Vítor Santos | Jornal de Notícias
| opinião
A natureza transcendente da
entrada de um novo ano até pode fazer sentido. Mas o momento surge sempre
associado a mudanças de hábitos menos bons, depressa transformas em apostas
quiméricos que caem no esquecimento, à espera do próximo 1 de janeiro, ao ponto
de fazerem mais sentido como decisões de 1 de abril.
Quando o tema é Portugal, a
sociedade, a atualidade política, torna-se mais aconselhável mantermo-nos
atentos ao que se passou em 2018 e reforçarmos a vigilância - no meio das 12
passas às 12 badaladas, o desejo é o de não repetir.
Arrancámos com esperança,
pensávamos que o pior já tinha passado, depois das terríveis consequências dos
incêndios de 2017, mas a tendência para a irresponsabilidade nos organismos
públicos manteve-se, muitos problemas - na saúde, na educação e na proteção
civil, só para citar alguns setores - agudizaram-se e, como bem assinalava o
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nas páginas do Jornal de
Notícias, o clima de campanha eleitoral instalou-se muito cedo no país. Neste
quadro, não repetir 2018 será, portanto, um desejo prudente para 2019. De olho
no passado, bem sei, mas se chegássemos ao próximo dezembro com o problema dos
professores e dos enfermeiros resolvido ou sem precisarmos de corar de vergonha
com situações como a da falta de condições da Pediatria do Hospital de S. João,
seguramente poderíamos fazer um balanço bem melhor.
Claro está, tudo vai depender, em
boa medida, dos políticos. Se continuarem a acelerar em ritmo de campanha
eleitoral, podemos contar com mais despistes, seguidos de aproveitamento e
desorientação.
O melhor mesmo é percorrerem o
caminho até à resolução dos problemas com verdade, sem olhar para as eleições,
porque a mentira tem perna curta e o ano é longo. Qualquer tropeção pode ser
irreparável.
*Editor-executivo
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