Sete nações da UE prometem
reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela se não houver convocação de
eleições presidenciais. Ultimato vai até este domingo. Trump afirma que envio
de tropas ao país é "uma opção".
O prazo estabelecido por sete
países da União Europeia (UE) para que o presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, convoque novas eleições presidenciais chega ao fim neste domingo
(03/02).
Alemanha, França, Reino Unido,
Espanha, Portugal, Holanda e Bélgica disseram que reconhecerão o líder da
oposição Juan Guaidó como presidente interino, caso Maduro não respeite o
ultimato de oito dias.
A ministra de Assuntos Europeus
da França, Nathalie Loiseau, disse à TV LCI neste domingo que, "se até
esta noite o presidente Maduro não se comprometer a organizar eleições
presidenciais, a França considerará Juan Guaidó legítimo para organizá-las em
seu lugar, e nós o consideraremos como presidente interino até a realização de
eleições legítimas na Venezuela".
Mais tarde, a ministra reiterou o
alerta em outra entrevista à mídia francesa: "O ultimato termina
hoje".
No mesmo dia, o chanceler
austríaco, Sebastian Kurz, disse que Viena iria "reconhecer e apoiar Juan
Guaidó como presidente interino da Venezuela" se Maduro não convocar novas
eleições.
O líder austríaco também afirmou,
através do Twitter, que manteve uma "chamada telefônica muito boa com o
presidente" Guaidó.
"Envio de tropas é
opção"
O presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, disse à emissora americana CBS que o envio de militares para a
Venezuela é "uma opção". O líder americano relatou ainda que
Maduro pedira para encontrá-lo, mas que ele recusou o pedido.
Maduro rechaçou o
ultimato dos países da UE classificando-o de um
"descaramento". Ele disse aos participantes de uma manifestação
pró-governo no sábado que é "o verdadeiro presidente da Venezuela".
Na quinta-feira, o Parlamento
Europeu reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como líder interino do país
e instou os países-membros da União Europeia a fazerem o mesmo.
Os ministros do Exterior da UE,
contudo, continuam cautelosos, temendo a criação de um precedente que
possa ser aproveitado por outras figuras da oposição em outras partes do mundo.
Eles optaram por deixar que
cada Estado dentro do bloco de 28 nações adote sua própria posição sobre
reconhecer Guaidó ou não.
Maduro permaneceu desafiador
neste domingo, compartilhando nas redes sociais imagens da manifestação
pró-governo do dia anterior e agradecendo à nação por "tanto amor, tanto
cuidado e compromisso eterno", afirmando que "somos guerreiros e
guerreiras da paz".
Em entrevista gravada na
sexta-feira e agendada para ser transmitida neste domingo, Maduro também disse
que pessoas nas fábricas, universidades e outras áreas estão se preparando para
o combate. "Simplesmente vivemos em nosso país e pedimos que ninguém
intervenha nos assuntos internos. E estamos nos preparando para defender nosso
país", disse ele à emissora espanhola La Sexta.
Manifestações em ambos os lados
No sábado, manifestações da oposição
e pró-regime levaram milhares de pessoas às ruas de Caracas. Maduro
chegou a sugerir que convocaria uma eleição parlamentar antecipada, enquanto
Guaidó anunciou a instalação de centros de coletas nos países vizinhos Colômbia
e Brasil para mantimentos e remédios enviados para venezuelanos atingidos pelas
sanções.
O assessor de segurança nacional
dos EUA, John Bolton, dissera que disponibilizaria o transporte para a
chegada dos carregamentos humanitários, em resposta ao pedido de Guaidó.
Maduro já havia recusado a
entrada de ajuda humanitária, alegando que esta precederia uma intervenção
militar liderada pelos EUA.
Em um possível sinal de
enfraquecimento do apoio a Maduro, a agência de notícias Reuters informou que a
tropa de choque da polícia deixou manifestantes passarem e se reunirem em pelo
menos três cidades durante os comícios de sábado.
Além disso, Maduro também
enfrentou uma deserção de
grande significado horas antes das manifestações, quando o general da Força
Aérea Francisco Yánez anunciou seu apoio a Guaidó e o chamou de
"ditador" em um vídeo.
Militar na ativa de mais alto
escalão a renegar Maduro até então, Yánez também afirmou que "90% das
Forças Armadas" não estão apoiando o líder socialista, acrescentando
que "a transição para a democracia é iminente".
Mais tarde, o embaixador da
Venezuela no Iraque, Jonathan Velasco, também anunciou seu apoio a Guaidó.
Ao propor "eleições
antecipadas" neste sábado, Maduro falou em eleições parlamentares – e não
presidenciais – para a Assembleia Nacional, presidida por Guaidó.
Críticos ao governo acusam Maduro
de destruir a economia da Venezuela, que já foi impulsionada pelo setor
energético, e de atropelar as instituições democráticas.
Guaidó, que no mês passado se
autoproclamou presidente interino e pediu a realização de uma nova eleição
presidencial, tem pouco controle sobre as instituições do Estado e o aparato
governamental.
MD/rtr/ap/dpa
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