Jorge Rocha* | opinião
Quando se trata de política em
Portugal é inevitável encontrar nas fábulas infantis, e nos provérbios
populares, recursos oportunos para caracterizar os atos e as palavras dos que
lideram as direitas. Passos Coelho protagonizou a sua própria versão de «Pedro
e o lobo», apenas mudando de mau da fita: em vez do mamífero canídeo invocou
tantas vezes a iminente chegada do Diabo, que depressa nele desacreditaram os
crédulos dispostos a darem-lhe efémero benefício da dúvida.
Agora, à distância, fico a saber
que, a pretexto das mensagens de Natal, normalmente emitidas pelos titulares
dos principais órgãos de soberania, também outro Pedro, decidiu criar a sua em
filme com oito minutos de duração, que tomava como imaginário interlocutor o
primeiro-ministro.
Não sei quem teve a pachorra para
desperdiçar esse tempo com o patético arrivista. Tantos anos passados, ele
continua a ser o mesmo teleopinador que, convidado semanalmente a debater a
realidade da semana com José Sócrates - quando ambos ainda não tinham liderado
governos! -, pedia a quem cumpria moderar o confronto de opiniões para deixar
ao socialista a despesa de iniciar a disputa, ciente de encontrar que dizer
quando lhe ouvisse pronunciar substantivos argumentos, e pudesse utilizar a
habilidosa retórica de advogado, embora sem jamais convencer quanto a possuir
fundamentos bastantes para lhe ser dada qualquer razão.
Querendo medir-se com António
Costa, este Pedro aliancista lembra a estória do sapo disposto a
tudo fazer para se vir a assemelhar a imponente boi. Fica, porém, a convicção
de que, por muito que inche, nunca este anódino invejoso chegará sequer a
comparar-se a humilde vitelo.
*jorge rocha | Ventos Semeados
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