Presidente guineense, José Mário
Vaz, disse aos jornalistas que aguarda a constituição da mesa da ANP, porque
depois são necessárias várias tramitações até à marcação da data das eleições
presidenciais.
O Presidente da Guiné-Bissau,
José Mário Vaz, disse esta sexta-feira (10.05.) que aguarda a resolução do impasse no
Parlamento do país para marcar as eleições presidenciais. O chefe de Estado
guineense que termina o seu mandato a 23 de junho, participou num encontro com
jornalistas para abordar vários assuntos que têm dominado a atualidade política
do país.
José Mário Vaz explicou que
aguarda a constituição da mesa da Assembleia
Nacional Popular, porque depois são necessárias várias tramitações até
à marcação da data das eleições presidenciais.
"Eu vou marcar, mas não
depende exclusivamente de mim. Há o GTAPE (Gabinete Técnico de Apoio ao
Processo Eleitoral) e a CNE (Comissão Nacional de Eleições). Eles é que estão a
preparar a agenda para propor datas possíveis para haver eleições, é preciso
ouvir o Governo e partidos políticos com assento parlamentar. Perante este
ambiente eu não posso marcar a data enquanto aqueles órgãos não se pronunciarem
sobre o assunto", afirmou o Presidente guineense.
Falta diálogo entre guineenses
Para o Presidente guineense o
impasse na constituição da Assembleia Nacional Popular do país demonstra que
não há diálogo entre os guineenses e que continua a haver ressentimentos.
"Tivemos quatro anos nesta
batalha de entendimento entre guineenses, depois das eleições pensamos que
finalmente o machado de guerra tinha sido enterrado e, também, que
definitivamente tínhamos conseguido colocar o país na estabilidade e na
tranquilidade. Ora, foi triste porque logo no primeiro dia assistimos a uma
violência verbal. Pensávamos que a violência verbal tinha acabado, mas voltamos
a assistir à violência verbal na Guiné-Bissau", afirmou aos jornalistas
José Mário Vaz.
Para o Presidente, é necessário
diálogo e reflexão para que o país estabilize.
"Não me quero imiscuir num
assunto da Assembleia Nacional Popular, é um órgão de soberania e depende das
leis que o regem, mas quero dizer aos partidos políticos que a política sai de
fora para dentro da Assembleia, para se sentarem e discutirem sobre os
problemas da terra, porque é no diálogo que encontramos soluções, é com diálogo
e compromisso que estabilizamos o nosso país", salientou.
Para quando um novo
primeiro-ministro?
O chefe de Estado guineense
explicou também que sem haver entendimento é "impossível" passar ao
próximo passo, que é o da indigitação do futuro primeiro-ministro.
"Não temos primeiro-ministro
até hoje, porque ainda temos esperança que haja um entendimento entre partidos
políticos na constituição da mesa da Assembleia e porque o Governo é da
emanação da Assembleia", disse.
José Mário Vaz garantiu também
que depois das eleições legislativas não recebeu representantes de partidos
políticos com representação parlamentar porque pretende manter distância da
atual situação de impasse.
Entidades religiosas, sociedade
civil e mulheres facilitadoras estão no terreno, porque são os "únicos
isentos e imparciais" e o chefe de Estado disse estar a aguardar os
resultados dos encontros que vão ter com os líderes dos partidos políticos e só
depois disso vai analisar se vai reunir-se ou não com os líderes partidários.
"Há pessoas que não estão
interessadas no diálogo e pensam que se dialogarem se estão a submeter e a
perder força. Não. Nenhum diálogo no mundo termina fora da mesa. Todos os
conflitos são fechados na mesa, porque é que não fazemos a mesma coisa? É
preciso virem pessoas de fora?", questionou o Presidente guineense,
salientando que o diálogo é encontrar compromissos para que o país avance.
Graves fraturas
político-partidárias
Os deputados eleitos nas
legislativas de 10 de março levaram mais de um mês a tomar posse, a 18 de abril,
mas o início da X legislatura demonstrou logo as graves fraturas
político-partidárias que existem no país com o impasse criado com a eleição
para a mesa da Assembleia Nacional Popular.
Depois de Cipriano Cassamá, do
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ter sido
reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia
do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) ter sido
eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou
contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática
(Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente do Parlamento. O
Madem-G15 recusou avançar com outro nome para cargo. Por outro lado, o Partido
de Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome do primeiro
secretário da mesa da assembleia.
O Parlamento da Guiné-Bissau está
dividido em dois grandes blocos, um, queinclui
o PAIGC (partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União
para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que
juntou o Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação
Social, com 48.
Agência Lusa, ar | Deutsche Welle
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