Grupo
de altos dirigentes do Partido de Renovação Social (PRS) dá 48 horas ao líder
do partido para se demitir e à sua equipa. É o que consta num ultimato,
divulgado esta segunda-feira.
É
um ultimato dado à atual direção do Partido de Renovação Social (PRS), liderada
por Alberto Nambeia. O chamado "Movimento de Salvação do PRS e da Memória
de Kumba Ialá" dá 48 horas para a direção se demitir, caso contrário serão
encetados "mecanismos com vista ao seu afastamento".
Numa
carta dirigida nesta segunda-feira (18.03) ao presidente do PRS, o
"Movimento de Salvação", liderado pelo ex-presidente do Parlamento
guineense e um dos fundadores do partido, Ibraima Sori Djaló, exige a
responsabilização da direção do partido pelo "desastroso
resultado" nas eleições
legislativas de 10 de março.
O
PRS tem agora menos 20 deputados do que na legislatura anterior, em que tinha
41 mandatos.
Na carta a que a DW África teve acesso em Bissau, o movimento afirma ter chegado a hora de permitir que os militantes renovem democraticamente a sua confiança em novas pessoas.
Na carta a que a DW África teve acesso em Bissau, o movimento afirma ter chegado a hora de permitir que os militantes renovem democraticamente a sua confiança em novas pessoas.
A
DW tentou contactar a direção do PRS, sem sucesso.
Acordo
para estabilidade governativa
O
ultimato ao PRS acontece no dia em que o Partido Africano para a Independência
da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) assegurou a maioria absoluta no Parlamento com a
assinatura de um acordo de incidência parlamentar com três dos seis partidos
que elegeram deputados: a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da
Guiné-Bissau (APU-PDGB), a União para a Mudança (UM) e o Partido da Nova
Democracia (PND).
Com
o acordo, assinado num hotel de Bissau, os quatro partidos formam uma maioria
com 54 deputados, num total de 102 deputados no Parlamento. O objetivo, segundo
Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, é conseguir estabilidade
governativa, mas também resgatar os "valores da democracia".
"Cumpridas
estas formalidades, estarão criadas as condições para dizermos 'acabou a
discussão eleitoral'", afirmou. "É tempo de darmos resposta às
questões que o povo guineense coloca, [por exemplo] a questão da abertura e
funcionamento das escolas. O povo guineense espera respostas em todos os
setores da atividade pública, social e económica da Guiné-Bissau."
No
âmbito do acordo, os quatro partidos políticos comprometem-se a estabelecer
"entendimentos e consensos" no Parlamento guineense relativos às
"reformas políticas e institucionais necessárias ao normal funcionamento
do Estado de Direito democrático, nomeadamente a revisão da Constituição da
República, lei-quadro dos partidos políticos, lei eleitoral, bem como das
reformas profundas dos setores de defesa e segurança, administração pública e
justiça".
O
acordo prevê igualmente a formação de um Governo inclusivo que "reflita o
presente entendimento entre as partes".
Governação
"credível e responsável"
O
vice-presidente da APU-PDGB, Mamadu Saliu Lamba, salientou que o seu partido
vai assumir a responsabilidade com o povo guineense.
"A
Guiné-Bissau está acima de qualquer interesse pessoal. Estamos aqui para
apaziguar os ânimos e demonstrar claramente que não há vencedores, nem
vencidos. Foi a Guiné-Bissau que venceu", disse o responsável.
"Pedimos à comunidade internacional que continue a dar apoio à
Guiné-Bissau para a conquista da paz definitiva."
Para
Agnelo Regala, presidente da União para a Mudança, a assinatura do acordo
garante uma coisa que a Guiné-Bissau precisava: estabilidade governativa,
depois das "crises cíclicas que a Guiné-Bissau tem vindo a viver."
Iaia
Djaló, líder do Partido da Nova Democracia, diz que o acordo assinado esta
segunda-feira vai permitir uma governação "credível e responsável".
Braima
Darame (Bissau) | Deutsche Welle
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