quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Portugal | Terceiro dia de greve: a fuga em frente de um pardalão entalado (ontem)


Jorge Rocha* | opinião

Ao terceiro dia o pardal sentiu-se cada vez mais encurralado e decidiu fazer aquilo que os entalados sempre procuram fazer: a fuga em frente ora incentivando os camionistas a desrespeitaram a requisição civil e a dificultarem o aprovisionamento do país, ora achando-se com poderes de convocar o governo e a Antram para local e hora, que entendeu marcar.

Para os mais indignados com o atrevimento do vilão e com a estúpida inocência de quem lhe bebe as palavras como se fosse um oráculo, estaria na altura de o confrontar com as suas responsabilidades no evidente apelo a que haja quem, por sua orientação, pratique o crime de desobediência contra a autoridade do Estado, situação em si passível de ser enquadrada num atropelo à legalidade. Nesse aspeto estranha-se o silêncio da Ordem dos Advogados perante a conduta de um dos seus membros, que atropela em cada declaração os princípios deontológicos de uma classe profissional fadada a desprestigiar-se se, rapidamente, não vier a dissociar-se dos seus métodos e conduta.

Acredito que o governo não reaja de acordo com a minha indignação e de muitos milhares de portugueses, que condenam a chantagem empreendida por tal figurão, transformado num chefe de gangue mafioso. Porque prevalecerá o sentido de Estado será de crer que avançará o alargamento da requisição civil a todo o país, se manterá a substituição de quem opta por não acatá-la por militares e agentes policiais, se  garantirá a punição exemplar dos culpados dos crimes de desobediência e aguardará que, a exemplo do hoje verificado, as defeções em torno do núcleo duro de grevistas cresça e os isole cada vez mais.

O desafio para a reunião de amanhã vem nesse sentido: o pardalão adivinha crescente insegurança em quem ainda o segue. E procura agir em conformidade: perdida esta luta quem nele acreditará para o representar no futuro? Qual Ícaro ele quis voar muito alto e será de tão fatais alturas, que está condenado a despenhar-se.

Que Santana Lopes tenha querido dar prova de vida visitando os grevistas compreende-se: os zombis tenderão sempre a querer sair da cova onde foram enterrados. Que David Justino e a direção do PSD não tenha percebido o que está em causa, vindo a público com uma atrapalhada conferência de imprensa onde as contradições foram quase tantas quantas as frases emitidas, diz bem da lamentável degradação em que caiu o principal partido da oposição.

*jorge rocha | Ventos Semeados (ontem, 14/8)

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