terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

São Tomé | Mais de 69 mil filhotes de tartarugas foram lançados ao mar


Entre Setembro de 2017 e julho de 2018, o Programa Tatô, que promove a melhoria do estado de conservação das espécies ameaçadas de tartarugas marinhas na ilha de São Tomé, lançou ao mar 69.407 filhotes de 4 espécies ameaçadas de tartarugas.

Fruto de uma forte acção de protecção e de sensibilização das populações nas principais áreas costeiras da ilha de São Tomé, onde as tartarugas desovam.

O  programa Tatô, registou significativo aumento da desova de tartarugas no período entre Setembro de 2017 e julho de 2018, em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.

Segundo o Programa Tatô, são 4 as espécies de tartarugas que nidificam na ilha de São Tomé, nomeadamente a tartaruga verde (Chelonia Mydas), vulgarmente conhecida em São Tomé e Príncipe por Mão Branca. Segue-se a tartaruga Oliva (Lepidochelys Olivacea), com nome vulgar em São Tomé de Tatô. A tartaruga de Pente (Eretmochelys Imbricata), vulgarmente conhecida por Sada, e por fim a tartaruga de Couro (Demochelys Coriacea), em São Tomé chamada de Ambulância.


«Foram registados neste período ( de setembro de 2017 a julho de 2018) 3466 ocorrências de nidificação, dos quais 70%(cerca de 2435 ocorrências) pertencem a tartaruga Verde. A tartaruga Oliva registou 19 % de ocorrências (cerca de 659). A tartaruga de Pente registou 7% de ocorrência em termos de nidificação, (cerca de 248 vezes), e a tartaruga de Couro realizou cerca de 124 ocorrências correspondendo a 4%», explica o programa Tatô.

Os colabores do Programa Tatô operam dia e noite em 31 praias da ilha de São Tomé monitorizando o processo de nidificação e desova das tartarugas.  Boa parte das fêmeas que desovam nas praias é marcada para permitir o acompanhamento das mesmas. No ano passado, o programa marcou 636 fêmeas de tartarugas.

Os colabores vigiam o processo de postura e desova, e registaram 1772 ninhos, dos quais 746 ninhos considerados em risco foram transferidos 6 horas após a postura, para os centros de incubação construídos nas praias. Por outro lado 1026 ninhos considerados seguros foram deixados nos respectivos locais de desova.

Segundo o Programa Tatô os centros de incubação desempenham papel importante no processo de protecção das espécies de tartarugas. Tudo porque homens e animais vadios devoram os ninhos. «Dos 1026 ninhos deixados no local e camuflados, 69 foram roubados pela população local e 265 foram predados por animais domésticos maioritariamente porcos e cães», explica o Programa Tatô.


A colecta de ovos de tartaruga para alimentação é prática em São Tomé e Príncipe. A carne da tartaruga também continua a ser consumida, apesar da lei nacional de protecção das tartarugas proibir tais práticas. 

«Apesar da aprovação da lei nacional de protecção (decreto lei nº8/2014) pelo Governo Nacional, e embora tenha havido uma redução da captura de tartarugas marinhas, produtos derivados de tartarugas marinhas(carne, ovos e carapaça) continuam a ser comercializados no mercado local», denuncia o Programa Tatô.

No final da temporada de nidificação e desova do ano 2018, sempre muito acompanhada pelos turistas, o Programa Tatô, lançou ao mar 69.407 filhotes de tartarugas, que representam um património nacional e mundial, a ser preservado.

A monitorização das praias de nidificação e desova das tartarugas, continua em 2019. Os agentes envolvidos na protecção das tartarugas esperam que os resultados de 2019, superem os dados de Setembro de 2017 à Julho de 2018.

Abel Veiga | Téla Nón

Fotografias de Carlos Bernardo da Costa e de Ana Besugo (Programa Tatô)

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