A associação ambientalista Zero
denunciou hoje a existência de uma nova mancha de solos contaminados na zona do
Parque das Nações, em Lisboa, o que prova que a descontaminação dos terrenos
naquela parte da cidade foi uma "fraude".
Em comunicado, a associação
anuncia que foi descoberto "um novo depósito de resíduos com
hidrocarbonetos" perto do Hospital CUF Descobertas, cuja construção já
tinha posto à vista "uma grande quantidade de solos contaminados".
"Os resíduos agora em causa
foram detetados na obra de escavação do empreendimento imobiliário designado
por 'Martinhal Residences', sendo notório o cheiro devido a compostos voláteis,
o que já motivou queixas de alguns moradores", diz a Zero.
De acordo com a associação
ambientalista, estes compostos resultam da libertação de gases associados aos
hidrocarbonetos quando são expostos ao ar, "sendo considerados tóxicos e,
inclusive, cancerígenos".
A Zero não tem, por isso, dúvidas
em afirmar que a descontaminação dos terrenos da zona do Parque das Nações
"foi uma fraude".
"Se dúvidas ainda pudessem
existir, após o que aconteceu com a obra do Hospital CUF Descobertas, a
identificação de mais um local com solos contaminados nas imediações dos
terrenos da antiga Petrogal vem evidenciar definitivamente que a operação de
descontaminação dos terrenos do Parque das Nações foi feita de forma muito
incompleta com impactos que agora e no futuro irão ser visíveis e
significativos", alerta a ZERO.
Relativamente à nova mancha de
solos contaminados, a associação aponta que o estudo geoambiental feito antes
do começo da obra já dava conta de que naquele local existiam resíduos com
Hidrocarbonetos Totais de Petróleo (TPH), Hidrocarbonetos Aromáticos
Policíclicos (PAH), Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos (BTEX) e Zinco.
O estudo revelou também que as
águas subterrâneas estão contaminadas com TPH e Benzeno.
"Apesar deste trabalho de
diagnóstico bem efetuado, a obra está a decorrer sem que haja uma cobertura
destes solos contaminados e a instalação de um sistema de recolha e tratamento
dos gases libertados", denuncia a Zero.
Na opinião da associação
ambientalista, é "inaceitável" que tal aconteça, tendo em conta os
riscos para a saúde pública que os compostos voláteis representam.
Refere também que não se sabe
qual é o destino que está a ser dado às águas resultantes da escavação, que
"podem estar contaminadas pelo contacto com os hidrocarbonetos",
receando, por isso, que essas águas estejam a ser despejadas no rio Tejo sem
qualquer tratamento.
Por causa desta situação, a Zero
diz que já pediu esclarecimentos à Câmara Municipal de Lisboa e à Comissão de
Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo para que "sejam tomadas
medidas para minimizar a situação".
Na sequência deste caso, a ZERO
aproveita para lembrar que a legislação sobre Prevenção e Remediação dos Solos
(PRoSolos) "continua na gaveta" desde 2016, apesar de o Governo
"ter-se comprometido à sua aprovação ainda nesta legislatura" e de a
própria Assembleia da República ter feito uma recomendação ao Executivo de
António Costa nesse sentido.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto: iStock
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