O secretário-geral do PCP afirmou
esta terça-feira que a legislação laboral é um "autêntico golpe" às
novas gerações, defendendo que PS, PSD e CDS expliquem aos jovens que vão
entrar para o mundo do trabalho "sempre em período experimental".
"Vão ter de explicar,
particularmente aos jovens à procura do primeiro emprego [...] que entrarão
para o mundo do trabalho sempre em período experimental, de seis em seis meses,
rodando sempre com estatuto, salários e direitos menores, num quadro de precariedade legalizada,
de horários desregulados, sem proteção da contratação coletiva",
defendeu Jerónimo de Sousa.
O líder comunista falava no
Parque Urbano do Seixal, no distrito de Setúbal, onde apresentou as listas de
candidatos às eleições legislativas de outubro, dando a conhecer algumas
das propostas da CDU para a próxima legislatura, como a
"revogação das normas gravosas da legislação laboral".
E, "a propósito" deste
assunto, Jerónimo de Sousa criticou o Presidente da República, Marcelo Rebelo
de Sousa, por ter promulgado, na segunda-feira, o diploma que altera o Código
do Trabalho, sem colocar em causa o aumento do período experimental de 90 para
180 dias, exigido aos trabalhadores à procura do primeiro emprego e
desempregados de longa duração, optando por não enviar o diploma ao Tribunal
Constitucional.
"De forma crua, o presidente
da República veio dizer que tais malfeitorias se justificam porque,
havendo sinais de crise económica, haverá que recorrer mais uma vez ao velho
esquema de que serão os salários e a precariedade a variante do
ajustamento de qualquer crise real ou hipotética. Garantir o lucro do capital,
sacrificando os salários e os direitos dos trabalhadores", sublinhou.
Para o secretário-geral do PCP,
esta medida faz com que caia por terra o "discurso do PS, PSD e CDSsobre
a 'bondade' desta legislação", exigindo que os partidos informem os jovens
sobre as consequências do diploma.
"Vá, dizemos a estes
partidos, digam a verdade aos jovens, aos desempregados de longa duração. Sim,
digam que o Tribunal Constitucional já considerou esta medida inconstitucional,
no passado", frisou.
Já os candidatos da CDU,
segundo Jerónimo de Sousa, têm que "saber chegar aos jovens e alertá-los",
uma vez que o PS, PSD e CDS "têm consciência que os
jovens ainda não sabem deste autêntico golpe que visa atingir as novas gerações
de trabalhadores".
"Pela parte do PCP avançamos
já com o contacto com outros partidos, com os Verdes e com o BE para se
apresentar a fiscalização da constitucionalidade destas normas", adiantou.
Além da revogação das normas da
legislação laboral, para a próxima legislativa a CDU defende também
avanços através do aumento do salário mínimo para 850 euros, a garantia do
direito à reforma por inteiro, a eliminação das taxas moderadoras na saúde, o
estabelecimento de um regime de preços máximos nos combustíveis e eletricidade e
a fixação do IVA sobre a luz e gás nos 6%.
A CDU apresentou esta
terça-feira 22 listas "renovadas e rejuvenescidas", com 322
candidatos homens e mulheres, na maioria com menos de 50 anos,
"determinados em libertar o país das amarras e interesses do grande
capital monopolista".
"Os portugueses que querem
garantir que o caminho é o do aprofundamento dos direitos e rendimentos, o
caminho de novas conquistas, não encontram outra força política que dê maior
garantia que a CDU", defendeu.
As bancadas de PCP, BE e
"Verdes" vão juntar-se para pedir ao Tribunal Constitucional (TC) a
fiscalização da legalidade das recentes alterações à legislação laboral,
aprovadas na Assembleia da República e promulgadas na segunda-feira pelo
Presidente da República.
Aos 15 deputados comunistas vão
assim juntar-se os 19 do BE e os dois ecologistas para ultrapassar o limite
mínimo de um décimo do hemiciclo (23) necessário para a solicitação da análise
da constitucionalidade das normas que estão prestes a entrar em vigor. O texto
vai ser preparado na próxima semana pelos comunistas, sendo depois passado às
outras bancadas para ser sancionado e entregue ao TC.
A fiscalização sucessiva não
trava a entrada em vigor das leis, que ficarão a aguardar a apreciação pelo TC,
o que deverá ocorrer só na próxima legislatura.
Notícias ao Minuto | Lusa
Leia também em NM: Alterações
ao Código do Trabalho aprovadas na "25.ª hora da legislatura"
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