Observatório do Clima
33% dos focos de fogo estão em
áreas inscritas no Cadastro Ambiental Rural, mostra nova análise do Ipam
As propriedades privadas
responderam por 33% dos focos de calor registados na Amazónia até agora. Em
segundo lugar vieram as áreas sem destinação fundiária específica, que somam
30% dos focos de calor – 20% apenas em florestas públicas não destinadas, um
forte indicativo de grilagem de terras.
Os números fazem parte de uma
nova análise sobre a atual temporada de fogo na Amazónia, separada agora por
categoria fundiária, feita pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazónia
(IPAM), com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de 1º
de janeiro a 29 de agosto de 2019.
Terras indígenas e unidades de
conservação são as categorias com menor incidência no ano, registando 6% e 7%
dos focos, respectivamente. Essa análise de áreas protegidas exclui as áreas de
proteção ambiental, ou APAs: apesar de serem categorizadas como unidades de
conservação, elas apresentam um comportamento similar ao de propriedades
privadas, e sozinhas responderam por 6% dos focos no período.
Os assentamentos de reforma
agrária responderam por 18% dos casos; contudo, análises preliminares indicaram
grande concentração de casos em poucos projetos.
Ao comparar 2019 com a média de
focos de calor registada entre 2011 e 2018, todas as categorias fundiárias
apresentaram crescimento nos casos, com destaque para as APAs (aumento de 141%
em relação à média dos oito anos anteriores) e as florestas públicas não
destinadas (126% de aumento).
“Existem 67 milhões de hectares
de florestas públicas sem destinação na Amazónia que são património dos
brasileiros, mas que por falta de governança estão hoje à mercê de grileiros e
especuladores irregulares de terra. O desmatamento e o fogo que acontece nessas
regiões é totalmente ilegal, e devem ser alvo de investigação e ações de
comando e controle”, diz o pesquisador sénior do IPAM, Paulo Moutinho.
Ana Maria | em Envolverde
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