segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Angola | ORFANDADES


Uma “Nova Angola”. “Um amigo nosso, natural do Huambo, decidiu visitar a sua terra natal. Estava a tirar fotografias quando apareceu um polícia, com ar zangado: «- Ordem superior do chefe proíbe tirar fotografias! A máquina fica prendida!»

Domingos Kambunji | Folha 8 | opinião

O nosso conterrâneo pediu para falar com o chefe. O polícia respondeu que o chefe estava muito ocupado e não poderia comparecer no “local do crime”. O fotógrafo pediu-lhe então que informasse o chefe que um polícia estava a dar “ordem de prisão” à máquina fotográfica do General Fagundes (posto militar e nome inventados naquele momento). O polícia, muito aflito, pediu imensas desculpas, devolveu a máquina fotográfica e deu uma “ordem inferior” para que o “General Fagundes” continuasse a fotografar.

Anda o país mergulhado numa enorme crise económica e social, causada e continuada pelos sucessivos governos do MPLA, e o Victor Silva do jornal da Angola do MPLA não se cansa de tentar dar lições de moral criticando os órfãos do Re(i)gime.

Nesse aspecto ele até nem está mal, vive bem na crise em que a grande maioria dos cidadão sobrevive, na miséria, porque foi adoptado pelo re(i)gime para exercer as funções de bajulador no jornal da Angola do MPLA. Este estatuto concede-lhe bastantes privilégios porque o sistema necessita destes bocas de aluguer para tentar vender a imagem de uma “Nova Angola” em modernização e desenvolvimento construtivo. Essa Nova Angola não aparenta ser uma Angola Nova porque os actores principais que emanam “ordens superiores” são quase todos provenientes da Angola que nasceu velha, após a independência, e que foi envelhecendo cada vez mais durante as últimas quatro décadas.
O Salazar também dizia que era o Presidente do Concelho do Estado Novo…

As únicas mensagens que os angolanos ouvem com demasiada frequência estão relacionadas com a dívida externa, pedidos de fiado para pagar fiados anteriores e desvalorização do kwanza.

Não é necessário ter um doutoramento em economia e finanças para se perceber que os angolanos em geral estão a viver pior. A desvalorização da moeda nacional, em ritmo cavalgante, tem como consequência o facto de o kwanza estar a valer quase tanto como capim queimado. A qualidade de vida piorou.

Nas mensagens do Victor Silva, órfão adoptado pelo Ministro da Propaganda e Educação Patriótica, João Melo, o governo está a organizar e racionalizar tudo para que, se a coisa der certa, haja um crescimento tal que “até das galáxias mais distantes do planeta terra se poderá ver Angola a brilhar”. Se a coisa der certa… como prometeu durante a campanha eleitoral o malandro João Lourenço.

Ele dizia que iria fazer mais com o mesmo dinheiro. O que se está a ver é que está a fazer menos mas continua a prometer muito, muitíssimo mais falácias.

Os anteriores bajulador e bajulador-adjunto do jornal da Angola do MPLA, exonerados pelo João Lourenço, também diziam o mesmo. Quer isto dizer que, seguindo as “teorias meteorológicas da economia” do MPLA, se chover não há seca e se houver seca o MPLA dirá, como é norma, que a culpa é da crise internacional, do imperialismo capitalista, da UNITA, do Savimbi, da guerra civil… e do José Eduardo dos Santos.

Entretanto, o Ministro da Propaganda e Educação Patriótica, João Melo, saúda as melhorias , descritas pelos órfãos por si adoptados a desempenharem funções de bajuladores nos órgão de informação da imprensa pública, que conseguem imaginar muitíssimos sofismas para que as pessoas não pensem que tudo está cada vez mais na mesma… ou pior.

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