Ministério do Interior regista
60% mais armas apreendidas de ultradireitistas em 2018. Criação de arsenal
visaria ataques a minorias e representantes do Estado, e até mesmo uma guerra
civil, estima especialista.
Há indícios de que a extrema direita da Alemanha se esteja armando de forma crescente: durante a
investigação de atos criminosos de motivação ultradireitista em 2018, foram
apreendidas muito mais armas de fogo do que no ano anterior. A informação consta
de uma reportagem da emissora de TV ARD, com base na resposta do Ministério do
Interior a um questionamento da bancada do partido A Esquerda do parlamento.
Segundo o órgão, registaram-se
563 crimes de motivação direitista, entre os quais 235 delitos violentos. No
curso das investigações, a polícia recolheu 1.091 armas, o que representa um
incremento de 61% em relação às 676 apreensões de 2017. Entre elas
encontravam-se revólveres, rifles, armas brancas e de guerra, assim como
artefatos explosivos e incendiários, e atiradeiras.
Falando ao site de notícias
Tagesschau.de, o especialista em extremismo de direita Matthias Quent, do
Instituto de Democracia e Sociedade Civil (IDZ, na sigla em alemão),
classificou a tendência como "assustadora", indicando "um maciço
armamento e criação de arsenal pela cena radical de direita".
Os utradireitistas estariam
possivelmente preparando-se para investidas contra minorias, opositores
políticos e representantes do Estado: "Seu objetivo é intimidar a
sociedade e expulsar grupos humanos. Partes dessa militância querem até mesmo a
guerra civil", advertiu Quent.
Também no inquérito sobre o
assassinato do governador da Hessen Walter Lübcke, conduzido pela Procuradoria
Geral, com sede em Karlsruhe, foi encontrado em posse dos suspeitos um total de
46 armas de fogo.
O Ministério do Interior ressalva
que "o exame criminal e classificação legal das armas ainda está em
andamento", porém, numa sessão não oficial do Comité Interno do Bundestag
(câmara baixa do parlamento alemão), no fim de setembro, um representante do
Ministério Público Federal confirmou que as armas foram ocultadas de forma
muito profissional.
No começo de junho, o então
governador de Hessen, Lübcke, foi morto com um tiro na cabeça no terraço de sua
residência no município de Kassel, no norte do estado. A Procuradoria Geral
alemã parte do princípio que houve motivação extremista de direita. Capturado
há cerca de duas semanas, o suspeito Stephan E. inicialmente apresentou uma
confissão, porém mais tarde retirou-a. Ele se encontra em prisão cautelar, sob
suspeita de assassinato.
Deutsche Welle | AV/afp,dpa,ots
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