quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Presidente timorense debate compra de participação no Greater Sunrise com Xanana Gusmão


Díli, 11 out (Lusa) - O Presidente timorense afirmou hoje que a compra da participação da empresa ConocoPhillips no consórcio dos campos petrolíferos de Greater Sunrise dominou a reunião inesperada com o ex-chefe de Estado Xanana Gusmão.

"Realmente tivemos um encontro que incidiu mais nos últimos acontecimentos, particularmente, sobre a compra de ações da ConocoPhillips", explicou à Lusa Francisco Guterres Lu-Olo, confirmando que a reunião foi pedida por Xanana Gusmão "através do primeiro-ministro", Taur Matan Ruak.

"Disse-lhe [a Xanana Gusmão] que esta é uma questão que deve ser abordada muito mais profundamente quando ele voltar das negociações", acrescentou o chede de Estado, numa referência a uma nova ronda de contactos no estrangeiro que Xanana Gusmão vai manter nos próximos dias sobre o projeto Greater Sunrise.

Lu-Olo falava depois de presidir à abertura do 3.º Congresso da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste (CCI-TL), que arrancou com bastante atraso devido ao encontro inesperado com Xanana Gusmão.

O pedido de reunião, que não estava prevista na agenda da Presidência, foi transmitido a Lu-Olo pelo primeiro-ministro durante o encontro semanal, esta manhã, entre os dois responsáveis. O encontro com Xanana Gusmão realizou-se em seguida.

Esta reunião decorreu na sequência de meses de tensão com Xanana Gusmão, que escreveu várias cartas a Lu-Olo, divulgadas depois publicamente, e prestou várias declarações públicas a criticar a decisão do chefe de Estado de não dar posse a vários nomes propostos para a equipa governamental.

O chefe de Estado disse que esse assunto "não foi discutido" na reunião e que o importante não são as críticas, mas os assuntos de Estado.

"O ambiente correu normalmente. Ele realmente fez tudo [as críticas] mas como chefe do Estado não entrei nisso neste encontro. Quero ver discutidas as outras questões que dizem respeito à vida do nosso país e do nosso povo", destacou.

O Presidente timorense terá que dar o seu aval à operação de compra, através da promulgação das contas públicas de 2019, onde estão inscritos 350 milhões de dólares (303 milhões de euros) para financiar o negócio.

Na quarta-feira, o Governo timorense aprovou em Conselho de Ministros uma resolução sobre a operação, que tem ainda de ser aprovada pelo Parlamento.

Timor-Leste considera a operação um passo essencial na estratégia para trazer um gasoduto de Greater Sunrise até à costa sul do país, e marcar assim o desenvolvimento nacional do setor e antecipando um impacto adicional da estratégia na economia doméstica.

A operação, que poderá estar concretizada "no primeiro trimestre de 2019", necessita igualmente de aprovação dos reguladores e de passar pelo processo de opção de direitos de preferência de parceiros, indicou a petrolífera ConocoPhillips.

O consórcio de Greater Sunrise é liderado pela australiana Woodside, com 33,44% do capital, incluindo a ConocoPhillips (30%), a Shell (26,56%) e a Osaka Gas (10%).

Os campos de Greater Sunrise estão, na quase totalidade, em águas territoriais timorenses, no âmbito do novo tratado de fronteiras marítimas, assinado em março, com a Austrália e que está ainda para ser ratificado pelos Parlamentos dos dois países.

Os campos contêm reservas estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás e estão localizados, a aproximadamente 150 quilómetros a sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros a noroeste de Darwin, na Austrália.

ASP // EJ

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Timor-Leste está "viciado pelo petróleo" e sem alternativas económicas - Presidente


Díli, 11 out (Lusa) - Timor-Leste é um país "viciado pelo petróleo", cujo potencial "não está a ser estimulado, desenvolvido, trabalhado", importando quase tudo o que consome e sem políticas públicas geradoras de emprego, disse hoje o Presidente timorense.

"Estamos a importar quase tudo. Temos um desemprego considerável e até agora uma teimosa incapacidade de políticas públicas geradoras de emprego", afirmou, em Díli, Francisco Guterres Lu-Olo.

Na análise da situação atual, o Presidente timorense repetiu uma mensagem antiga, de que "a economia está excessivamente dependente das receitas petrolíferas".

"O êxodo rural é um problema sério que desde já tem implicações negativas no nosso país. O reforço do setor privado, um verdadeiro imperativo na esfera económica", afirmou num discurso perante os principais empresários do país.

Francisco Guterres Lu-Olo falava na abertura do 3.º Congresso Nacional da Câmara de Comércio e Indústria de Timor-Leste (CCI-TL), numa altura em que o país atravessa uma grave crise económica, provocada por mais de um ano de tensão política, ainda não totalmente resolvida.

O encontro conta com a presença de vários dos principais empresários timorenses e representantes de associações, cooperativas e entidades dos 12 munícipios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).

Sob o tema "Por um Setor Privado Mais Criativo, Produtivo e Sustentável", esta reunião marca uma vontade de reforço da capacidade organizativa e de capacitação empresarial nacional para responder aos desafios nacionais, considerou.

"O setor privado tem um papel importante no desenvolvimento de qualquer economia. O Estado não pode deter o monopólio de potenciar a atividade económica do país, ou seja, não pode dinamizar a economia do país, detendo competência exclusiva", disse Lu-Olo.

O chefe de Estado lembrou que quase 90% do orçamento é financiado através do Fundo Petrolífero de onde, desde a sua criação em 2005 e até 2017, "foram levantados mais de 9,6 mil milhões de dólares" (8,3 mil milhões de euros), com as receitas domésticas não petrolíferas a representarem pouco mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Um dos principais desafios da economia de Timor-Leste é o enorme desequilíbrio da sua balança comercial devido a importações muito grandes que não são compensadas por exportações significativas", afirmou.

No ano passado, as importações de bens e serviços corresponderam a 58% do produto interno bruto não-petrolífero, com um défice comercial anual de mais de 900 milhões de dólares, referiu.

Lu-Olo insistiu que é urgente fortalecer outros setores da economia, com destaque para agricultura e pescas, o que ajudaria igualmente a combater a subnutrição no país e a fortalecer o emprego.

"O desemprego é um dos problemas mais graves da nossa sociedade atual. Apesar do setor privado timorense contribuir com mais de 60 mil empregos, ainda não é suficiente para acomodar os mais de 15 mil jovens que anualmente entram no mercado de trabalho", alertou.

Aos empresários, o chefe de Estado sublinhou que "o setor privado nacional ainda é muito fraco" e exige esforços de capacitação, comprometendo-se a articular com o Governo para ajudar "a dotar de meios e de recursos o setor privado nacional" na fase atual de arranque.

ASP // EJ

Mais sobre Timor-Leste em TIMOR AGORA

Moçambique na iminência de perder milhões dos custos “recuperáveis” da ENI e Anadarko


O Estado moçambicano continua na iminência de perder milhões em receitas fiscais dos custos recuperáveis declarados em 2015 pelas multinacionais ENI e Anadarko cujo prazo de certificação termina este ano porque o Instituto Nacional de Petróleos (INP) ainda não concluiu as respectivas auditorias.

É prática comum das multinacionais que operam na indústria extractiva encontrar formas de evitar o pagamento de impostos através da extrapolação dos custos de produção e operação declarando milhões de dólares como como custos “recuperáveis”, ao abrigo da legislação moçambicana.

Para se evitar essa fuga ao fisco os custos declarados recuperáveis devem ser alvo de certificação por parte das autoridades moçambicanas e, no sector do gás e petróleo, o INP é a entidade responsável por auditar as contas desses empresas num prazo máximo de 3 anos sob pena dos mesmos serem considerados válidos.

Desde 2015 que o Tribunal Administrativo tem alertado para a inércia do Instituto Nacional de Petróleos e apresenta inúmeras disparidades nos valores declarados pela ENI e a Anadarko relativamente as suas operações nas Áreas 1 e 4, da Bacia do Rovuma.

Em Fevereiro Carlos Zacarias, o Presidente do Conselho de Administração do INP, passado disse ao @Verdade que “a certificação de custos é um processo complexo” no entanto estava agendada para Abril.

Na passada segunda-feira (08) o @Verdade questionou novamente ao INP se pelo menos a certificação das contas de 2015, que automaticamente ficam fechadas a 31 de Dezembro deste ano, estava concluída.

“A Auditoria aos custos recuperáveis tanto da Área 1 tanto da Área 4 é uma actividade que o INP, em conjunto com a Autoridade Tributária e outros representantes, já está a executar. Até final deste ano vamos ter um relatório de como os auditores vêm os custos que foram ocorridos”, afirmou Carlos Zacarias.

Adérito Caldeira | @Verdade

Moçambique - Eleições | STAE lança dados provisórios das autarquias


Dados provisórios do STAE indicam que a Frelimo venceu as eleições nas autarquias de Namaacha, Gorongosa, Milange, Maganja da Costa, Nhamayabwe, Ribáuè, Metangula e Mandimba onde a contagem dos votos está a 100 por cento.

São no total oito autarquias onde o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral já concluiu a contagem dos votos, de acordo com dados avançados na madrugada desta quinta-feira no site oficial do STAE.

E nestas autarquias, nomeadamente Namaacha, na província de Maputo, Gorongosa,em Sofala, Milange e Maganja da Costa,na Zambézia, Nhamayabwe, em Tete, Ribáuè, em Nampula, Metangula e Mandimba, na província de Niassa, a Frelimo é o vencedor.

Já em autarquias como Quelimane, Alto Molòcuè, Nampula, Ilha de Moçambique e Monapo, apesar de o nível de contagem variar entre 17 por cento e 98 por cento, a Renamo leva vantagem comparativamente aos principais concorrentes, que é a Frelimo e o MDM.

O STAE não divulgou ainda a contagem dos votos em algumas das principais cidades do País, como é o caso da Cidade de Maputo e Beira. Mas há também outras autarquias onde a contagem dos votos está a zero por cento, particularmente da província de Cabo Delgado.

Matola, a capital industrial, os dados preliminares dão vantagem à Frelimo, com 49.1 por cento dos votos, uma diferença de cerca de 4 por cento dos votos com a Renamo, que está com 45 por cento dos votos.

Mas é preciso lembrar que a percentagem na contagem de votos nesta autarquia é de 11 por cento, abrindo-se espaço para possíveis mudanças.

José João | O País

"MATERIAL DE QUEIMA", QUANDO E ATÉ QUANDO?!...


Martinho Júnior | Luanda 

QUANDO… - Quando na independência se esvai o movimento de libertação e acaba a revolução!...

…Quando na independência, ao findarem os tiros de duas décadas e meia, a “paz” é tão vulnerável a um caótico exercício de neocolonialismo, injectado pela guerra psicológica da “crise global”!...

…Quando a luta contra a corrupção é um reflexo de longas ingerências, manipulações e processos de assimilação das elites e a justiça possível torna-se numa justiça de contingência por que não há qualquer justiça em relação às causas profundas das fábricas globais de onde só saem alienações, mentira, subversão, caos, terrorismo e o consumismo de tanto produto tóxico e mercenário!...

…Quando na independência, ao choque neoliberal propiciado pelo capitalismo financeiro transnacional, se segue a terapia do assentamento de seus interesses e a luta contra o subdesenvolvimento fica comprometida por que, ao deixar de haver uma vanguarda, são os interesses dominantes que prevalecem, às custas dos povos, em Angola à custa do povo angolano!...


ATÉ QUANDO… - Com a revolução das novas tecnologias, precisamente na altura em que desaparece o campo socialista na Europa, a assimilação foi reforçada nos seus aspectos culturais e ocorre muito mais fluente e rapidamente, em termos de grau de influência, de atracção e de persuasão dos "soft power" dominantes!...

É assim que ganham espaço vínculos que são aproveitados pelo capitalismo financeiro transnacional, estimulados pelas vias da terapia neoliberal depois do choque e aproveitando todo o tupi de traumas como da mentalidade injectada, que aproveitam os patamares de assimilação desde os processos culturais aos interesses... tudo à velocidade da luz!

Há nexos hoje possíveis de identificar, em relação a Angola, tendo como esteira petróleo e diamantes: Falcone - Gaidamak - Lev Leviev - Sam Pa...

São usados pelos serviços de inteligência das potências, alguns com jogo duplo, ou mesmo triplo e eles próprios se podem tornar em "material de queima", ao virar da próxima esquina!...

Nesse frenesim nem se reconhece o que advém do poder do império hegemónico e unipolar e o que chega em nome da emergência multipolar, pois até a própria República Popular da China é obrigada a dar luta à corrupção que avançou como um cancro e tolhe também uma parte muito substancial dos seus relacionamentos para com África!

…Com quem se foi meter a primeira das vítimas, a elite angolana, agora à deriva entre o capitalismo produtivo de Trump e a luta contra a corrupção de Xi Jiping!...

Nem a assimilação "à portuguesa" lhe vai alguma vez valer a essa elite angolana, por que a vassalagem “à portuguesa”, é também a assimilação que se impõe a Portugal e Portugal é pródigo em fazer seguir “atéàs últimas consequências” a cadeia de assimilações!...

Agora a elite angolana, que por vezes sob seu próprio capricho e avareza, por causa do seu umbigo perverso, escolheu a armadilha, não passa afinal dum "material de queima"... e à velocidade da luz!

Até quando Angola vai estar sujeita a ser um capim sobre o qual lutam os elefantes?...


O LUGAR DA MEMÓRIA E OS ENSINAMENTOS - …E não venham dizer que não se estava preparado para enfrentar os monstros, os bárbaros e as contingências coloniais, do “apartheid” e os meandros das contingências neocoloniais!...

Há que recordar, por exemplo, a réplica do movimento de libertação em África do tempo do Vitória ou Morte, do seu rigor, de sua esperança, de sua espectativa e vontade, como de seu sacrifício solidário em nome de todos, de sua poderosa arma ideológica que fazia com que os homens se levantassem do chão e fossem até capazes de atravessar os mais caudalosos rios!

Se eles, os monstros e os bárbaros, foram derrotados pela inteligência, pela vontade mobilizadora e indómita e pela força das armas, é evidente que não tinha o movimento de libertação em África, que ser derrotado ética e moralmente pela“força” desta “paz”!

Onde está, de facto, a memória e os ensinamentos do dr. António Agostinho Neto, quando até se tem esquecido, em nome duma poesia que fica desovada de seus conteúdos substanciais e perde seu manancial, que “O MAIS IMPORTANTE É RESOLVER OS PROBLEMAS DO POVO”!?

Martinho Júnior - Luanda, 8 de Outubro de 2018

- Três das fotos da reportagem fotográfica por mim realizada na visita ao Mausoléu do dr. António Agostinho Neto, a 18 de Maio de 2018.

Angola | Cruzada contra a corrupção "não pode" ficar por aqui


Ativista angolano diz que não basta abrir inquéritos a gestão dos filhos do ex-Presidente José Eduardo dos Santos - é preciso fazer mais. Mas jurista alerta que é preciso respeitar a lei na "cruzada contra a corrupção".

A empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola, ainda não compareceu na Procuradoria-Geral da República (PGR) para prestar esclarecimentos sobre um processo de que é alvo.

Em fevereiro deste ano, Carlos Saturnino, presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal Sonangol, acusou Isabel dos Santos de autorizar uma transferência de 38 milhões de dólares para o exterior do país, após a sua exoneração da petrolífera. A PGR abriu um inquérito. No entanto, a empresária nega a acusação e avançou com um processo de difamação contra Saturnino.

De lá para cá, nunca mais se ouviu falar sobre a gestão de Isabel dos Santos na Sonangol, principal fonte de receitas do Estado angolano.

Benedito Jeremias, um dos ativistas do processo dos 15+2, lembra, no entanto, que é preciso esclarecer o caso: "Isabel dos Santos deve responder pelos crimes de que é acusada", afirma.

Rol de denúncias contra filhos do ex-Presidente

Já indiciado pelos crimes de associação criminosa, falsificação, tráfico de influências, burla, peculato e branqueamento de capitais está José Filomeno dos Santos, ex-gestor do Fundo Soberano de Angola. "Zenú" dos Santos está, atualmente, em prisão preventiva no Hospital Prisão de São Paulo, em Luanda.

Além de Isabel dos Santos e "Zenú", houve ainda outros filhos do antigo chefe de Estado angolano que foram alvo de denúncias, depois de o pai abandonar o cargo e João Lourenço tomar posse como Presidente, em setembro de 2017.

Em janeiro, a administração da Televisão Pública de Angola (TPA) denunciou que os contratos com empresas de Welwitschea "Tchizé" dos Santos e José Paulino dos Santos "Coreon Du" para a gestão do canal 2 tiveram um "caráter abusivo", e o Governo de João Lourenço ordenou a sua rescisão. O Estado pagaria anualmente às empresas dos filhos do ex-Presidente angolano mais de 14,8 milhões de euros, segundo a administração da TPA, que considerou os contratos "altamente danosos".

Mais uma vez, o ativista Benedito Jeremias pede à PGR para agir, para que tanto "Tchizé" dos Santos como "Coreon Du" se possam "defender das acusações que foram feitas pela direção da TPA e pelos órgãos judiciais." Entende, por outro lado, que a luta contra a impunidade e a corrupção não pode ficar por aqui.

"Se tivermos um poder judicial que aja por si só, deve investigar também os atos do Presidente da República, a própria Assembleia Nacional e o poder judicial", diz. "Teremos, na verdade, um país a caminhar a passos largos para alcançarmos o desenvolvimento e bem-estar dos cidadãos, a que todos nos comprometemos."

"Cruzada" deve obedecer à lei

Por sua vez, o jurista Fernando Canando lembra que, enquanto os processos não transitarem em julgado, quer os cidadãos acusados formalmente, quer os que estão só a ser investigados pela PGR, na chamada "cruzada contra a corrupção", gozam de presunção de inocência.

"Estas pessoas gozam do princípio de inocência não podendo elas ser culpabilizadas, sem que a culpa seja decretada em tribunal", recorda.

O jurista diz também que há outros direitos e garantias que devem ser observados: "O Ministério Público deve fazer um trabalho apurado de recolha dos elementos probatórios para que assim possam aplicar alguma medida de coação processual, porque se deve ter em atenção que os indiciados têm direitos civis, económicos, sociais, políticos e até culturais e devem ser respeitados por qualquer autoridade."

Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle

São Tomé | Até com votos nulos e brancos contados para a ADI oposição será sempre maioria


Mesmo se o GABINETE entregar todos os votos nulos e brancos ao ADI oposição será sempre maioria

A garantia de que decisão do povo nas urnas no dia 7 de Outubro, não permitirá nunca que a ADI de Patrice Trovoada, consiga ter maioria no parlamento, foi dada esta manhã pela oposição.

Numa conferência de imprensa, o MLSTP representado pelo seu Presidente Jorge Bom Jesus e a vice Presidente Elsa Pinto, e a coligação PCD-MDFM-UDD pelo Presidente Arlindo Carvalho, e demais membros, a oposição demonstrou para a comunicação social, as projecções com base nos dados da Comissão Eleitoral Nacional, que provam a impossibilidade da ADI conseguir, qualquer alteração dos resultados divulgados pelo órgão competente.

Segundo Delfim Neves, vice Presidente do PCD, os trabalhos das assembleias distritais de apuramento já terminaram na maior parte dos distritos do país, nomeadamente Lobata, Caué, e Cantagalo. A oposição que exibiu os resultados das assembleias de apuramento nos referidos distritos, mostrou à imprensa os cálculos do número de votos nulos e brancos registados pela comissão eleitoral nacional em todos os círculos eleitorais de São Tomé e Príncipe, e concluiu que:

Mesmo que todos os votos considerados nulos e brancos, pelas assembleias de voto, sejam validados exclusivamente a favor do partido ADI, não será possível ao partido no poder, ganhar mais um deputado. Mesmo no Distrito de Água Grande onde a Juíza Natacha Amado Vaz, decidiu fazer a validação dos votos nulos, alegadamente contrariando o preceituado na lei, a ADI não conseguirá acrescentar mais um deputado.

A Juíza em causa pode até entregar a ADI todos os votos nulos e brancos registados no distrito de Água Grande, que não alterará os resultados provisórios divulgados pela Comissão Eleitoral Nacional, precisou a oposição.

Segundo a oposição, o povo decidiu nas urnas, atribuir maioria absoluta à oposição e ponto final.

Abel Veiga | Tela Nón

São Tomé e Príncipe: Polémica pós-eleitoral


Está instalada polémica após o anúncio dos resultados provisórios das eleições legislativas, autárquicas e regionais em São Tomé e Príncipe. ADI rejeita a maioria simples e MLSTP/PSD não aceita alteração dos resultados.

O resultado final das eleições em São Tomé e Príncipe vai ser apurado somente em Tribunal. A Ação Democrática Independente (ADI), partido no poder, que aceitou na segunda-feira (08.10) os resultados provisórios das eleições legislativas, autárquicas e regionais, decidiu impugnar esta terça-feira (09.10) as legislativas, como garantiu à imprensa Abenildo de Oliveira porta-voz da ADI.

"De acordo com a lei eleitoral, o ADI introduziu no Tribunal Constitucional um pedido para a a verificação dos votos nulos e brancos nos seis distritos de São Tomé", disse.

De Oliveira acrescentou que o seu partido foi vítima de fraude eleitoral que o afastou da maioria que precisa para governar e pede a presença de observadores internacionais na revisão dos votos nulos e brancos.

"Em conferência de imprensa, o porta-voz e deputado da ADI disse que "temos conhecimento que existem, ao nível nacional, mais de 2.000 votos considerados nulos e brancos e quase todos eles são votos úteis a favor da ADI".

Fraude preparada pela oposição

Segundo este partido liderado pelo primeiro-ministro cessante, Patrice Trovoada, "houve no apuramento da assembleia de voto, fraude eleitoral preparado pelos partidos da oposição", acrescentou Oliveira.

Recorde-se que os resultados provisórios divulgados na segunda-feira (08.10) pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN), a ADI venceu as eleições legislativas, alcançando 25 lugares na Assembleia Nacional (55 deputados), com 32.805 votos. O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) teve 31.634 votos (23 deputados), enquanto a coligação PCD-MDFM-UDD recebeu 7.451 votos, conquistando cinco mandatos. Já o Movimento de Cidadãos Independentes de São Tomé e Príncipe conseguiu eleger dois deputados, com 1.659 votos.

Caso o Tribunal Constitucional altere os resultados eleitorais, a ADI pode eleger mais um deputado, o que seria suficiente para reconquistar a maioria absoluta alcançada em 2014.
Para Jorge Bom Jesus, presidente do MLSTP/PSD,  o seu partido rejeita qualquer resultado das eleições.

"Não tendo havido reclamações nas mesas sobre o processo, o apuramento distrital não precisa de fazer a recontagem dos boletins de voto. Há uma intenção deliberada de favorecer o ADI", destacou Bom Jesus.

"Vigilância da comunidade internacional"

O atual Governo, liderado por Patrice Trovoada, "já demonstrou que é avesso aos valores do Estado de direito democrático", considerou ainda. O responsável do MLSTP adiantou que "toda a gente sabe com que tipo de poder está a lidar" e, por isso, insistiu na necessidade de "vigilância da comunidade internacional". 

"Lamentamos que se esteja a manchar um processo que começou tão bem", disse, referindo-se às eleições legislativas e autárquicas e regional do Príncipe, que decorreram no domingo, e nas quais o MLSTP reclamou ter conquistado a maioria absoluta, em conjunto com a coligação PCD-UDD-MDFM.

"Não vamos deixar fugir este resultado, este poder que o povo conseguiu", garantiu o líder social-democrata.

A missão de observação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) chefiada pelo antigo ministro dos negócios de Timor Leste Zacarias da Costa, no balanço final dos trabalhos depois da divulgação dos resultados provisórios pela CEN lançou um apelo aos atores políticos são-tomenses "para que as divergências que possam existir sejam resolvidas pelos mecanismos legais e habituais, e através dos órgãos competentes".

MLSTP acusado de "manchar processo eleitoral"

Entretanto, manifestantes concentraram-se na segunda-feira em frente à Comissão Eleitoral Distrital de Água Grande, na capital de São Tomé e Príncipe, para protestar contra uma alegada recontagem dos votos das eleições que favoreçam a Ação Democrática Independente (ADI), no poder.

Os manifestantes diziam recear que a juíza Natacha Amado Vaz, irmã da ministra de Justiça do atual Governo, transferisse votos nulos para votos válidos para a ADI.

O responsável da ADI minimizou os laços familiares da juíza com a ministra, referindo que São Tomé e Príncipe "é um país em que quase todos são parentes e familiares". A ADI, referiu ainda, "apela à serenidade e à calma a todos os militantes e à população" em geral.

"Apelamos ao Governo para que crie todas as condições de segurança para magistrados e agentes da Comissão Eleitoral Nacional que estão envolvidos no processo eleitoral", pediu o porta-voz do partido no poder.

Líder do MLSTP-PSD lamenta tumultos na capital

Por seu turno, o presidente do MLSTP-PSD, Jorge Bom Jesus ao lamentar os tumultos disse que se trata "do cenário habitual, de medo, pânico, batota, de quem quer ganhar no gabinete".

Também, um dos responsáveis da coligação PCD-UDD-MDFM, Manuel Diogo Nascimento considerou em conversa com os jornalistas que "este não é o São Tomé que conhecemos. Sempre tivemos eleições democráticas e com alternância de poder".

Este responsável defendeu que o povo são-tomense "não pode ser transformado em carne para canhão dos políticos que não são tão democratas como dizem ser". 

Ramusel Graça (São Tomé) | Deutsche Welle

“Democratas brasileiros, uni-vos!”


Três bombas-relógio estão prestes a explodir ao mesmo tempo: o colonialismo, a ditadura impune e a interferência política dos EUA. Será possível desarmá-las a tempo?

Boaventura de Sousa Santos | Outras Palavras

A democracia brasileira está à beira do abismo. O golpe institucional que se iniciou com o impeachment da presidente Dilma e prosseguiu com a injusta prisão do ex-presidente Lula da Silva está quase consumado. A consumação do golpe significa hoje algo muito diferente do que foi inicialmente pensado por muitas das forças políticas e sociais que o protagonizaram ou dele não discordaram. Algumas dessas forças agiram ou reagiram no convencimento genuíno de que o golpe visava regenerar a democracia brasileira por via da luta contra a corrupção; outros entendiam que era o modo de neutralizar a ascensão das classes populares a um nível de vida que mais tarde ou mais cedo ameaçaria não apenas as elites mas também as classes médias (muitas delas produto das políticas redistributivas contra as quais agora se viravam). Obviamente, nenhum destes grupos falava de golpe e ambos acreditavam que a democracia era estável. Não se deram conta de que havia três bombas-relógio construídas em tempos muito diversos mas podendo explodir simultaneamente. Se tal ocorresse, a democracia revelaria toda a sua fragilidade e possivelmente não sobreviveria.

A primeira bomba-relógio foi construída no tempo colonial e no processo de independência, foi acionada de modo particularmente brutal várias vezes ao longo da historia moderna do Brasil mas nunca foi eficazmente desativada. Trata-se do DNA de uma sociedade dividida entre senhores e servos, elites oligárquicas e povo ignaro, entre a normalidade institucional e a violência extra-institucional, uma sociedade extremamente desigual em que a desigualdade socioeconômica nunca se pôde separar do preconceito racial e sexual. Pese embora todos os erros e defeitos, os governos do PT foram os que mais contribuíram para desativar essa bomba, criando políticas de redistribuição social e de luta contra a discriminação racial e sexual sem precedentes na história do Brasil. Para a desativação ser eficaz seria necessário que essas políticas fossem sustentáveis e permanecessem por várias gerações a fim de a memória da extrema desigualdade e crua discriminação deixar de ser politicamente reativável. Como tal não aconteceu, as políticas tiveram outros efeitos mas não o efeito de desativar a bomba-relógio. Pelo contrário, provocaram quem tinha poder para a ativar e a fazê-lo quanto antes, antes que fosse tarde demais e as ameaças para as elites e classes médias se tornassem irreversíveis. A avassaladora demonização do PT pela mídia oligopolista, sobretudo a partir de 2013, revelou a urgência com que se queria pôr fim à ameaça.

A segunda bomba-relógio foi construída na ditadura militar que governou o país entre 1964 e 1985 e no modo como foi negociada a transição para a democracia. Consistiu em manter as Forças Armadas (FFAA) como última garantia da ordem política interna e não apenas como garantia da defesa contra uma ameaça estrangeira, como é normal nas democracias. “Último” quer dizer em estado de prontidão para intervir em qualquer momento definido pelas FFAA como excepcional. Por isso, não foi possível punir os crimes da ditadura (ao contrário da Argentina mas na mesma linha do Chile) e, pelo contrário, os militares impuseram aos constituintes de 1988 28 parágrafos sobre o estatuto constitucional das FFAA. Por isso, também muitos dos que governaram durante a ditadura puderam continuar a governar como políticos eleitos no congresso democrático. Apelar à intervenção militar e à ideologia militarista autoritária ficou sempre latente, pronta a explodir. Por isso, quando os militares começaram a intervir mais ativamente na política interna nos últimos meses (por exemplo, apelando à permanência da prisão de Lula) isso pareceu normal dadas as circunstâncias excepcionais.

A terceira bomba-relógio foi construída nos EUA a partir de 2009 (golpe institucional nas Honduras) quando o governo norte-americano se deu conta de que o subcontinente estava a fugir do seu controle, mantido sem interrupção (com exceção da “distração” em Cuba) ao longo de todo o século XX. A perda de controle continha agora dois perigos para a segurança dos EUA: o questionamento do acesso ilimitado aos imensos recursos naturais e a presença cada vez mais preocupante no continente da China, o país que, muito antes de Trump, fora considerado a nova ameaça global à unipolaridade internacional conquistada pelos EUA depois da queda do Muro de Berlim.

A bomba começou então a ser construída, não apenas com os tradicionais mecanismos da CIA e da Escola Militar das Américas, mas sobretudo com novos mecanismos da chamada defesa da “democracia amiga da economia de mercado”. Isto significou que, além do governo dos EUA, a intervenção poderia incluir organizações da sociedade civil vinculadas aos interesses econômicos dos EUA (por exemplo, as financiadas pelos irmãos Koch). Portanto, uma defesa da democracia condicionada pelos interesses do mercado e por isso descartável sempre que os interesses o exigissem. Esta bomba-relógio mostrou que já estava operacional no Brasil a partir dos protestos de 2013. Foi melhorada com a oportunidade histórica que a corrupção política lhe ofereceu.

O grande investimento norte-americano no sistema judicial vinha do início dos anos de 1990, na Rússia pós-soviética e também na Colômbia, entre muitos outros países. Quando a questão não é de “regime change”, a intervenção tem de ser despolitizada. A luta contra a corrupção é isso. Sabemos que os dados mais importantes da operação Lava-Jato foram fornecidos pelo Departamento de Justiça dos EUA. O resto foi resultado da miserável “delação premiada”. O juiz Sergio Moro transformou-se no agente principal dessa intervenção imperial. Só que a luta contra a corrupção por si só não seria suficiente no caso do Brasil. Era suficiente para neutralizar a aliança do Brasil com a China no âmbito dos BRICS, mas não para abrir plenamente o Brasil aos interesses das multinacionais. É que, em resultado das políticas dos últimos quarenta anos (e algumas vindas da ditadura), o Brasil teve até há pouco imensas reservas de petróleo fora do mercado internacional, tem duas importantes empresas públicas e dois bancos públicos, e 57 universidades federais completamente gratuitas. Ou seja, é um país muito longe do ideal neoliberal, e para dele o aproximar é preciso uma intervenção mais autoritária, dada a aceitação das políticas sociais do PT pela população brasileira. E assim surgiu Jair Bolsonaro como candidato “preferido dos mercados”. O que ele diz sobre as mulheres, os negros ou os homossexuais ou a tortura pouco interessa aos “mercados”. Pouco interessa que o clima de ódio que ele criou esteja a incendiar o país. Na madrugada de segunda feira dia 8 o conhecido mestre de capoeira Moa do Katende foi assassinado em Salvador por um apoiante do Bolsonaro que não gostou de ouvir o mestre manifestar o seu apoio a Haddad. E isto é só o começo. Nada disto interessa aos “mercados” desde que a sua política econômica seja semelhante à do Pinochet no Chile. E tudo leva a crer que será porque o seu economista-chefe tem conhecimento direto dessa infame política chilena. O político de extrema-direita norte-americano Steve Bannon apoia Bolsonaro, mas é apenas o balcão da frente do apoio imperial. Os analistas do mundo digital estão surpreendidos com a excelência da técnica da campanha bolsonarista nas redes sociais. Inclui microdirecionamento, marketing digital ultrapersonalizado, manipulação de sentimentos, fakenews, etc. Quem assistiu na semana passada na televisão pública norteamericana (PBS) ao documentário intitulado “Dark Money”, sobre a influência do dinheiro nas eleições dos EUA, pode concluir facilmente que as fakenews (sobre crianças, armas e comunismo, etc.) no Brasil são tradução em português das que o “dark money” faz circular nos EUA para promover ou destruir candidatos. Se alguns dos centros de emissão de mensagens estão sediados em Miami e Lisboa é pouco relevante (apesar de verdadeiro).

A vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno significará a detonação simultânea destas três bombas-relógio. Dificilmente a democracia brasileira sobreviverá à destruição que causarão. Por isso, o segundo turno é uma questão de regime, um autêntico plebiscito sobre se o Brasil deve continuar a ser uma democracia ou passar a ser uma ditadura de tipo novo. Um livro meu muito recente circula hoje bastante no Brasil. Intitula-se Esquerdas do Mundo, uni-vos! Mantenho tudo o que digo aí, mas o momento obriga-me a um outro apelo mais amplo: Democratas brasileiros, uni-vos! É certo que a direita brasileira revelou nos últimos dois anos um apego muito condicional à democracia ao alinhar com o comportamento descontrolado (mas bem controlado noutras paragens) de parte do judiciário, mas estou certo de que largos setores dela não estarão dispostos a suicidar-se para servir “os mercados”. Têm de unir-se ativamente na luta contra Bolsonaro. Sei que muitos não poderão recomendar o voto em Haddad, tal é o seu ódio ao PT. Basta que digam: não votem em Bolsonaro. Imagino e espero que isso seja dito publicamente e muitas vezes por alguém que em tempos foi um grande amigo meu, Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil e, antes disso, um grande sociólogo e doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, de quem eu fiz o elogio. Todos e todas (as mulheres não vão ter nos próximos tempos um papel mais decisivo para as suas vidas e a de todos os brasileiros) devem envolver-se ativamente e porta-a-porta. E é bom que tenham em mente duas coisas. Primeiro, o fascismo de massas nunca foi feito de massas fascistas, mas sim de minorias fascistas bem organizadas que souberam capitalizar nas aspirações legítimas dos cidadãos comuns a viverem com um emprego digno e em segurança. Segundo, ao ponto que chegámos, para assegurar um certo regresso à normalidade democrática não basta que Haddad ganhe, tem de ganhar por uma margem folgada.

* Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, diretor dos Centro de Estudos Sociais e do Centro de Documentação 25 de Abril, e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa - todos da Universidade de Coimbra. Sua trajetória recente é marcada pela proximidade com os movimentos organizadores e participantes do Fórum Social Mundial e pela participação na coordenação de uma obra coletiva de pesquisa denominada Reinventar a Emancipação Social: Para Novos Manifestos.

Bolsonaro vence segunda volta das presidenciais no Brasil


Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, e Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal, vão defrontar-se na segunda volta das presidenciais, no próximo dia 28 de Outubro. Segundo uma sondagem da Datafolha, o candidato do PSL sairá vencedor com 58%. Também a sondagem do Idea Big Data coloca Bolsonaro na frente, mas com uma vitória menos expressiva: 54%.

Jair Bolsonaro, candidato do Partido Social Liberal à presidência do Brasil e que quase venceu nas eleições do passado domingo, 30 de Setembro, vencerá na segunda volta, a 28 de Outubro, com 58%.

É este o resultado de uma sondagem da Datafolha, a primeira do instituto sobre a segunda volta das presidenciais. Nos votos válidos desta auscultação, Bolsonaro obteve 58% e Fernando Haddad (do PT) conquistou 42%.

Para calcular os votos válidos, são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos, explica a edição online de O Globo, citando os resultados da sondagem.

"O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição. Para vencer no primeiro turno [volta], um candidato precisa de 50% dos votos válidos mais um voto", sublinha.

A sondagem foi realizada esta quarta-feira, 10 de Outubro, e tem uma margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Nos votos totais, Bolsonaro obteve 49% e Haddad 36%, sendo que 8% foram em branco ou considerados nulos – e havendo ainda 6% de indecisos.

Nas eleições do passado domingo, Bolsonaro obteve 46,03% dos votos (49,2 milhões de eleitores) e Haddad conquistou 29,28% (31,3 milhões de eleitores). 

Idea Big Data também dá Bolsonaro como vencedor

A sondagem do Idea Big Data, em parceria com a revista Veja, aponta no mesmo sentido que a consulta realizada pela Datafolha, se bem que neste caso a vitória de Bolsonaro seja menos expressiva.

Na primeira sondagem de intenção de votos realizada pelo Idea Big Data – decorreu entre 8 e 10 de Outubro e foi divulgada também esta quarta-feira – Bolsonaro surge com 54% dos votos válidos e Haddad com 46%.

Esta sondagem foi realizada junto de mais de 2.000 eleitores e tem também uma margem de erro de dois pontos percentuais. Os votos nulos e brancos ascenderam a 7%, sendo que os indecisos somaram 4%.

Jornal de Negócios | Foto Reuters

Os democratas estão a matar a Democracia

Paulo Baldaia | Jornal de Notícias | opinião

Cada vez que um antidemocrata é eleito, a Democracia está a falhar pela segunda vez. Ela não existe para vergar as minorias à vontade das maiorias, como defendem os que nela não acreditam. Não existe para que alguém, em nome do voto que recebeu, suspenda os direitos de uma parte da população. Não existe para dar força a quem a considera "uma porcaria". Não existe para legitimar o poder de quem é racista, xenófobo, misógino, homofóbico... A Democracia não existe para eleger quem acredita que matar suspeitos de corrupção, de tráfico de droga, de qualquer outro crime é melhor que julgá-los e prendê-los. Mas quando a Democracia se derrota a si própria, fazendo eleger um antidemocrata, é porque primeiro ela falhou de forma irreversível a milhões de democratas, levando-os a votar contra ela.

A Democracia também não existe, aliás, apenas para garantir a universalidade do direito de voto. Ela existe para garantir que a justiça segue um caminho que se concretiza com políticas que, não perdendo de vista os direitos das minorias, salvaguardam a vontade das maiorias. Se a justiça falha, é a Democracia que paga. O respeito pela separação de poderes, o cumprimento da lei e a certeza de que a sua aplicação é igual para todos, a garantia de que é possível viver em segurança, nada pode falhar para que todos sintam que a justiça funciona. A perceção de que a corrupção compensa, que os detentores do poder ou da riqueza estão acima da lei também mata a Democracia. A perceção de que os criminosos têm mais poder e mais força do que a Polícia também mata a Democracia. Antes dos políticos populistas, autoritários e perigosos chegarem ao poder, muitos democratas lhes desbravaram o caminho.

Baseamos o sistema de justiça num consenso sobre o bem e o mal, fazendo leis e dando aos tribunais e aos juízes o poder de as aplicar, mas a Democracia tem outros conceitos de justiça em que não devia falhar. A justiça social, conceito mais volátil, ideal político que justifica uma aposta forte na Democracia, parece igualmente comprometida. Se os governos que elegemos não são capazes de ter políticas redistributivas equilibradas, dando a quem precisa sem retirar excessivamente a quem trabalha ou a quem investe, também por aqui pode crescer uma vontade ultraliberal que dispensa muitas das regras com que se constrói uma Democracia. E ela vai morrendo.

Em Ditadura só há ditadores, em Democracia é que há Direita e Esquerda, mais ou menos tolerantes à diferença, mais ou menos coerentes entre o que dizem e o que fazem. É, aliás, nessa incoerência que a Democracia se faz derrotar, pouco importando ao povo injustiçado que lhe rotulem o candidato preferido como sendo de extrema-direita ou extrema-esquerda. Para quem vive com a sensação de insegurança total, com a perceção de que a justiça não chega aos poderosos, com a certeza de que lhes falta em habitação, saúde, alimentação, o que noutros é desperdício, para esses a Democracia não está em perigo, ela há muito que lhes faltou. Ela há muito que não lhes faz falta.

A Democracia que se encheu de eleitos maneirinhos, gente que apenas quer andar por lá algum tempo, ajeitando-se em cargos de ocasião, sem saberem patavina do que precisa o povo que os elegeu, chega a um momento em que já não consegue disfarçar o mal que causam esses "democratas". Então, democraticamente, o povo escolhe o menos democrata que houver no cardápio. É cíclico. Logo a seguir virá a luta pelo regresso da Democracia, em que verdadeiros democratas concorrem para ser eleitos com a preocupação de governar pelo povo e para o povo.

* Jornalista

Portugal | A história de Tancos


Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

No princípio era o verbo. Que é como quem diz que no princípio houve um roubo em Tancos. É certo que logo acrescentaram que eram velharias que não interessavam, mas o verbo continuou a ser conjugado (ou era usado o substantivo). Roubo, de qualquer das formas, sem margem para dúvidas.

Pode ao leitor parecer que isto é repetitivo, mas já perceberá a importância. E que, tal como no Evangelho de S. João, sentindo-se confuso, pode voltar ao princípio, ao verbo. Houve um roubo em Tancos. A partir da assunção desta premissa, está como qualquer leitor do referido evangelho: acredita se quiser. O ministro da Defesa, por exemplo, mostrou-se cético desde o início. "No limite, pode não ter havido furto nenhum", atirou, causando estupefação, ainda que pelas razões erradas, uma vez que os críticos se centraram no conteúdo, em vez de na forma, com isso deixando escapar o uso técnico da palavra furto. Foi um golpe duplo na tese do roubo. Não só não houve, como se houve, não era roubo, era furto. Se fosse agora, e se não acreditássemos nas juras de Azeredo Lopes, poderíamos sempre dizer que ele já tinha sabido do famigerado memorando e portanto já sabia da tramoia montada pela Polícia Judiciária Militar. Ao contrário do ministro, que não sabia de nada, o líder do PSD sabia de tudo. E um destes dias mostrou a António Costa que é uma boa opção para a pasta, depois das próximas eleições. "Tenho informações, mas não posso dizer", gabou-se perante os jornalistas. Tantas que, sobre a operação que pôs fim à conjura, "estava era à espera que já tivesse sido". Resumindo, "dentro da anormalidade, já se caminha para a normalidade", concluiu Rui Rio. Faltava apenas que o tema fosse a debate no Parlamento, onde estão os melhores. Os detalhes poderá o leitor encontrar mais à frente, se tiver vontade. Fico-me pela garantia do primeiro-ministro, que nos deixa descansados (ainda que só num futuro distante): "Um dia ainda havemos de saber o que cada um sabia sobre esta história de Tancos". Alguns dirão que o primeiro-ministro foi críptico. Eu limito-me a notar que já não há nem roubo, nem furto, há uma história. No princípio era o quê?

* Chefe de Redação do JN

Portugal | Tirem-nos deste filme de Tangos de Tancos e da tanga!


Tancos passou a Tangos. Estão a dar-nos música, civil e militarmente. Política e militarmente. Acabe-se com a PJM porque o M significa “farinha do mesmo saco”. Há militares que são criancinhas grandes com imaginações férteis e pérfidas. Há na atualidade generais de plástico, quase 100 deles, e daí quantos são militares verticais? 

Na atualidade “a tropa” passou a ser uma brincadeira de pseudo maiores de idade que ainda não cresceram o suficiente para dar conta dos recados daquela digna profissão. Em imensos elementos as cabeças são vãs e para condizer 'prantaram' um ministro da defesa a condizer com o ramalhete. Tancos passou a Tangos. Querem e estão a dar-nos música. A balbúrdia, a rapsódia, é tal que os responsáveis em “estrelas” e dos “canudos” ministeriais compuseram uma pauta que é só uma terrifica cacofonia.

O que eles querem é que os portugueses dancem ao som daqueles horrendos Tangos. Os grandes, com responsabilidades maiores, tiveram sempre no caso, por posição, baldarem-se. Uns quantos “pequenotes” já levaram as tradicionais “porradas” militares… E os cretinos engravatados e estrelados julgaram-se impunes perante a “bandalheira” que generalam e ministram, sendo que mais nada sabem fazer para além disso. É o que está há vista.

Por certo ainda haverá militares a sério, dignos, nas forças armadas portuguesas. É impossível que não existam. Mas o quê, estão nas prateleiras? No DGNVG (Direção Geral dos que Não Vão em Grupos)? Apostemos que sim. E políticos capazes, não trafulhas, não mentirosos, honestos e etc. Ah, isso é quase impossível. Talvez restem uns quantos no ativo, mas o mais certo é até nem existirem. É o que temos, e o Curto de hoje aborda – outra vez – o tema sobre uns militares desonrosos e trafulhas e políticos do mesmo jaez, a começar pelo ministro da defesa. Defesa de quê e de quem? De seitas? Só pode. Porque da dignidade dos militares, da transparência, da justiça, da democracia é que não. E Costa chama-lhe - ao ministro - “um brinquinho” quando ele afinal é um grande “janado” – como, aliás, já se perspetivava quando foi nomeado e tomou posse na pasta da Defesa.
Tirem-nos deste filme dos Tangos e da tanga! (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Venha daí... descortinar

Pedro Santos Guerreiro | Expresso

- Houve ou não reunião?
- Houve.
- O chefe de gabinete recebeu ou não um documento sobre a operação de encobrimento?
- Recebeu.
- Então sabia ou não sabia?
- Não descortinou.

O diálogo é imaginário, os factos não. E é uma espécie de “com a verdade me enganas”. O antigo chefe de gabinete do ministro da Defesa, que começou por dizer não ter descortinado nenhuma irregularidade nem encobrimento de suspeitos na reunião que teve no final do ano passado com o investigador da PJM Vasco Brazão, já confirmou ter recebido então documentação sobre a recuperação de armas. Entregou ontem essa documentação ao juiz de instrução do processo. Leu mas não percebeu, portanto.

Como revelamos aqui, o memorando da PJM entregue no Ministério da Defesa explicava a operação de encobrimento, referindo explicitamente que a chamada anónima para o piquete da PJM fora encenada pela própria polícia militar e que a entrega das armas fora feita na condição de a PJ não ser envolvida. O texto não identifica o informador (daí o então chefe de gabinete não ter descortinado nada sobre suspeitos).

Na investigação então em curso, e como também revelamos aqui, a PJM suspeitava que as munições desaparecidas de Tancos eram para as armas roubadas na PSP, as 57 Glocks que desapareceram do armeiro da sede da Polícia seis meses antes do assalto a Tancos. Destas, sete já foram recuperadas – e todas estavam nas mãos de traficantes de droga.

Procuram-se culpas, encontram-se desculpas. Começando pela hierarquia militar, como escreve Daniel Oliveira no Expresso Diário: “Eu quero saber porque é que as chefias militares ainda não deram explicações e ainda estão nos seus lugares. Os comandantes desta gente são o chefe do Estado Maior das Forças Armadas e o chefe do Estado Maior do Exército, não é o ministro.”

“O cerco a Azeredo Lopes está a apertar-se”, escreve por sua vez Manuel Carvalho no Público, “a cada dia que passa, a sua sustentação política é cada vez mais frágil”. O ministro da Defesa não sabia o que o seu chefe de gabinete disse que não descortinou? Ou foi também informado na mesma reunião por telefone, como denunciou Vasco Brazão?

Os testemunhos do antigo chefe de gabinete e do ex-diretor da PJM Luís Vieira, que estavam na reunião (já confirmada) onde foi entregue documentação (já confirmada), serão essenciais para deslindar: a defesa de Vasco Brazão quer que ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes “honre a verdade”. Já António Costa, durante o debate quinzenal de ontem na Assembleia da República de ontem em que pouco interessou além de Tancos, declarou de novo total confiança em Azeredo Lopes, garantindo que Azeredo Lopes desconhecia conteúdo do relatório de Tancos.

Azeredo Lopes é em 2018 o que Constança Urbano de Sousa foi em 2017: um ministro diminuído que se manterá até ao limite do possível, servindo como tampão político da polémica, que assim não sobe na hierarquia do governo. Porque o resto daquele diálogo imaginário, sobre quem então saberia ou não saberia, nem precisa de ser escrito.

OUTRAS NOTÍCIAS

- Não o critiquem demasiado nos jornais, isso só o ajuda!

- Mas como não criticar um candidato racista, machista, antidemocrata e autoritário?

Este outro diálogo imaginário pareceria de doidos até há dois anos. Não o é desde a eleição de Donald Trump nos EUA e volta a aplicar-se nas eleições que deram a vitória na primeira volta a Jair Bolsonaro no Brasil.

Muitos jornalistas e colunistas são instintivamente críticos contra ambos os candidatos, por uma razão óbvia: eles representam o contrário dos princípios de liberdade e democracia que fundam o próprio jornalismo moderno. Mas a crítica simplificada e baseada em qualificativos contribui para extremar posições, não entre quem concorda e quem discorda, mas entre os que atacam e os que defendem. E se a crítica decorre de investigações aprofundadas, então as redes sociais são usadas para descredibilizá-las, para disseminar contrainformação, desinformação, manipulação ou mesmo confusão, até ao ponto da consumada substituição da verdade pela perceção. Nos Estados Unidos foi sobretudo o Twitter, no Brasil é o Whatsapp, onde até “Jesus Cristo vira fiador e algoz de candidatos”, exemplifica a Folha de São Paulo. “Será possível um ditador potencial ganhar eleições?”, pergunta Luís Campos e Cunha no Observador. “Infelizmente, a resposta é sim.” Já há duas sondagens para a segunda volta do Brasil: Bolsonaro vence em ambas. O candidato de extrema-direita não vai participar num debate que estava marcado para hoje com Fernando Haddad. Anunciou-o no Twitter, onde, numa referência a Lula (e ao PT) chamou o oponente de “marmita de corrupto preso!”

As bolsas ocidentais abriram hoje em queda pronunciada, depois das bolsas asiáticas terem afundado. É a reação às notícias da assembleia anual do FMI, que anunciou uma revisão em baixa da previsão para o crescimento económico mundial para este ano e para o próximo, alertando para os riscos da escalada na guerra comercial iniciada pela Administração Trump.

O Tribunal de Contas vai auditar privatização da ANA, a pedido do PS, noticia o Público. Como o Expresso revelou na quinta feira, o Estado foi processado em Bruxelas por lucros excessivos da concessionárias de aeroportos.

O Governo vai recorrer de chumbo do Tribunal de Contas ao reforço do Siresp. Ontem, o Ministério da Administração Interna anunciou que vai recorrer do acórdão conhecido horas antes. Como escreve o jornalista Paulo Paixão, “foi uma resposta mais célere do que muitas comunicações do Siresp em momentos de emergência”.

O Governo autorizou CP a comprar 22 comboios por €168 milhões. A maioria do investimento em causa será assegurada por fundos europeus.

No fim do primeiro de seis dias não consecutivos de greve dos enfermeiros, ontem, centenas de cirurgias foram canceladas por todo o país. No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, só trabalham 10 dos 50 enfermeiros dos blocos operatórios. Os sindicatos exigem que o Governo apresente uma nova proposta para reorganizar a carreira.

Há 50 milhões de euros para empresários regressados da Venezuela, noticia o Público. “Emprego, assistência médica e crédito a empresários foram as medidas levadas pelo secretário de Estado das Comunidades aos portugueses e luso-descendentes na Venezuela.”

Numa escola do Porto (a Escola Básica Francisco Torrinha) miúdos de nove anos receberam um inquérito em que tinham de responder se namoram, se já namoraram e se se sentem atraídos por homens, mulheres ou ambos. Em entrevista ao Expresso, o psiquiatra Daniel Sampaio defende a importância de abordar o tema com os alunos, mas admite que colocar determinadas questões às crianças sem o “necessário enquadramento” não faz sentido.

A defesa de Cristiano Ronaldo reagiu ontem à acusação de violação: o acordo com Kathryn Mayorga não é negado, a acusação é. Os advogados falam de documentos roubados, manipulados e “puras invenções”.

Paulo Dentinho abandonou a direção de informação da RTP, na sequência da contestação interna gerada com a publicação de um post no Facebook sobre violações, interpretado como uma crítica a Cristiano Ronaldo (que nele não é explicitamente nomeado).

O senado irlandês aprovou uma lei que obriga a colocar um anúncio contra o risco de cancro nas etiquetas das bebidas alcoólicas e um preço mínimo. A iniciativa visa reduzir o "consumo destruidor" de álcool no país.

Foi anunciado o programa do Fórum do Futuro deste ano, no Porto. De 4 a 10 de novembro, a cidade coloca-se de novo no centro do debate internacional, com a presença de nomes como Margaret Atwood, Toyo Ito, Michel Mayor ou Harrison Birtwistle.

FRASES

“Há 177 países que saíram da crise mais depressa do que Portugal. (…) vem por aí outra crise. Não sabemos quando, nem como, nem de que forma, mas todos os economistas e analistas sabem.” Henrique Monteiro, no Expresso Diário.

“O conceito de portas giratórias não se aplica a mim”. Miguel Barreto, ex-diretor geral de Energia, que depois desse cargo se tornou acionista da Home Energy, que venderia à EDP.

“Um canalha à porta do Planalto”. Francisco Assis, no Público.

“Há muitas pessoas que estão habituadas ao Sporting ser um circo, um produto televisivo de chacota, mas esse tempo acabou”. Frederico Varandas, citado na Tribuna Expresso.

O QUE EU ANDO A LER

Por exemplo este artigo do New York Times, sobre um relatório das Nações Unidas divulgado segunda feira, que revela um retrato sobre os efeitos das alterações climáticas muito mais negro do que o pintado em relatórios anteriores. O risco de crises severas de escassez de alimentos ou de grandes incêndios é apontado já para 2040. Impedi-lo, escreve o painel de cientistas, implica “transformar a economia mundial a uma velocidade e a uma escala sem precedentes históricos.

Por exemplo, este texto no Expresso sobre a obesidade, ou melhor, sobre o preconceito na própria classe médica. “Ele olhou para mim e disse: ‘Ai é? Então se você quer continuar uma vaca gorda, continue assim’”. A frase foi ouvida por uma mulher numa consulta de endocrinologia, quando tinha 136 quilos e o estatuto de obesa mórbida. Depois de dietas, uma banda gástrica, um bypass gástrico, perdeu peso mas também perdeu ferro, vitamina B, zinco, ácido fólico, sais minerais e proteínas. Voltou à sala de operações. Hoje pesa 70 quilos.

Por exemplo a série que estamos a publicar no Expresso Diário de retratos no Líbano, onde uma em cada seis pessoas é refugiada. No terceiro de cinco artigos, agora publicado (os anteriores podem ser lidos aqui e aqui), o retrato é de Nada Hassan, psicóloga dos Médicos sem Fronteiras numa clínica no Vale de Bekaa, onde vivem em acampamentos improvisados milhares de refugiados fugidos da Síria, onde a guerra já matou quase meio milhão de pessoas mas provocou também uma outra calamidade, mais difícil de quantificar: a saúde mental das pessoas que, sobrevivendo, não conseguem apagar da memória a violência e a morte que testemunharam. “Eu planto a esperança”, diz Nada Hassan. “Como uma semente mesmo”.

Tenha um excelente dia.

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