-se frente a Camp Darby uma importante concentração promovida pela Campagna territoriale di resistenza alla guerra, lançada na área Pisa-Livorno, uma das zonas mais militarizadas de Itália. Camp Darby – esclarece o documento do grupo promotor (ao qual se adere individualmente) – é a base logística do Exército dos EUA que reabastece as forças terrestres e aéreas estado-unidenses na região mediterrânea, africana, meridional e outras. Nos seus 125 búnqueres encontra-se a totalidade do equipamento necessário para dois batalhões blindados e dois de infantaria mecanizada. São aí armazenadas também enormes quantidades de bombas e mísseis para a aviação. Não se exclui que aí possam também existir bombas nucleares.


Daqui partiram as armas utilizadas nas guerras EUA/NATO contra Iraque, Jugoslávia e Líbia, a ligação entre a base EUA e o porto de Livorno, através do Canal dei Navicelli recentemente alargado, será ulteriormente reforçada com a construção de uma linha ferroviária que permitirá o tráfego de maiores carregamentos de armas e explosivos, colocando ainda mais em risco os habitantes da zona. As armas são sobretudo enviadas para o Médio Oriente – para as guerras na Síria, Iraque e Iémen – agora também por meio de grandes navios EUA que todos os meses fazem escala em Livorno. Livorno é um porto nuclear, onde podem aportar unidades militares a propulsão nuclear e também com armas nucleares a bordo.

A estas infra-estruturas junta-se o Hub aéreo nacional das forças armadas, no aeroporto militar de Pisa, através do qual transitam pessoal e meios para missões militares no estrangeiro. O aeroporto, que inicialmente desempenhava um papel táctico limitado, assumiu um papel estratégico que se projecta nos teatros operacionais fora do território nacional. Pelo Hub áéreo de Pisa transitam também materiais militares da base limítrofe de Camp Darby. Ainda em Pisa encontra-se o comando das forças especiais do exército (Comfose) instalado na caserna Gamerra, sede do centro de treino de pára-quedismo. Através do Hub aéreo nacional, os comandos das forças especiais e o seu armamento são enviados para os diferentes teatros de guerra por meio de operações secretas, conduzidas por forças especiais EUA/NATO” – http://www.odiario.info/concentracao-na-base-eua-de-camp/;

- “A partir da Europa, armas estado-unidenses para a guerra contra Síria e Iémen – Manlio Dinucci    26.Abr.17 –   Supostamente, o regime dos EUA está a lutar contra os jihadistas. Mas continua enviando armas a esses terroristas a partir da democrática Europa.


Chama-se Liberty Passion, ou seja Paixão pela Liberdade. É um moderníssimo e enorme navio estado-unidense do tipo Ro/Ro – concebido para transportar veículos e carga sobre rodas – de 200 metros de comprimento, com 12 conveses e uma superfície total de mais de 50 000 metros quadrados, capaz de transportar o equivalente a 6 500 automóveis.

Esse navio, propriedade da companhia estado-unidense Liberty Global Logistics, fez a sua primeira escala – em 24 de Março de 2017 – no porto de Livorno, Itália. Iniciou-se assim oficialmente uma ligação regular entre Livorno e os portos de Aqaba, na Jordânia, e de Jeddah, na Arabia Saudita, garantida mensalmente pelo Liberty Passion e outros dois navios similares, o Liberty Pride (Orgulho de Libertar) e o LIberty Promise (Promessa de Liberdade). A abertura desse serviço de transporte foi celebrada como uma festa para o porto de Livorno.

Mas ninguém disse porque escolheu precisamente esse porto italiano a companhia estado-unidense. Um comunicado da administração marítima estado-unidense explica – em 4 de Março de 2017 – que o Liberty Passion e os outros dois navios que asseguram a linha Livorno-Aqaba-Jeddah integram o Programa de Segurança Marítima que, no quadro de uma associação entre interesses privados e estatais assegura ao Departamento de Defesa uma poderosa frota móvel de propriedade privada, com bandeira e tripulações estado-unidenses.

Isso esclarece o motivo que levou a companhia estado-unidense a escolher o porto italiano de Livorno para abrir essa linha de transporte marítimo para dois portos do Médio Oriente. O porto de Livorno está ligado com Camp Darby, a base logística dos EUA (em Itália), que assegura o aprovisionamento das forças terrestres e aéreas estado-unidenses na área mediterrânica, o Médio Oriente, África e mais além.

Camp Darby é a única instalação das forças armadas dos EUA em que o material de guerra preposicionado (tanques, carros de assalto, etc.) se armazena no mesmo lugar que as munições. Os 25 búnkers de Camp Darby contêm todo o equipamento necessário para 2 batalhões blindados e 2 batalhões de infantaria mecanizada”… – http://www.odiario.info/a-partir-da-europa-armas-estado/.

Entre as medidas protecionistas e os termos de maturação dos expedientes neoliberais, as tensões poderão acarretar não só outros graus de detenção, ou destituição, mas também a obrigação de se fazer uma ampla “reavaliação das matérias dadas”, pois os sinais de degradação interna, que passam pelas tensões de que Paul Manafort é actual exemplo, podem começar a multiplicar-se!

É evidente que em relação a Portugal e Angola os focos a continuar a estudar a partir de Paul Manafort, vão trazer à luz do dia mananciais da actuação do que deu continuidade à internacional fascista, desde quando se manifestou por via do Exercício Alcora, bem como das redes spinolistas que “alimentaram” clandestinamente os vínculos do “Arco de Governação” e seus múltiplos enredos, sobretudo para com a África Austral.

Fim

Martinho Júnior - Luanda, 16 de Junho de 2018.

Imagens:
- Paul manafort e Roger Stone, dois “submarinos republicanos”, treinados para serem “lobistas de sangue”;
- O pequeno navio Marianne Danica é um transportador de material de guerra com origem na Bulgária, para os portos da Jordânia e Arábia Saudita, a fim de serem colocados nas mãos dos terroristas (Estado islâmico e redes da Al Qaeda);
- A Silkway, do Azerbeijão, é uma das companhias aéreas que fazem o transporte de material de guerra para os terroristas;

Angola | Pequenos sinais e grandes males


Carlos Calongo | Jornal de Angola | opinião

Quem saberá dizer às quantas anda a campanha de resgate dos direitos cívicos e morais que, durante muito tempo, com algum tom politizado, foi apregoada como dos principais males que corrói a sociedade angolana?

Sem necessidade de realizarmos profundos exercícios mentais, podemos facilmente concluir que a referida campanha está longe dos seus objectivos, atendendo o que se vai assistindo um pouco por todos os lados desta imensa Angola, catalogada como órfã dos valores ético-morais.

Da constatação acima, uma coisa é certa: Persiste a necessidade de continuar-se a luta contra este mal que, a par da corrupção e do nepotismo, são dos maiores factores que impedem o desenvolvimento de qualquer sociedade, para lá dos visíveis que não se reflecte apenas na infra-estruturas e bens materiais de vários tipos. A necessidade de resgate dos valores representa um regresso à um passado que estandardizou a matriz sócio-cultural da sociedade angolana, nas idas décadas dos anos 40, 50,60 e primeira parte da de 70. Enumerar os valores que faziam de Angola uma sociedade moralizada, é um exercício assaz árduo, ante degradação da moral social que nos coloca num ponto de quase ruptura total, ao ponto de levar-nos a pensar que nunca houve momentos gloriosos em relação a matéria em questão.

Moral social aqui é entendida como o conjunto de normas de conduta que os seres humanos devem respeitar em função da própria consciência, para aferir o valor (negativo ou positivo) dos actos. Alguns estudiosos em matéria de direito definem a ordem moral como sendo uma ordem de consciência para o bem, que pode dividir-se em “individual” que representa imperativos impostos aos indivíduos pela sua própria consciência ética, e em “social ou positiva” que corporiza o sentido das ideias e sentimentos dominantes na colectividade. Fica pois claro, que para o que se pretende com este texto, a teoria acima enunciada serve e bem, no intuito de despertar os actores da sociedade angolana para a inversão do quadro de degradação dos valores, quando exercidos como pertença colectiva, fazem de qualquer Nação, um bom espaço para se viver. Tais acções devem começar no individualismo, ou seja, cada um fazendo a sua parte e dando o seu exemplo, e nada que seja instituído por via de um decreto ou qualquer instrutivo jurídico-legal, no rigor da definição científica correspondente ao direito, enquanto ciência.

É pela consciência individual das pessoas que se atingem os grandes objectivos colectivos, derivando daí os ganhos até mesmo para as gerações vindouras, isso em ratificação da ideia de que devemos deixar um mundo melhor para os nossos sucessores. Devemos (re) incutir nas crianças o espírito do patriotismo, da protecção e preservação do meio ambiente que sofre agressões de bradar aos céus, a exemplo do que está a ser feito com as florestas e faunas do País, que já podem consubstanciar crime.

Mudar a consciência implica abandonar práticas em que se envolvem certos agentes dos órgaos de defesa e segurança que, quando solicitados pelos agentes reguladores de trânsito a apresentarem a carta de condução, ao invés deste documento exibem passe de serviço ou a camisa da farda pendurada no banco das viaturas, como se fossem elementos de habilitação ao exercício da condução e outros poderes exacerbados. Aos elementos das empresas privadas de protecção física não se deve permitir o exercício de regularem o trânsito em favor dos seus patrões, muitas vezes numa autêntica complicação do trânsito automóvel, assim como não se deve aceitar como de menor importância, a conivência de muitos automobilistas que cedem prioridades à colegas mesmo em situações de contravenção das regras de trânsito. Para com os utentes de viaturas com sirene, sejam elas protocolares ou não, já nem devemos gastar latim, porquanto o assunto já foi objecto de tratamento numa das reflexões feitas neste mesmo diário generalista em que debitamos nossas ideias.

Finalmente, devemos reflectir muito sobre a forma de produção do lixo, cuja limpeza custa muito dinheiro aos cofres do Estado e que, verdade seja dita, já criou alguns muitos endinheirados à nossa maneira de ser e estar.

Do respeito aos mortos e óbitos, talvez fosse recomendado para teses de licenciatura e outros níveis de graduação, pois tudo que se assiste é deveras lamentável. Contudo, são pequenos sinais que redundam grandes males.

São Tomé | Tentativa de golpe ou intentona?



Fomos hoje acordados com uma notícia da portuguesa Agência LUSA – e que o Vivências faz ecoe que, segundo o portal da secção africana da rádio Deutsche Welle (DW), terá ocorrido no passado dia 20 de Junho – de uma eventual tentativa de “subversão da ordem constitucional” em São Tomé e Príncipe (STP), em princípio, contra o primeiro-ministro Patrice Trovoada, visando a eventual eliminação física deste.

O produto desta eventual tentativa resultou em duas detenções. Um antigo ministro e um sargento das Forças Armadas.

Se fosse caso virgem nas maravilhosas ilhas equatorianas poderia ser surpresa. Mas sabe-se que não só não é caso virgem, como, parece, ser este o período o ideal para estas tentativas de alteração da ordem constitucional.

Recordemos que em a 16 de Julho de 2003, houve uma eventual tentativa ou putsch contra o então presidente Fradique de Menezes, levada a efeito por um grupo de militares liderado por um tal major Fernando Pereira (sobre este caso, vejam um artigo que publiquei no extinto Jornal Lusófono, intitulado «O “Putsch” de STP e a emergência de estados directores» – http://www.elcalmeida.net/content/view/138/46/) e que pôs a nu, não só as disputas geopolíticas entre Angola e Nigéria, como as fragilidades do sistema político santomense e da credibilidade da tentativa de golpe.

Agora, não se sabe se a tal tentativa de “subversão da ordem constitucional” tem por base questões meramente políticas ou, haverá, como em 2003, interesses externos mais profundos.

Note-se que, ainda recentemente, um analista santomense, Adelino Cassandra, numa entrevista à DW e fazendo eco de outras vozes que estão de acordo com ele, acusava Patrice Trovoada de levar o País para uma ditadura.

Recordemos que há já uns meses que o Executivo de Patrice Trovoada e o seu partido – maioritário no Parlamento (Assembleia Nacional) santomense – ADI (Acção Democrática Independente) têm levado a efeito, principalmente, desde a demissão – ou esta terá sido o (verdadeiro) golpe final na ordem constitucional – da maioria dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), por os deputados e o Executivo da ADI não terem gostado que um acórdão do STJ tenha revertido um outro acórdão de um Tribunal menor que devolvia uma empresa a um angolano e antes “nacionalizada” pelo poder santomense e entregue a uma personalidade próxima da ADI.

Ora esta intromissão do Poder Executivo no Poder Judicial, no Poder Legislativo e de uma eventual pressão sobre o Presidente, está a caracterizar o trabalho do primeiro-ministro santomense – destas acusações públicas, pelo menos, não se livra.

É certo e evidente – até a própria União Africana, como a CPLP, não o aceitam nem o admitem – que qualquer alteração do sistema político, que não seja pela via constitucional, é inaceitável e inconcebível.

Mas alguém acredita que dois homens – um deputado da oposição e um subalterno militar – teriam capacidade para alterar ou subverter a ordem constitucional de um País que, ainda por cima, tem nas suas águas e território, forças armadas externas amigas, e que dependem de STP para as suas operações político-militares na região do Golfo da Guiné, iriam aceitar qualquer tentativa de “subversão da ordem constitucional”?

Que “cumplicidades nacionais e estrangeiras”, como acusa Patrice Trovoada, são estas que apoiariam a tal tentativa de “subversão da ordem constitucional”?

Terá a ver com um anúncio de que o primeiro-ministro português António Costa, há 4 dias teriaanunciado um adiamento da sua visita de Estado a STP – ou seja, 2 dias antes da propalada eventual tentativa da “subversão da ordem constitucional” e, simultaneamente, de um encontro (também 48 horas antes) do Presidente santomense, Evaristo Carvalho, com as “forças militares e para-militares com o objetivo de constatar in loco a situação da defesa no arquipélago” – ainda que já tenha confirmado que vai estar em STP a 25 e 26 de Junho?

Volto a perguntar, uma tentativa de “subversão da ordem constitucional” por duas pessoas? Um deputado e um subalterno militar? Quem, no seu perfeito juízo, acredita?
Estaremos perante um novo putsch como 2003 e uma tentativa de consolidação do poder de um político?

Uma estória já ocorrida noutras latitudes ou longitudes dentro o continente africano e que, tirando, Paul Kagamé (Ruanda), nunca teve bons resultados…

Aguardemos, pois, mais esclarecimentos, principalmente, do Presidente e do Tribunal Constitucional santomenses, sobre esta eventual tentativa de “subversão da ordem constitucional”.

A União Africana, a CPLP e, principalmente, os santomenses agradecerão esclarecimentos viáveis e clarificadores. Golpe de Estado (Coup d’État) ou Intentona? A História repete-se?

*Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e Pós-Doutorando da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado

-Eugénio Costa Almeida em Vivências Press News


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Notas soltas para memória futura – em Vivências Press News

Moçambique | Risco de retrocesso nas negociações de paz?


Pacote de desmilitarização dos homens da RENAMO pode colocar negociações de paz em risco. Analistas e jornalistas não acreditam em grandes avanços nos próximos meses.

Depois do partido FRELIMO boicotar a sessão extraordinária na Assembleia da República, na semana passada, o deputado e delegado provincial da RENAMO em Inhambane, Carlos Maela, convocou a imprensa para informar o que considera uma interferência política por parte da FRELIMO, ao querer colocar em risco o processo de negociações entre as duas formações políticas.

Maela considera uma chantagem a exigência de desarmamento dos homens da RENAMO antes da aprovação do pacote legislativo sobre as autárquicas, porque não faz sentido este tipo de requerimento, sabendo que já foram realizados escrutínios com homens da RENAMO armados.

"Achamos que é uma chantagem mas não sabemos se eles querem que a RENAMO esteja desarmada até ao processo eleitoral, porque sabemos que este processo está a ser tratado ao mais alto nível”, diz.

O delegado provincial pede ainda que se recue na decisão.

"Apelamos à FRELIMO que recue no seu posicionamento, porque já se realizaram quatro eleições municipais com a existência da ala militar da RENAMO e ninguém reclamou. O que vai ser a seguir cabe à direção máxima orientar as províncias”, acrescentou Carlos Maela.

Reintegração de guerrilheiros tarda

Para o analista e delegado provincial da Associação dos Deficientes de Moçambique (ADEMIMO), Manuel Bulafo, no seio das duas formações políticas existem pressões e é por isso que o líder da RENAMO ainda continua a viver na serra da Gorongosa. O analista acredita que é uma forma de exigir, por parte do Governo, uma decisão sobre a reintegração social dos guerrilheiros, visto que em 1992 este assunto não ficou totalmente solucionado.

Segundo Manuel Bulafo, o chefe de Estado é quem deve resolver o problema. Posteriormente, a solução deve ser acatada pelo Parlamento, sem qualquer tipo de interferências no processo.

"O facto (de Ossufo Momade estar na Gorongosa) é para pressionar as autoridades a tomarem uma posição. Não é ele que diz que a RENAMO está a sentir-se mal por ver o processo de desmobilização a decorrer numa fase muito lenta. Os guerrilheiros, devem gozar uma vida plena fora do mato, e se o chefe de Estado anunciou isto, é porque tem toda capacidade para decidir ".

Andaqui Albino, jornalista em Inhambane, disse à DW que o discurso do Presidente da República, proferido na última segunda-feira (25.05), sobre a desmilitarização da RENAMO pode não vir a acontecer até outubro próximo. Albino espera, contudo, que haja um entendimento, o mais rápido possível, para que seja evitada retoma de hostilidades armadas.

"Trata-se de um processo que faz parte do pacote de descentralização e a questão da situação política tem que encontrar um entendimento, por parte tanto da RENAMO como da própria FRELIMO, para não haver hostilidades militares, porque o povo moçambicano quer a paz”, disse o jornalista.

Acordo de Paz de 1992 ainda por cumprir

José Manteiga, Deputado da RENAMO na Assembleia da República e membro da Comissão Política disse à DW que, antes de morrer o Afonso Dhlakama, tudo já estava garantido para o enquadramento dos homens armados da sua formação política nos vários ramos das Forças Armadas e de Segurança de Moçambique, com base no acordo geral de paz assinado em Roma, em 1992, mas depois houve um retrocesso.

Agora, espera que o Presidente Filipe Nyusi avance com este processo, algo que já devia ter acontecido.

"Esses homens já deviam ser sido enquadrados. Aliás, o Presidente da República já devia ter dado passos mais concretos de modo concluir este processo sobre as questões militares”, afirmou José Manteiga.

Luciano da Conceição (Inhambane) | Deutsche Welle

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