Novo Governo argelino é liderado
pelo primeiro-ministro recém-nomeado, mas ainda inclui nomes da antiga
formação. Medida é vista como tentativa de acalmar a contestação nas ruas, que
pede a saída do Presidente.
O Presidente argelino, Abdelaziz
Bouteflika, nomeou no domingo (31.03) um novo Governo na tentativa de acalmar a
contestação inédita que toma conta das ruas do país há mais de um mês.
O novo Governo, liderado pelo
recém-nomeado primeiro-ministro Noureddine Bedoui, deixa de fora alguns
pilares da governação, mas mantém outros. A televisão estatal informou que o
chefe das forças armadas, general Ahmed Gaïd Salah, que pediu a renúncia de
Bouteflika na semana passada, permanece como vice-ministro da Defesa.
Entretanto, o político veterano
Ramtane Lamamra, que foi nomeado vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios
Estrangeiros em 11 de março, não foi mantido na nova administração. Será Sabri
Boukadoum, de 60 anos, até agora embaixador da Argélia na ONU, a herdar a pasta
dos Negócios Estrangeiros.
Outra novidade é a entrada de
Meriem Merdaci, editora de 35 anos, nomeada ministra da Cultura, e a outra
mulher que se estreia é Djamila Tamazirt, para a pasta da Indústria e Minas,
cuja biografia não é conhecida, por enquanto.
Com a maioria de entradas feitas
por desconhecidos da cena política do país, há, no entanto, alguns rostos
conhecidos, nomeadamente o novo ministro das Finanças, Mohamed Loukal, até
agora governador do Banco da Argélia, de 68 anos.
Contestação
Os argelinos que se manifestam em
grande número há várias semanas querem a saída do Presidente Abdelaziz
Bouteflika e pedem mudanças no poder que governa o país, o que inclui vários
grupos de interesse, segundo agências e analistas.
O grupo de pessoas que dirige a
Argélia é designado pelos argelinos como "o sistema" ou "o
poder" e este já conta pouco com um Presidente de 82 anos e debilitado por
um AVC em 2013, que o impede de falar com os seus cidadãos e tornou muito raras
as suas aparições em público.
Bouteflika disse no início de
março que não disputaria as eleições e adiaria o pleito de abril. Os cidadãos
argelinos, por seu turno, viram isso como uma manobra para estender suas duas
décadas no poder.
E diante da persistente revolta
popular, uma sucessão de veteranos leais a Bouteflika abandonou o Presidente
nos últimos dias. Na terça-feira, o chefe de gabinete Gaid Salah, nomeado em
2004, pediu que ele renunciasse ou fosse declarado clinicamente inadequado.
O chefe de gabinete citou o
artigo 102 da Constituição, segundo o qual um Presidente pode ser removido se
for considerado incapaz de governar. Gaid Salah disse na televisão que era
"imperativo" encontrar uma saída para a crise "que responde às
demandas legítimas" do povo, de acordo com a constituição.
AFP, Agência Lusa, tms | Deutsche
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