segunda-feira, 1 de abril de 2019

Presidente da Argélia nomeia novo Governo para acalmar contestações


Novo Governo argelino é liderado pelo primeiro-ministro recém-nomeado, mas ainda inclui nomes da antiga formação. Medida é vista como tentativa de acalmar a contestação nas ruas, que pede a saída do Presidente.

O Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, nomeou no domingo (31.03) um novo Governo na tentativa de acalmar a contestação inédita que toma conta das ruas do país há mais de um mês.

O novo Governo, liderado pelo recém-nomeado primeiro-ministro Noureddine Bedoui, deixa de fora alguns pilares da governação, mas mantém outros. A televisão estatal informou que o chefe das forças armadas, general Ahmed Gaïd Salah, que pediu a renúncia de Bouteflika na semana passada, permanece como vice-ministro da Defesa.

Entretanto, o político veterano Ramtane Lamamra, que foi nomeado vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros em 11 de março, não foi mantido na nova administração. Será Sabri Boukadoum, de 60 anos, até agora embaixador da Argélia na ONU, a herdar a pasta dos Negócios Estrangeiros.



Outra novidade é a entrada de Meriem Merdaci, editora de 35 anos, nomeada ministra da Cultura, e a outra mulher que se estreia é Djamila Tamazirt, para a pasta da Indústria e Minas, cuja biografia não é conhecida, por enquanto.

Com a maioria de entradas feitas por desconhecidos da cena política do país, há, no entanto, alguns rostos conhecidos, nomeadamente o novo ministro das Finanças, Mohamed Loukal, até agora governador do Banco da Argélia, de 68 anos. 

Contestação 

Os argelinos que se manifestam em grande número há várias semanas querem a saída do Presidente Abdelaziz Bouteflika e pedem mudanças no poder que governa o país, o que inclui vários grupos de interesse, segundo agências e analistas.  

O grupo de pessoas que dirige a Argélia é designado pelos argelinos como "o sistema" ou "o poder" e este já conta pouco com um Presidente de 82 anos e debilitado por um AVC em 2013, que o impede de falar com os seus cidadãos e tornou muito raras as suas aparições em público.

Bouteflika disse no início de março que não disputaria as eleições e adiaria o pleito de abril. Os cidadãos argelinos, por seu turno, viram isso como uma manobra para estender suas duas décadas no poder.

E diante da persistente revolta popular, uma sucessão de veteranos leais a Bouteflika abandonou o Presidente nos últimos dias. Na terça-feira, o chefe de gabinete Gaid Salah, nomeado em 2004, pediu que ele renunciasse ou fosse declarado clinicamente inadequado.

O chefe de gabinete citou o artigo 102 da Constituição, segundo o qual um Presidente pode ser removido se for considerado incapaz de governar. Gaid Salah disse na televisão que era "imperativo" encontrar uma saída para a crise "que responde às demandas legítimas" do povo, de acordo com a constituição.

AFP, Agência Lusa, tms | Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana