Medida foi adotada após a morte
do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul e também leva em
consideração o papel de Riad na guerra do Iêmen.
O governo alemão estendeu sua
proibição a exportações de armas para a Arábia Saudita por mais seis meses,
informou o porta-voz da chanceler federal Angela Merkel nesta quinta-feira
(28/03), após uma reunião do Conselho de Segurança Nacional.
A proibição será mantida até 30
de setembro. Durante este período, não serão aprovados novos contratos.
A proibição temporária foi
estabelecida em outubro de 2018, depois do controverso assassinato do
jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, na Turquia, no ano
passado. A medida também leva em consideração o papel da Arábia Saudita na
guerra do Iêmen.
As Forças Armadas dos
Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita utilizam tecnologia bélica alemã
para suas operações em mar, terra e ar no Iêmen.
Reino Unido, França
e Espanha haviam criticado a proibição imposta pela Alemanha, afirmando
que a medida os impedia de vender equipamentos desenvolvidos em conjunto e com
componentes alemães para os sauditas, como o avião de caça Eurofighter.
A embaixadora da França na
Alemanha, Anne-Marie Descôtes, disse nesta semana que a complexa política de
exportação de armas da Alemanha e regras de licenciamento ameaçam futuros
projetos de defesa bilaterais.
A decisão sobre estender ou não a
proibição foi objeto de disputa na coalizão do governo alemão, com o Partido
Social-Democrata (SPD) pedindo uma postura mais restritiva, e o partido
conservador de Merkel, a CDU, tendendo a pelo menos aplacar as
preocupações dos parceiros europeus da Alemanha.
No final, o governo alemão
concordou em estender as licenças já concedidas a exportações não
inteiramente alemãs por nove meses, em um esforço para poupar empresas do
processo caro e demorado de solicitar uma nova licença.
Contudo, haverá limitações. O
governo alemão disse que pressionará para que armas produzidas em conjunto não
sejam utilizadas na guerra do Iêmen. Por isso, produtos "inteiramente
montados" não devem ser entregues à Arábia Saudita ou aos Emirados
Árabes Unidos nos próximos nove meses.
A extensão da proibição vai afetar
diretamente uma encomenda de barcos de patrulha da empresa alemã Peene-Werft,
que já foram construídos em partes, mas não podem ser entregues. O governo
disse que tentará encontrar uma solução que envolva a produção dos barcos, sem
que eles sejam entregues à Arábia Saudita, ou o uso das embarcações pela
Marinha, pela Alfândega ou pela Polícia Federal na Alemanha.
PJ/ap/rtr/afp | Deutsche Welle
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